Já havia passado um dia desde a partida de Liu Kang e os outros para Netherrealm. Como no inferno não há tempo, eles não sentirão quanto tempo se passará de fato.

Acontece que enquanto Kung Lao fazia suas orações matinais no Templo Shaolin da Ordem da Luz, sentiu uma presença estranha dentro do suposto lugar vazio, mas a sensação de estar sendo observado continuou incomodando o calmo monge que por diversas vezes perguntou se havia alguém ali, sem obter resposta alguma.

Kung Lao já foi uma dessas pessoas que agem por impulso, a paciência era uma das virtudes que faltavam no monge. Essa impaciência levou o jovem a entrar no Mortal Kombat escondido, já que não podia esperar a hora de se mostrar melhor que seu irmão mais velho, Liu Kang, mas isso foi há muito tempo, antes de que Kung Lao descobrisse o verdadeiro sentido do Mortal Kombat.

Kung Lao fechou os olhos e se curvou como se estivesse em oração, num silêncio absoluto, ele procurou ouvir cada coisa, o barulho das velas se consumindo, o vento do lado de fora, seu próprio coração e uma respiração muito baixa no canto superior direito da entrada do templo, foi lá que Kung Lao lançou seu chapéu laminado, presente do seu ancestral (de quem ele herdou também o nome), e acertou algo no ar que num salto se fez visível, era Réptil.

_ Réptil!? O que faz aqui? – disse Kung Lao já pegando seu chapéu no ar e colocando novamente na cabeça.

_ Onde essstá o deusss? – disse Réptil se pondo novamente em pé.

_ Não é com ele que você deve se preocupar – disse Kung Lao partindo  para o ataque.

Kung Lao partiu com tudo para cima do sauriano que rodopiou no ar e com o pé lançou de volta o monge para onde estava, Kung Lao lança o seu chapéu e Réptil voa contra parede, Kung Lao salta no espaço para junto do ninja e faz seu redemoinho cortante, mas Réptil salta e se pendura entre as colunas do templo, de lá começa a cuspir ácido no monge que pula de um pilar para o outro até alcançar seu inimigo e finalmente golpeá-lo, Réptil foi lançado para fora do templo e para seu azar, bem aos pés de Nightwolf que rende o ninja usando somente de força bruta.

Réptil foi amarrado num pilar e Lorde Raiden surgiu para ver o que criatura tão vil fazia por ali, os próprios guerreiros poderiam ter tratado disso, mas Réptil não parava de perguntar pelo deus do trovão.

_ Réptil, herdeiro de Zaterra, o que o traz para a Terra de seus antepassados? – perguntou Raiden.

_ Eu gossstaria de me colocar a disssposssição de Lorde Raiden e pedir que me permita ssservi-lo.

_ Me servir? – disse Raiden que como todos estava surpreso – E por que eu confiaria em você?

_ Eu pessso desssculpasss pelasss vezesss que fisss mal a um de vocêsss, masss sssó cumpri ordensss.

_ Talvez seus motivos sejam nobres, Réptil – respondeu o deus do trovão –, mas Earthrealm goza dum período de paz e novos guerreiros não são necessários.

_ Masss presssiso de doar minha fidelidade a um messstre. Mande-me essspionar algum reino, mande-me fassser o que quissser, masss permita-me ssser ssseu ssservo.

_ Lorde Raiden, acredita que ele diz a verdade? – perguntou Kung lao preocupado com o silêncio que Raiden fez.

_ Réptil é o último de sua raça, sua única função de existir vem sendo servir aos poderosos, como todos foram derrotados ele não vê mas o que fazer – respondeu Raiden.

_ Issso! Eu não tenho a quem ssservir, não vejjjo motttivo para esssissstir.

_ Mas não vai aceitá-lo aqui conosco, vai? – perguntou Nightwolf – Depois de tudo que ele fez?

_ Jamais pensei nessa hipótese, Nightwolf! – bradou Raiden – Acredito que Réptil tenha necessidade de se colocar a serviço de um mestre, mas não pensei em momento algum e admiti-lo como servo.

_ Piedade, Lorde Raiden! Eu jjjuro que não hei traí-lo.

_ Não, Réptil! Não se trata somente duma questão de confiança, é uma questão de momento, estamos em paz e não queremos e nem precisamos de guerreiros outworldinos entre nós.

_ Masss, Raiden, eu imploro!

_ Não te manteremos como prisioneiro, abrirei um portal para onde você quiser. Retornará para Netherrealm?

_ Não, desssde a prisão de Ssshinnok, que me enganou, nada tenho para tratar na terra dosss demôniosss.

_ Então te transportarei para Outworld. Algum lugar específico?

_ Não tenho motttivosss para ter um lugar essspesssífico para ficar, masss pessso então que me mande para a floresssta viva, poisss vou me esssconder em minha toca e lá ficarei.

_ Que assim seja! – disse Raiden estendendo seu bastão para um local e liberando uma energia que se transforma no portal – Aqui te deixará no limiar da floresta viva.

Os guerreiros trataram de desamarrar o sauriano que logo se pôs de pé e ao se aproximar do portal, virou-se e disse:

_ Ssse algum dia tivemosss que lutar novamenttte, deusss do trovão, sssaiba que teve a oportunidade de me ter como aliado, masss a dessspresssou – e saltou para dentro do portal.

_ Acha que está resolvido? – perguntou Kung Lao.

_ De forma alguma! Réptil se aliará novamente a alguém e ainda vai tratar de cumprir sua praga – respondeu Raiden.

_ Não sabia que temia pragas – ironizou Kung Lao.

_ Não sabia que podia arrombar a porta do templo e zombar do deus do trovão no mesmo dia.

Nesse momento Kung Lao deu uma risada, mas Raiden não estava mais ao seu lado. Kung Lao entou se apressou de ir até o Mestre Bo’ Rai Cho pedir desculpas pela porta do templo, e tirando um mestre shaolin de trezentos quilos extremamente furioso, nada de mais aconteceu até o retorno de Liu Kang, Kitana, Jax, Johnny Cage e Sonya Blade de Netherrealm.