A Vingança Do Tártaro escrita por Haley Jansen


Capítulo 3
Haley - Fico amiga do Rei dos Fantasmas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305520/chapter/3

Quando acordei, achei que estava morta. Mas, a não ser que anjos te acordem jogando água em seu rosto e usem jeans rabiscados, eu estava bem viva.

Acordei sobressaltada – e ensopada – diante de uma enorme cabeleira ruiva. A garota que estava na minha frente devia ter por volta dos 16 anos. Seu cabelo era semelhante à juba de um leão, só que de um vermelho vivo. Usava uma camiseta que dizia “Salve o Ornithorhynchus anatinus” que, se não me engano, é o nome científico para ornitorrinco. Havia manchas de tinta dourada em toda sua pele, como se ela fosse uma estátua que voltara a vida recentemente.

– Desculpe por isso. – disse a garota. Aparentemente ela estava sendo sincera. – Você está inconsciente faz horas. Estávamos começando a ficar preocupados. Bem, Percy já estava surtando, mas isso não vem ao caso. Meu nome é Rachel. – Achei que ela estava oferecendo a mão para que eu pudesse cumprimentá-la, mas ao invés disso, ela me entregou um copo de plástico com um canudinho moldado como uma espiral.

– Haley. – apresentei-me, mas se ela se achava íntima o bastante para jogar um copo de água gelada em mim, ela já devia saber.

Ela me ajudou a sentar na espreguiçadeira estranhamente disposta no meio de um cômodo antiquado. Aceitei a bebida com relutância. O copo que parecia tão leve fazia meus braços tremerem sob o peso. Estava fraca e sentia uma dor de cabeça terrível. Por quanto tempo eu estava dormindo?

– O que é isso? – arrisquei perguntar. A bebida tinha um aspecto leitoso, e cheirava a pipoca de micro-ondas.

– É néctar. – respondeu Rachel, como se a resposta fosse óbvia. – Beba. Tenho certeza de que vai se sentir melhor.

Dei de ombros e observei o néctar subir pelo canudinho. O sabor era como o cheiro: Delicioso e inesperado. Olhei para Rachel surpresa, e ela fez um sinal com a cabeça, como se dissesse para que bebesse mais. Tomei mais uns goles, e me senti melhor imediatamente. Coloquei o copo sobre a mesinha de cabeceira, ao lado de um vaso de vidro estreito, com apenas uma única peônia rosa dentro dele. Havia um cartão também, que dizia em uma letra desajeitada e torta:

Haley,

fique boa logo, espero ver você sexta.

Assim podemos trocar os bonecos de pano por uns

campistas de Ares para você treinar

sua mira, o que acha?

Ass. Isqueiro Humano


Apenas eu e Percy tínhamos conhecimento desse apelido. E só Percy e Leo sabiam da minha estranha habilidade com o arco. Leo queria que eu saísse daquele lugar. Mas que lugar era aquele, afinal?


Estava em uma sala iluminada apenas pela luz do dia, que entrava pelas gigantescas janelas dispostas onde deviam haver paredes. Olhando para a direita, era possível ver o grande pinheiro que marcava os limites do acampamento. Já do outro lado, havia um conjunto de 20 construções, uma diferente da outra. Eu devia estar na Casa Grande.

Tentei levantar, mas me senti tonta imediatamente, e desabei sobre o sofá mais próximo.

– Ei, vá com calma Haley. – Rachel passou o braço envolta de mim de modo que eu conseguisse usar ela como apoio. – Teve uma noite agitada ontem.

– O que aconteceu? – perguntei, enquanto andávamos devagar até a porta. A única coisa de que conseguia me lembrar era de estar conversando com Piper, na fogueira. De repente eu vi um clarão azul e... O que aconteceu depois mesmo?

– Você foi reclamada. – disse ela, séria. – De um jeito muito estranho, mas você foi.

Saímos para a varanda, e tive que tapar os olhos com a mão até me acostumar com a luz. Quando já conseguia ver claramente, fui surpreendida por Percy, que me envolveu em abraço apertado. Havia olheiras fundas sob seus olhos incrivelmente verdes. Ele parecia bem feliz em me ver, pra uma pessoa que eu só conhecia havia 24 horas.

– Você esta bem? - A julgar pela sua aparência, ele havia passado a noite acordado. Ele segurou meu rosto entre as mãos, como se não acreditasse que eu estava realmente ali.

– É claro que estou bem, só fui reclamada, certo? – Percy agora olhava para Rachel, preocupado. O que estava acontecendo ali? - Achei que isso acontecesse sempre por aqui.

