POV CLOVE

Tem algum desgraçado batendo na minha porta. Minha cabeça está doendo tanto que parece que um caminhão passou por cima. Acho que não bebia tanto desde uma festa que eu fui com o Gale e a Kat no começo do ano. Por falar em Katniss deve ser ela na porta, esqueci de falar com ela ontem, ou eu falei, não lembro de nada muito bem depois do beijo...

-- SE VOCÊ TEM AMOR A SUA VIDA PARA DE BATER NESSA MERDA DE PORTA E SÓ VOLTA AQUI NO FIM DO MUNDO – Berro a pessoa com meu ótimo humor pós porre.

-- Clovinha, abre essa porta – uma voz masculina pede.

-- VAI EMBORA – eu gostaria de falar um nome, mas não sei se é Cato ou Gale.

-- Abre ou eu arrombo essa porta – Diz a voz firme.

Reviro os olhos e levanto, isso me garante mais tontura. Cambaleio até a porta e antes de abri-la percebo que ainda estou com a roupa da festa. Destranco a porta calmamente no exato instante que uma perna ia derruba-la.

-- Cato? – Pergunto reconhecendo – O que você quer?

-- Não lembra? – ele pergunta confuso e triste – Bem que a Mad falou para não deixar você beber.

-- O que houve? – minha cabeça ainda dói.

-- A Katniss, está no hospital. – ele responde olhando o meu estado – Quando te deixei aqui ontem você falou que iria tomar um banho.

-- COMO ASSIM? – Acabo berrando e isso piora minha cabeça – não acredite em uma pessoa bêbada.

-- Se ajeita e vamos lá buscar ela, a Mad e o Gale já estão indo – Cato fala me entregando um remédio.

-- Obrigada – Pego o remédio e o tomo com um copo d’água – espere aqui que eu vou me arrumar.

Tomo um banho frio e tiro a maquiagem, visto um short jeans escuro, uma blusa vermelha sem estampa e um chinelo de lacinho preto. Passo rímel e um batom cor de boca, não tenho tempo e nem psicológico nesse momento para algo melhor. Ajeito meu cabelo rapidamente com as mãos e sei que vou me arrepender depois por não cuidar dele agora. Saio do banheiro.

-- Vermelho realmente fica bem em você – ele comenta.

-- A Kat está no hospital, não temos tempo para isso – respondo indo para a porta.

-- Tudo bem, meu carro está na garagem. – Cato fala vindo ao meu encontro.

Vamos juntos até a garagem do hotel, e ele me guia até o seu carro. E que carro. Um Jetta 2013 preto. Entro no carro e ele começa a dirigir até o hospital.

-- Sabe se é grave? – Pergunto receosa.

-- Acho que foi quase um coma alcoólico. – Cato responde sem parar de olhar para frente.

Chegamos ao hospital e uma enfermeira idosa e de aparência gentil chamada Mags nos leva ao quarto de Katniss. Peeta está do lado de fora com uma cara triste. Entro no quarto e Katniss está deitada recebendo soro, Gale e Madge estão ao lado da cama.

-- Ótima amiga você – Katniss fala me fitando.

-- Precisamos conversar a sós, eu acho – digo firme.

-- Vamos falar com o médico. – Mad fala saindo e puxando Cato e Gale junto.

-- O que eu fiz, Kat? – Pergunto agora ao lado de sua cama.

-- A pergunta certa é o que você não fez. – ela diz ríspida. Vou perguntar o que eu não fiz, mas ela me interrompe – Eu estava mal, sabe? Fiquei muito abalada com o que aconteceu e só a Mad foi ver o que estava acontecendo. Você preferiu ficar quase se comendo com o Cato no meio da pista de dança.

-- Oh não – É tudo que eu consigo dizer, eu devo ser uma estúpida mesmo. Ela berrou com o Peeta no meu lado e eu não fiz nada para ajudar. – Acho que você tem razão, talvez eu não seja uma boa amiga. Me desculpa Kat.

-- Vou pensar – ela revira os olhos.

-- Sério? Ah Katniss... – digo com uma voz visivelmente chateada.

-- Desculpo sim – ela fala com uma voz gentil.

-- Já estava quase me sentindo culpada por você ter bebido – digo sem perceber. Katniss me olha feio e depois começa a rir.

Madge anuncia que o Médico vai liberar a Katniss em duas horas e devemos voltar para o hotel até a hora de busca-la.  Me ofereço para ficar e fazer companhia mas ela diz que prefere ficar sozinha. Voltamos para o hotel e vejo que são uma da tarde, como não tomei café e nem almocei, estou morrendo de fome.

-- Vamos almoçar? – Pergunto na esperança de alguém querer ir comigo.

