CAPÍTULO I :

POV narrador

Era uma fria madrugada. A lua cheia brilhava imponente. No céu, além do astro prateado, cintilavam constelações de estrelas de tal modo que nunca dantes se havia visto. A paz reinava. O único som que até então se ouvia era do vento que balançava algumas folhas.

Embaladas pela tranquilidade, pessoas dormiam e sonhavam. Sonhavam com a paz que finalmente se instaurara após longos anos, à custa de muita dor e grandes sacrifícios.

Entretanto, alguém, repentinamente, pôs fim a esse silêncio. Seus passos lentos e solitários eram ouvidos pelas ruas. Via-se que caminhava errante, pois estava imersa em seus pensamentos.

A figura trajava vestes brancas. Era de estatura mediana e tinha um longo cabelo de tom róseo preso em uma trança por uma fita vermelha. Seus olhos, semelhantes a duas esmeraldas, aparentavam cansaço e impetuosidade, assim como o rosto que estava pálido.

Trazia consigo, pendido no braço direito, um jaleco azul-marinho e na mão esquerda levava um maço de cigarros.

Por vezes, quando despertava de seus pensamentos, parava para contemplar o firmamento. E ali permanecia algum tempo envolvida, até que novamente se punha a caminhar.

Após algum tempo, impelida pelo cansaço, parou em frente a uma antiga escola, a qual lhe fazia recordar fatos passados. Sentou-se em um banco, acomodou o jaleco, de modo que não o amassasse, pegou um isqueiro no bolso esquerdo de sua calça e acendeu um cigarro.

Seus pensamentos novamente divagavam, enquanto fumava e observava a envelhecida construção. Antigas memórias vinham-lhe à mente. Rostos amigos, momentos felizes... Mas tudo fora sepultado no passado... Assim como seus sentimentos por certa pessoa... Será?

Ela já havia se conformado com o fato de que esquecê-lo seria impossível. A sua lembrança insistia ainda, apesar dos anos que se passaram, em assombrar seus dias e suas noites.

Contudo, o homem que outrora fora tão importante em sua vida, não lhe inspirava sentimentos ternos como antes, havia se tornado insignificante.

Na verdade, ela já não o amava mais. Sentia ódio, desprezo e repulsão para com aquele que trouxera a infelicidade para as pessoas que amava e a ela própria...

Ele conseguira dilacerar, aos poucos, com seus atos infames e covardes, todos os sentimentos que ela havia tido por ele um dia....

Mas agora ele estava de volta ao lugar que jurara jamais por os pés novamente... E aquilo de certa forma a incomodava.

Deste modo, para serenar seus pensamentos, Sakura, naquela madrugada fria, porém plácida, saiu do hospital de Konoha sem destino certo.

Pov Sakura

“ – Desgraçado... Por que você voltou Sasuke? Para tirar a nossa paz? A minha paz?”

POV narrador

Enquanto seus pensamentos vagavam entre as interrogações que fizera para si mesma e a fumaça do cigarro, as horas se passaram rapidamente. E quando Sakura se deu conta, já estavam a despontar no horizonte as primeiras luzes matutinas.

Pov Sakura

“ – Já está amanhecendo... Devo voltar, pois o raiar desse dia prenuncia grandes coisas...