39 escrita por SebbyKitten, Norden


Capítulo 4
Capítulo 4 - Hey Mickey


Notas iniciais do capítulo

WE ARE BACK somos lentos e sei lá não temos responsabilidade com a vida. Mas estamos aqui



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Kaito havia chegado a casa rapidamente após a escola, a mochila leve em suas costas por perceber, no meio do terceiro tempo, que havia esquecido metade do material do dia. Não era a pessoa mais ligada do mundo, mas disso todo mundo já sabia. Pegara alguns materiais emprestados de sua amiga Luka, quem, como ele, dividia uma paixão por tingir o cabelo.

Pensando sobre isso, parara em frente ao espelho da sala de estar, mexendo no cabelo com os dedos. Suas raízes pretas já estavam começando a aparecer, o azul desbotando levemente. Ele teria que descolorir de novo? Esperava que não, o produto estragava bastante o seu cabelo. Poderiam o considerar meio viado por causa disso, mas o garoto era um tanto vaidoso, o quanto a sua distração o permitia. E, a verdade verdadeira, era que realmente era gay.

Nunca escondera isso de ninguém, incluindo da mãe, só não saía espalhando esse fato aos quatro ventos. Preferia se manter na sua, falando para quem fosse mais próximo e para quem o perguntasse. Nunca sofrera nenhum tipo de preconceito, talvez por ser incrivelmente alto e um tanto forte, e ninguém ter a coragem de mexer com ele. Mas sabia que, se algum dia viesse a ser mal tratado, responderia com um rosto triste. Era sensível, mesmo em meio a todas as suas brincadeiras e sorrisos, mesmo em meio a sua altura. Não gostava de machucar ninguém, e esperava ser tratado igualmente bem. Era um pouco ingênuo, sim, mas fora criado assim: por uma mãe boa e honesta, respeitável e carinhosa. Talvez fosse por isso que fazia amizades facilmente, e sempre estava rodeado de pessoas. Seus melhores amigos, porém, eram quase todas mulheres, exatamente porque era tão sensível e dócil. As garotas o acolhiam como um filhotinho de bulldog, o incluindo em todas as conversas. Não era de seu feitio ficar falando de garotos, talvez por gostar mais de vir a conhecer as pessoas que ficar falando de sua aparência, talvez por ser seme, mas não se proibia de admirar alguns meninos com suas amigas.

E, falando em meninos, havia um em especial que havia chamado a sua atenção. Um loiro de olhos cristalinos, com um rosto delicado e infantil. Len, era o nome dele, e o mesmo falava com uma voz fina e acelerada. Havia o conhecido apenas mais cedo naquele mesmo dia, porém já se via levemente interessado em seu rosto bonito e suas palavras animadas.

O que, ao seu ver, ela completamente errado, a partir do momento que o menino era quatro anos mais novo que si. Talvez o chamassem de puritano, mas em sua idade essa diferença parecia enorme. Quando se vai ficando mais velho, cada vez mais as diferenças de idade não tem nenhum efeito sobre as relações – seus avós, por exemplo, tinham treze anos de diferença entre si, e isso não lhe era nenhum problema – porém ali, naquele momento, não lhe parecia certo. E outra verdade era que tinha um certo receio.

Já não era mais virgem, e não tinha vergonha de assumir que amava sexo. Afinal, é um tipo de relação saudável, e ele sempre tomara todas as precauções necessárias, além de já ter dezoito anos. Porém, tinha quase certeza que Len era virgem, e se sentiria culpado de ter relações com um garoto tão novo. Mas precisava ter relações sexuais, pois seu libido era como de qualquer outro adolescente: estupidamente alto.

Largou a mochila sobre o sofá, percebendo ter passado tempo até demais encarando o espelho, perdido demais em seus próprios pensamentos para realmente enxergar alguma coisa. Se sentou, batendo a mão contra o rosto magro. Seus pensamentos haviam se tornado quase fúteis, com o que realmente havia gostado da presença do menino. Quer dizer, talvez esse nem gostasse de caras. O fato de parecer muito com uma garota não queria dizer nada, o menino não sendo capaz de mandar em seu próprio DNA, e ele estava estereotipando demais a própria sexualidade.