– E acontece. – disse uma terceira voz. Era aquele filho de Hades, apoiado na parede de braços cruzados, vestindo a camisa do acampamento por baixo de uma jaqueta de couro preto. Seus olhos estavam ocultos por baixo do cabelo preto. Nico, pelo que Percy havia me dito no dia anterior. – Mas não do jeito como aconteceu com você ontem a noite.

– O que você quer dizer com isso?

– Haley, as pessoas não desmaiam depois de serem reclamadas. – Falou Percy, puxando uma cadeira para que eu pudesse me sentar. – Nem ficam suspensas no ar, ou tem os olhos substituídos por uma luz verde sinistra.

– Por falar nisso, você sempre teve olhos verdes? – perguntou Nico, confuso. – Achei que você tinha olhos pretos.

– Mas eu tenho. – respondi.

Eu tinha não é? Olhei em volta, procurando algo que pudesse usar como espelho. Avistei uma bandeja de metal do outro lado da mesa e a segurei em frente ao meu rosto. A imagem era um pouco distorcida, mas ainda sim era possível ver. Olhos verdes como o mar, como o Atlântico nos dias que fazia sol em Miami. O espelho improvisado caiu de minhas mãos, emitindo um som alto e agudo ao encontrar o chão.

– Ei, relaxe. – Rachel colocou a mão sobre meu ombro, de modo reconfortante. Aquilo me acalmou um pouco. – Deve ser apenas um efeito colateral, agora que Poseidon assumiu você como filha.

E com essas palavras, a calmaria acabou. Minha visão ficou turva, e senti meus olhos se fechando contra a minha vontade.

•••

– Se ela é filha de Poseidon, então por que seus olhos só vieram a mudar depois de ser reclamada? – A voz parecia pertencer a Nico, mas eu ainda estava atordoada demais para ter certeza. – Percy, já nasceu com olhos verdes, certo?

– Eu não sei explicar – Disse uma voz feminina, na defensiva. Era Rachel. – Talvez Poseidon estivesse tentando esconder sua verdadeira identidade. – Silencio. Finalmente consegui abrir os olhos, e consegui distinguir Rachel, Nico e Percy. Havia uma quarta pessoa, com corpo de cavalo da cintura para baixo. Quíron.

– O que Rachel diz faz todo sentido. – disse Percy, quase para si mesmo. – Isso também explicaria o porquê dela ter as habilidades de um filho de Apolo, e a luz laranja antes de ser reclamada por Poseidon. Talvez meu pai estivesse tentando fazer com que achássemos que ela era filha do deus-sol.

– São tempos difíceis para um filho de um dos Três Grandes hoje em dia. – Nico falava com firmeza, como se fosse a prova viva de que o que dizia era verdade. – Fazer com que Haley parecesse apenas uma semideusa comum seria uma atitude sensata de meu tio.

– E seria possível fazer isso manipulando a Névoa. – completou Rachel.

Agora eu estava mais confusa do que nunca. Poseidon havia me escondido todos esses anos para me proteger? Levantei da cadeira com dificuldade. Quando todos perceberam que eu estava acordada pararam de falar no mesmo instante. Sentei em um espaço vago no sofá ao lado de Nico e esperei que alguém dissesse alguma coisa. Mas ninguém disse.

– Vocês iam me explicar isso tudo depois? Se eu não houvesse ouvido tudo agora, é claro.

– É claro que íamos, Haley – disse Percy. Havia algo diferente em sua voz, mas não achava que ele estivesse mentindo. – Você é minha irmã agora. Não conseguiria esconder algo assim de você.

Demorei alguns segundos para me dar conta do que isso tudo significava. Eu tinha outra família agora. E Percy fazia parte dela. Ele parecia pensar a mesma coisa, e naquele momento, parecia que só havia nós dois na casa grande. Até Quíron interromper nosso momento melodramático.

– E tudo será devidamente esclarecido a você, só que não agora. Vocês precisam descansar. – Disse apontando primeiro para mim, depois para Percy, e de Percy para Nico. – Percy, por que não mostra a Haley aonde ela irá se instalar a partir de agora?

O caminho até o chalé 3 foi bem... Desconfortável. Nos despedimos de Nico ao passarmos pelo chalé de Hades, e depois disso, nem uma única palavra. Às vezes eu olhava para Percy e ele sorria de volta, e vice-versa. Paramos em frente a uma construção baixa, feita de pedras acinzentadas empilhadas umas sobre as outras de um jeito bagunçado. Parecia um bunker depois de um tsunami, cheio de conchinhas presas na superfície sólida.