-- Eu e o Gale já comemos – Madge avisa.

-- Eu vou com você no restaurante. – Cato diz. Fico sorridente por não ter que almoçar sozinha.

Nos despedimos e fomos almoçar. Resolvemos ir comer em algum lugar fora do hotel e então fomos a um restaurante de comida italiana, que eu adoro. Almoçamos e ficamos conversando até passar às duas horas.

-- Vamos para o hotel, daqui apouco a Katniss chega – ele diz – Só vou pagar a conta.

-- Não precisa – digo, mas Cato não está mais aqui para me ouvir.

Já no carro pergunto quem vai buscar a Kat e ele falou que acha que vai ser a Mad. Eu realmente espero que seja ela, porque se for o Peeta, tenho medo que ele que tenha que ser internado.

POV KATNISS

Estou sentada na cama de hospital, brincando com meus dedos. Vejo Peeta do lado de fora, sozinho, me encarando com olhos tristes. Peço a ele para entrar no meu quarto. Assim ele faz.

- As coisas estão meio embaçadas em minha cabeça. - eu digo, enquanto ele senta em uma cadeira ao lado de minha cama - Me explique o que aconteceu depois que eu desmaiei.

- Você apagou e caiu dentro da piscina. Você teve sorte, pois eu estava indo falar com você e vi que estava desmaiada dentro da água. Então mergulhei na piscina para te salvar. Infelizmente, não sei nadar. Então te segurei e fiquei balançando as pernas com sua cabeça para fora da água. Aí gritei por ajuda e um hóspede gentil, chamado Finnick Odair entrou para nos ajudar. Basicamente isso. - ele diz evitando meus olhos.

- Obrigada. - eu digo.

Ficamos alguns minutos em silêncio.

- Acho melhor eu ir... - ele diz, levantando-se.

- Não! - eu falo, pegando seu pulso - Não vai. - ele me olha, confuso - Olha, Peeta. Eu tenho um histórico de traições. A maioria dos caras que eu namorei acabaram me traindo. Eu sei que você é diferente, mas tenho medo de isso acontecer de novo e eu sair de um relacionamento machucada novamente. Quando você me disse aquilo ontem, me pegou de surpresa. E o motivo de eu ficar tão braba é porque... Estou... - respiro fundo - Apaixonada por você também. Mas não quero admitir porque sei que vamos entrar em uma espécie de relacionamento, porque um está apaixonado pelo outro. E eu não quero me mahucar de novo.

Peeta senta-se na beira de minha cama e acaricia meus cabelos. Dou tapinhas no travesseiro, como um convite para ele deitar-se ao meu lado. 

- Fica deitado comigo até eu dormir? - eu digo, enquanto ele se deita.

Ele nem precisa responder, pois encosto minha cabeça no peitoral dele e pego no sono.

3 horas depois...

Peeta me acorda delicadamente.

- Katniss, está acordada? - dou um gemido como resposta - A Madge tá aqui para te buscar. Você vai voltar para o hotel. 

Me levanto e ponho uma roupa decente, enquanto Peeta espera do lado de fora. Quando piso no corredor, vejo uma Madge descabelada e apenas de biquíni e chinelos correndo em minha direção.

- KAT! KAT! - ela grita enquanto me abraça - Tá tudo bem? Você tá legal? Se recuperou?

- A questão é se VOCÊ está bem. Esqueceu de se vestir? - falo e ela faz uma cara de braba.

- Acabei perdendo a hora, tá? A gente tava no mar e lembrei que tinha que pegar você aqui. Acabei me atrasando e não deu tempo de me arrumar.

- Tá, tá. - eu digo - Nos tira daqui, por favor. - entrelaço minha mão com a de Peeta e ele me dá um selinho rápido.

- Isso é sério? - Madge fala e abre a boca, jogando os braços pra cima de tanta animação - Ah, quem diria, Kat! Você seguiu meu conselho! Meu primo e minha amiga! - Mad fala, animada e então joga os braços por torno de nós dois, num abraço coletivo.

- Uhu, legal. Agora vamos, certo? 

Descemos e em um minuto já estamos no jipe de Mad. Decidi ficar no banco de trás com Peeta. Estou com sono, e quando ele estar por perto me sinto segura e durmo melhor. Ele passa seus braços firmes em minha cintura e me puxa para perto. Agora sim. Hoje entendo o que Mad me disse ontem.

FLASHBACK ON

- Kat, dê uma chance ao garoto. Ele é muito legal, e você merece ter seu príncipe. 

- Príncipe, príncipe. - digo, ironicamente, engolindo outra porção de vodka - Só falam nesse príncipe. Mas eu só encontrei sapos até agora.

