Silent Hill - Shadows Of The Past. escrita por Milley


Capítulo 1
Recomeço




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Uma pequena camada de gelo cobria os fundos dos apartamentos Wood Side; a neve decidira deixar de cair aquele dia e o sol tentava iluminar timidamente a manhã. Uma jovem loira, na sacada, olhava entediada para a área externa do prédio enquanto tomava uma xícara de café. Estava suja e mal cuidada, com entulhos e ervas - daninhas. Do outro lado podia ver alguns moradores em seus apartamentos; notou o morador do 208, conhecido pela sua excentricidade, mexendo em alguma coisa impossível de se observar pela janela. Ao perceber que estava sendo observado pela jovem, fechou a cortina com um olhar de censura. Ela sorriu, saindo da sacada. Depois de colocar a xícara de café vazia na bancada da cozinha caminhou até o banheiro para conseguir despertar completamente do sono.

Emily Sibley havia acabado de se mudar para Wood Side, mais precisamente para o apartamento 212 no fim de um longo corredor escuro, como a própria havia dito ao ver o local pela primeira vez. Com vinte três anos fugira de Chicago, de dívidas, golpes e de um namorado abusivo. Para os habitantes de Silent Hill era somente uma jovem em busca dos ares de uma cidade menor. Afinal de contas, a cidade à beira do Lago Toluca, era conhecida pelo seu lado turístico. Ali, pelo menos, ela teria uma nova chance longe da prisão e de dores de cabeça.

A nova residente não passou despercebida pelos antigos habitantes da cidade. Já corria pela cidade do interior do Maine que uma jovem loira e atraente, com olhos acinzentados, chegara à cidade há pouco mais de um mês com um belo Mustang preto. Ainda não fizera amizade com ninguém, exceto alguns vizinhos de prédio que pareciam muito solícitos em ajudá-la. De qualquer modo, Emily parecia aliviada em recomeçar sua vida e esperava realmente que estivesse longe dos fantasmas do passado.

Após sair do banho e trocar seu pijama por uma roupa que a protegesse do frio de fora, caminhou até a mesa da sala olhando para um pedaço de papel com algumas contas de extrato bancário. Precisava encontrar um emprego para se ocupar naquele lugar, apesar de possuir dinheiro suficiente para sobreviver por alguns meses sem precisar trabalhar "honestamente"; dinheiro ainda fruto de sua vida passada. Bufou jogando o papel na mesa novamente e pegando a chave do carro da mesa saiu de seu apartamento em direção à garagem.

O velho Wood Side... Emily chegara até um dos portões da garagem pela porta da frente e já reclamava ao tentar abrir o metal enferrujado. Ela podia comprar coisa melhor, mas nada como ser discreta em uma cidade como aquela.

- Maldição... – reclamou fazendo força com a mão.

- Precisa de uma mão? – um homem aparentando mais de trinta anos apareceu ao lado de Emily, sorrindo simpaticamente. Estava com a barba por fazer e parecia não dormir a um bom tempo, mas mesmo assim possuía um ar jovial.

Juntos abriram a porta da garagem.

- Você é a moradora nova, não é? Sou Joseph Barkin.

- Sim, Emily Sibley. Parece que todo mundo já me conhece – Emily disse em um tom irônico que aparentemente pareceu não ser entendido por Barkin que meramente riu do comentário.

- De onde você veio?

- Chicago.

- Você está longe!

- Não há nada lá pra visitar – Emily disse parando na porta de seu carro. – De qualquer modo, prazer em conhecê-lo.

O homem sorriu acenando com a mão, antes de sumir por trás de alguns carros. Emily entrou no Mustang e parou o carro na entrada do prédio para olhar o mapa da cidade de Silent Hill. A cidade era divida em: Vale sul, onde estava, e Distrito de Paleville, do outro lado do lago. Pensou em procurar emprego mais perto de sua casa, mas então se lembrou da simpática dona de um bar do outro lado, na região turística da cidade, que disse que poderia ajudá-la se quisesse. Olhou no mapa para localizar melhor o lugar. Não se lembrava do nome, mas sabia que era próximo de uma grande fonte. Ligou o carro e dirigiu até o local, chegando à área turística pela ampla Rua Sandford. Diminuiu a velocidade ao encontrar o que desejava: Annie's Bar. Parou o carro num estacionamento logo em frente ao bar que já estava aberto para o almoço e era possível ouvir o barulho de várias pessoas em seu interior.

O bar era aconchegante. Havia um típico balcão de madeira e várias garrafas em exibição na parede. A dona do bar, Annie, uma mulher com mais de quarenta anos, cabelos tingidos de loiro e de ar agradável, estava conversando animada com uma jovem atraente de longos cabelos escuros. Havia um homem bebendo na direção oposta, enquanto no fundo do bar diversas mesas de sinuca eram ocupadas por homens e mulheres.