– Bem-vinda ao chalé 3, “maninha”.

Percy abriu a porta da frente e a segurou para que eu passasse. O lugar era impressionante. – acho que depois do chalé de Hermes, qualquer outra coisa era bonita aos meus olhos – A luz que entrava pelas janelas refletia nas paredes de madrepérola, dando ao lugar um brilho amarelado. O cômodo era fresco e cheirava a sal, como uma cabana na praia. Pequenos cavalos-marinhos de latão presos ao teto por uma corrente faziam o chalé parecer o fundo do oceano.

– É lindo.

Percy seguiu meu olhar e concordou com a cabeça.

– Nosso irmão Tyson que fez, há alguns verões.

– E por que ele não está aqui?

– Tyson é um ciclope. – Ele riu ao ver minha reação. – Mas é inofensivo, a maior parte do tempo. Os ciclopes trabalham para Poseidon, nas forjas.

Alguns segundos depois dois garotos irromperam pela porta, e um foi direto na minha direção. Demorou um bom tempo para que ele me soltasse do abraço apertado. Leo se afastou rapidamente, um pouco constrangido. Percy olhava desconfiado para Leo. – só me faltava essa, um irmão super protetor - Mas era Leo, então não demorou muito até que voltasse ao habitual bom humor sem motivo.

– Ei, belas lentes. Cortesia do papai?

– Quem me dera que fossem lentes.

Não me entenda mal, não tenho nada contra olhos verdes. Já até usara lentes verdes uma vez. Mas é estranho, entende? Viver quase 15 anos com olhos pretos sem graça, e quando você finalmente aceita e resolve conviver com o fato, seu pai faz um abracadabra divino e seus olhos são bonitos de um segundo para o outro.

– Nós trouxemos suas coisas que estavam no chalé 11. – Jason colocou a mochila, um presente de Piper, ao lado da cama que estava desocupada. Imaginava se todas as filhas de Afrodite eram como ela. Minha intuição dizia que não era bem assim. – É melhor checar se não está faltando nada, sabe como são os filhos de Hermes. Bem, nós já estamos de saída. – Jason olhou para Leo, que não parecia querer sair dali tão cedo. – Não é Leo?

– Estamos?

– Sim, estamos. Acho que Haley e Percy têm muitas coisas a resolver. Nos vemos no jantar então. – Jason abriu a porta, mas Leo não se moveu. – Ah, venha logo Valdez.

– Está certo mamãe. – Leo me deu uma piscadela antes de sair e se juntar ao amigo.

Então erámos só eu e meu novo irmão no meu novo quarto. Já estivera em muitos internatos antes, então já estava acostumada a dividir o quarto com alguém. Mas nunca com um garoto. – muito menos um ciclope – Bem, acho que teria que ser mais cuidadosa com minha roupa íntima daqui por diante.

– Na verdade – Percy começou, olhando para o chão. – eu tinha uns planos pra hoje a tarde e...

– Pode ir, se quiser. – Eu também tinha uns planos para a tarde, e era uma coisa que eu precisava fazer sozinha. – Eu vou ficar bem, juro. Não quero tomar seu tempo.

– Você tem certeza? Acho que Annabeth não se importaria...

– Percy. – Finalmente consegui que ele olhasse para mim. – Eu não tenho 5 anos. Consigo me virar. E se algo acontecer acho que Leo não se importaria em me fazer companhia.

– Tenho certeza que não. – riu.

Percy já estava de saída quando pegou a minha mão, firme.

– Haley, por mais confuso que isso seja... Estou feliz que esteja aqui. – E antes que eu pudesse sequer pensar em como responder àquilo, ele se foi. Vi meu irmão mais velho se afastar, até que ele fosse apenas um pontinho laranja. Com “aqui” ele queria dizer aqui, no chalé 3 ou aqui, viva?

Liguei o chuveiro e esperei que esquentasse bastante, até sair vapor. Deixei que a água caísse sobre minha nuca por um bom tempo. Vesti uma camiseta do acampamento bem larga – usar roupas largas sempre fez com que eu me sentisse mais segura – e os jeans recém-cortados que Piper me dera – arranjei uma tesoura com um cara de Hermes, e dei ao jeans um toque pessoal. – e corri para fora.

