Capítulo 10 – A New Discovery

O que tinha sido aquilo? Oh, eu sei o que foi aquilo, você não é tão burra assim, Isabella. Mas, pelo amor de Deus, o que foi aquilo?

Ai, eu não sabia mais o que pensar. Quando eu conheci Edward, eu achei ele lindo, é claro. Alguém aí descorda comigo? É bom que não, se não leva, hein? É claro, todos os meus irmãos eram lindos, e todos foram muito legais comigo, cada um do seu jeito. Mas Edward, poxa, ele era diferente. Seus olhos, principalmente seus olhos. Eles sempre tiveram uma força assustadora sobre mim.

Eu estava correndo de volta pra casa, e era bem capaz de eu trombar com alguma coisa, minha cabeça estava imersa em pensamentos. Eu não sabia o que eu sentia. Não sabia se eu... gostava de Edward... daquele jeito. Com relação ao David, isso é coisa do passado. Quer dizer, eu estou totalmente disposta a fazer tudo pra deixá-lo pra trás. Mas e o Edward? Sempre que eu olhava para ele, eu me sentia diferente. E sempre que ele olhava pra mim, nossa, aí era demais. Eu tinha certeza que ele estava gostando de mim, e depois daquele momento na clareira, não houveram mais dúvidas.

Fiquei imaginando aqueles olhos, dourados, que me analisavam, me observavam, me intrigavam, me atraiam. Olhos que, apesar de tudo, eram quentes. Se em algum momento me vinha uma onda de tristeza e Edward percebia, ele me reconfortava apenas com um olhar escaldante, que me envolvia como um cobertor quente. Edward fazia de tudo para que eu ficasse bem.

- Aaaai! – eu gritei, mais de susto do que de dor, quando alguma coisa trombou em mim com tudo, quase me derrubando, se eu não tivesse um equilíbrio tão bom.

- Ei Bella, olha por onde anda – Emmet disse rindo, segurando uma bola de futebol americano nas mãos. Jasper estava mais adiante. Aparentemente eles estavam tacando a bola de um lado para o outro.

- Eu não sou burra Em, sei que fez de propósito – disse mal-humorada, espanando meu braço como se estivesse com nojo dele ter encostado em mim.

- Nossa Bella, que bicho te mordeu? – ele perguntou, ainda rindo, como sempre.

- Deixa ela em paz Em – Jasper falou, vindo em nossa direção. “Ela está confusa... Ela gosta dele, mas ainda não sabe se é isso que quer...” ouvi sem querer os pensamentos de Jasper. Estreitei os olhos em sua direção.

- Jazz, o que... – eu comecei, mas ouvi passos ao longe. Sabia que era Edward voltando, dei mais uma encarada no rosto tranqüilo de Jasper e fui correndo em direção á casa.

Quando entrei, Alice, Rose, Esme e Carlisle estavam na sala, conversando, e olharam pra mim quando eu cheguei. Não me demorei mais de um segundo olhando para eles, subi correndo ao meu quarto e bati a porta. Finalmente, respirei fundo e caminhei até a parede de vidro. Fiquei encarando a floresta, ouvindo o rio e os burburinhos dos animais. Foi então que um reflexo dentro do meu quarto me chamou a atenção. Olhei para o canto e era o meu violão, em madeira escura e bem envernizada que refletia aos raios ralos de sol. De repente senti uma vontade imensa de tocá-lo. Não estava acostumada com a sensação que me invadiu, havia muito tempo eu não sentia vontade de tocar. Fui até a parede e o peguei em minhas mãos, relembrando de seu formato, sua maciez. Sentei-me encostada entre a parede e o vidro, posicionei o violão em meu colo e comecei a tocar.

