- Gnomos, cadê os meus biscoitos? E um leite quente também. Está excepcionalmente frio nessa época do ano.

Quando os pequenos colocaram a xícara e o prato na mesa diante de Noel, a porta de seu escritório se abriu, forte.

- Norte. – Disse Coelhão em um tom sério. – Eu encontrei.

Noel então o observou sério e se dirigiu aos seus pequenos ajudantes.

- Vocês podem me dar licença, por favor?

Um deles, parecendo indignado com tal pedido pegou o prato de cookies, mostrando a língua para Norte, e saiu da sala.

- Pelo menos deixaram o leite. – Pensou alto Coelhão. Um gnomo então virou todo o copo na boca e se dirigiu para porta. – Ou não deixaram.

- Gnomos...! – Exclamou bravo Norte. Eles apenas fecharam a porta assustados. – Certo. – Voltou seu olhar para coelho na sua frente - Quero vê-la.

- Está aqui. – Disse Coelhão entregando uma grande caixa de madeira. – Eu não quis abrir. Além do que, isso é uma decisão sua. Você tem certeza de que quer fazer isso?

- Sim. –Norte olhou para o homem na Lua, que brilhava no céu. – Está mais fácil agora.  

Com seu bumerangue, Coelhão quebrou o cadeado que prendia a caixa. Havia alguns itens lá dentro. Eram esses: um rolinho de lã, algum tipo de crochê, um livro de receitas e uma carta.

 Norte pegou o livro e começou a folheá-lo. Já na primeira página exclamou:

- Aqui! Sabia que eu poderia comer esse chocotone novamente! Uma massa macia com um tipo de recheio de chocolate que preenche por dentro. Não é qualquer chocolate Coelhão. Sim, o chocolate.  E depois disso tudo, uma cobertura com nozes, morango e...

- Mais chocolate. – Finalizou o coelho, observando com certa tristeza o amigo. – Eu lembro. Eu comi.

- Mas claro que sim! Era sempre feito, porque e... – Norte de repente parou de falar. Como se lembrasse. Uma gota de lágrima escorreu pelo seu rosto. Seus olhos se fixaram na carta.

- Agora, Coelhão, segure isso daqui. – Disse Norte entregando o livro de receitas. – Escolha uma e dê para os gnomos fazer, está bem? Ou os Yetis, se você quiser mais segurança. Eu... Preciso fazer isso sozinho.

- Tem certeza?

- Absoluta. – Ele respondeu então, ouvindo o som da sua porta bater novamente. Pegou a carta e começou a lê-la.

- Ah... Pare de ser metido Jack Frost! – Gritou a Fada rindo.

- Eu apenas conto com a realidade. Ei pare de voar! Onde você está me levando?

A Fada olhou para ele com um sorriso.

- Aqui mesmo. – Ela disse. Jack então olhou para baixo. Ele viu uma pirâmide.

- Porque você me trouxe ao Egito? – Perguntou Jack, confuso.

- Por que... Eu amo o Egito. E, eu quero te contar uma história. Que, aliás, o dono dela permitiu. – Jack levantou as sobrancelhas. – Não é nada perigoso. Apenas escute.

“Está vendo essa pirâmide? Ela foi explorada há algum tempo atrás. Tutancâmon, o jovem rei, foi enterrado aqui. Já ouviu a história?” Jack fez que não. “ Bem, ele não é o nosso centro de atenções, em todo caso. Havia aqui perto uma pequena vila que cercava um Oasis. Era perfeita. Sem ladrões. Sem doenças. Foi uma criança nascida em 1485 que mudou a rotineira vila. Ela tinha, como diziam na época, uma deformidade. As pessoas da vila queriam sacrificá-lo. Mas mesmo com essa pressão, a mãe conseguiu criar seu filho.  Mesmo que preso. No seu pequeno quarto, ele criava grandes história. Eram tantas que se fosse escrever um livro de cada uma... Mas um dia ele fugiu, lá por 1500. E encontrou essa pirâmide.”

Fada parou para respirar. Jack ouvia com interesse a história, mesmo não tendo a menor ideia de onde iria chegar. A Fada então continuou:

- Ele nunca tinha visto nada igual. Quis subir, escalar. Era uma boa pessoa. Subiu ao topo. – A Fada parou de novo. Tentava decifrar os pensamentos de Frost, mas não conseguia.

 - E então? – Perguntou Jack, após um tempo em silêncio.

- Ele caiu. – Disse a Fada simplesmente.

- Mas... - Jack olhou para Fada, confuso.

- E virou um guardião. – Terminou a Fada. Frost olhou surpreso para ela. De todos os finais de história, ele nunca pensaria nesse.

- Só que... Tá, mas qual era a sua deformidade? – Perguntou curioso.

A Fada deu um sorriso fraco e respondeu:

- Ele era mudo.