Fico meio perdida, não sei exatamente se corro pra dentro de casa me esconder, vou lá da um “oi” pra ele, ou fico lá parada feito uma idiota esperando ele vir falar algo comigo.

 Escolho a última opção.

Ele quando me vê arregala os olhos e coça a nuca, sinal de que esta surpreso ou nervoso. Ele olha pra estrada como se estivesse esperando os carros pararem para poder atravessar, detalhe: Não tinha nenhum carro, a rua estava completamente deserta.

Fico alternando meus olhares entre ele e meu sapato. Ele respira fundo e atravessa a rua até minha casa e ri pra mim. Retribuo o sorriso, mas sem mostrar os dentes.

- Você ta... ta... – ele me olha de cima a baixo e eu sinto minhas bochechas queimarem – Ual! T-ta... você ta linda! – franzo os lábios e hesito em dizer

- Você também... – Eu sei, eu sei que não era pra eu ter dito isso, foi completamente idiota, ridículo, fiquei parecendo uma garotinha que acabou de falar com o garoto da vida dela, patético. Mas eu não menti, ele realmente estava perfeito. Usando uma camiseta com listras tão juntas que eu não sabia quando uma era preta ou branca e um terno elegante preto que ele deixou aberto, uma calça jeans escura e o cabelo como sempre, meio desgrenhado, estava lindo. – Q- quer dizer, você ta elegante... – ele abafa um riso, mas mantém o olhar em mim – Como você disse, quando eu cheguei em casa o convite tava em cima da mesa.

- Bom, você quer uma carona?

- Não, obrigada. Já chamei um taxi.

- Ok. – ele pisca algumas vezes, como se tivesse acordando – A gente se vê lá – ele me da um beijo na bochecha e depois sai.

Parecia que aquela era a primeira vez que nos falávamos, medindo as palavras, elogiando um ao outro, beijinhos, conversa rápida.

***

Chego na casa, uma casa enorme e cheia de gente. Não costumo gostar desses lugares, ainda procuro entender porque eu vim. As pessoas estão realmente me assustando, alguns tão quase se comendo, outras estão bêbadas o suficiente para não se manter em pé. Quase caio quando um cara de mais ou menos uns 19 anos segura no meu braço e vomita na mesa da sala. Ando até o fim da casa pra achar um lugar calmo.

Algumas amigas minhas vem falar comigo, mas só por uns minutos porque logo depois um cara aparece e elas somem. Sento-me em um sofazinho pequeno perto de um jardim onde da pra piscina onde tem mais gente bêbada e se comendo, pelo menos esse é o lugar mais calmo da festa.

Um garoto se joga do meu lado, mas ele não parece “alto”, drogado e nem nada disso. Pego meu celular afim de não ter que encara-lo, começo a fazer coisas aleatórias e muito “nada a ver” como roer a unha e fingir escrever uma mensagem

- AMÉM! Pelo menos um lugar calmo nessa porcaria de festa. Nem meu quarto se salvou. – ele me olha e sorri – Ethan, irmão do Matt. – ele para como se tivesse tentando se lembrar de algo - Heey, tinha um grupo de garotos falando de você ali atrás... Valerie, não é?

- Aham – franzo as sobrancelhas - Quem tava falando de mim?

- Ah, eu não conheço direito, mas parece que tinha um tal de Ryan... os garotos falavam algo como “Ela é gata” – ele fica mudando o tom de voz a cada frase - ou “Como você pode encontrar ela todo dia na frente da sua casa e não rolar nada?” e “Cara, você é lerdo” e ele mandou eles irem a merda e depois saiu - deuses, ele não disse absolutamente nada? Não contou do beijo pra eles? Ele aguentou a zoação dos amigos só pra não dizer nada?

Ethan percebe meu nervosismo e sorri denovo

 – Você gosta dele?

- Oque? C-claro que não! Ele é só meu vizinho chato...

- Hm... você ta gostando da festa? – ele muda de assunto

- Honestamente? – ele assenti – Não sei porque eu vim. Eu odeio esse tipo de coisa, muita gente, barulho, isso aqui não é meu lugar. – ele da uma gargalhada tão linda que me da vontade de rir também – O que foi? Não esperava isso?

