Livro 1: Fogo escrita por Dama do Fogo


Capítulo 3
A prisioneira Dobradora de Água - Parte 3




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— Zuzu, você e ela não me enganam. Eu sei que ela gosta de você e que você já tentou beijá-la uma vez — Azula provocou, encarando o irmão.

— Mentira, eu nunca tentei beijar a Mai — Zuko falou sério. — E para de me chamar de Zuzu. — O cenho do príncipe permanecia franzido até que Mayumi apareceu na porta, trazendo o copo com água que ele pedira, e a serenidade tomou conta mais uma vez do jovem.

Assim que ela se aproximou, Zuko se levantou para pegar a água, mas Mayumi não o percebeu e, para evitar um esbarrão, se desviou bruscamente, derrubando o copo de água na cabeça da princesa Azula.

— Eu não acredito. — Ela se levantou com os olhos estampando a ira, os cabelos ensopados. — Eu vou matar essa camponesa.

— Piedade, princesa — implorou Oggi, a mãe de Mayumi, caindo de joelhos imediatamente onde estava. — Ela tropeçou.

— Tropeçou? Em que? Não vejo nada aqui. — Azula se levantou e encarou a jovem, que tremia de medo, também ajoelhada no chão.

— Tropeçou em mim — falou Zuko, interpondo-se entre Azula e Mayumi. — A culpa foi minha, Azula. Eu pensei ter visto um bicho embaixo da mesa e me levantei abruptamente, ela esbarrou em mim.

— Você é um covarde — bufou Azula, ainda mais irada. — Vamos, papai, não quero ficar nem mais um minuto nessa espelunca.

— Vamos, filha. — Todos fizeram uma saudação ao senhor do fogo, e os dois saíram.

— Você está bem? — Zuko se apressou em se abaixar na frente da garota e segurar em seu braço, a ajudando a levantar. As pernas de Mayumi pareciam feitas de gelatina.

— Acho que sim — respondeu chorosa. O príncipe enxugou uma lágrima dela e sorriu.

— Não se preocupe, eu consertarei as coisas — disse ele, afastando-se. — Boa noite a todos. — Ele fez o sinal de reverência para os presentes e saiu, seguido pelos soldados. Os irmãos de Mayumi gritaram a saudação da nação do fogo e fizeram o gesto de respeito à família real, antes de se aproximarem ainda em choque da irmã.

— O que foi aquilo, Mayumi? — perguntou Ho se dirigindo até a janela e vendo Azula caminhar batendo o pé tão forte no chão que facilmente seria confundida com um dobrador de terra, te tão irada que estava. — Você derrubou água na princesa Azula?

— Foi sem querer, eu ia esbarrar no príncipe Zuko, só tentei desviar, mas não deu certo. — A garota se explicou, puxando uma das cadeiras da mesa e se deixando cair ainda em completo pavor.

— Ainda bem que o príncipe não é como a irmã ou o pai, se fosse outro, não assumiria a culpa pelo seu erro — falou Li.

— Eu sinto muito, mãe. — A jovem abaixou a cabeça, voltando a chorar.

— Não se preocupe, querida. Você ouviu o príncipe, ele vai dar um jeito em tudo.

 

Fim da versão da história por Mayumi

 

Mayumi se calou, apertando as mãos nas pernas, como se elas ainda tremessem depois diante da lembrança daquele fatídico dia.

— Então foi assim que vocês se conheceram? — perguntou Katara.

— É, foi bem assim — respondeu Zuko, ainda de cara fechada. Mayumi se aproximou e sentou em um dos troncos, próximo da fogueira.

— Não sei se vocês perceberam uma coisa nessa história, mas eu percebi — falou Toph. — Zuko, mesmo ainda não tendo mudado de lado, ele fez algo bom por Mayumi. Ele não tinha a obrigação de defendê-la e, no entanto, o fez. Por quê?

— Por que ele gostou dela? — falou Sokka, abraçado a Suki.

— Também! O importante é que saber que ele foi gentil com alguém que sequer conhecia e eu tive outra ideia brilhante. — Toph pisou forte no chão, e um enorme quadro com os nomes Zuko e Mayumi se formou na frente do grupo. Embaixo do nome do senhor do fogo, havia um traço como se contasse uma pontuação. — Marcaremos da seguinte forma: quando Zuko acertar, colocarei um tracinho no quadro; Quando ele pisar na bola, o ponto irá para a Mayumi. Ao final da história, saberemos se ele merece ser perdoado ou não.

— Ótima ideia, Toph — constatou Aang. — Então o placar está assim: Zuko 1 x 0 Mayumi.

— Certo, então. — Katara encarou o senhor do fogo. — É a sua vez, Zuko. O que aconteceu quando você saiu do restaurante de Oggi?

O jovem Senhor do Fogo encarou as chamas da fogueira e todos puderam jurar que elas ficaram maiores e mais agitadas conforme ele iniciava contando a sua versão dos fatos.

