Dramione - When Fire Meets Ice escrita por Sofia, beaguiar


Capítulo 8
Capítulo 8 - Entregando-se


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo.
Aqui vos fala uma autora zumbi, cansada, e morta de sono.
São tempos draconianos, queridos leitores, espero que entendam. Eu, como uma reles mortal, tenho que estudar, não está fácil para ninguém, e um bloqueio criativo que com certeza não foi criação divina vem me atormentando à dias.
Esse capítulo ficou grande e eu tentei dar um título que atingisse o ponto de sensibilidade que eu queria, mas eu não consegui, então fiz o melhor que pude.
Espero que gostem, no fim das contas.
P.S.: Esse capítulo vai todinho pra The Mudblood Malfoy, que recomendou a fic. Um beijo GRANDÃO e muito obrigada!



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Draco caminhava até o corujal na sexta feira de manhã, antes do café. Não dormira direito e ainda não sabia o motivo para isso, então resolvera mandar uma carta para sua mãe, querendo saber como as coisas estavam indo. Sabia que não iria gostar da resposta, seu pai estaria no mesmo estado, senão pior, mas não podia simplesmente parar de enviar cartas para Narcisa.
         Suspirando, saiu do local, tentando lembrar qual era o horário do dia. Com tanta coisa acontecendo naquele ano, ficava difícil decorar coisas estúpidas como um simples horário. O loiro ainda não fazia ideia de como iria passar nos N.I.E.M.’s, pois era difícil mudar os velhos hábitos e começar a levar a escola realmente à sério, prestar atenção nas aulas, fazer os deveres e ainda conseguir tempo para o quadribol, as consultas e para estudar para os exames finais. No auge dos seus dezesseis anos, com sua cabeça entupida de bobagens, o garoto estava cego pela ilusão de servir Lorde Voldemort e pouco se importava com os estudos. Faltara à tantas aulas que não chegara a aprender nem mesmo dez por cento do que fora ensinado naquele ano, e não poderia estar mais arrependido.
         Respirou fundo, sentindo o cheiro de grama molhada. Os jardins eram maravilhosamente belos naquela hora da manhã, e Draco considerava a possibilidade de dar um mergulho no lago antes de voltar para o dormitório para trocar de roupa.
         Mudando de direção, avistou alguém. Granger. Draco demorara um pouco para reconhecer a garota, que sempre estava tão arrumada e certinha. Ela ainda vestia a calça larga do pijama e uma camiseta preta. Seus cabelos estavam desgrenhados e suas olheiras estavam tão profundas que o loiro diria que a noite dela fora dez vezes pior que a dele.
         Não sabia o que dizer; nos últimos dias tinha importunado-a tanto que sentia-se até um pouco sem graça de encontrá-la naquela situação. Tudo bem que a vida do loiro se baseava em irritar Rony, Harry e Hermione, mas tinha dias que o garoto sentia-se realmente envergonhado por tudo que fizera e continuava fazendo. Era de se esperar que ele mudasse depois de tudo que aconteceu, mas os hábitos continuavam praticamente os mesmos, porém menos frequentes.
         -Bom dia. –Murmurou a garota, quando passou por Draco. O garoto percebeu uma ponta de ironia no tom de Hermione. Ambos sabiam que aquele dia estava longe de ser “bom”.
         Draco não respondera. Simplesmente ficou parado no meio dos jardins observando-a ir em direção ao corujal. Ela era bonita de uma forma diferente. Era bonita por dentro. Ao observar sua forma de andar, a forma com que seus cabelos se mexiam com o vento, o raro tom de ironia em sua voz e a pele descalça tocando a grama, Draco percebeu uma forma de ser genuína, sem nenhum fingimento ou tentativa de forçar algo que não é natural. Hermione tinha um caráter próprio e inigualável, não se deixava influenciar por pequenas coisas e não se importava com o que os outros achavam disso. E Draco percebera que fora tolo por só ter enxergado aquilo depois de tantos anos. Fora tolo por só ter percebido naquele momento que era aquilo que ele buscava ser.
         E pela primeira vez em oito anos, percebeu que admirava Hermione Granger, e era por isso que a irritava tanto. Porque tinha inveja. Porque não compreendia que alguém que não possuía um sangue puro poderia ser assim. Porque não entendia o por quê de Hermione conseguir ser assim e ele, um membro de uma das famílias mais puras do mundo bruxo, não.
         E foi naquele momento que Draco realmente se arrependera de tudo que fez nos últimos anos. E foi naquele momento que Draco quis, pela primeira vez, correr atrás dela e pedir desculpas.
         Mas ele não o fez.
         Pois aquilo o assustava mais que tudo no mundo.

