POV BELLA

Oito meses. Já faz oito meses que descobri que meu noivo me traía com quem eu
achava que era minha amiga. Aliás, ex-noivo, porque se tem algo que eu  não suporto é a traição. Eu suspiro, com
desgosto, por me pegar pensando nesse assunto de novo. Nem estando tão longe eu
não conseguia parar de pensar nisso. Entro apressadamente no pequeno café que
me acostumei a ir nesses 2 meses em que estou aqui. É um café pequeno e aconchegante,
mais afastado do centro. A fachada não tem nada de especial, por isso, quando
vim aqui pela primeira vez - estava fugindo de uma tempestade - me surpreendi.
Agora este café é um dos meus lugares favoritos por aqui. Me faz sentir como se
eu estivesse um pouco mais próxima de casa - da minha família e dos meus amigos
- . Meu nome é Isabella Marie Swan, tenho 23 anos, tenho olhos e cabelos
castanhos escuros, 1.65 de altura e nasci em Nova Iorque, porém por sugestão de
alguns amigos e de minha própria família, estou em Paris. Eles falaram que uma
mudança de ares me faria bem. Confesso que no começo não acreditei muito, mas
agora vejo que isso realmente foi bom. A ferida em meu peito antes doía só de
ouvir o nome dele, agora eu consigo falar sobre isso com mais calma e
consciência de que se teve alguém que errou, foi ele, já que no começo eu
ficava me martirizando e me perguntando aonde eu tinha errado. Porém, apesar
dessa ferida  estar menos dolorida,
infelizmente ela ainda não se fechou completamente. Hoje é dia 13,
quarta-feira, e já me sentei na minha mesa de costume e fiz meu pedido. Cinco
minutos depois, quando estava lendo uma revista qualquer, o garçom trouxe meu
pedido e foi atender outros clientes, porém percebi que meu pedido estava
errado. Levantei e fui até o balcão.

- Com licença - falamos eu e outro cliente ao mesmo tempo.

- Sim? - Respondeu o homem atrás do balcão. O cliente, que eu notei ser
um rapaz mais ou menos da minha idade, com um cabelo num tom de bronze incomum,
fez um sinal para eu falar primeiro. Agradeci com um sorriso polido, mesmo
sentido uma sensação estranha na boca do meu estômago.

- Senhor, acho que houve um engano. Meu pedido está errado. - eu falei,
em inglês, já que não sabia falar francês, só mesmo o básico.

- O meu também - falou o rapaz, também em inglês, o que me fez ficar
curiosa. De onde será que ele era? - Eu não pedi chocolate quente e cookies.
Ele parecia bravo olhando para o homem. Não sei por que e... Hey, aquele era
meu pedido!

- O seu pedido seria café e brownie ? Perguntei, olhando para sua -
minha - bandeja.

- Sim, como você ... - o cortei antes de ele terminar a pergunta.

- Nosso pedido veio trocado, eu pedi chocolate quente e cookies. - Nós
destrocamos nossos pedidos, e quando estava prestes a voltar a minha mesa, ele
me perguntou:

-Desculpe a intromissão, mas é que estou realmente curioso, você é dos
EUA ? -  Seus olhos eram intensos e
penetrantes, com uma tonalidade única de verde. Lindos, assim como ele todo.
Por um momento, eu me perdi no seu olhar, porém logo voltei a mim e espantei
esses pensamentos. Acho que eu devo ter demorado um pouco nisso, já que ele
logo acrescentou - Sinta-se á vontade para não responder, eu vou entender, vou
mesmo, juro, mas é que eu vim passar minhas férias aqui, a cidade é realmente
maravilhosa, e pensei que ia ser uma boa ficar longe da minha família doida,
mas eu tô me sentindo tão sozinho, sabe, sem ninguém pra conversar, pra andar
por ai, pra ouvir minhas idiotices, pra... - ele desatou a falar, ficando
corado, e pela primeira vez nesses oito meses, eu sorri. Não um sorriso
forçado, nem um sorriso polido, foi um sorriso verdadeiro, espontâneo, genuíno.
E  me surpreendi em como esse
desconhecido conseguiu, sem nenhum esforço, o que meus amigos mais próximos não
conseguiram em todo esse tempo. O cortei antes que ele achasse que eu não
queria conversar com ele, ou que estava somente rindo de sua cara. E - cá entre
nós - também tinha a impressão de que se eu deixasse, ele ficaria falando até
amanhã.

- Sim, mais precisamente de Nova Iorque, e você? - Perguntei,  realmente interessada, ele tinha algo que me
atraía, como um ímã. Estranho, eu não estava á dois minutos atrás falando da
ferida deixada em meu peito? Pois olhando para seu rosto corado, eu podia
sentir ela se fechando lentamente.

- Porque nós não nos sentamos? Assim a gente podia conversar melhor... A
propósito, meu nome é Edward. Edward Cullen. - Ele disse, com os olhos
brilhando.

-Claro. O meu é Isabella. Isabella Swan. - Eu disse, e quando ele
sorriu, não existia mais nada no mundo, a não ser eu e ele. Não existia ex-noivo
traidor, nem amiga falsa, muito menos uma ferida não cicatrizada. Éramos só nós dois na
nossa pequena bolha.

*Then on a
wednesday, in a cafe, I watched it begin again...

[...]

* Então numa quarta-feira, em um café, eu assisti isso recomeçar...