Will You Remember? escrita por cmatta


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei, aeee (ok, ninguém mais lê, mas mais por desencargo de consciência...). Vestibular, faculdade, computador roubado; mil tretas com essa fic. Número de palavras caiu absurdos. E tá mal configurado porque tô sem word no pc. É isso aí.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/305146/chapter/7

Depois de se despedir de Leslie, Mathew partiu meio que sem um rumo definitivo. Por mais que concordasse com ela, que devia falar com Michael - porque, bom, a situação deles beirava o ridículo -, ao mesmo tempo parecia ter ideias mais agradáveis em mente. Ele chegou a parar num ponto de ônibus para sentar num dos bancos e acender um cigarro, não somente pelo vício, ou porque dava uma relaxada; Tá esfriando pra caralho, pensou depois que a fumaça se afastara junto com o vento e gelava a ponta de seu nariz.
Quando decidiu finalmente para onde iria, não demorou a avistar o ônibus certo. Esmagou o resto do cigarro no banco mesmo e levantou. As mãos vasculhavam os bolsos da bermuda atrás das incontáveis moedas que carregava.

A janela permaneceu aberta durante toda a viagem, mas a contragosto de boa parte dos passageiros. O vento entrava cortando a pele, principalmente de Matt, por estar praticamente de pijama na rua.
Mas logo viu onde desceria e se apressou. E enquanto andava na rua, sentia-se um tanto ansioso também. Fazia já alguns dias desde a última vez que falara com ele...
Então tocou a campainha. E sorriu quando ele abriu a porta.
— Matt? - Neil parecia surpreso.
— Eu esperava uma recepção mais amorosa, mas tudo bem - brincou.
— Desculpa! Eu só... sabe, meio... surpresa...
Mathew riu.
— Aconteceu alguma coisa?
— Quê? Não. Eu só quis passar aqui, sei lá, pra te ver.
Neil pareceu levar algum tempo para entender que aquilo era sério mesmo. E quando percebeu, ruborizou um pouco e abriu espaço para ele entrar. Subiram direto, cumprimentando rapidamente Simon e Chloe que estavam na sala.
Assim que entrou em seu quarto, Neil soltou uma exclamação e correu para o guarda-roupas. Não demorou nada para voltar com um casaco perfeitamente dobrado em mãos. Estendeu-o para Matt.
— É do Michael. Ele esqueceu comigo naquele dia.
— Ah, certo - pegou a roupa e pousou na escrivaninha ao lado da porta, enquanto Neil se sentava na ponta da cama e estendia o braço para pegar o controle da pequena televisão que tinha pregada à parede.
Foi passando os canais, nada muito interessante durante a tarde, o que não era novidade. Matt se sentou no chão, em frente à cama, e recostou-se nela. Neil largou o controle quando parou num canal de documentários - costumava rir desses sobre aliens - e Matt tombou a cabeça para trás, fitando-o. Sem dizer nada, puxou a mão de Neil para baixo, meio que chamando-o para se sentar no chão também. E assim o fez. Não demorou muito para Matt tatear o caminho até encontrar a mão fria de Neil e segurá-la, enquanto tentava fingir certo interesse pela programação.


O documentário sobre OVNIs terminou e um sobre um serial killer da década de 80 começou. Continuaram com as mãos juntas; vez ou outra Mathew se desligava totalmente do programa e brincava distraidamente com os finos dedos de Neil. Quando os créditos finais apareceram na tela da pequena tevê, Matt ergueu os braços se espreguiçando e tombou a cabeça para a beirada do colchão; deixou seu braço cair sobre os ombros de Neil e delicadamente beijou-lhe o rosto. Com a voz arrastada, meio sem vontade, disse que tinha que ir e se levantou, com um sonzinho em protesto que escapou de Neil.
— Eu te acompanho – Neil disse enquanto se apoiava na cama para se levantar.
Matt já segurava o casaco escuro com uma das mãos e, antes de passar pela porta, parou de frente a Neil e contornou sua bochecha com as pontas dos dedos, com um sorriso involuntário. Um último suave e breve toque entre seus lábios e Matt, dando uma rápida olhada em Neil, se dirigiu às escadas, seguido do menor. Na sala, Chloe e Simon estavam no sofá assistindo a algum filme italiano, mas a atenção deles se desviou quando ouviu a porta sendo aberta.
— Já vai? – Simon se contorcia no sofá para conseguir ver os meninos atrás de si – Melhor se agasalhar bem – disse olhando o casaco que Matt carregava.
Descendo o olhar para o casaco na mão, hesitou um pouco antes de assentir e vesti-lo. Com um sorriso, despediu-se do casal e desceu os olhos para Neil. O sorriso até então educado transformou-se em algo mais; algo doce e triste ao mesmo tempo. Despediram-se e Matt teve que subir mais o zíper do casaco quando o ar frio perfurou sua pele. Apressou os passos até o ponto de ônibus mais próximo e por alguns minutos temeu que estivesse muito tarde para um ônibus que atravessasse a cidade parasse ali, mas quando este finalmente parou em sua frente, ele puxou do bolso suas moedas contadas e sentou-se numa das janelas mais afastadas das poucas pessoas que estavam lá. O ônibus iniciou seu trajeto e as luzes dos postes dançavam como bolas de fogo por trás do vidro embaçado. Puxou os pés para cima do banco e encolheu as mãos para dentro das mangas do casaco, numa tentativa vã de se esquentar, já que era inevitável um vento forte e gelado entrar pelas frestas das janelas velhas do ônibus em movimento. Quando percebeu que era inútil, jogou a cabeça para trás, recostando-a no banco e começou a traçar linhas curvas pelo vidro frio. Tentou, nessa distração, esvaziar sua cabeça. Fechou os olhos, mas não conseguiu segurar o fantasma de um sorriso.