Emily se sentou no balcão sendo observada pelo homem que bebia e a jovem que parara de conversar com Annie quando esta foi atendê-la.

- O que vai querer, querida?

- Pela hora do dia... Só uma xícara de café. Não é dia pra sair embriagada de um bar.

Annie riu para a jovem.

- Gostando da cidade? – perguntou enquanto trazia a xícara.

- Sim, agradável. Bem, eu não cheguei numa época boa. Esse frio todo...

- Deve estar sendo uma mudança e tanto! Ela veio de Chicago, Maria! – Annie disse para a jovem que agora se sentada na cadeira ao lado de Emily para puxar conversa. Era muito bonita. Morena, com cabelos na altura do ombro, maquiagem carregada nos olhos castanhos e roupa provocante.

- Oh! Você saiu daquela cidade para vir parar nesse buraco? – Maria perguntou intrigada.

- Bem, Chicago não é tudo isso... – Emily falou rindo. – De qualquer modo, eu preciso encontrar um emprego aqui. Mas parece que nessa época as coisas ficam meio paradas, não é mesmo?

Annie concordou com a cabeça dizendo:

- Emily, talvez eu possa ajudá-la. Por que não aparece aqui no final de semana? Eu posso ter falado com algumas pessoas... Aqui não é tão difícil como na cidade grande, além de ter gostado da sua cara! – falou piscando para Emily.

- Pelo menos morar em uma cidade pequena tem seus pontos positivos – Emily sorriu terminando de beber o café. – Bem, vou indo nessa. Ainda tem coisas que preciso arrumar. Obrigada, Annie.

Sorriu para a mulher e se despediu de Maria, antes de caminhar de volta para seu carro. Assim que o abriu ouviu a voz conhecida da jovem atraente atrás de si:

- Ei! Você vai para onde?

- Casa... No vale.

- Você poderia me dar uma carona?

- Claro. Entra aí – Emily acenou para a garota, entrando no carro logo em seguida.

Uma vez que Emily voltou à Rodovia Bachman, Maria começou a falar:

- Então... Você está procurando emprego?

Emily concordou a cabeça enquanto dirigia com atenção nas ruas escorregadiças pela neve.

- O que fazia em Chicago? Talvez eu possa ajudá-la antes de Annie – Maria apressou-se a dizer antes que a mulher pensasse que estava somente curiosa com sua vida.

- Bem, eu fazia alguns bicos em diversos lugares. Nada que durasse muito tempo. Trabalhei em bares, boates e até numa livraria, mas esse durou pouco.

- Boate? Eu trabalho em uma. Não sei se ouviu falar: Heavens' Night.

- Eu acho que vi o outdoor... E alguns pôsteres no apartamento que eu comprei. O cara deveria ir lá sempre. Mas parecia uma boate de...

- Strippers – Maria apressou-se a dizer. – Bem,eu vejo mais como boate de dançarinas e uma boa companhia. Nós somos conhecidos até fora de Silent Hill. Varias pessoas de Ashfield e Brahms vem até aqui.

- Oh... E você está dizendo que eu poderia trabalhar lá?

- Uma das garotas saiu da cidade. Conheceu um cara rico e foi embora. Estamos em falta... Faturamos bastante, se o problema for dinheiro. E, estou falando porque conheço o chefe, ele iria adorar você. O perfil perfeito para a boate. O perfil que estava faltando.

Emily ficou calada por algum tempo lembrando-se de Chicago. Um dos empregos que teve para conseguir aplicar um golpe era exatamente como dançarina. Não que pensasse em repetir isso em Silent Hill, mas pensando bem, até que gostava daquilo.

Ela sorriu.

- Isso me fez lembrar um dos últimos empregos que eu tive.

- Então você é familiarizada com a rotina?

- A não ser que tenha mudado algo desde que sai de Chicago.

Maria sorriu animada e ao perceber que haviam entrado no Vale, disse:

- Você pode me deixar ali no boliche. Eu vou a pé até minha casa.

- Onde você mora?

- Perto do Happy Burger, mas eu não vou pra lá agora. Preciso resolver umas coisinhas antes.

- Você que sabe.

Emily parava o carro na frente do boliche enquanto Maria continuou:

- Então você aceita uma entrevista?

- O que eu tenho a perder. Não que eu vá aceitar, mas posso conversar.

Maria sorriu dizendo:

- Você já sabe onde é. Apareça antes das nove da noite, ainda essa semana. O chefe se chama Luca.

- Certo...

Já na rua, a jovem disse piscando.

- Te vejo um disse desses, Emily.

Emily sorriu de volta, voltando para a rua, em direção ao seu apartamento. Continuava sorrindo, dessa vez pensando que o seu passado parecia querer preso à ela de toda forma.

- Nem para negar e encontrar algo diferente, ehn Emily? – repreendeu a si mesma olhando no espelho do carro. Certas coisas pareciam não ter conserto, pensou. Não havia como mudar quem era...


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