Os 7 escrita por Killer


Capítulo 11
Envelopes e Descobertas


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo conta um pouco da história dos Parker (Mia, Dylan e Daniel)
Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305523/chapter/11

Naquela noite, não vi Daniel voltar. Fiquei me perguntando o que ele tanto fazia lá naquele lugar. Nem quando eu ia pra lá ficava tanto tempo fora.

Fui para o quarto de Dylan e comecei a vasculhar uns livros que ele tinha na prateleira. Peguei um que eu conhecia, só que o dele era um pouco grosso de mais. Assim que abri, alguns envelopes brancos caíram do livro. Envelopes brancos...

Iguais àquele que ele “escondera” hoje de manhã. Catei todos os que estavam no chão e guardei dentro do livro novamente. Por que ele tinha tantos iguais? O que ele fazia?

Então me lembrei que seus pais não tinham acesso a telefone e nem conseguiam mandar e-mails. Ele deve escrever algo pra eles, é claro. Mas por que esconder todos ali?

Decidi esquecer aquilo, talvez fosse pessoal de mais pra perguntar. Peguei minha mochila preta, que estava perto da cama e decidi vasculha-la. Não achei nada de mais (óbvio, a mochila era de Carly, ela não guardaria nada de mais ali dentro). Achei só papéis de bala e alguns centavos. Joguei tudo de volta na bolsa e decidi dormir.

No meu sonho, eu estava em cima dos carros de novo. Pulava de um pra um, que nem naquele dia. Então me desequilibrei e caí. Meu corpo todo doía. Tentei me levantar, mas só consegui ficar um pouco apoiada no braço. Ao meu lado havia uma poça d’água. Olhei o meu reflexo e vi a cor dos meus olhos. Arco-íris. Foi a última coisa que eu vi antes de tudo ficar negro.

Acordei assustada. Olhei para o relógio ao meu lado. 8:30 da manhã. Mas já? Eu sentia como se só tivesse se passado 5 minutos. Mesmo com relutância, levantei-me da cama.

Dirigi-me ao banheiro e tomei um banho. Quando saí, coloquei uma roupa básica, como os outros dias. Sequei meu cabelo e saí.

Mia e Dylan estavam na cozinha. O cheiro de pão quente fez meu estômago roncar. Parece que Dylan percebeu, pois logo virou-se para fazer duas torradas pra mim. Agradeci e sentei-me ao lado de Mia.

- Bom dia. – falei.

- Bom dia – ela disse animada. Levantou-se da cadeira.

- Aonde você vai Mia? – perguntou Dylan.

- Vou ver se o carteiro já passou. – ela disse abrindo a porta.

- Não, deixa que eu vou. – ele falou. Parecia tão nervoso quanto no dia anterior.

Ele saiu da casa e foi ver a caixa de correio. Mia ficou me falando como ela adorava receber aquelas cartas. Sorri, pensando que eu gostaria de receber uma carta depois de amanhã. Senti-me um pouco triste por  isso, então Dylan voltou.

- Aqui está Mia. – ele falou, entregando à garotinha um envelope branco.

Mia sorriu e deixou o envelope na minha frente, enquanto lia a carta. Analisei o envelope. Ele era igual aos outros que Dylan guardara naquele livro. E igual ao outro que Dylan tentara esconder no outro dia.

Olhei para ele. Ele escrevera aquela carta. Ou então era só coincidência. Mas é muita coincidência ambos terem envelopes iguais.

Analisei a expressão de Dylan. Ele estava feliz, esperando a irmã terminar de ler. Quando ela acabou, passou a carta para ele, que leu. Mia virou-se para mim e falou:

- Eles disseram que sentem a nossa falta. – ela estava mais animada que o normal.

- Que bom. – falei.

- Mas também disseram que não podem mais mandar cartas durante um tempo. Eles vão para um lugar mais afastado da cidade. – ela disse.

Dei um pequeno sorriso. Será que fora realmente eles que mandaram isso? Não falei nada, até Mia disser que ia para seu quarto.

Quando ela fechou a porta, falei para Dylan:

- Eu posso falar com você? – perguntei.

- Claro, um minuto.

Mia saiu do quarto naquele instante. Agora vestia um vestidinho verde, que combinava com os olhos dela.

- Dylan, estou pronta, podemos ir?

- Aonde vão? – perguntei.

- Mia vai na casa de uma amiga, ela tem que sair um pouco. – ele explicou.

- Ah ta.

- Quer ir? Depois a gente passa em algum lugar pra tomar um café. – ele propôs.

- Tá, tudo bem.

Saímos da casa e entramos no carro. Depois que Dylan deixou Mia em uma casa amarela, que ficava perto de uma praça, fomos a um café. Dylan pediu um chocolate quente e eu um cappuccino. Sentamos no sofá de couro bege, que não combinava nem um pouco com o lugar.

- E então – falou Dylan, dando um gole em seu chocolate – O que você queria falar comigo?

- Ontem eu vi que você estava com um envelope no bolso de trás da sua calça. E mais tarde... Eu abri um livro seu e...

- Um monte de envelopes caiu no chão? – ele perguntou, completando a minha sentença.

- Sim – afirmei. – E hoje eu vi que o envelope que a Mia recebeu era igual. – dei uma pausa. Ele abaixou a cabeça e então continuei – Por que você escreve aquelas cartas?

Ele não respondeu. Ficou como Daniel no dia anterior.

- O que houve com os seus pais?

Ele levantou a cabeça novamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu já tinha entendido.

- Eles morreram três anos atrás – ele falou. – Numa das viagens deles. O barco afundou no meio do mar. – ele deu uma pequena pausa, como se estivesse recordando o que aconteceu – Daniel e eu nunca contamos à Mia. Naquela época ela tinha só seis anos. Então inventamos as cartas.

“Daniel começou com isso. Ele começou a escrever as cartas e sempre que Mia perguntava por nossos pais, trazíamos as cartas. Mas então houve um dia que ele estava na floresta, ele e um grupo de amigos. E ele não voltou naquela tarde com eles. Sumiu durante dois dias. Então voltou na madrugada do terceiro dia. Só que estava diferente, havia mudado. Ele começou a ficar frio conosco, principalmente com Mia. Desde então, assumi as cartas.” Ele completou.

Não era possível que Daniel já tivesse sido bom alguma vez na vida. Ele não parecia ser/ter sido.

Abracei Dylan. Os olhos dele estavam vermelhos, mas ele não queria chorar. Eu o entendia muito bem.

- Desculpa por tocar nesse assunto.

- Tudo bem, acho que eu precisava falar isso pra alguém.

- Mais alguém sabe? – perguntei.

- Só a Cloe, mas ela entende em parte. A mãe dela também morreu quando ela era pequena e o pai mal fala com ela.

Nesse momento percebi o quão sortuda eu era. Meus pais se importavam até de mais comigo. O de Cloe mal falava com ela e os de Dylan estavam mortos. Esse foi um dos poucos momentos da minha vida que quis estar em casa. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam?
Bom, não sei quando posto de novo, mas será logo, eu prometo
Bjs.