- Ali está ela! – falou alguém que eu não conhecia.

Procurei pela pessoa e avistei de longe dois guardas, com duas armas de choque. Não acredito que eles vieram atrás de mim, será que foi aquele médico que mandou?

Não perdi muito tempo. Comecei a correr o mais rápido que pude, até meus pulmões me impedirem de continuar. Não dava mais. Só que eles estavam se aproximando mais rápido. Logo eu seria pega.

Eu tenho que sair daqui, tenho que fugir. Então subi em cima de um carro e comecei a pular de um para o outro. Carly e eu fazíamos muito isso quando não tínhamos nada para fazer. Só que eu nunca tinha feito com um carro em movimento. Não até hoje.

Assim que saí do estacionamento, os carros estavam andando. Ir pulando de um para um é tão perigoso quanto atravessar uma rua movimentada estando vendada. Mas eu não podia ser pega. Eu tinha que tentar.

Pulei em cima de um carro vermelho. Ouvi o motorista me xingar, mas não liguei. Pulei para outro preto fosco. O carro era mais alto, quase me desequilibrei quando fiquei em cima dele.

Acho que o motorista nem percebeu que eu estava ali, até eu pular para outro carro. Eu ainda não tinha despistado os guardas, que se aproximavam cada vez mais. Pulei para um prata, depois para outro preto e finalmente, quando eu estava em cima do carro vermelho, não avistei mais os guardas. Eu não sei como eu conseguia ficar em cima daquilo.

Quando o carro parou no sinal vermelho, desci e corri até a calçada. Foi quando senti alguém me puxando por trás.

- Me solta! Me solta! – comecei a gritar. Pensei que fosse um dos guardas, mas era só Dylan.

- Não. – ele disse. Parecia sério, talvez um pouco com raiva. – Você vai entrar naquele carro agora.

Fiz que sim com a cabeça e me dirigi ao carro preto brilhante deles. Dylan me colocou no banco de trás, ao lado de Mia e fiquei calada, sem pronunciar uma só palavra. Na verdade, o caminho de volta para a casa deles foi bem silencioso.

O transito estava infernal. Pelo visto, a confusão que eu causei ainda não tinha acabado. Então Dylan avistou de longe os dois guardas e mandou:

- Abby, esconda-se.

- Onde? – perguntei preocupada.

- Debaixo do banco. – ele disse sem olhar para trás. – Rápido!

Assenti e me escondi debaixo do banco de trás. Eu era meio pequena, então consegui entrar sem maiores problemas. Mia jogou meio que um lençol para eu me cobrir e parou um pouco. Olhou-me mais de perto e disse:

- Abby, os seus olhos...

- O que têm eles?

- Eles estão...

- Mia pare! – falou Cloe. Eles estavam se aproximando dos guardas.

Cobri-me com o lençol e percebi que o carro havia parado. Engoli o seco e ouvi atentamente o guarda se aproximar:

- Bom dia. – falou um dos guardas.

- Bom dia – Dylan disse.

- Vocês conhecem essa garota? – ele perguntou. Provavelmente eles estavam mostrando um holograma meu, já que houve um silencio no carro, que fora apenas quebrado pelas respirações deles.

- Não, não a vimos. – falou Dylan depois de uns dois minutos.

- Tem certeza? – o outro guarda perguntou, fechando o holograma. Eu odeio conseguir ouvir tudo.

- Temos. – todos falaram juntos.

Os guardas começaram a discutir alguma coisa que fiz questão de não querer ouvir.

- Bom de qualquer jeito, obrigada. – falou o guarda. Quero dizer, A guarda.

- Não há de que. – respondeu Dylan e o carro voltou a andar.

Depois de cinco minutos, ele falou:

- Pode sair.

Saí do meu esconderijo e sentei-me novamente ao lado de Mia. Ela me olhava, como se me estranhasse.

- O que houve? – perguntei.

- Os seus olhos estão – ela disse ainda me encarando – arco-íris.

- O quê?

Ela não me respondeu e voltou a olhar para a frente. Fiz o mesmo. Durante uns dez minutos, ninguém no carro pronunciou uma só palavra. Eu quase que podia ouvir o que eles pensavam.

Chegamos a casa de Dylan e Mia um tempo depois. Saímos do carro e entramos. Sentei-me no sofá e Dylan sentou-se de frente para mim.

- Agora você terá que nos contar o que aconteceu com você, quem é você e o que faz aqui.

Concordei e contei tudo. Bom, quase tudo. Tirei a parte de eu provavelmente ser uma 7. Tirando isso, contei tudo a eles, que ouviram-me sem interromper.

Quando finalmente acabei, eles ainda estavam tentando “digerir” tudo aquilo. Eles concordaram em me ajudar no que fosse preciso. Sorri e Dylan saiu para deixar Cloe em casa.

Assim que a porta fechou-se atrás deles, Mia virou-se para mim e falou:

- Agora você vai ter que me contar a história toda.