Boy With One Eye escrita por João A


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

Esse está um pouco maior! XD



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Podiam ter se passado horas tão bem quando segundos; mas eu não conseguia me mexer para ajudá-la. Parecia que meu corpo estava dominado pelo medo.

Em meio à minha angústia, percebi, vagamente, movimento no final do beco em que estávamos. Quando a figura se aproximou, percebi que era uma mulher, loira e muito alta; vestida inteiramente em preto. Queria pular para colocar meu corpo como uma barreira entre ela e Louise, mas também não consegui.

- Quem... Você...? – mal consegui balbuciar, em meio à minha confusão.

Contudo, ela não deu sinais de ter ouvido. Como se toda aquela situação fosse completamente normal, se agachou ao lado de Louise e fechou os olhos, posicionando sua mão direita na testa da garota. Quando a mulher fez isso, minha namorada parou de se debater e contorcer, passando a ficar completamente parada, mas com os lindos olhos verdes arregalados e preenchidos com terror. Consegui ouvir que a loira sussurrava algo, mas não consegui distinguir as palavras.

Foi então que Louise parou de se mover completamente; para sempre. E o topor de desespero e terror me dominou, senti que ia desmaiar, e minha última visão foi um vislumbre de um brilho dourado e de um sorriso.



– Não... LOUISE...

Acordei gritando e suando muito, com uma luz forte dirigida ao meu rosto. Depois de minha visão se acostumar e de minha respiração se acalmar, me dei conta de que estava em uma sala sem mais ninguém, toda branca. Parecia o quarto de um hospital. Logo em seguida percebi que estava deitado, nu, com os tornozelos algemados a uma cama com lençóis espantosamente alvos. Enrolei-me nos lençóis e comecei a me levantar, mas uma forte tontura me obrigou a voltar à minha posição original.

Somente nesse momento percebi que meu olho direito estava tampado. Na verdade, não sabia como pude não ter percebido antes. Mas não doía; coçava ou incomodava de qualquer jeito. Ataduras estavam enroladas ao redor de minha cabeça para tampar completamente o olho. Não sabia por que estava ali, nem o que tinham feito comigo. Somente me perguntava se a cena horrível que tinha presenciado anteriormente era verdade; com todas as imagens horríveis passando em minha cabeça. Porém simplesmente empurrei esses pensamentos para um lado; antes de qualquer coisa precisava descobrir onde estava e o que tinham feito comigo.

Quando comecei a me levantar novamente, a porta que ficava na parede ao meu lado se abriu, permitindo a entrada de uma mulher muito bonita, ruiva, que vestia um longo vestido branco e preto; e de um homem alto, negro, vestindo um jaleco branco.

-Calminha aí meu rapaz, permaneça deitado! – Disse a Mulher ruiva, com voz calma e firme.

- Quem são vocês? O que fizeram comigo? Onde estou?

- Tudo vai ser explicado a você em alguns instantes, e vim aqui para te levar ao lugar onde isso será feito. – Respondeu a ruiva – Mas antes, acho melhor você se vestir. Separamos algumas roupas para você. Dê a ele Charles!

Peguei as roupas que o médico me entregou: roupa de baixo, uma calça jeans e uma simples camiseta preta, além de uma bota de couro, também preta. Os dois adultos saíram pela porta e, assim que terminei de me vestir, acompanhei-os por um longo corredor até uma sala repleta de equipamentos ultramodernos. Computadores, tablets e todo o tipo de tecnologia que o dinheiro podia comprar.

Não sabia por que estava obedecendo àquelas duas pessoas que eu nunca tinha visto antes, tão calmamente. Mas que escolha eu tinha? Estava tremendamente assustado. Procurava sem parar por alguma janela ou qualquer tipo de abertura que me permitisse correr para fora daquele lugar. Mas a mulher ruiva começou a falar e captou minha atenção.

- Respondendo às suas perguntas anteriores; nesse momento você se encontra na Organização. Nós existimos para lutar e obliterar um dos maiores males que se abatem sobre nós. Eu sei que é difícil de acreditar, mas criaturas sobrenaturais existem, e é contra elas que lutamos. Chamamos-as demônios.

- Você... Está brincando não é? NÃO ESTOU GOSTANDO NADA DISSO. PARE COM ESSAS BABOSEIRAS E ME FALE LOGO QUEM SÃO VOCÊS! – Eu interrompi, gritando.

- A princípio pode parecer besteira, é obvio que você não acredita. Mas verá a verdade quando seu treinamento começar. – continuou a mulher, como se eu não tivesse dito nada. E quando terminou de dizer isso, foi até um computador e ligou seu monitor. Assim que fez isso apareceram imagens de jovens, todos com idade entre 15 e 23 anos, aproximadamente, lutando entre si em uma sala extremamente grande.

- O que é isso? – Perguntei.

- Essa é nossa força de combate. Todas essas pessoas são treinadas para lutar contra demônios. Assim como você será. Mas porque eles? Você pode se perguntar. Essas pessoas foram escolhidas porque nasceram especiais. Algumas crianças, muito raras, nascem com aptidão ao nosso propósito; certa sensibilidade a distorções feitas no espaço-tempo. Magia. – continuou ela com voz calma e firme. - Além disso, não lhe resta mais nada. A última pessoa que realmente fazia parte de sua vida morreu.

“Louise”, eu pensei. Lágrimas começando a se formar por trás de meus olhos. Mas não podia permitir que meus captores percebessem esse tipo de fraqueza; não naquele momento. Então disse, surpreendendo a mim mesmo com o tom firme de minha voz:

-Isso não explica nada. Além do mais... E minha família? Meus pais?

Você não tem pais! Sua mãe morreu ao te dar a luz, e seu pai nunca foi visto. Quem cuidou de você durante toda a sua vida foram agentes da Organização.

Surpreendentemente isso não me incomodou muito. Eu nunca tive qualquer verdadeiro sentimento pelos meus “pais”. Mas algo ainda me incomodava. Então verbalizei esse pensamento:

- E isso acontece com todos? Quero dizer... Todos esses agentes dessa tal “Organização” foram criados como eu? Com pais falsos? E depois tudo o que havia de real em suas vidas, foi tirado deles como aconteceu comigo?

- Na verdade não. Aquela menina foi um detalhe imprevisto. Mas você é um caso especial; então suponho que esteja dentro dos limites de interferência aceitáveis.

A raiva, que já estava borbulhando dentro de mim, me dominou. Arremessei-me para cima da única que podia culpar por tudo: a mulher ruiva. Eu achava que se machucasse ela, tudo o que me foi tirado seria mandado de volta? Não sei, acho que não pensei em nada... Só agi.

Só que um detalhe foi esquecido por mim: o médico. Antes que pudesse alcançar meu alvo, ele me imobilizou e aplicou uma injeção que me fez, quase imediatamente, perder os sentidos. Uma situação que estava acontecendo freqüentemente demais para o meu gosto.

- Seu colega de quarto te explicará o resto, já que não foi civilizado o bastante para me permitir fazer isso. – Foram as palavras que ela me disse antes de eu ceder à escuridão.


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Notas finais do capítulo

O terceiro deve demorar um pouco a sair! Espero que tenham gostado! Sugesto~es/críticas? comente.



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