Mas, mesmo com essa incerteza, gostaria de ligar para ele agora, marcar um horário para saírem juntos. O loiro havia, afinal, se mostrado animado para encontrar Kaito outras vezes, uma vez que descobrira que os dois moravam próximos um ao outro. Se lembrara, porém, que havia dado seu número a ele, mas não pedira o celular do mais novo de volta. Então, se contentara a agir como uma menina de dezesseis anos, tirando os sapatos e se ajeitando no sofá com perninhas de índio, pegando o celular da mochila e começando a jogar um joguinho qualquer, esperando pela ligação. Vez ou outra checava o twitter, de vez em quando checava as ligações, com a desculpa de que talvez fosse apenas muito avoado para perceber que alguém o ligara.

Acabara por desistir, se contentando a deixar o celular carregando na tomada e ir tomar um merecido e gelado banho. Tinha algo por coisas geladas, desde bebida e comida até corpos. Gostava do abraço do frio, sempre tão súbito e calmo, como mãos magras que acariciavam seu rosto. Levantou-se em um suspiro cansado, arrastando as pernas pela sala de estar, no fundo de seu estômago desejando que o celular tocasse bem quando ele havia fingido desistir.

E, quase como telepatia, o seu toque Hey Mickey estourou pelo cômodo pequeno, fazendo o garoto de cabelo pintado correr a curta distância até o sofá com a respiração presa na garganta. Odiava como ele parecia uma garotinha de quinze anos ao fazer isso, mas ele estava realmente frustrado e havia gostado muito da companhia do loiro. Limpou a garganta antes de atender, se compondo para não passar em sua voz que ele estava esperando pela ligação. De verdade, talvez nem fosse Len, com o que não havia pegado o celular do menino e a chamada era apenas de alguns números aleatórios.

– Oi? - falou, com um tom mais grosso que o normal, como se aquilo fosse ajudá-lo em algo. Bateu a mão contra a testa, apenas voltando a respirar fundo e ouvir a voz que estava do outro lado da linha.

A voz doce e quase infantil que era estranhamente fina para a de um garoto.

Kaito?” O mais velho assentiu, se esquecendo de que o pequeno não conseguia o ver. Balançou a cabeça, respondendo com a voz mais acelerada do que desejava – Len, é você! - sim, era ele, e isso era um alívio.

Eu liguei muito cedo?” O veterano diria que ele ligou até tarde demais, mas não queria deixar isso transparecer. Apenas fez um som engraçado, mostrando que tanto fazia para ele, quando as coisas não realmente funcionavam desse jeito – Relaxa, cara, eu tava aqui de bobeira na minha casa. To sozinho e tals – disse, e só após terminar a frase que se encheu de culpa por deixar algo, no mínimo, insinuante, escapar por seus lábios enquanto falando com o loiro. Talvez fosse só a sua cabeça surtando, com o que o comentário não realmente queria dizer nada, apenas se transformando em frente aos olhos de alguém que realmente ansiasse por isso.

– Quer dizer – limpou a garganta novamente – Eu disse que podia ligar a qualquer hora – falou, se recompondo e voltando a ficar um pouco mais calmo. A voz melódica do mais novo continuou a falar do outro lado da linha, as respostas curtas e bobas de Kaito sempre vindo com um riso. Falaram por algo que pareceu se estender em horas, se perdendo nas palavras divertidas e aprendendo um pouco mais sobre um ao outro. Viera a saber que o pequeno amava cantar, era um pouco nerd e falava ainda mais do que ele esperava. Também tinha um pavio bastante curto, o que divertia o mais velho.

Acabaram por desligar o telefone apenas quando os dois já estavam caindo de sono e, com o que a mãe de Kaito chegou a casa, ela o colocou no banho e depois o deitou e cobriu para que ele dormisse.


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Notas finais do capítulo

tão fofos e tão preciosos eu sofro profundamente
nos amem por favor



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