- Ás vezes, é preciso beijar muitos sapos até encontrar nosso verdadeiro príncipe. - Madge diz. 

FLASHBACK OFF

O motivo de eu entender essa frase, é porque finalmente encontrei meu príncipe. 

POV CLOVE

Estou esperando Katniss e Madge chegarem, Cato e Gale estão conversando e eu mexendo no celular quando ouço a voz de Kat. Abro um sorriso que se desfaz no exato momento que a vejo de mãos dadas com o primo, que prefiro não lembrar o nome, de Mad.

-- Porque emburrou? – Cato pergunta, achei que eles não estivessem prestando atenção.

-- Ela briga comigo por causa dele, e agora eles chegam de mãos dadas – reviro os olhos – Acho que vou vomitar. – Viro as costas e Katniss chama meu nome.

-- Onde está indo? – Vez de Mad se intrometer.

-- Em qualquer lugar que não tenha a ilustre presença das pessoas que estão lhe acompanhando – cuspo as palavras, talvez um pouco alto de mais.

-- O que eu fiz? – Gale pergunta sem intender.

-- Acho que não foi você – Madge responde a ele baixinho.

-- Clove? – Katniss e Cato falam ao mesmo tempo.

Tenho uma grande vontade de voltar e dizer algumas grossas palavras, mas isso não faz muito o meu estilo. Passo no meu quarto, pego meu livro e sigo para a piscina. Como esperado minha linda amiga não se deu o trabalho de ir atrás de mim, pelo menos alguém foi. Cato me seguiu o percurso inteiro.

-- Quer conversar? – Ele pergunta sentando ao meu lado.

-- Não. – respondo começando a prestar atenção no livro.

-- Mad falou para a gente sair com eles, vão ir ao cinema. – ele fala abaixando meu livro.

-- De momento, dispenso a companhia de certas pessoas – respondo rispidamente, apesar de saber que ele não merece meu mau humor. Algum tempo se passa e ele continua sentado na cadeira – Não vai embora? – pergunto um pouco grossa.

-- não, a menos que queira que eu saia – ouvindo a resposta apenas reviro os olhos. – Um homem passa ao nosso lado carregando uma bola de vôlei, o reconheço, é Gloss, dancei com ele no dia do baile. – Hey Gloss! – Cato chama.

-- Hey Cato! Não tinha te visto. Olá Clove. – ele me cumprimenta – o que vocês acham de jogar vôlei? Cashmere, Enobária, Brutos, Glimmer e Marvel também vão jogar.

Cato concorda e eu acabo concordando também. Seguimos com ele até uma quadra de vôlei de praia que eu nem sabia que existia. Quando chegamos todos cumprimentam Cato e Gloss apresenta os outros para mim.

-- Glimmer – ele mostra dando um selinho rápido na mesma – Cashmere, minha irmã. – Ele aponta para uma loira muito parecida com ele. – Enobária, Brutos e Marvel.

-- Quero ela no meu time – Cashmere fala se referindo a mim. – Joga bem?

-- Eu tento – respondo meio tímida.

-- Vamos fazer assim – Gloss se intromete – meninos versus meninas.

Achamos a ideia divertida e então nos dividimos em dois times no primeiro estão eu, Cashmere, Enobária e Glimmer, no segundo estão Gloss, Cato, Marvel e Brutos. O jogo começa e eles saem ganhando, digamos que Glimmer não joga nada bem, fica mexendo no cabelo o tempo todo e leva algumas boladas. Mas logo viramos o jogo e Cash parece muito satisfeita quando eu faço o ponto da vitória.

-- Corrida até a piscina? – Marvel pergunta extremamente suado.

-- Que infantil da sua... – Enobária começa a falar, mas todos já começaram a correr.

2 horas depois...

Estou no quarto de Cato assistindo TV e conversando animadamente sobre qualquer assunto besta quando alguém bate na porta. É Madge.

-- Onde você estava? – ela pergunta prestes a gritar – Você sumiu o dia todo depois de dizer aquelas coisas ridículas na hora que eu cheguei com a Katniss.

-- Não esqueça que ela quase se matou por causa daquele loiro e agora eles estão juntinhos como se nada tivesse acontecido – é, talvez eu ainda esteja um pouco braba.

-- Deixa de ser fresca – ela responde quase bufando – Você sabe como é difícil ela gostar de alguém. – Limito-me a ignorar. – Vocês vão jantar conosco?

-- O clima está meio tenso – Cato comenta o óbvio – Vou pedir serviço de quarto.

Mad sai do quarto murmurando coisas que eu prefiro ignorar. Só sei que eu não vou ter cara, nem paciência, de falar com a Katniss antes de uma longa noite de sono.