E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Então, estou postando mais cedo de novo, amanhã vou sair com as minhas amigas e vou fazer os deveres porque não estou a fim de fazer hoje. Não tem muito coisa pra falar, não. Ainda estou meio bolada, cortei o cabelo, tem gente com raiva de mim (Fóquiu thu), esse capítulo tá grande, eu não deixei review nas fics que leio e tô atrasadona e tô sozinha em casa. Enfim, Giovanna Salinas: Onw, Gih, recomendou, que fofo. Brigada mesmo. Capítulo dedicado à você.



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Abro os olhos e vejo Cato parado na minha frente me sacudindo. Para quê delicadeza e educação, não é?

– Clove! Clove, droga, acorda.

– Cala a boca. – falo, me virando para o outro lado. Não está na hora de levantar ainda, o que esse idiota quer?, algum tipo de vingança?

– Eu nunca achei que fosse ter que te acordar, levanta logo! Estão chamando a gente no Comando.

– Claro que não estão. Está com sono?, - eu chego mais para a parede e bato no colchão, ao meu lado - deita aqui e me deixa dormir.

– Ok, vou deixar os Pacificadores virem te chamar e vou deitar, chega pra lá.

Me levanto inconscientemente quase batendo a minha cabeça na cama de cima.

– Não têm Pacificadores no 13. – falo mais para mim mesma.

– Eu sei. Mas adiantou. – ele vem até mim, me joga nos ombros e me desce na porta do banheiro. – Anda logo, a Coin não gosta de esperar.

Entro e bato a porta na cara dele, ligeiramente grogue. Nem percebi se o resto do pessoal já saiu ou está dormindo. E porque o Cato que teve que vim me chamar?

Acabo de escovar meus dentes, lavar o rosto e pentear o cabelo e vou trocar de roupa. Meu cabelo está todo na minha cara, mas eu não me importo e saio. Minha mãe e meu pai não estão mais aqui. Cato está sentado na cama deles com a cabeça apoiada na parede.

– Porque você veio me chamar agora?

– O Haymitch convocou a gente pra uma reunião. Acho que é emergencial. O encontrei e ele disse que era pra eu começar a acalmar os seus ânimos porque se tudo desse certo iria ter uma missão logo, logo.

– Calem essas bocas e vão conversar lá fora. – alguém fala, meio dormindo. Lily, talvez.

Acalmar meus ânimos... Esse Plutarch é um grande fofoqueiro imbecil.

– O Haymitch não fala coisa com coisa. – digo. Uma reunião que Haymitch convocou... Soa até cômico. – E aí, você me acorda e agora vai ficar aí parado?

– Vamos. – ele finalmente se levanta e saímos. - Tira esse cabelo da cara, Clove. Você demora pra acordar mais do que faz parecer quando está me sacudindo.

– Eu fui dormir cedo ontem. E quando eu durmo cedo demoro para acordar.

– Isso não faz sentido.

– Não é pra fazer. Acha que essa reunião é por causa do que eu gritei ontem no set? – eu pergunto, sem emoção. Uma maravilha, acordar mais cedo e ficar escutando um bêbado (mesmo que aqui não tenha mais bebidas) falando coisas que não vão fazer sentido nenhum para mim.

– Não. Se fosse chamariam só você. E eu.

– Ah, e quem estão chamando agora? – eu falo, sarcástica, revirando os olhos.

– A Coin que nos chamaria se fosse coisa assim. É só o Haymitch. – ele fala, sem se importar, dando de ombros. - Nesse ritmo não vamos chegar nunca, anda mais rápido.

– Eu já disse que estou com sono. – respondo, arregalando os olhos. - Isso é uma droga, podiam ter esperado mais.

– O que foi que aconteceu ontem lá? O Haymitch não ia começar a rir do nada. E você não sairia gritando para a Katniss parar de ser egoísta do nada.

– A hora de gravar a frase de efeito foi uma merda. A Katniss foi ridícula, ainda mais com a frase ainda mais tosca deles. Então o Haymitch, que não sei onde estava, começou a rir e a falar que era assim que acabava uma rebelião. A coisa foi realmente engraçada, eu também queria rir. Mas aí ela deu um chilique e saiu. Então eu fiquei com raiva e fui atrás dela. O resto você sabe.

