Killer Lady escrita por Shiori Kimura


Capítulo 1
Capítulo 1 - Fuga




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O professor falava alguma coisa que eu não estava prestando atenção. Eu enrolava uma mecha de meu cabelo curto repicado e pintado de verde em meu lápis enquanto olhava pela janela, pensando no que eu iria fazer depois do colégio. Provavelmente fumar, ou talvez ficar com aquele garoto gostoso de novo. Talvez os dois.


- Megumi! Está prestando atenção? - O professor barrigudo ralhou comigo. Rosnei. Odiava quando me chamavam assim.

- Não, sua barriga nojenta me atrapalha. - Disse de mal humor, enquanto podia ouvir o resto da classe cochichar sobre mim e minha resposta. O professor olha para mim com raiva.

- Fora da minha aula, agora.

 Peguei minha mochila, enfiando o lápis de qualquer jeito dentro dela. Enquanto saí felizmente pela porta de madeira pintada.

- É um prazer, eu mal podia esperar por isso. - Falei com um sorriso de escárnio - Obrigada, professor.

 Assim que fechei a porta, ouvi o mesmo levantar de sua cadeira, talvez para vir atrás de mim. Ri levemente, e quando estava prestes a virar o corredor, ouvi o som da mesma abrindo novamente. Corri até os fundos do colégio, escutando alguém me seguir e, subindo no velho latão de lixo, pulei o muro antes de ser vista. Escutei a voz do professor resmungando alguma coisa. Não me aguentei e tirei uma folha de caderno amassada de minha mochila, escrevendo ''Lerdo demais, prof. Pança'', amassando em uma bolinha de papel e jogando por cima do muro cimentado.

MEGPOID! ESTÁ EXPULSA!

 Rio alto. Como se ele pudesse fazer isso. Minha família tem dinheiro. E dinheiro compra qualquer coisa. Humanos são seres tão fáceis de se manipular...

 Sento encostada na parede, olhando a cidade. Pego um maço de cigarro e coloco em minha boca, acendendo em seguida e dando uma boa tragada. Olho as pessoas que passavam tranquilamente pela rua. Vejo algumas garotas iludidas agarrando o braço dos namorados enquanto eles falavam alguma coisa falsa e doce em seus ouvidos, e fazendo-as acreditar que aquilo durará para sempre. É por isso que eu odeio esse tipo de romantismo. Perda de tempo.

 Trago o cigarro mais uma vez, soltando sua fumaça calmamente, e observando-a. Existem quatro maneiras de manipulação. Dinheiro, amor, ameaça de morte e uma verdade que ninguém quer que você saiba. No caso se a manipuladora for uma mulher nova, bonita e bem-dotada, sexo também conta. O que eu acho mais eficiente é o dinheiro. A ganância do ser humano é algo extremamente útil. Não é atoa que a igreja chama-a de ''pecado''.

 Depois de algum tempo, jogo o cigarro no chão, pisando em cima do mesmo para apagá-lo. Levanto do chão, seguindo a rua que levava para as casas mais nobres. Algumas pessoas olhavam-me com curiosidade, outras, repreentiam seu par por me olharem devido a minhas roupas, cujas eu só podia entrar no colégio devido a adivinhe o que? Suborno, lógico. Não que eu ache que tenha algo errado com ela. Garotas sabem como elas são peladas e garotos vivem andando com pornôs, mesmo dentro da mochila escolar. Minha blusa decotada preta, meus shorts curto e bota de cano longo não pareciam um problema, ao menos pra mim, já que minha família fala que eu fico parecendo uma prostituta. Se eu quizer sair dando pra todo mundo isso é só problema meu. E com certeza, se eu quiser, não vou cobrar.

 Paro na frente de uma mansão com portões altos e brancos, cuidadosamente desenhados pelo melhor artista que minha família achou. Pego a minha chave, abrindo-o, e passo pela pequena faixa de piso de pedras bejes, que abria um caminho entre nosso maravilhoso jardim bem-cuidado. Minha luxuosa casa pintada de branco e um leve amarelo, parecia ficar maior a cada ano.

 Entro e subo para o meu quarto, ignorando olhares reprovadores e burburinhos de parentes. Jogo-me em minha cama bagunçada. Minha cabeça doía.

****

 A lua havia sumido hoje.

 Como eu dormi o dia todo, agora não estou com sono. Decido ir na cozinha pegar uma taça de licor de chocolate, mas escuto alguém conversar assim que eu ia entrar lá. Geralmente eu não ligaria e entraria assim mesmo, mas ouço meu nome e me escondo atrás da parede para não ser vista.

- Deveríamos interná-la numa clínica. - Minha tia disse.

- Sim, ela está manchando o nome da família - Ouvi minha mãe concordar.

- Se ligarmos agora, eles irão levá-la de manhã.

 Não precisei ficar ali para saber que minha mãe concordou. Que azar o delas, mal sabem que até amanhã de manhã eu já estarei a mil milhas de distância daqui.

 Dentro de minha mochila, enfio minha gorda carteira, meus cigarros, meu telefone celular e duas mudas de roupa, incluindo peças íntimas. Aguardo a hora que todos iriam para a cama e saio de casa, mas não sem antes pegar uma de minhas latas de spray vermelho e escrever um ''família de merda'' bem grande na parede da sala. Heh, queria poder ver a cara deles amanhã, já que tem uma visita importante pra falarem de negócios.

 Olho para a frente iluminada da casa antes de sair andando pela rua escura. Agora eu preciso me mandar daqui. Vou andando até um ponto de táxi. Faço o motorista me levar para a cidade mais longe dali, que tivesse um aeroporto, talvez. Eu não sabia se minha família tentaria me procurar, e se tentasse, na primeira oportunidade eu ralar do país.


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Notas finais do capítulo

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