Se não tivesse se controlado, com certeza Matt teria adormecido e perdido o ponto próximo da casa de Michael. O ônibus parecia um pouco mais cheio agora, percebeu ao levantar e dirigir-se à porta. Assim que pisou na rua, seu cabelo começou a balançar como labaredas. Encolheu os ombros e foi até o pequeno conjunto residencial duas quadras dali. Cumprimentou o homem gordo que ficava na portaria e caminhou rápido até um dos pequenos prédios. Os passos rápidos pulavam de dois em dois degraus; achou estar ansioso por não saber exatamente o que queria dizer, mas não tinha certeza se suas mãos tremiam dentro dos bolsos do casaco por isso ou pelo frio. Quando parou finalmente frente à porta do apartamento dos Cook, passou alguns segundos encarando-a antes de tocar a campainha. Um Michael com olhos inchados de sono abriu-a depois de algum tempo, para dar de cara com Mathew e fechá-la logo em seguida. Tocou a campainha de novo.
— O que? – a voz de Mike saiu por trás da porta.
— Abre aí – pediu com a voz trêmula enquanto começava a esfregar uma mão na outra. – Tá frio, Mike.
Já estava desistindo quando a porta se abriu. Michael já não estava mais perto dela, tinha ido em direção ao sofá. Mathew entrou e fechou a porta atrás de si e ficou parado ali, há poucos centímetros dela.
— Ei, Mike – Matt tentou quebrar o silêncio antes que começasse a ficar insuportável. – Já está melhor?
— O que você acha? – disse sem olhar para o amigo; parecia se distrair com a franja de uma das almofadas do sofá.
— Parece...
— Estou bem pra caralho! – disse com o que Matt achou ser alguma raiva afogada numa falta de ânimo – Está tudo sempre muito bem, Matt.
— Mike...
— Faz o que você quiser, Mathew. Se você quiser ficar com ele, fica. Não vou mais me preocupar com você. Já é bem grandinho.
— O que? – sua voz saiu incrédula – Então é por isso? Porra, Mike!
— Não é por isso, Matt, é por tudo. – sua voz subiu alguns tons – Quase toda semana te ver fodido porque sua mãe explodiu, ou ver você se matar um pouco mais com aquelas porras de cigarro toda vez que te acontece alguma merda. Negligenciando a si mesmo, nunca fazendo nada por você. E agora inventa de se apegar a quem já tá morto... – as últimas palavras saíram mais baixas, como se percebesse que tinha ido um pouco longe demais e quisesse voltar e não dizê-las.
Surpreso, Matt recuou. Todo o sentimento bom que lhe invadira o peito naquela tarde parecia esvair-se como fumaça, e um vazio parecia suga-lo de dentro para fora. Não sabia dizer se seu coração batia rápido demais ou rápido de menos, nem se ainda conseguia mover seus músculos.
— Acho que você está ótimo – respondeu com mais frieza do que imaginava ser possível. Não, idiota, para com isso. – E isso é seu – disse, abrindo o casaco que vestia.
— Não, Matt... Coloca isso. – Antes que pudesse protestar mais, viu Matt colocar a roupa sobre uma cadeira e passar pela porta, fechando-a. – Merda.
Ele levantou do sofá e correu até a porta, mas parou assim que girou a maçaneta, não chegou a abri-la de fato. Com um click, largou-a e ficou parado, encarando-a. E então ouviu os passos de Matt do outro lado, quase que correndo, em direção à escada. Michael segurou o impulso de ir atrás. O punho se cerrou e, instintivamente, socou a porta com força.


Uma garoa fina começou a cair e até que entrasse num dos últimos ônibus que rondavam aquela região, ele desejou ter ficado com o casaco de Michael. Não sabia bem se achava graça de tudo, ou se ficava mal. Ele já havia construído uma barreira muito boa para esse tipo de coisa - e agradeçamos Helen por isso -, mas nunca imaginou ter que lidr com Michael assim.
Abriu a porta de casa com certa pressa e chutou-a com o pé para fechá-la enquanto se guiava apressado para seu quarto. A sala estava iluminada somente pela televisão pequena da sala - o telejornal passava algumas notícias do dia, alguns acidentes aqui ou ali - e uma névoa de tabaco enchia o apartamento. Nada novo, pensou ao abrir a janela do próprio quarto antes de se jogar na cama.
Não demorou muito a voltar a levantar e ir vagar pela cozinha, abrindo armários e geladeira. Tudo vazio.
— Você não fez mercado de novo? - perguntou antes de se abaixar para mexer num dos armários. Levantou-se e olhou em direção ao sofá. Silêncio. - Mãe? - chamou com a voz mais alta.
Foi até o sofá e sacudiu a mulher pelo ombro.
— Mãe... - sacudiu mais uma vez - Mãe?
Olhou em volta. Muito mais garrafas de bebidas largadas ao redor do móvel do que o habitual. Ficou uns segundos parado, apenas encarando Helen inconsciente - com uma das expressões mais calmas que ele já vira nela.
Finalmente apressou-se ao telefone. Os minutos seguintes correram lentamente, enquanto ele andava nervoso pela sala. Só se acalmou um pouco quando viu a mãe saindo do apartamento em uma maca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Will You Remember?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.