– Você sabe que é melhor não ficar tão amiguinha assim da Katniss. Porque você ia querer ir pro meio da guerra com ela e eu não iria deixar. – ele fala de repente. Me viro para ele incrédula.

– E você sabe que não tem que “deixar” nada. Sabe que é diferente você não querer que eu vá e me proibir ou coisa assim.

– Não estou te proibindo. Você sabe que uma guerra não é um dos eventos mais seguros do mundo.

– Sei. Mas quando eu te contei isso lá no telhado da Capital você não pareceu tão preocupado assim.

– Não tinha percebido o que eles queriam que você fosse. E eu vi o que a Capital anda fazendo com quem está no caminho dela.

– Então porque você insiste em estar lá? Porque você não fica aqui e não para de ficar indo para essas missões idiotas? – eu falo, aproveitando a deixa. Ele demora demais para responder, então continuo. – Só que eu não posso ir, eu vou morrer na primeira vez que encostarem em mim, eu não sei me defender. Mas você pode estar lá, com uma bomba caindo do seu lado.

– É diferente.

– Não é, não.

– Clove. Você é pequenininha, corre para a primeira pessoa que você vê chorando e faz as coisas mal feitas quando alguém te manda fazer. Não tem jeito, você não dá pra isso.

– Ei! Eu não sou um bebê. Quero dizer, não é o que você costuma pensar, não é? – eu sorrio e ergo as sobrancelhas. – Você não pode ficar agarrando um bebê, Cato. Eu sei me cuidar, passei a minha vida inteira fazendo isso.

– No 2? Os caras mexiam com você, Clove.

– Os “caras” que por ventura eram seus amigos nunca encostaram em mim. E não adianta você dizer “porque eu não deixava”, porque você era o pior deles. Cada dia da semana você estava agarrando uma menina. Pessoas normais iam fazer isso atrás do muro da escola, na saída para o outro bairro, em algum lugar discreto. Só que você fazia questão de fazer isso para todo mundo ver. Então nessa coisa de me proteger eu sou melhor, pelo menos o 2 inteiro não passou a mão em mim.

– Talvez. Mas eu não gosto da ideia de você ir, Clove. É diferente se defender dos meninos do 2 e se defender de bombas, tanques de guerra, bestantes e toda a tecnologia que existe feita para te matar.

– Para de inventar. Você só acha que eu não sou capaz. Como sempre.

– Claro que não. Você pode fazer muitas coisas, mas não ir para uma guerra.

– É? Então eu digo o mesmo para você. Você fica agindo como se fosse meu pai, e ele nem é assim...

– Eu lembro que falei pra você ir atrás da Katniss nos Jogos. O Tresh ia te matar. O que a Johanna falou é verdade. Só vencemos porque nos aliamos desde o início. Você dominou a Katniss aquele dia, mas não ia conseguir dominar ele.

– Eu não sou tão boa em corpo a corpo, mas...

– Em uma guerra você tem que ser boa em corpo a corpo.

Chegamos no Comando e paramos de falar. Somos os últimos a chegar. Ou não, porque quando nos sentamos, a espera continua. A escolha das pessoas da reunião de hoje é um tanto quanto... Estranha.

Coin, sua equipe, meu pai, Enobaria, Plutarch, Fulvia, a equipe da Katniss, ela, Gale e Haymitch. E duas mulheres que não conheço. Quer dizer, a mais velha conheço, do dia em que cheguei aqui. Greasy... Greasy alguma coisa. Enfim, ela trabalha na cozinha e é do 12. A mais nova deve ter mais ou menos a minha idade e não faço a menor ideia de quem seja. Parece ser do 12. Olhos cinzas, pele morena, cabelo escuro. Acho que já tive alguma aula com ela. É, acho que minhas aulas de História Nuclear são com ela. Ela sempre senta na frente.

Então Finnick entra, empurrando a cadeira de rodas de Beetee, seguido por um outro homem que vi uma vez por aqui.

– Quem é esse outro? – sussurro para Cato, apontando o desconhecido com a cabeça.

– Um cara do 10. O Dalton.

10... O que esse cara está fazendo no 13? Então as tais nativas do 8 realmente existiram. Talvez naquela época a Katniss não estivesse tão... problemática quanto está hoje.

– Silêncio, por favor. – Haymitch começa a falar, quando todos se sentem. – Todos vocês foram convidados para vir aqui por uma razão. Se puderem prestar atenção na tela...