 

Início da versão da história por Zuko

 

As três liteiras que levavam os membros da família real chegaram rapidamente ao palácio. O senhor do fogo Osai estava irado pelo que ouvira e queria dar logo um fim em tudo aquilo, ou seja, fechar o restaurante e punir com severidade aquela família.

— Pai, eu peço que não faça nenhum mal àquela gente e muito menos àquela menina.

— Como não farei, Zuko? Olhe só o estado da sua irmã — O homem apontou para Azula, que estava vermelha de tanta raiva e era possível até ver a fumaça que saia de seus cabelos, conforme a água evaporava.

— Eu já disse, pai, se tem alguém que deve ser punido nesta história toda, que seja eu. Aquela garota não teve culpa de nada. — Zuko se ajoelhou diante do pai e abaixou a cabeça.

— Demonstrando misericórdia depois de um caso tão grave. Não poderia me decepcionar mais. — Falou o homem e Zuko apertou os punhos de raiva. — Então está bem. Não punirei aquelas pessoas, em troca, você receberá o castigo no lugar deles. —declarou por fim, sorrindo. Zuko arregalou os olhos, encarando o pai com um pavor crescente. Por fim suspirou, voltando a abaixar a cabeça. Havia prometido para aquela garota que nada de mal aconteceria a ela e a palavra de um príncipe era irrevogável. — Guardas! Levem o meu filho para a sala de interrogatório e deem-lhe dez chicotadas nas costas, por cada um daquela família.

— Contando o general Lok, senhor? — perguntou um dos homens. Não por maldade, apenas para ter certeza de não cometer um erro e ser punido da mesma forma. Sabia o quão cruel o líder daquela nação conseguia ser.

— Excelente ideia — respondeu Osai sorrindo, principalmente quando percebeu uma lágrima escorrer dos olhos do herdeiro ao trono do fogo.

— Sim, senhor! — respondeu o guarda. Agarrou Zuko pelos braços, o arrastou até a sala e o prendeu com algemas, deixando-o pendurado há alguns metros do chão.

— Sentimos muito por isso, senhor — suspirou o carrasco e deu o primeiro golpe. Zuko deu um grito alto de dor e arquejou. Sentiu as lâminas da ponta do chicote rasgar-lhe a pele ao ser de novo puxada pelo homem. Arfou antes de receber os golpes seguintes, em sequência. Quando finalmente recebeu o último golpe, Zuko já estava desmaiado de tanta dor que sentira.

O senhor do fogo Osai chegou assim que os soldados haviam retirado Zuko das algemas.

— Levem-no para o quarto dele.

— Sim, senhor! — Os soldados carregaram o príncipe ferido pelo palácio e finalmente chegaram ao seu aposento. O general Iroh estava visitando o seu irmão quando viu os soldados carregando o jovem.

— O que vocês fizeram com ele? — O tio correu até o encontro dos homens, segurando o rapaz pelo rosto e o percebendo desacordado.

— Ordens do senhor do fogo.

— Saiam daqui, antes que eu resolva fazer o mesmo com vocês — ordenou ele, praticamente gritando. Segurou Zuko pelo braço e o colocou deitado na cama, de barriga para baixo. Depois, chegou ao corredor. — Você. — Apontou para uma das camareiras do palácio. — Me traga imediatamente algumas toalhas limpas, água e unguento. Imediatamente.

— Sim, senhor Iroh! — respondeu a mulher e saiu apressadamente.

Não havia se passado nem mesmo cinco minutos e a jovem estava de volta com tudo o que o general pedira. Ele pegou a água e as toalhas e lavou os ferimentos nas costas de Zuko, enquanto ele ainda permanecia inconsciente. Porém, quando começou a passar o unguento, o jovem acordou.

— Tio?

— Relaxe, meu filho, a dor logo vai passar. — Ele pegou uma quantidade grande da pasta e passou em um talho. Zuko gemeu de dor. — Por que meu irmão ordenou que lhe fizessem isso?

— É uma longa história, tio, e estou cansado demais para contá-la agora.

— Eu entendo. — Iroh finalmente terminou. — Durma um pouco, se sentirá renovado amanhã.

 

Fim da versão da história por Zuko

 

As chamas da fogueira se acalmaram, conforme Zuko respirava profundamente e enxugava uma lágrima.

— Eu não acredito — falou Suki. — Seu pai era mesmo muito mal.

— Eu bem que sei — o jovem concordou.

— Você sabia disso, Mayumi? — perguntou Katara.

— Sim, eu soube logo quando ele apareceu na aldeia novamente.

— É, definitivamente o "esquentadinho" saiu em disparada no placar. — Toph deu outra pisada na terra, e outro risco se formou no quadro, se unindo ao anterior, como se começasse a formar um quadrado. — Zuko 2 x 0 Mayumi.


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