No almoço...

- Bom dia meu amor como foi hoje na escola?

- Foi ótimo mamãe, a professora disse que temos que ler um livro para fazer uma redação.

- Na volta do parque podemos comprar um pra você.

- E eu posso escolher o livro?

- Claro amor quando o papai voltar do trabalho nós vamos!

O passeio foi maravilhoso fazia muito tempo que Susana não se divertia desse jeito o que era muito bom, e Benjamim estava tão feliz aquele menino era tudo para ela.

Na livraria...

- Amorzinho ali fica os livros de criança dê uma olhada e escolha um bem legal.

- Promete que vai ler pra mim quando chegarmos em casa?

- É claro!

Depois de escolher alguns livros Robert foi mostrar a Susana.

- Homero e Hesíodo, Odisséia, Mitologia Nórdica, que porcaria de livros são esses Robert?

- Não são porcarias Su você sabe que eu adoro mitologia grega e romana, a senhora devia saber que isso é cultura já que é tão inteligente.

- Esses livros idiotas são para pessoas psicologicamente fracas e alienadas, pessoas inteligentes não vivem no mundo da lua.

- Nossa que mau humor acho melhor trocar esses livros por alguns romances!

- É melhor assim.

Benjamim veio correndo com um livro na mão e Susana pegou para ver.

- Hoje deve ser o meu dia! que lixo é esse Benjamim Pevensie Cooper?

- É Alice no país das maravilhas mãe, é uma história de uma menina que vai para um mundo...

- Eu conheço essa história Ben e francamente não sei o que esse lixo está fazendo em uma livraria desse porte - disse Susana com a voz alterada, pois esse era o livro preferido de Lúcia e ela não queria que Benjamim fosse pelo mesmo caminho da tia.

Robert se aproxima - Su abaixa a voz todo mundo está olhando! e qual é o problema do nosso filho ler uma história infantil?

- É mãe qual é o problema? todo mundo diz que esse livro é legal.

- Essas histórias deixam as pessoas tão loucas que elas deixam de acreditar na realidade para crer no impossível e eu não vou te perder como eu perdi a Lu, o Ed e o Pedro.

- Susana é melhor irmos embora, conversamos no carro.

No estacionamento...

- Filho vai comprar um sorvete vai!

- Papai eu posso comer dois?

- Tudo bem mas deixa espaço para pizza.

Ben se afastou.

- Susana que show foi aquele? você agiu como uma histérica.

- Desculpa Bob! mas você que eu não gosto dessas coisas eu quero que o Ben seja uma criança normal e foram essas histórias extraordinárias que me afastaram dos meus irmãos...

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Susana, logo agora que ela já estava superando sua perda.

- Meu anjo eu entendo que seja difícil pra você mas a morte de seus irmãos não tem nada a ver com isso e você não é a culpada pela morte deles.

- Sabe Bob  um dia antes deles morrerem eu tive uma briga muito feia com eles e até cheguei dar tapa na cara da Lucia.

Nessa hora as lágrimas desceram violentas violentas pela face de Susana.

- Bob eu me arrependo tanto de ter agredido a Lúcia ela não fez nada de mais, se eu soubesse que tudo mudaria drásticamente em tão pouco tempo teria sido a melhor  irmã do mundo!

- Nunca imaginei que as coisas chegariam a esse ponto.

- Vou te contar tudo quando chegarmos em casa!

- Certo, aí vem o Benjamim.

Na mansão Cooper...

- Agora tenho que fazer a lição de casa.

- Vai precisar de ajuda garotão?

- Não papai já sou muito esperto. Boa noite!

- Boa noite! e entãos Su não vai me contar como tudo aconteceu?

- Se eu te contar você vai pensar que na minha família todos somos malucos.

- É claro que não vou pensar isso e acredito em você.

- Quando éramos criança inventávamos muita coisa como toda criança normal. Desde pequenos nós éramos muito unidos. Lúcia era quem tinha a imaginação mais fértil por ser a menor, Ed brincava em campos de futebol imaginários, Pedro sempre fingia ser militar ele adorava essas coisas de guerra, eu sempre fingia ser uma princesa como qualquer criança dessa idade e Lúcia sempre inventava amigos imáginários. No começo eu gostava bastante disso era super divertido, mas os anos passaram e a coisa fugiu do controle nós já estavamos crescendo e já estava na hora de parar com essas brincadeiras infantis. Depois de uns tempos Ed e Lúcia tinham ido para casa de meu primo Estáquio enquanto eu viajava com meus pais. Quando eles voltaram depois de um certo tempo eu estava mudando e fiquei muito vaidosa, afinal já era uma moça e devia me portar como tal sei que fiquei meterialista demais até demais, porém isso não vem ao caso. O fato era que mesmo  depois de tanto tempo eles inventavam coisas fora do normal e com mais intensidade, e cada dia que passava eles ficavam mais loucos. Eu não dizia nada mas o que mais me admirava era o fato de Pedro ter 23 anos e ainda viver no mundo da fantasia, edmundo tinha 19 o que era um absurdo e eu suportei essa situação por um bom tempo.