~*~
        
         “Ótimo”, pensara Hermione. “Só me faltava essa. Encontrar o Malfoy logo antes do café e ter que aguentar suas ironias”.
         Ao passar pelo loiro, murmurou um “bom dia” sarcástico. Surpreendeu-se ao não obter resposta, mas continuou andando sem olhar para trás.
         Estava cansada; os pesadelos não pararam por um minuto da noite anterior, e ela dormira muitíssimo pouco.
         Resolveu então mandar uma carta para sua mãe atualizando-a sobre o seu relacionamento com Rony. Depois que tudo se ajeitara no fim da guerra, o ruivo fora até sua casa para conhecer a família de Hermione e assumir oficialmente o namoro.
         Tentava ao máximo não deixar as lágrimas borrarem o papel, a carta era muito íntima e tinha que estar impecável. Depois de explicar tudo, escreveu que apesar dos acontecimentos tudo estava bem e que ela não deveria se preocupar.
         Depois de sair do corujal, voltar ao dormitório, tomar um banho e se tornar apresentável com alguns feitiços para disfarçar o rosto cansado, Hermione desceu para o café. Assim que se sentou, Rony levantou-se e deu alguma desculpa para ir à algum lugar e levar Harry junto. Aquilo estava acontecendo desde o dia que Hermione contara o que acontecera com Draco para Rony, e a castanha já estava cansada da situação. Rony falara que se esforçaria para voltar a tratá-la como antes e para as coisas voltarem ao normal, mas já havia se passado uma semana, e a garota já achava que o namorado estava exagerando um pouco.
         Perguntou para Gina se estava pensando errado, e a amiga suspirou.
         -Você sabe que meu irmão sempre foi dramático. Claro que ele mudou demais com a guerra, todos nós mudamos, mas algumas coisas permanecem as mesmas. –Gina encarou Hermione com um olhar de solidariedade. –Rony é medroso. Ele tem medo de voltar ao normal com você e parecer um idiota. Tem medo de encarar a situação. Acho que ele está sim, exagerando, mas não sou eu que devo ir falar com ele sobre isso, Mi. E você está péssima... Todos já repararam. Acho que você deveria resolver isso logo com ele e parar de se torturar com as possibilidades. Ficar assim não dá mais.
         Hermione sorriu, aliviada por ter uma amiga como Gina. Prometeu falar com Rony naquele mesmo dia, depois da aula.
         -Peça-o para ir até o meu quarto no dormitório da monitoria. –Disse Mione para Gina.
         A Weasley concordou e as duas seguiram caminhos diferentes para as aulas do dia.