Andei até que visse um pequeno córrego, que se estendia em direção ao interior da floresta. Ainda estava de tarde, então não estava muito escuro, mesmo com todas aquelas sombras que as arvores faziam. Segui o pequeno riacho até um lugar onde ninguém do lado de fora da floresta conseguisse me ver. Estava completamente sozinha.

Deixei os tênis na margem e coloquei um pé na água, depois o outro, bem devagar. A temperatura da água estava perfeita para um dia de verão e a correnteza batia levemente contra os meus tornozelos. Fui andando para uma parte mais funda aonde a água ia até as coxas. Ali estava perfeito.

Fechei os olhos, e procurei me concentrar ao máximo. Senti o ritmo com que o riacho corria. Ouvi o som da correnteza. A sensação morna e aconchegante que a água me proporcionava ao encostar em minha pele. Isso ocorria desde sempre, essa sensação. Mas agora era mais intenso, como se o córrego tentasse me dizer alguma coisa.

“Ondas”, pensei. Eu precisava de ondas. Lembrei-me da praia que costuma visitar nos verões com os meus pais. Russel tinha apenas 5 anos, e tentava surfar com uma pequena prancha de isopor, até que uma onda o pegou de surpresa, e o jogou contra a areia. Mamãe correu desesperada em direção ao meu irmão, vendo que ele se engasgava com a água salgada.

Abri os olhos e tentei visualizar uma onda como aquela se formando ali, bem na minha frente. E assim aconteceu. Começou a se formar a uns 10 metros de onde eu estava, e foi crescendo conforme se aproximava. Quando estava bem na minha frente, já tinha quase o triplo da minha altura. Achei que o choque ao encontro com a onda me derrubaria, mas isso não aconteceu. Ela passou por mim lentamente, molhando minhas roupas e meu cabelo, mas eu permanecia em pé. Pude ver seu interior, onde um pequeno cardume tentava acompanhar a onda atípica em águas tão calmas.

O meu pequeno tsunami se chocou contra a água, e desapareceu. Eu me sentia incrível, e orgulhosa do que havia acabo de fazer. Então era assim que um filho de Poseidon vivia? Eu poderia me acostumar com isso.

– Impressionante Haley. Talvez você seja ainda mais poderosa do que Percy, no futuro.

Nico estava encostado no tronco de uma árvore, de braços cruzados, exatamente na mesma pose despreocupada que assumira na Casa Grande mais cedo. O que ele estava fazendo ali?

– Você me seguiu até aqui?

– Não é a única que vem a essa floresta secretamente, sabia?

Eu não havia pensado nessa possibilidade. Será que mais alguém havia visto aquilo? Nico me olhou de cima a baixo, e só então percebi como estava ridícula. Minhas roupas estavam ensopadas e coladas ao meu corpo, o que não me deixava nem um pouco a vontade. Saí da água para pegar meu tênis e imediatamente eu me senti exausta. Meus joelhos fraquejaram, mas Nico me segurou antes que eu caísse. Ele me segurava firme pela cintura e nossos rostos estavam muito próximos, o que me fez corar. Finalmente pude ver seus olhos com clareza. Eram grandes e negros, como o mais profundo abismo. Ele me sentou sob o tronco de uma árvore tombada.

– Acho que chega de brincar na água hoje, certo? – disse ele, rindo. O sol agora estava coberto por uma nuvem, e eu tremia por de baixo das roupas molhadas. – É melhor você vestir algo seco. – Ele tirou a camisa de botões preta que usava aberta por cima da outra. Tirei apenas as mangas da camiseta molhada, e depois que eu já vestia a camisa emprestada, puxei a camisa do acampamento por baixo, de modo que eu não tivesse que me humilhar mais.

– Obrigada. – eu sorri e ele sorriu de volta, e até aquele momento eu não havia notado o quanto Nico era bonito. E ele era muito. “Muito bem Haley, está há apenas dois dias no lugar e já tem uma paixonite pelo filho do deus dos mortos” pensei comigo mesma. “Estúpida, estúpida”.

– Acho melhor você começar por coisas pequenas, Haley. – Ele estendia minha blusa molhada em um galho, onde ela podia secar com mais facilidade. – Demorei muito para desenvolver minhas habilidades, fazer coisas grandes sem esgotar toda minha energia.

– E você teve que aprender tudo sozinho?

– Sim. – Ele fez uma longa pausa. – Tirando Hades, eu não tenho ninguém. Apenas minha irmã, Hazel, mas as habilidades dela são... Diferentes. E eu só descobri sua existência recentemente. Perdi minha mãe e minha irmã, Bianca. Então, tive que aprender a me virar.