Fechei meus olhos. Meus dedos simplesmente fluíam por entre as cordas, subindo, descendo, dedilhando, segurando, deslizando. Eu não prestava atenção direito no que eu tocava, meus dedos se moviam por conta própria dando origem à melodia. Eu me senti bem como há muito tempo não me sentia. Pude sentir que eu estava feliz e confortável, encarando a escuridão das minhas pálpebras fechadas enquanto apenas minhas mãos habilidosas faziam o trabalho. Comecei a seguir a melodia da música com a minha voz, com a boca fechada. Que engraçado. Eu sentia que conseguia expressar meus sentimentos enquanto tocava e cantarolava. A música sempre foi assim pra mim.

Ouvi um pequeno ruído, parecia o da porta abrindo, mas quando abri os olhos e me virei, a porta estava fechada e não havia ninguém ali. Suspirei e fechei os olhos novamente. Percebi que a casa estava extremamente silenciosa, então resolvi dar uma xeretada na cabecinha da minha família. “Nossa, a Bella toca tão bem... Que música linda...” era a voz de Esme, cheia de sentimento. “Eu nunca tinha ouvido a Bella tocar” a voz de Rose invadiu a minha mente “Essa é uma música bem romântica...”. “Eu a amo” eu ouvi a nova voz, e meu estômago gelou “O que será que ela sente?”. Eram os pensamentos de Edward. Ele estava do lado de fora do meu quarto, fitando a minha porta. Provavelmente tinha sido ele quem havia me espionado há pouco. Deixei a mente dos outros de lado, e me concentrei na minha própria. Aos poucos fui reconhecendo a música que eu havia parado de tocar. Ia me lembrando de versos soltos. I’m listening but there’s no sound. Isn’t anyone trying to find me. Os versos iam e vinham em minha mente. It’s a damn cold night trying to figure out this life. Senti como um estalo em minha cabeça. Ou melhor, foi uma revelação. I don’t know Who you are but I’m, I’m with you. Estava tudo ficando mais claro agora. I’m searching for a face. Is anybody here, I know. Uma teoria ia se desenterrando em minha mente, saindo de onde estava escondida e se revelando. Why is everything so confusing? Maybe I’m just out of my mind. Não, eu não estava ficando louca. Pelo contrário, eu estava finalmente entendendo.

Eu estava apaixonada pelo Edward.

- Bella, vamos! – Alice gritava do jardim, enquanto eu terminava de me trocar. Urgh, que impaciência, viu. Não importava que horário saíssemos de casa, Edward chegaria à escola com alguns minutinhos de folga da mesma maneira. Dei um sorriso comigo mesma. Eu não podia evitar.

Desde a minha descoberta no dia anterior, eu guardava dois sentimentos dentro de mim; primeiro, eu estava feliz. Estar apaixonada é tão bom, naquela fase cheia de mistérios em que ainda não sabemos se o sentimento é recíproco e todo movimento é excitante... Mas para mim era diferente. Eu sabia que o sentimento era recíproco. E isso só tornava as coisas mais coloridas para mim. Mas ainda tem o segundo sentimento. O medo. A insegurança. O receio de se entregar por inteiro a um amor e se surpreender, se decepcionar. De novo. Eu tentava não pensar muito nesse lado da moeda, mas era inevitável.

- Bella, qualé! – Alice gritou mais uma vez. Não era necessário gritar, eu ouviria mesmo se ela cochichasse, e olha que eu estava em meu quarto e Lice estava no jardim. Dei uma última olhada no espelho. Não que eu sentisse frio, mas seria estranho se eu aparecesse com saia e blusa regata enquanto nevava. Sim, estava nevando. Ajeitei minha calça skinny escura (Alice comprou uma porção dessas depois que eu disse que amava) e minha camisa branca de manga três quartos. Por cima eu havia posto um colete clássico cinza-escuro. Sorri comigo mesma, peguei o sobretudo fino de couro preto de cima da chaiselong e minhas luvas também de couro e desci correndo as escadas.

- Você está convivendo demais com a Rosalie, Bella – Emmet comentou, torcendo o pescoço para trás para poder olhar para mim – Tá ficando muito vaidosa, sabe? Você acredita que a Rose ama mais o espelho dela do que a mim? – ele completou. Estávamos no Volvo, e como eu disse, Edward não demorou mais do que dois minutos para chegar à escola. Rose deu um soco nada delicado no ombro do namorado antes de descer do carro depois de mim.