- Na verdade não, você tem cara de quem gosta disso aqui – levanto uma sobrancelha – Tudo bem, eu também detesto as festas que meu irmão faz, tento me trancar no quarto, mas as pessoas costumam invadi-lo.

-E você não faz nada?

- Ah, não faço não. Matt sempre me da dinheiro e manda alguém arrumar meu quarto depois, então eu só preciso ficar quieto

- Credo, quantos anos você tem? Dois? Cinco? – ele revira os olhos

- Haha, que engraçada! – ele diz irônico – Você também faria isso pela grana que ele me da.

- Pelo meu quarto? Nunca!

- E a propósito, eu tenho 17, satisfeita?

- Bastante

- Eu até gosto as vezes, as garotas ficam me agarrando e eu me sinto uma estrela.

– Ai meu Deus! Qual seu problema? Você parece uma criança!

- Já me falaram isso – ele responde cabisbaixo

- Ah, qual é?! Foi uma brincadeira – empurro ele com o ombro e ele ri pelo nariz.

Volto minha atenção para a festa e como se alguém estivesse me chamando eu olho diretamente pra Ryan que sorri com um bando de putinhas com o vestido que mostra até o útero. Uma garota loira de farmácia segura a mão dele e leva até seu quadril e começa a dançar. É estranho eu pensar isso agora, mas há alguns dias eu sentia apenas pena dessas vadiasinhas que caiam da do Ryan, mas agora... agora além de pena eu também sinto raiva.

Percebo que já estou a bastante tempo fitando aquilo quando Ethan toca meu braço e eu levo um susto quase pulando do sofá.

- Myah, Juliet e Mary – ele diz

- O que?!

- Myah, Juliet e Mary... são as garotas dançando com ele – ele faz um gesto com a cabeça apontando pra Ryan

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Ah, você ficou quase a música toda olhando pra eles, de punhos cerrados e achei que ia sair fumaça de você se eu a deixasse olhar por mais tempo. – percebo que estou mesmo de punhos cerrados e quando abro minhas mãos sinto o sangue fluir normalmente, como se eu estivesse prendendo a tempo demais.

Começa uma música lenta, muito muito lenta, uma música linda... Almost Lover – A Fine Frenzy. Ele segura minha mão e eu recuo.

- Dança comigo? Você não vai querer vê-lo com essas garotas e ficar ai sentada sem fazer nada. Já ouviu falar em ciúmes? – ele diz

- Mas eu não quero fazer ciúmes! – protesto, mas talvez eu quisesse mesmo. – Eu acho – essa ultima parte eu digo baixo

- Então já que é assim... – ele se levanta e faz uma “reverência” que os cavalheiros costumam fazer e depois estende a mão. – Será que essa bela dama real aceitaria ser par de um simples camponês?- abro um sorriso e levanto meus olhos para encara-lo.

Pela primeira vez desde que ele sentou do meu lado eu o vejo verdadeiramente, reparando em cada detalhe. Ele é alto, tem cabelos castanhos escuro e cacheados, olhos tom de mel e o sorriso que me mantém minha atenção nele. Deus, aquele garoto é um príncipe! E o sorriso dele, ai o sorriso, meu Deus o sorriso!! Não sei como não virei manteiga ainda.

- C-claro – engasgo com minhas palavras – Vamos dançar belo cavalheiro!

Vamos para onde as outras pessoas estavam finalmente fazendo algo que preste, dançando, DANÇANDO e não fazendo as merdas que eles chamam de dança. Não vejo mais Ryan, nem aquelas garotas.

Decido que vou esquecê-lo  , vou pensar apenas no aqui e no agora, eu e Ethan. O que passou entre eu e Ryan não passou de diversão, agora ele pode fazer o que quiser e com quem quiser e eu também.

Ponho as mãos na nuca dele e ele na minha cintura e nos começamos a dançar.

