A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi. Eu ia fazer esse capítulo um pouco maior, mas achei que ficaria massante demais.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/304951/chapter/2

Confesso: foi horrível ter que acordar daquele sonho. Pior mesmo foi a sensação de que ele não estava concluído. Como quando você está sonhando com seu ídolo, e quando ele finalmente olha para você, o despertador toca e você é obrigada a acordar.

Tentei voltar a dormir, mas não consegui. Mesmo que conseguisse, que garantia eu tinha que voltaria para aquele mesmo ponto?

Me levantei da cama, suspirando pesadamente quando a brisa gelada que vinha da porta entre-aberta me atingiu. Peguei o uniforme de cima da poltrona, levei até o banheiro e fiz minha higiene pessoal.

Olá, eu sou Savanna Jones Harris e tenho quatorze anos. Moro em Stonewood com meus pais, Fred e Martha e minha irmã, Valentine. Nossa família pode ser considerada uma típica família de classe média.

Os cabelos louros são padrão – meu pai e minha mãe têm, logo, eu e minha irmã herdamos. Aparentemente, os olhos azuis também são padrões na família Harris. Em toda ela, quero dizer. Meus avós por parte de pai, minhas duas tias, meu tio, minha irmã e todos os meus primos têm.

Quem quebrou os padrões?

Eu.

Diferente de todos os Harris, eu tenho olhos violetas, como os da minha mãe. E as outras características que deveriam me apontar como parte dessa família também se ausentaram. O nariz arrebitado, as sobrancelhas arqueadas e o rosto redondo, tão comuns entre meus parentes, não se apresentam em mim.

Sou a perfeita Jones.

Rosto fino, nariz pequeno, sobrancelhas que praticamente emolduram meus olhos, a pele levemente bronzeada, estatura baixa e corpo escultural são suficientes para me destacar. Não quero ser desumilde, mas é assim que me caracterizam. Costumam me comparar com bonecas.

Mas isso não vem ao caso.

Aquela manhã era uma segunda feira típica de Stonewood. Fria, úmida e chuvosa – esta última característica reservada exclusivamente para quando mais precisamos de um solzinho para nos aquecer. Mesmo com as janelas fechadas, eu tremia e relutava em tirar o pijama quente, mesmo se fosse para entrar no chuveiro quente.

Quando finalmente consegui forçar meus braços a tirarem a blusa do pijama, a fumaça já tomava conta do banheiro inteiro e embaçava o espelho. Tentei ser rápida para não me atrasar ou atrasar minha irmã – vale dizer que isso sempre acontece nas segundas.

Terminei minha higiene e penteei o cabelo, sentindo uma certa raiva por não tê-lo penteado na noite anterior. Depois que consegui tirar todos os nós, peguei minha mochila do lado da cama e desci para tomar café da manhã.

Stonewood tem apenas um colégio. Nós não precisamos de mais, afinal, são só quatro mil habitantes.

Meu pai estacionou o carro na frente do Colégio Estadual de Stonewood.

– Boa aula. – ele disse.

– Boa aula. – minha mãe falou quase ao mesmo tempo.

Eu apenas sorri, mas não falei nada. Eu e Valentine descemos do carro e esperamos ele desaparecer antes de passar pelos portões da escola.

– Eles estão muito bem-humorados para uma segunda... Você não acha? – me perguntou ela.

Assenti.

– Talvez eles tenham recebido boas notícias do escritório... – eu falei, enquanto caminhávamos para o prédio. Minha irmã nada falou. Quando cheguei na porta de sua sala, dei-lhe um beijo na testa e desejei boa aula. – Comporte-se.

– Quando foi que eu me comportei mal? – Valentine ergueu uma sobrancelha.

– Não me lembro. Mas pedir nunca é demais, não é?

Ela riu e entrou na sala. Estava caminhando para a minha quando senti alguém me cutucando, e me virei para ver quem era.

– Com licença... – ele falou passando a mão pelos cabelos. – Sabe me dizer onde fica a sala quarena e dois?

Era ele.

O menino do meu sonho.

– Deixe eu ver seus horários. – ele me deu um papel amassado que e analisei meticulosamente. Não poderiam ser os mesmos que os meus. Nem minha melhor amiga conseguiu pegar as mesmas aulas que eu! – Os mesmos que os meus... Qual seu nome?