- Cuidado com o que fala, espertinho – ela disse com cara de brava – Eu te coloco de castigo e nada de beijinhos depois, viu? – ela sorriu com desdém.

- Ah Rose, você não agüenta ficar muito tempo sem mim, vai – Emmet disse sorrindo, abraçando-a por trás e a beijando no pescoço. Eu, Alice, Jazz e Edward resolvemos ir para nossas salas, aquilo podia demorar. A excitação dos alunos devido a neve era quase palpável. Bochechas vermelhas, irrigadas de sangue quente e doce, sorriam alegres e abobadas. Tudo refletia com uma luz branca meio etérea. Ah, e bolas de gelo voavam por todo o estacionamento. Básico. Eu sabia que deveria ficar longe de Emmet aquela manhã... Detalhe que minha primeira aula era com ele.

Como sempre, vários meninos olharam para mim, dando aquela analisada de cima abaixo. Sabe com é. Irritante. As meninas faziam a mesma coisa, só que com olhares que mesclavam inveja e nojo. Essa atitude só fazia eu girar os olhos para cima com uma freqüência acima do normal.

- Alice, você não disse que teria um baile semana que vem - Jazz falou, observando um cartaz pregado no mural de avisos. Nele era anunciado um baile de abertura de ano que ocorreria no próximo sábado. Meu estômago deu uma leve reviravolta. Um baile. Eu sempre achei bailes lindos, românticos, tão clássicos e tradicionais. O lugar ideal para ficar junto de quem se gosta. Romântico? Eu levantei as sobrancelhas para mim mesma. Eu não estava reconhecendo os meus pensamentos. Desde minha recente descoberta – a respeito de meu irmão, que por sinal eu não queria mais tanto que ele fosse meu irmão – eu me peguei durante as duas últimas noites devaneando sobre... nós. E então eu me repreendia, lembrando-me do perigo que era se apaixonar e se jogar nos braços de alguém. Sacudi a cabeça.

- Emmet, vamos logo pra aula – eu gritei por cima do ombro, não querendo encarar a cena que ele e Rose estavam fazendo, e andei decidida até a sala de inglês.

Emmet chegou no momento em que o professor começara a aula, e com um pedido de desculpas distorcido por suas risadinhas, ele veio sentar-se ao meu lado.

- E então teremos um baile... – Emmet comentou baixinho, enquanto pegava seu caderno preguiçosamente. Dei de ombros pra ele, folheando meu livro de inglês. Gramática sempre foi fácil pra mim, e literatura... Bem, eu sempre fui uma apaixonada. – Edward já te convidou? – Emmet insistiu na conversa, e eu lancei um olhar de lado assassino pra ele.

- Emmet, porque você não se ocupa em pensar como não perder os beijinhos da Rose, hein? Toma cuidado pra não perder sua gata maninho, que os meninos aqui da escola são todos louquinhos por ela – eu disse em um tom inaudível para humanos, enquanto fingia que achava interessante o discurso do professor – Você não sabe como os garotos dessa escola são nojentos – fiz uma careta com a língua pra fora. Virei minha cabeça para Emmet e ele tinha uma das sobrancelhas levantadas – Eeaal! Aai Emmet, que noojo! – eu exclamei, ainda baixinho, após ter tido um vislumbre de seus pensamentos – Please Em, a Rose é minha irmã sabe. Agora me deixa em paz um pouco que eu preciso pensar – eu virei pra frente.

- Pensar? – ele retrucou – Claro, você vai é fuçar na cabeça do Eddie pra saber se ele vai te chamar pro baile.

- Emmet, cala a boca! Além do mais, não o chame assim, você sabe que ele odeia... – retruquei, tentando prestar alguma atenção na aula. A partir daí eu não liguei mais para as tentativas de chamar atenção de Emmet.