Todos fazemos isso e o vídeo que foi feito ontem aparece. Vejo de novo toda aquela cena ridícula da Katniss, realmente desconjuntada e falando a frase tão mal ensaiada que se pode ver onde escreveram a vírgula.

– Não achei que a situação estivesse tão complicada. – Cato sussurra. Me viro para ele e ergo as sobrancelhas. Ontem foi um dia e tanto.

– Tudo bem. – Haymitch continua, quando toda essa coisa ridícula acaba. – Alguém gostaria de discordar do fato de que esse negócio aqui não ajuda em nada a gente a ganhar a guerra? – aparentemente todos aqui tem bom senso, logo ninguém discorda. – Isso poupa tempo. Então vamos todos ficar em silêncio por um minuto. Quero que vocês todos pensem em um incidente em que Katniss Everdeen tenha genuinamente emocionado vocês. Não quando vocês estavam com inveja do penteado dela, ou quando o vestido dela pegou fogo ou quando ela deu uma flechada mais ou menos decente. Não quando Peeta estava fazendo vocês gostarem dela. Quero ouvir um momento onde ela fez com que vocês sentissem algo real.

Então eles nos deixou praticamente sem opção. Tudo bem que eu “me entendi” com ela, mas não posso mentir e dizer que ela é simpática ou adorável. Você não tem um motivo para gostar dela. Não um motivo comum. Exatamente por não fazer coisas sem um motivo (não costumar fazer), não posso dizer que gosto dela.

Todos estão se entreolhando em silêncio e por um tempo me parece que ninguém vai falar absolutamente nada quando a garota desconhecida acha alguma coisa.

– Quando ela se apresentou como voluntária para tomar o lugar de Prim na colheita. Porque tenho certeza de que ela achou que morreria.

Bom... É, isso foi um ato decente. Lembro que achei isso legal quando eu vi a reprise da colheita no trem, mas... Não foi tão espetacular assim. Se você ama alguém de verdade, faria isso. Acho que toda esse estrondo por causa disso é saber que ela ama alguém de verdade. Ou então é ficar sabendo que ao menos uma pessoa de Panem não é excessivamente covarde para ver a irmã pequena indo para uma competição sem volta.

– Bom. Excelente exemplo. – Haymitch diz, anotando e dizendo em voz alta suas palavras. – Quem mais?

Boggs é o segundo a falar. Fala da canção da Rue. Haymitch também anota e eu começo a me perguntar por qual motivo me chamaram aqui, visto que não falaria mais nada.

As pessoas começam a falar descompassadamente os “pontos fortes” dela, ao passo que por mais que eu esforce minha mente, não consigo me lembrar de ao menos um antes dos outros. Mesmo porque... Seria só uma fato marcante, nada que tivesse me emocionado de verdade. Quando drogou Peeta para ir ao Banquete – o pessoal da Capital olha de canto de olho para mim quando mencionam minha quase vitória e a quase morte de Katniss -, quando se aliou com Rue, quando estendeu a mão para Chaff no dia da problemática entrevista, quando passou as amoras para todos nós...

Haymitch finalmente ergue o caderno e diz:

– A questão é a seguinte, o que tudo isso aqui tem em comum?

– São atitudes da Katniss, - Gale fala, baixo. – Ninguém disse o que ela tinha de fazer ou dizer.

– Sem roteiro, com certeza! – Beetee fala, levando a própria cadeira até perto de Katniss, dando um tapinha na mão dela. – Então, a melhor coisa a fazer é deixar você em paz, certo?

Todos começam a rir. Só que nem e nem Cato achamos graça. Dou um sorrisinho quando vejo as pessoas esperando que eu também ria. Mas logo reviro meus olhos e bocejo mais uma vez.

– Bom, isso tudo é muito bonitinho, mas não ajuda muito. – Fulvia diz, irritada. E pessoas da Capital são engraçadas quando ficam irritadas. É uma coisa muito estranha e histérica. – Infelizmente as oportunidades que ela tem para ser maravilhosa são bem limitadas aqui no 13. O que significa que, ao menos que você esteja sugerindo que ela seja lançada no meio do combate...

– É exatamente isso que estou sugerindo. – Haymitch fala. – Vamos colocá-la no campo de batalha e deixar as câmeras filmando tudo.

Ah, isso é perigoso demais.