- O que eles inventavam?

- Vou chegar nessa parte. Um dia eu estava em uma festa me divertindo com minhas amigas do colegial, começamos uma conversa bem animada falávamos de garotos, da escola, de roupas até que Lúcia chegou e disse pra todo mundo que o meu primeiro beijo foi com um príncipe de verdade e todo mundo caiu na gargalhada inclusive eu que nunca havia beijado ninguém. Aí em casa Lúcia voltou com essa história patética de novo.

- Por que riu daquele jeito?  Nárnia tem algo de engaçado? nós nunca mais falamos sobre isso você anda sempre ocupada.

- Nárnia? do que você está falando Lu? eu nem sei o que é isso.

- Para de brincadeira Susana, fala sério!

- Mas estou falando sério eu não sei o que é Nárnia, por acaso é algum livro ou uma peça de teatro?

- Não acho a menor graça em fingir que não sabe o que é Nárnia Susana. Você sabe muito bem o que Nárnia você foi rainha de lá! por que está tão estranha?

- Pare de me encher Lúcia eu já disse que não sei do que você tá falando. Não conheço nehuma porcaria chamada Nárnia!

- Eu não sei por que você está agindo dessa forma, mas é melhor não chamar Nárnia de porcaria nunca mais ou vai aborrecer Aslam!

- Deixa isso pra lá, eu não vou ficar nem um dia a mais no mesmo quarto que você.

- Você sabe muito bem que não tem outro quarto sobrando pra onde vai então?

- Eu não vou a lugar nenhum quem vai sair daqui é você. E eu sei muito bem por quê você está me aborrecendo desse jeito. É porque está com ciúmes.

- Ciúmes do quê?

- Lúcia você pensa que eu não sei que você gosta do Robert? Mas se acha que vai ficar com ele está muito enganada pois é de mim que ele gosta.

- Isso não é verdade! eu não gosto de ninguém.

- Você vai morrer sozinha porque ninguém gosta de criançinha que ainda por cima é maluca e mentirosa.

- O que? - disse Lúcia não acreditando na grosseria que acabara de ouvir. Você se esqueceu que em Nárnia todos os principes queriam se casar comigo? os únicos coitados que quiseram você foram Rabadash e Caspian, mas um era psicologicamente doente e o outro nunca tinha visto mulher por causa do tirano do tio dele.

- Não adianta arrumar namoradinhos imaginários Lúcia, isso aqui é o mundo real.

- Sabe Susana antes eu te admirava e queria ser igual a você, mas agora tenho vergonha de ser da mesma família que você e realmente é muito bom que Aslam não esteja aqui para ouvir você dizer essas coisas porque se eu estou decepcionada com você imagine ele.

- Estou tão ofendida Lúcia - disse Susana com desdem.

- Pelo menos eu não finjo uma maturidade que não existe e isso não jeito de tratar a rainha destemida!

- Pedoe-me majestade agora me lembro de tudo perfeitamente você é rainha sim, a rainha dos lunáticos. Você só inventou essa Márnia...

- É Nárnia.

- Esse troço aí, só para ridicularizar a família. E sabe de uma coisinha querida? eu sou a favorita da família, a que mais chama atenção nas festas e você é... você é feia pronto falei.

- Mentirosa todos dizem que eu sou linda.

- Por educação queridinha, aliás você é tão bobinha que ninguém quer te fazer chorar.

Lúcia ficou extremamente magoada.

- Você é muito cruel Susana! eu te odeio. - disse Lúcia chorando e saiu do quarto correndo.

- Sabe Robert depois daquilo nossa vida se resumiu a isso, eram brigas constantes e exaustivas o mesmo aconteceu com Pedro e Edmundo brigávamos todos os dias. Expulsei Lúcia do meu quarto com a desculpa da falta de privacidade e mamãe me apoiou, assim Lúcia foi para o quarto dos meninos. Até Eustáquio começou a me incomodar, me disse que tinha virado um dragão,pode uma coisa dessas? e não parava de falar de um rei que não lembro o nome agora.

- Nossa Susana eu não sabia que tinha sido tão intenso. Mas como vocês supostamente chegaram a Nárnia? eles disseram?

- Uma historinha mais ridícula explicava a outra, Pedro me disse que foi por um guarda roupa mágico na casa do professor Kirk, e eu perguntei a ele se esse guarda roupa poderia me arranjar um vestido mágico para ir no casamento da Raquel.

- Eles se aborreceram muito com isso não é verdade?