Ele sorriu daquele mesmo jeito que havia feito no sonho. Um sorriso que fazia tudo ao meu redor desaparecer.

– Essa não é a pergunta certa a se fazer.

– Sem gracinhas. – cruzei os braços e fiz minha melhor cara de brava.

Ele riu abertamente.

– É Josh.

Não falei mais nada. Apenas caminhei até a minha sala e me joguei na cadeira do fundo, na frente de Rebeca, minha melhor amiga. Josh sentou-se do outro lado da sala.

– Sav... Você viu o aluno novo? – ela falou, me cutucando para que me virasse.

– Aluno novo? – perguntei.

– Sim. Parece um deus, Savanna, ele é perfeito! – Rebeca falou, os olhos verdes brilhando como duas pedras. – Qual o nome dele? Será que ele está na nossa sala?

Beca percorreu os olhos por todos os alunos, parando em um no outro canto da sala. Josh sorriu e acenou.

– É ele. – ela apontou para meu novo amigo no outro lado da sala. Respirei fundo. Ainda teria que aguentar ela falando dela a aula inteira.

– Josh. – Beca olhou pra mim com uma expressão de pura confusão. Ela enrolava uma mecha do cabelo castanho escuro, exatamente como fazia quando estava nervosa ou querendo chamar atenção. – O nome dele é Josh. Esbarrei com ele no corredor. Tem os mesmos horários que eu.

– Troca de horário comigo!

Fiquei tentada a responder claro que sim!. Algo naquele menino me incomodava, e eu não tinha nem ideia do que era.

Por fim, a srta. Collins, nossa professora de história, entrou na sala e eu me virei para frente.

Olhei para o lado tempo suficiente para fer Josh caminhando até ela.

– Com lincença... – ele falou sorrindo. – Sou um aluno novo, está aqui a autorização.

A professora tirou o papel da mão dele e o analisou meticulosamente, antes de assentir e devolver o sorriso.

– Seja bem vindo, sr. Thompson. Já tem todos os materiais?

– Tenho.

– Então sente-se para eu começar a aula.

Josh murmurou algo que eu não entendi completamente, mas que parecia ser um como quiser, senhora e voltou para o canto. Melinda começou a explicar a matéria daquele jeito deploravelmente tedioso, a ponto de me fazer ter vontade de dormir.

– E eu me pergunto: como alguém como ela pode ser nossa professora? – Rebeca perguntou.

Apenas dei de ombros e fingi estar interessada na aula.

A nossa última aula era ginástica. Rebeca, infelizmente, não fazia essa atividade comigo. E eu já havia matado a aula tantas vezes que o professor Denara disse que eu poderia reprovar em sua matéria.

Reprovar em ginástica?

Não, muito obrigada.

Deixei meus livros no armário e segui para o ginásio, ainda considerando a opção de faltar essa aula. Só mais essa.

– Savanna? – ouvi alguém perguntar.

– Eu.

– Onde fica o ginásio?

Revirei os olhos. Não sabia se ele fazia isso para me irritar ou se tinha dúvidas mesmo.

– É para lá que eu estou indo, Josh. – respondi exatamente a mesma coisa pela décima vez.

– Certo, certo... – ele concordou e guardou o horário na mochila. – Qual o nome do nosso professor?

– Jackson Denara. – respondi. – Ele é muito, mas muito chato mesmo. Especialmente nas segundas feiras.

– Está todo mundo reclamando da segunda feira! – Josh cruzou os braços e me encarou. – O que tem de tão errado nas segundas, eu lhe pergunto.

– Você não é de Stonewood. Definitivamente. – ele concordou comigo. – Todas as segundas são assim nessa cidade: úmidas e frias. Ás vezes chove, também, mas só se você estiver com muito azar.

– É assim mesmo no verão?

– Mesmo no verão.

– Que horror...

– Nem me fale.

Ele abriu a boca como se fosse dizer mais alguma coisa, mas não falou nada. Caminhamos em silêncio até o ginásio, onde cada um foi para seu vestiário.

– Obrigado. – ele berrou antes que eu fechasse a porta.

– De nada. – gritei em resposta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí?