Laila escrita por Solidão


Capítulo 5
IV


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, amigos. Um beijo especial para Natália, uma fofa que deu uma chance para minha fanfic e gostou. Obrigado ;)



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Duas semanas se passaram desde aquela fatídica conversa entre Laila e sua amiga Luna. Nada mudou por completo.

Leila, Laila, Luna, Cíntia e Serena não conseguiram arranjar um grupo para fazer a peça de teatro com elas e tiveram que esperar até o dia da aula de português para conversarem com a professora. Ela lhes disse que arranjaria um grupo.

Laila chegou a pensar debilmente que poderia, quem sabe?, chamar Abelardo para fazer a peça com ela. Ele poderia aceitar, não poderia? Afinal, o que é uma peça senão um trabalho em grupo para ganhar pontos?

Ele fez com o grupo do fundo, o que deixou Laila bem intrigada e, no fundo, decepcionada.

Elas ainda não tinham grupo, e descobriram que o livro que teriam que ler era O Roque Santeiro. Laila adorou, mas as outras meninas não.

-Não quero fazer nenhum personagem – Luna disse – Posso ficar com o cenário.

-Ah, e nem eu! – Cíntia exclamou, levemente indignada – Também faço o cenário.

E Leila foi pelo mesmo caminho.

-Mas… - Laila tentou argumentar – Tem muitos personagens, vocês vão ter que ajudar!

Mas suas amigas não queriam nem saber. Odiavam atuar e não queriam, de jeito algum, fazer parte de uma peça escolar.

E, justamente naquele dia, duas semanas depois de discussões e reflexões sobre o trabalho, a professora arranjou outro grupo para juntar-se ao delas.

-Meninas – ela dissera naquela quarta-feira de manhã – O grupo do Thiago está sobrando também, façam com eles.

As meninas desviaram o olhar para o grupo. Quatro meninos tímidos, encabulados e notoriamente amantes de videogame. Thiago sorriu para Laila.

-Pode ser – Serena disse – A gente não tem com quem fazer mesmo.

E lá se foram as meninas e a nossa protagonista. As cinco juntaram-se ao grupo dos tímidos amantes de videogame. Nenhuma reclamou, afinal, não havia mais ninguém para fazer grupo com elas, mas todas, no fundo, pensavam a mesma coisa: “Por que eles?”.

Thiago sentou-se ao lado de Laila.

-Eu posso ser o mocinho? – perguntou.

Laila desviou o olhar lentamente para o menino e franziu a testa. Por que ele quer ser o mocinho?, ela pensou, Será que tem algum beijo na peça?.

Deu de ombros, para aparentar indiferença.

-Tanto faz – disse.

As amigas resolveram ver quantos personagens havia naquele livro, e tomaram um susto. Mais de doze. Cíntia e Luna ficaram decepcionadas. Queriam montar apenas o cenário, sem participar de peça alguma, mas pelo visto aquilo não seria possível.

-Meninas! – a professora chamou – Tem mais duas pessoas para entrar no grupo.

E sentaram-se ao lado delas Juliana e Renato. Juliana, com seus cabelos estilo “Joãozinho” jogados para o lado, os olhos negros e a pele branca e pálida. Renato e os cabelos loiros embolados, os olhos azuis e a cara de nerd.

As meninas não falavam muito com eles.

Juliana sentou perto de Laila e Cíntia lançou à protagonista um olhar significativo. Serena tapou a boca com a mão e Leila, bem, Leila estava distraída olhando para o lado de fora da sala.

Laila sabia o que Cíntia e Serena queriam dizer.

Juliana era uma menina… Diferente, digamos assim. Era visivelmente lésbica, gostava de outras meninas e, segundo alguns boatos e histórias de boca em boca, já passara a mão na perna de Jéssica (Laila duvidava que isso fosse verdade, mas a tal história se espalhou como gripe pela sala. Quiçá pela escola!).

Laila sorriu para todos, tentando ser educada e simpática ao máximo.

-Então – tentou dizer – Vocês já viram os personagens?

Juliana resolveu ajudar.

-Acho que a gente podia ver os personagens que têm na história e depois ler o livro – ela olhou para as meninas – Que acham?

Cíntia deu de ombros.

-Por mim, tanto faz. Só não queria atuar.

Juliana ergueu uma das sobrancelhas.

-Não quer atuar? Cíntia, é isso que as pessoas geralmente fazem numa peça de teatro.

Antes que a amiga pudesse responder alguma coisa grosseira, Laila resolveu interromper a conversa. Era sabido por muitas pessoas na sala, que Cíntia tinha pavio curto… Ou melhor dizendo, que Cíntia não tinha pavio algum e qualquer palavra dita poderia ser interpretada de um jeito ‘torto’ pela garota. E aí… Era melhor não ficar por perto.