– Ela está grávida, lembram? As pessoas não são tão estúpidas assim, vão ver um rasgo enorme desse na costura. – eu falo pela primeira vez.

– Vamos espalhar o boato de que ela perdeu o bebê durante o choque elétrico na arena. É muito triste. Muito infeliz, mesmo. – Plutarch sugere.

– Sempre que a gente dá alguma orientação a ela, ou define linhas de atuação, o máximo que a gente pode esperar conseguir é o básico. A coisa tem de vir dela. É isso que comove as pessoas.

Talvez eu não me comova fácil, então.

– Mesmo que a gente seja cuidadoso, não vai dar para garantir a segurança dela. – Boggs diz, com uma expressão séria. – Ela vai ser alvo de tudo quanto é...

– Eu quero ir. – ela o interrompe. Mas ele não parece com raiva. – Aqui não ajudo em nada os rebeldes.

– E se você for morta? – Coin pergunta, diretamente para Katniss.

– É só filmar.

– Presumindo que consigam filmar, não é? – Cato fala.

– É. Aí você morre, ficamos sem gravação, sem pontoprop e sem Tordo. – eu digo.

– Seria muito difícil as equipes conseguirem um ângulo bom de longe, considerado que as bombas da Capital foram desenvolvidas para ter uma grande capacidade de alcance. – Enobaria diz, checando uns papéis.

– Podemos achar uma situação menos perigosa, da qual ela possa tirar mais espontaneidade. – Coin fala, olhando uns mapas eletrônicos. – Levem-na para o 8 hoje à tarde. Houve um intenso bombardeio pela manhã, mas o ataque parece ter tomado seu próprio rumo. Eu a quero armada e com um esquadrão de guarda-costas. Equipe de câmeras no chão. Haymitch, você vai estar voando e em contato com ela. Vamos ver o que acontece lá. Alguém tem mais algum comentário a fazer?

O tal cara do 10 falam que tem que lavar o rosto dela. Coin dá fim a reunião e estamos na porta quando Haymitch diz que quer falar a sós com a Katniss. A sala está vazia, estamos saindo e Gale se recusa a se retirar.

No meio do corredor ele nos alcança e sei que Katniss disse para ele sair. Ele não gosta do Haymitch e muito menos o obedeceria.

– Você vai? – ele pergunta a Cato, quando estamos indo não sei para onde. Para a sala de jantar, talvez, ainda não comi nada hoje.

Não. Ele não vai. Sei que no dia em que dormi lá ele falou comigo sobre isso, mas... Ele não pode ir. Porque eu não fui noivar com um cara que realmente não tinha condições de ir para isso?

– Vou ter que ir, não é? – Cato responde, me fazendo virar a cabeça. Vou esperar o maravilhoso outro amante de Katniss sair para tratar disso.

– É, acho que sim. – ele responde. – Vou indo. Até mais, então.

E ele sai na nossa frente.

– Você não vai, não é?

– Vou. O Haymitch tinha me dito, Clove, eu te falei. E eu falei com você sobre isso.

– Você vai? Ótimo, eu também vou.

– Você não vai, Clove. – ele diz, endurecendo o tom.

– Vou, sim. – respondo, quase ficando com raiva. Estamos perto dos compartimentos agora. Ficamos um tempo em silêncio. – Você pode tomar conta de mim se esse for o caso.

– Você sabe que não dá para eu ficar tomando conta de você. Você fica.

– Eu quero ir!

– Eu já disse que não, você não vai! – ele grita, alterado, quase me assustando.

– Eu não estou perguntando se posso ir! – eu grito de volta.

– Você vai ficar aqui no 13, você não vai para o meio disso!

– Eu já disse que não estou pedindo a droga da sua opinião e você não manda em mim!

Então ele agarra meu braço e me leva para o meu compartimento.

– Me solta, Cato! Você está me machucando, merda, me solta! – eu grito. Mas ele não para. Abre a porta do compartimento com força e praticamente me joga lá, só soltando meu braço quando entramos e ele já trancou a porta.

– Você vai ficar aqui! Eu vou para a missão e se eu morrer o problema é meu, você não vai, entendeu?! – ele grita.

– Imbecil! A Coin não me convocou como soldado integral?! Eu vou!