- Você nem sabe a que ponto chegamos. Como eu disse antes a coisa tinha ficado tão feia, que eu desejava que aquele dia nunca tivesse ocorrido. Pedro, Edmundo, Lúcia e eu travamos uma briga séria. Eu fiquei com tanta raiva que dei um tapa bem forte no rosto da Lu. Aí Robert eu nunca tinha visto tanta mágoa nos olhos de Lúcia, na verdade eu nunca vi a Lúcia com mágoa de alguém. Edmundo se enfureceu e disse que era melhor eu esquecer que era irmã dele. E Pedro disse que não esperava aquilo de mim e que estava muito decepcionado...

Susana chorou como no dia em que descobriu que sua família havia morrido.

- Shiiiii se acalme meu amor não precisa falar mais nada eu sei que dói.

- Tudo bem é melhor eu desabafar tudo de uma vez. Antes de bater nela o que eu disse foi horrível - continuou ela sem parar de chorar, e Robert pensou que ela ia secar se continuasse chorando desse jeito.

- Bob, Susana disse soluçando, eu desejei... eu desejei a morte deles. Depois de dizer isso ela abraçou Robert com força.

- Por isso eu sinto tanto remorso, eu disse que eles não fariam a menor falta e que papai e mamãe só precisavam de mim. Se eu não tivesse dito aquilo agora eles estariam aqui comigo. Agora só há um membro da família Pevensie como eu disse Bob. Mas eu estava com muita raiva, eu juro que não era a minha intenção... - seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, aquele olhar doía tanto que se Caspian estivesse ali não suportaria ver sua amada daquele jeito.

- Sabe de uma coisa Robert? eu só estou cohendo o que eu plantei, fiz os últimos  dias   dos meus irmãos virarem um inferno. Talvez eu não pudesse impedir que eles se fossem mas ao menos poderíamos ter ficado em paz. Por que eu não morri com eles Bob?

- Por Deus Susana não diga uma coisa dessas!

- Na manhã seguinte me senti mal e resolvi que pediria desculpas e mamãe disse que eles tinham ido passear e eu decidi esperar o regresso pois fui muito grosseira no dia anterior.

Meus pais tinham uma viagem marcada naquela tarde e ao meio dia já estavam prontos para sair, foi aí que eu me despedi e sem razão alguma mamãe chorou , perguntei se ela se sentia mal e ela disse que não era nada. Robert eles me abraçaram de uma forma tão diferente nossa despedida foi longa, eu sentia algo estranho dentro de mim como um mau pressentimento. Eu não queria que eles se fossem e quando percebi estava chorando, pedi que eles voltassem logo e disse que sentiria muita falta deles e acertei. Papai disse que me amava e eles se foram para nunca mais voltar.

Meus irmãos deveriam voltar no máximo ás duas horas da tarde, então resolvi que faria uma surpresa, fui ao mercado e comprei ingredientes para fazer o almoço perfeito, fiz a mesa mais bonita do que nunca, coloquei as coisas de Lúcia de volta no meu quarto e comprei um presente para cada um embrulhei e espereique eles voltassem. Aqueles dias seriam os melhores da vida deles e eu faria de tudo para que fosse. Mas eles não regressaram, então me cansei comi sozinha e quando terminei fui lavar a louça vi que já eram cinco horas e nem percebi que as horas haviam passado tão depressa. Mas as duas e meia da tarde enquanto eu esperava eles de repente a nossa foto de nós quatro na estação de trem caiu no chão e se quebrou, eu fiquei toda arrepiada nem vento tinha então limpei tudo e coloquei a foto em outra moldura. Ás cinco da tarde ouvi alguém bater na porta: ´´É aqui que mora a senhorita Pevensie?´´quando vi que era um policial fiquei tonta, tudo o que eu disse no dia anterior se passou na minha cabeça: ´´ Eu quero que vocês morram, morram, morram, orram, ram´´ O eco soou em meus ouvidos. Eu gelei quando o policial Reynald confirmou o que meu coração já sabia...

- Su eu nem sei o que te dizer, quem sabe se isso que seus irmãos falaram sobre Nárnia seja verdade...

- Por favor Robert será que a loucura dos meus irmãos te contagiaram.

- Sinto muito mesmo queria ter te ajudado mais, ter amenizado a sua dor eu me sinto tão impotente diante dessa situação.

- Que isso Bob você me ajudou e muito, se não fosse você eu não sei o que seria de mim.

Benjamim entra na sala e interrompe os dois.

- Mãe eu já terminei a lição, pai você pode me ajudar a tomar banho? a mamãe não porque ela é menina e eu sou um rapazinho.

- Tudo bem pra você Su?

- Claro podem ir.

- Já vai dormir?

- Não vou ouvir um pouco de música, vai me fazer bem.

Ela mexeu nos discos antigos e escolheu um, deitou-se no sofá e ficou olhando para foto que se quebrou naquele dia terrível enquanto ouvia um trecho da música que a fazia pensar neles o tempo todo.

Meu Amor/Os Thomés

http://www.youtube.com/watch?v=IMr84LeVnmo