~*~

         Hermione estava tão focada no pergaminho à sua frente e no barulho da pena arranhando-o que se assustou quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
         -Desculpe, não quis assustar. –Disse Rony, fechando a porta novamente.
         -Tudo bem. –A garota largou a pena e se levantou. Se aquilo estivesse acontecendo poucos dias antes, eles teriam se aproximado e trocado um beijo lento antes de começarem a rir sem motivo. Hermione sentiu uma pontada no estômago ao perceber que não trocariam nem mesmo um abraço.
         Os dois ficaram parados em lados opostos do quarto, encarando o chão, sem saber o que dizer.
         -Gina falou que você precisava conversar comigo. –O ruivo finalmente quebrou o silêncio.
         -Você sabe que nós precisamos conversar, Ron...
         Rony sentou-se na cama, olhando para a namorada, atento.
         -Eu tenho que ser sincera. –Disse a castanha, sentando-se ao lado dele. –Acho que você está exagerando. Já faz uma semana, Rony.
         -Mione, estou fazendo o melhor que eu posso para sermos como éramos antes. Não estou exagerando!
         -Pare de drama, Ron... Você fala como se eu tivesse matado sua mãe! –A garota mal conseguia disfarçar a frustração. –Você vem me tratando como se eu fosse seu cachorro que fez algo de errado na última semana. Isso machuca!
         -E se a situação fosse contrária, Hermione? –Rony também começou a se exasperar. –E se eu te contasse que eu e Lilá ficamos juntos na mesma banheira?
         -Eu poderia ficar chateada por dois ou três dias, Rony, mas eu iria perceber que você não fez por mal e que isso não significou nada. Achei que tinha deixado isso bem claro!
         -Escute, Hermione. –O garoto se levantou. –Eu não sou igual você, eu não tenho reações iguais às suas, acostume-se com isso.
         -E é justamente por isso que estamos juntos. Porque somos diferentes. Não teria a menos graça se fôssemos iguais! Só estou dizendo que não é necessário isso tudo. Até quando você vai ficar assim comigo?
         -Contando o fato de que seu quarto está à um cômodo de distância do fuinha, não faço ideia! –Rony estava completamente vermelho, gesticulando. Odiava brigar com a namorada, ele sempre parecia um idiota ciumento quando fazia isso.
         -O que você quer dizer? –Hermione parecia ofendida. – Você fala como se nossos quartos fossem um do lado do outro. Caso tenha esquecido, eu sou monitora e Malfoy é um capitão, temos salões diferentes! E você realmente acha que eu vou ter algo com ele?
         -Bom, não sei, não confio nele, não depois que ele te viu... Te viu... –Rony sse engasgava com as palavras. –Isso não vem ao caso. Não gosto do fato de vocês estarem convivendo tanto, Hermione! Se um dia acontecer alguma coisa...
         -Chega, Rony! –A garota tinha os olhos cheios de lágrimas, sem conseguir acreditar no que o namorado falava. –Você não confia nele, ou não confia em mim? Pense antes de falar! E, francamente, “convivendo tanto”? Eu mal olho na cara daquele garoto! Me impressiona a quatidade de bobagens que você pode dizer em apenas alguns minutos! Pensei que você tinha mudado, sinceramente pensei, Rony, mas pelo visto...
         -Isso não está dando certo... –O ruivo balançava a cabeça negativamente, cabisbaixo.
         -Não está mesmo. –Hermione disse, firme. –Saia do meu quarto, por favor.
         -Está terminando comigo? –Perguntou o garoto.
         -Não. Quero um tempo. Não quero que as coisas continuem assim. Quando você quiser conversar civilizadamente, me procure, e então podemos concertar isso.
         -Hermione...
         -Saia, Ronald.
         Lançando um olhar melancólico para a garota, o ruivo saiu do quarto. Hermione enterrou o rosto nas mãos e contou até cinquenta. Levantou-se e saiu caminhando. Queria um tempo sozinha. A Sala Precisa.
         Não sabia se o cômodo continuava funcionando depois do grande incêndio na guerra, mas pelo visto, funcionava, pois a castanha escutou algumas notas musicais ao se aproximar da parede.
         Quando a porta se abriu, ela se deparou com um espaço de contrastes, banhado pela luz do sol e cheio de sombras. Haviam algumas poltronas e no meio do local havia um piano trouxa. Alguém estava tocando.
         Se surpreendeu mais ainda quando reconheceu a voz arrastada, que agora estava mais suave e tranquila. Nunca tinha escutado Malfoy cantar, nem mesmo sabia que ele cantava ou tocava, e nunca tinha perecebido um tom tão vulnerável em sua voz.
         O garoto percebeu a presença de Hermione e logo levantou-se.
         -O que está fazendo aqui, Granger? –Perguntou, novamente grosso.
         -O mesmo que você, eu acho. –Ela disse, quase num sussurro. –Querendo ficar sozinha.
         -Isso... Isso... – O loiro gaguejava, tentando manter a pose.
         -Não se preocupe. –Hermione não entendia aquilo. Malfoy, sensibilidade e instrumentos trouxas simplesmente não encaixavam. Percebera que aquilo era muito pessoal.
         Draco tentava se manter firme, mas cambaleou até uma das poltronas e mergulhou o rosto nas mãos. Hermione percebeu que havia um pergaminho aberto em cima do piano e perguntou-se o que poderia ser aquilo. A garota se deu conta de que o loiro soluçava, e não sabia o que fazer diante da cena. Não era o habitual. Não era o que ela esperava encontrar.
         -Malfoy...?
         -Por favor, Granger, por favor. –Ele falava como se implorasse. –Não conte a ninguém que me encontrou aqui. Ninguém!
         -Claro que não, Malfoy, o que eu...
         -Saia. –O garoto sussurrou. –Saia, por favor.
         -Malfoy... –Hermione se aproximava devagar, e quando estava prestes a colocar a mão no ombro de Malfoy, foi interrompida pelas palavras do mesmo.
         -Saia, Granger, agora! –Ele tentava parecer bravo. Mas Hermione sabia que ele não estava. Sabia que ele estava apenas abalado. –SAIA!
         Sem saber o que fazer, a garota obedeceu, saindo rapidamente do cômodo, sem saber ao certo o que pensar da situação que acabara de vivenciar. 


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Notas finais do capítulo

Eu amei escrever esse capítulo, simplesmente.
Escrevi ao som de Scared, do Tiago Iorc, caso vocês querem alguma sugestão de música, indico essa.
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