– Você não precisa ir e você não vai! – não sedo. - Você está me obrigando a fazer isso. – ele diz, de repente, vindo em minha direção. Estou com tanto ódio que nem sei o que pensar. Cato me joga no seu ombro e eu começo a chutá-lo e socá-lo, - inclusive mordê-lo – mas ele não demonstra nada quando me joga no banheiro, pega a chave de lá e tranca a porta. Me prendendo e saindo. – Não quebra nada! – ele grita do lado de fora.

Ouço a porta batendo. Começo a gritar uma infinidade de palavrões e só paro quando estou cansada de chutar a porta. Caio no chão rugindo e chorando.

Já faz uns quarenta minutos que estou presa aqui quando escuto a porta se abrindo de novo. Acho que o idiota se arrependeu e que vai abrir a porta e tudo o mais. Mas ele não faz isso.

– Clove! Clove, para de gritar e me escuta, droga! – o faço. - Estou indo, se eu morrer, você sabe que eu te amo.

– Ah é?! Engula os seus “eu te amo”, exploda eles junto com você! Quero que morra lá! Morra, entendeu?! Abre a droga da porta!

Ele não responde. Ouço a outra porta se fechando e fico com mais raiva ainda. Vir aqui e dizer que me ama antes de ir para a merda de uma missão que ele acha que eu não tenho capacidade de participar.

Não sei quanto tempo passo aqui. Mais sei que fiquei tempo suficiente para eles irem para essa missão. Aperto minhas unhas contra a minha própria pele para me forçar a não gritar. Não mais, minha garganta vai doer depois.

Mas desisto dessa ideia de não gritar. Os guardas podem vir e me achar aqui. E aí eu posso dizer que foi o meu noivo que me prendeu, porque estava com raiva e não tem controle das suas ações. E quem sabe ele não vai parar naquelas salinhas da equipe da Katniss?

O que eu estou falando, eu não quero que ele vá pra lá. Ou quero? Não. Se ele fosse eu provavelmente quebraria tudo ao meu redor e acabaria indo pra lá também. Porque alegariam que se ele não tem controle das suas ações, eu também não tenho.

E se ele não voltar dessa coisa no 8? O que eu vou fazer?

Primeiramente parar de gritar, porque nem tinha percebido que continuava a fazer isso.

– Clove? – ouço a voz de alguém. Minha mãe? Como ela sabia que eu estava aqui? De onde ela tirou a chave? – Sai daí da porta, eu vou abrir.

Faço o que ela diz e me levanto. Logo a porta está aberta e dou de cara com ela. Atravesso o portal e me jogo na minha cama, enfiando a minha cara no travesseiro.

– O que aconteceu com vocês? O Cato estava indo para uma missão e passou lá na cozinha para me entregar uma chave. Disse que você tinha obrigado ele a fazer isso e que depois que ele fosse era pra eu te soltar.

– A droga do Cato me prendeu dentro do banheiro porque eu queria ir para a missão e ele disse que eu não ia. – respondo, sem entoar nada.

– Então vocês brigaram e ele te prendeu lá?

– É! É, eu fiquei com raiva dele, ele ficou com raiva de mim e me colocou dentro do banheiro porque não era pra eu ir para a missão.

Ela dá um sorrisinho e sacode a cabeça como se dissesse “eu não acredito nisso”.

– Pra onde era essa missão?

– Para o 8, gravar a Katniss falando com uns feridos. Bombardearam lá hoje mais cedo. – eu falo, monotonamente, com o rosto ainda no travesseiro. - Eles já foram? – eu pergunto, me virando de novo para ela.

– Já. Você comeu hoje? Não te vi na sala de jantar.

– Não. Falta muito para o almoço?

– Não. Meia hora. Mas se você quiser eu te dou alguma coisa lá agora. Não pode ficar tanto tempo sem comer.

– Não, brigada. Eu vou esperar o almoço.

– Não adianta você ficar emburrada aqui. Não vai fazer as coisas melhorarem. Quando ele voltar você fala com ele.

– E se ele não voltar?! Isso me irrita, ele acha que eu não posso fazer nada, que sou de porcelana, sei lá! Mas ele foi para essa droga de missão. Com a Katniss, ainda por cima. Se virem ela lá já era, sabia? Eu não quero falar com ele se ele voltar.

– Ele não quer que você vá porque se preocupa, Clove. Ele só não quer ver você morta.