- Encosta a cabeça no meu ombro – ele sussurra no meu ouvido me fazendo arrepiar e ele ri

- O que?! – pergunto indignada

- Ele ta encarando a gente e ta quase fazendo a pobre latinha gritar. Encosta a cabeça no meu ombro. – faço o que ele pede e ele me vira pra que eu veja Ryan. Ele ta sentando sozinho onde ficam as bebidas. Nossos olhares se cruzam, mas ele desvia.

- Agora ri... finge que eu to te falando algo muito interessante e ri – não posso fazer isso, simplesmente não consigo

- Me faça rir de verdade – sussurro de volta

- Qual e a comida que liga e desliga ? - O StrogON-OFF /// Hulk é verdão, Katniss everdeen /// /Qual sao os jogos preferidos do Grover?......Os PANamericanos! (N/A: essas duas últimas é só pra quem gosta de Jogos Vorazes ou Percy Jackson, mas se não gostar ou não conhecer ignore).

Olho pra cara dele com uma expressão de tipo: “Cara, você é um idiota de primeira” e continuo sem rir, mas então ele faz uma cara ridícula e eu começo a rir me esquecendo por um mínimo de segundo de Ryan.

- Boa, boa! Ryan apertou os olhos com força, como se não quisesse ver – ele continua narrando pra mim até que eu paro e começo a encara-lo, nossos narizes estão quase juntos

- Porque você ta fazendo isso? – sussurro

- Não sei –ele sussurra de volta

- Você é muito estranho, sabia? – a música acaba e eu não sei porque, mas eu o abraço forte.

Nesse mesmo instante sinto uma mão puxando meu braço

- V-valerie!! – quem chutou Ryan acertou – Sua irmã...

Meu coração gela

- O que teve com ela?

- Ela tropeçou em alguma coisa e caiu da escada... – arregalo meus olhos e minha boca se abre em um perfeito ‘O’. Minha irmã! Minha princesinha, eu a deixei sozinha, isso tudo é culpa minha, meu Deus!!

- O QUE?! CAIU DA ESCADA?! C-COMO VOCÊ SABE?!

- Ela me ligou... disse que você não atendia e que tava doendo muito a perna dela e o resto eu não entendi porque ela começou a chorar.

- Como ela sabia seu número?

- Ela disse que tava no seu quarto...

Me volto pra Ethan que me segura no momento em que minhas pernas fraquejam, eu estou tremendo.

- Posso te dar uma carona até em casa – Ryan diz

Olho pra Ethan e dou um beijo na sua bochecha

- Desculpa, ela é meu mundo. Peço o seu numero pro Matt e te ligo depois

- Vem! – Ryan segura meu pulso

- Ta,ta. Vamos logo.

- Te vejo amanhã – Ethan diz não muito feliz. Ver amanhã? Mas aonde?

Não tenho tempo pra pensar nisso.

Voltamos em silencio pra casa, enquanto eu lutava para segurar as lágrimas ao lembrar que tudo é culpa minha.

Quando chegamos eu quase não espero ele parar o carro pra sair correndo de dentro dele e quando estou quase na porta de casa ele me puxa pelo braço.

- ME LARGA!! – grito apavorada

- Desculpa – ele fala baixo e eu franzo o cenho. – Ela não caiu de escada nenhuma

- COMO É?!

- Eu inventei tudo...

- VOCÊ OQUE?! – continuo gritando

- Era o único jeito de você sair de La! – ele eleva um pouco o tom de voz, mas não grita.

Eu fecho os olhos e respiro fundo

- Você... usou... a minha irmã... PRA MERDA NENHUMA?! – falo pausadamente e nessa ultima parte eu grito e começo a dar tapas no braço dele. Ryan segura meus pulsos me fazendo parar

- Você reparou em como eles te olhavam? Os garotos daquela festa, você reparou? E aquele Ethan, um grosso e além do mais ELE QUASE TE AGARRAVA ALI MESMO! – essa ultima parte me assustou porque ele gritou bem alto, mas despertou também a minha raiva

- Ele tava sendo um fofo, ele só me chamou pra dançar nem forçou barra nenhuma! O grosso aqui é você gritando comigo! – olho bem nos olhos dele para dizer – SEU IDIOTA! EU TE ODEIO RYAN!!