-Eu acho uma ótima ideia, Juliana – nossa protagonista disse – Acho que a gente pode ver quantos personagens têm primeiro, e depois a gente lê. Ou então, eu posso ler e montar o roteiro, já que eu leio rápido.

Juliana sorriu e assentiu, concordando com a ideia. As outras meninas concordaram também. Serena parecia interessada na peça, enquanto que Leila ainda encarava o lado de fora da janela e Luna e Cíntia simplesmente suspiravam e aceitavam a ideia de que teriam de atuar (pelo menos era o que Laila esperava).

E assim fizeram. Juliana e Laila ajudaram a dividir os personagens (Laila ficou como a mocinha) e resolveram que quem lesse primeiro, deveria comunicar aos outros e fazer o roteiro. Cíntia não se pronunciou, enquanto que Luna disse que poderia atuar, se fosse preciso.

-Eu não gosto, mas também não vou deixar vocês na mão – ela disse sabiamente.

Laila sorriu. Sempre gostou daquele jeito da amiga. Luna podia odiar atuar, mas se fosse necessário, ela o faria. Estava sempre disposta a ajudar as amigas, e isso era uma coisa que Laila admirava imensamente.

Uma risada ecoou do fundo da sala. Lúcio e Abelardo estavam conversando sobre qualquer coisa quando, de repente, o grupo inteiro caiu na gargalhada.

Laila sentiu uma ponta de inveja. Gostaria de estar ao lado de Abelardo, rindo com ele.

Por que ele quis fazer a peça com essa gente?, ela pensou, Ele os odeia!

Não acreditava que ele faria a peça com o grupo do fundo, o pessoal que ele odiava com todas as suas forças. Quer dizer, o pessoal que ele dizia odiar. Afinal, muitas pessoas diziam por aí que Abelardo podia ser muito simpático e tudo o mais, mas era um pouco falso.

Laila não acreditava. Falso? Abelardo? Claro que não! Ele não era falso coisa nenhuma, e isso ela sabia apenas de olhar em seus olhos negros, tristes e misteriosos. Ela gostaria muito de, um dia, conversar com ele amigavelmente.

E quem sabe beijá-lo?

Resolveu tirar aqueles pensamentos da cabeça. Ele nunca seria nada dela. Abelardo tinha outros amigos, outros interesses e era um pouco seletivo demais. Apenas ficava com meninas com interesse musical igual ao dele. A grande maioria achava isso ridículo e Laila, infelizmente, tinha que concordar. Ele podia ser incrível, mas era ridículo em muitos pontos.

Muitos pontos.

-Laila – Luna chamou – Então, você pode ler o livro e fazer o roteiro?

Assenti.

-Eu faço – disse.

-Ok, então – as amigas levantaram de suas cadeiras e voltaram para seus lugares assim que a aula terminou.

Cíntia ficou perto de Laila.

-Então, o que achou de Juliana? – deu uma risada abafada.

Laila olhou para trás, para ver se ela estava por ali, e voltou para Cíntia.

-Ah, ela parece legal.

-Ih, cuidado, hein Laila? – Cíntia resolveu implicar – Essa daí, se der mole, vai acabar querendo ficar com você, hein? Olha a história da Jéssica.

Nossa protagonista revirou os olhos. Duvidava daquela história patética sobre Juliana ter passado a mão na perna de Jéssica de propósito. Ela não acharia estranho se a menina passasse a mão sem querer, porque isso acontece com qualquer um, mas de propósito? Ridículo.

-Claro, Cíntia – respondeu.

E as amigas saíram da sala para pegar biscoitos e sucos gratuitos. Laila queria comer alguma coisa, mas não tirava aquela história de Juliana da cabeça. No começo do ano, nossa protagonista brigou com a menina por causa de um trabalho de química, no qual ela precisava de nota. Disse que nunca mais faria trabalhos com Juliana, e lá estava ela.

Dentro de seu subconsciente, lá no fundo, uma voz sussurrou metodicamente: Tudo o que você disser ‘nunca’, vai acontecer.

Laila não acreditava naquelas coisas. De quando em vez, tinha uns pensamentos estranhos, do tipo de adivinhar o futuro, e vivia no mundo da Lua. Sonhando acordada, imaginando cenas para o presente e escutando aquela mesma voz que, certas vezes, realmente lhe dava avisos muito úteis.

Ela não era maluca, apenas um pouco esquisita.

Voltou a pensar em Juliana. Será que ela gostava mesmo de meninas? Que coisa mais esquisita. Beijar uma menina… Argh.

Eu nunca vou sentir vontade de beijar uma menina, pensou. Esqueceu-se do aviso de sua consciência.


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Notas finais do capítulo

Esse eu nem tive tempo de editar!! Preciso sair correndo de casa, para um aula importante.
Até, amigos leitores. Quem gostaria de fazer minha segunda recomendação? Anne Claire já fez a primeira (obrigado, fofa, eu nem agradeci direito...)