Percy acordou de manhã cedo bem cansado.A briga do dia anterior ainda o atormentava,o que atrapalhou seu sono.Os fleches daquele momento,aquela voz berrando no telefone,tudo ainda estava muito fresco em sua cabeça.

Num salto se levantou e tomou um banho bem frio,já com uma ideia fixa na cabeça.Vestiu sua melhor roupa e foi em direção à caixinha que quase nunca abria,só em casos bem especiais,como esse.Abriu-a e contou o dinheiro.Não era muito,mas era tudo o que tinha.

Guardou-o bem e saiu de casa.

Percy trabalhava como motoboy,não ganhava muito,mas estava disposto a oferecer tudo o que tinha para ver um sorriso no rosto de sua amada,Annabeth.

Passando pelas ruas,ele olhava as vitrines das lojas,até que achou a que procurava.Entrou e foi recebido por uma das atendentes.

-Bom dia!Fique à vontade para escolher!

Percy pensou que,se não estivesse bem vestido,ela não o trataria assim, mas agradeceu.

Correu os olhos pelas alianças.Todas eram muito caras.Já estava ficando desesperado,não tinha dinheiro suficiente para pagar nenhuma delas.Foi quando viu uma bem escondida,provavelmente a mais barata.Não tinha outra opção,por mais que Annabeth merecesse mais.

-Vou querer essa.

-Essa? -A atendente parecia surpresa,um pouco decepcionada até.

Ele afirmou com a cabeça.

Percy saiu satisfeito da loja.A aliança era linda,ele pensava,por mais que a qualidade seja inferior.Para ele,representava seu amor por Annabeth.

Estava no caminho da rodoviária quando decidiu comprar uma rosa vermelha,a que ela mais gostava,com um cartão.Começou a chover e ele saiu correndo.Olhou desanimado para o cartão e disse a si mesmo que ela entederia,pois novembro sempre chove.

Chegou a tempo de pegar o ônibus rumo à casa de Annabeth.Sentou-se e fez uma oração,pedindo que nada de ruim ocorrece na viagem longa.

Foi impossível não lembrar da briga.Enquanto olhava a paisagem,se arrependeu do que havia dito à Annabeth.Ela não o compreendera bem.

A voz dela pelo telefone ainda ecoava em sua cabeça.Queria provar que era capaz de cuidar dela,fazê-la feliz e ,ao contrário do que ela disse, não era mais um menino e sim um homem,aquele que seria capaz de dar a vida por ela.

A briga ainda o chateava.Por mais que fosse pobre,estar com ela,fazê-la feliz ,não tinha preço.

O problema era a distância.Sentia saudades e ela não via o quanto ele se esforçava para ver um sorriso em seu rosto.

"Mas talvez fosse só um menino com uma rosa na mão.”

  Ligou para Annabeth e pediu que o esperasse.Ela não disse nada e foi dormir.Ele ainda se incomodava com o fato dela nunca ter dito que o amava,mas isso agora não importava,o que ele mais queria era vê-la.

A cada segundo a chuva aumentava.Como não conseguia dormir,ensaiava o pedido de casamento.Tentava imaginar qual seria sua reação,sua resposta.

De repente ouviu um barulho.As pessoas ao seu redor gritavam e ele não sabia o que estava acontecendo.Tudo estava girando,estava confuso e a única imagem que lhe vinha na cabeça era o rosto de Annabeth.Sentiu algo caindo do seu bolso:era a aliança.Queria pegá-la,mas não conseguia se mover.Sentiu o ônibus rolando um penhasco,não conseguia pensar direito,tudo estava acontecendo muito rápido,só ouvia gritos e via pessoas sangrando.Será que iríamos sobreviver?

Até que tudo escureceu e quando abriu os olhos se viu preso nas ferragens -sabia que não sobreviveria –esticou o braço e agarrou forte a rosa na lama.Nunca pensou que isso aconteceria com ele,mas era simples assim:estava morrendo.Seu celular tocou:recebeu uma mensagem,sabia que era ela,Annabeth o respondera.Tentou pegar o celular,não tinha forças.Olhou para a rosa na lama, que ainda segurava e fechou os olhos. 

As lágrimas escorriam em seu rosto,não conseguia acreditar.Usava a aliança que acharam perto do corpo dele,além da rosa,meio murcha,que agora Annabeth depositava em seu caixão,e como um adeus,disse “Te amo”.