– Entendo pelo o que passou. – e o pior, é que entendia mesmo. Não estava falando da boca para fora. – Perdi minha mãe e meu irmão em um incêndio faz 3 anos. Agora vivo com o meu pai... Que não é meu pai de verdade, aparentemente.

E ficamos ali, pelo o que pareceram horas, falando sobre o passado, o presente, e o que esperávamos do futuro. Nico não era tão durão e na dele como aparentava. Ele na verdade, ria quase o tempo inteiro. Ele chegou a gargalhar algumas vezes. Mas já estava escurecendo, e provavelmente não faltava muito tempo para o jantar. Infelizmente, ele também se deu conta de que já estava na hora de voltar.

– Bem, sua blusa já parece bem seca. É melhor irmos logo, não vai gostar de ver as coisas que ficam por aqui à noite.

Ele me estendeu a camiseta e eu fui para trás de uma árvore para me trocar. Seguimos o riacho para encontrar o caminho de volta e não demorou muito mais que cinco minutos para chegarmos. O pavilhão refeitório já estava cheio, e tivemos que correr para não perder o jantar. Bela noção de tempo a minha.

Tentarmos ser discretos ao chegar, mas o queridíssimo Sr. D não nos ajudou muito, anunciando a chegada dos “dois pestinhas atrasados”. Obviamente, todos os olhares se voltaram para nós. Algumas meninas de Afrodite deram risadinhas ao nos ver correr para nossos lugares, e algumas pessoas não pareciam muito felizes. OK, Leo não parecia muito feliz. Percy também me encarava desconfiado enquanto eu me aproximava de nossa mesa.

– Onde você estava Haley? Ou devo dizer Sra. di Angelo? – ele disse, rindo. Peguei um pãozinho de seu prato e joguei nele.

– Ei, estávamos só conversando. – Percy me lançou um sorrisinho malicioso. O encarei séria por um momento, mas não demorou muito até que nós dois começássemos a rir. – Estou falando sério!

– A conversa devia estar bem interessante, já que os dois sumiram a tarde toda.

– Você vai parar ou devo começar a fazer perguntas sobre sua tarde com Annabeth? Aposto que vocês não estavam só conversando. – Agora foi a vez dele de jogar comida em mim. E meu cabelo passou de molhado e bagunçado para molhado, bagunçado e com cheiro de molho de tomate.

Percy contou da nossa programação para amanhã. Seria a mesma que ele fazia todos os dias, mas agora ele teve havia adicionado treinos com o arco, por minha causa. Mas disse a ele que podia tirar aquele item. Não queria treinar com o arco, afinal, essa habilidade era apenas uma fachada, certo? Não queria parecer uma filha de Apolo, já que eu não era. Aprenderia a me virar com as espadas.

– Posso pedir a Nico que te ajude, se quiser. –Depois desse comentário infeliz, começamos uma verdadeira guerra de comida entre duas pessoas. Estávamos nos divertindo, até Sr. D nos colocar para limpar os estábulos durante uma semana. Mas valeu a pena. Eu estava me divertindo com o meu irmão, coisa que não fazia desde o terrível incêndio em nossa casa de praia, há 3 anos.

A fogueira foi até bem legal. Sem desmaios e sem luzes verdes. Houve um momento em que peguei Nico olhando para mim. Nos encaramos por alguns segundos, mas foi apenas isso. Infelizmente. Argh, o que ele achava que estava fazendo mexendo com a minha cabeça daquele jeito?

Depois da fogueira, me retirei para o chalé 3. Percy disse que precisava fazer uma coisa antes de ir, e pediu que eu fosse antes, sem ele.

A primeira coisa que fiz quando cheguei foi tirar o jantar de Percy do meu cabelo. Coloquei uma regata preta e uma calça de moletom cinza e me acomodei na cama acima da que pertencia ao meu irmão. Não poderia usar minhas velhas camisolas furadas agora. Mas ainda eram nove horas, e eu não estava com sono.

Não demorou muito para que Percy chegasse. Sentou-se em sua cama, e me convidou para sentar ao seu lado. Falamos mais um pouco sobre os planos para o dia seguinte e ele me contou sobre umas ideias que teve para a Caça a Bandeira, dali a 6 dias. Ele não havia dormido na noite anterior, então não demorou muito para que o sono o atingisse. Subi pela escadinha de madeira para a minha nova cama. Não demorou muito para que eu caísse no sono também e, diferente do que eu esperava, aquela noite de sono não foi nem um pouco tranquila.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vingança Do Tártaro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.