– Será? – eu falo, ligeiramente irônica. – Pois só parece que ele quer ter o prazer de mandar em mim.

– Não adianta falar com você mesmo, não é? – ela diz, suspirando. Vem até a minha cama e se senta do meu lado. – Essa coisa de vocês é complicada, mas tenho certeza que vocês se amam. Só que estão longe de serem românticos e de entenderem isso. Eu tenho que ir, e é bom aparecer lá, ou vou ter que mandar o Bryan vir te pegar. E cadê a sua programação, Clove?

– Não peguei ela hoje.

– Você tem que pegar. Acho que você tem que descer pra monitorar a missão junto com o seu pai. - Ela beija minha testa e se levanta. Assim que ela fecha a porta volto a deitar. Ir monitorar a missão...

Quando dá a hora do almoço me levanto e sigo para a sala de jantar. Antes passo para tatuar a programação e eu vejo que realmente vou monitorar essa missão. Ótimo. Continuo meu caminho, pego a minha bandeja e vou para a mesa. Só meus irmãos estão aqui.

– Lembra do que a mamãe falou, Bryan. – Catherine sussurra, quando estou me sentando. – Oi, Clove.

– Oi.

– Você está bem?

– Estou. – respondo, continuando a comer rapidamente para descer logo. Eles continuam me encarando como águias, mas eu acabo rápido. Idiotas. Murmuro um “tchau” e saio correndo para baixo.

Quando chego na sala de Plutarch, logicamente ele não está. Foi para a droga da missão. Como eu me sinto ridícula, por dizer que não fui porque o Cato não deixou. Gostaria realmente de saber quando disse que ele tinha que deixar alguma coisa. Mas Beetee e meu pai estão, falando alguma coisa do tridente novo do Finnick.

– Oi. – eu falo, me sentando do lado do meu pai.

– Clove? Achei que você tivesse ido. – Beetee fala, ligeiramente surpreso. – Cato não foi?

– Pois é, ele foi. Tivemos uns problemas e eu acabei não indo.

Dou um assunto por encerrado e nos sentamos em um mesa realmente estranha, cheia de projeções do 8. Tem umas pessoas que ficam mais embaixo que tem ainda mais tecnologia para fazer isso. A Inteligência do 13. Quase como os idealizadores.

Katniss está em um... hospital. A transmissão das câmeras de alguém da equipe de gravação passa ao vivo para a gente. De repente eu agradeço por não ter ido. O lugar é escuro, cheio de moscas e definitivamente não se parece com um hospital. Não temos um de verdade nos distritos, mas na Capital se tem um em cada bairro e na Estação do 2 tinha uma enfermaria, de modo que sei como um deve parecer.

E cheio de gente a beira da morte. Uns corpos estão amontoados nos cantos do lugar, cobertos por panos. O som que os choros fazem é quase como um coral, como se todos eles estivessem programados para chorar.

– Eu vou... Beber água. – falo, levantando. – Daqui a pouco eu volto.

Saio o mais rápido que posso e no primeiro canto que vejo que ninguém pode me ver, me encolho. Eu não quero ver isso. Tem que acabar logo, nem todo mundo teve culpa disso. Nem todo mundo deveria morrer. Eu estou com medo.

Começo a me perguntar o que eu faria se estivesse lá no 8. Eu provavelmente entraria, agiria como se estivesse tudo bem e quando saísse estaria quase afogando todo mundo de tanto chorar.

Talvez eu só sirva para matar pessoas. Não suporto nada mais disso.

Me levanto e sigo de volta para a sala. Tem uma espécie de alarme vermelho soando. Uma sirene.

– O que é isso? – eu pergunto, nervosa, me sentando rapidamente na minha cadeira.

Beetee se vira para mim sério e responde:

– Alerta de bombardeio.


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Notas finais do capítulo

Espero que dessa vez não tenha copiado o texto três vezes ¬¬. Realmente estou sem o que falar hoje, gente, desculpa. Ou não, quem quer ler o que eu tagarelo aqui? Ham... Eu acho que vou pro cinema amanhã... Tchau. Beijos sabor pizza de... Banana? Eu acho meio, sei lá, sem graça. Mas é boa. E não, aqui não está virando coisa de culinária, porém, todavia, entretanto, parece kkkkk. Ah, brigada pelos comentários do outro, foram muito legais, ok? Bye, loves.