Na aula seguinte, Alice me avisou para tomar cuidado com os meninos, principalmente com Mike. A neve gelada e a idéia do baile estavam subindo a cabeça dele. Passei a manhã me escondendo no banheiro e me achatando contra Emmet e Jasper para não ser abordada por ele.

- Jazz, não me deixa sozinha! – eu gemi, apertando forte o braço de meu irmão enquanto íamos para o refeitório.

- Bella, calma! É só um garoto! – ele dizia sorrindo. Quando chegamos à nossa mesa, queria me enterrar em minha cadeira para que Mike nem nenhum outro garoto me atormentasse.

- O que há de errado Bella? – Rose perguntou, olhando com nojo para o iogurte que ela mesma tinha pego – Desde quando uma garota linda como você foge de garotos, hein?

Continuei o almoço inteiro encolhida e rabugenta já que o assunto não mudou, ficou só em torno dessa perseguição de Mike. Eu podia sentir ele me olhando no refeitório.

- Edward, que cara é essa meu? – Emmet perguntou, dando um tapa nas costas de Edward. Ele parecia desconfortável e seus olhos estavam escuros, embora ele tivesse caçado no dia anterior. Ele parecia com raiva.

- Não é nada, Emmet – Edward disse entre dentes. Emmet lançou um olhar sugestivo para Jasper, que deu uma pequena risadinha. Alice deu um tapa em seu braço e ele parou. “Eu vou tentar agora” ouvi a voz de Mike em minha cabeça.

- Okay, eu acho melhor eu correr agora, Mike decidiu fazer mais uma tentativa – levantei rapidinho e fui quase correndo para a sala de aula. Edward não se demorou em me alcançar, e ainda estava emburrado.

- Bella... – ele se virou para mim quando estávamos chegando à nossa carteira. Edwrad olhava para mim com uma mistura de dor e esperança, mas antes que ele dissesse qualquer coisa, uma voz conhecida nos interrompeu.

- Bella?

Era Mike. Eu e Edward nos viramos para ele e suas bochechas já avermelhadas devido ao frio ficaram ainda mais púrpuras e brilhantes. Respirei com dificuldade.

- E-eu só estava me, ahn... me perguntando se você... eh, se você gostaria de ir ao b-baile... c-comigo – ele disse nervoso. Eu gelei. Seu rosto foi ficando cada vez mais vermelho devido à ansiedade. E agora, o que eu fazia?

- Ela não vai poder, Mike – Edward disse, pousando a mão em meu ombro – Ela vai comigo.

Me virei para Edward e pisquei algumas vezes. O que ele estava fazendo? Ele está te salvando uma vozinha falou em minha cabeça. De novo. Eu sorri para ele e voltei minha atenção para Mike.

- Desculpe Mike – eu disse ainda com um sorriso – mas Edward já tinha me convidado.

O rosto de Mike desmoronou –Ah, tu-tudo bem – ele tentou dizer mais alguma coisa, mas simplesmente virou e foi correndo até o seu lugar. Suspirei e sentei. Edward também tomou seu lugar e continuou quieto, mas não parecia mais tão emburrado.

- Então... – eu comecei enquanto o professor entrava na sala. Edward olhou para mim – isso foi oficialmente um convite para o baile?

Ele ficou um tempo me encarando, e seus olhos mais uma me prenderam. Graças a Deus eu não preciso respirar.

- Respire Bella – ele murmurou – é preciso manter as aparências.

- E então? – eu perguntei, após dar uma longa inspirada de ar fresco, levantando uma das sobrancelhas. Ele respirou fundo.

- Só é um pedido oficial se você for aceitar – Edward respondeu com aquele sorriso torto perfeito. Prendi minha respiração.

- Srta. Swan, poderia responder à minha pergunta? – o professor perguntou, e eu virei minha cabeça para ele. Todos olhavam para mim e eu rapidamente li a resposta à pergunta na mente do professor.

- O ciclo de Krebs, professor – respondi a contragosto. O professor olhou feio pra mim e continuou a aula. Voltei a olhar para Edward, e sorri.

- Eu aceito.

Edward também sorriu.