A Distância De Um Beijo escrita por ThiagoRocha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo postado.
Obrigado a todos que leram e comentaram..
Espero que gostem. Boa Leitura.
^.^



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Capítulo II


POV Gil


Os primeiros raios de sol atravessam minha janela e eu me senti importunado a acordar. Havia passado a madrugada em claro, com aquela possibilidade martelando na minha cabeça, as fundas olheiras que se alojavam abaixo dos meus olhos eram a prova disto.

Assim, que despertei tomei um banho e me dirigi até a cozinha, onde numa tigela preparei um pouco de cereal com leite. Em seguida, sentei no sofá e liguei a TV, esperando que estivesse passando algo de bom para que eu pudesse prender a atenção e esquecer-se dos pensamentos, mas só tinha um desenho bobo passando.

Não se passou muito tempo até minha mãe aparecer na sala trajando roupas e sapatos de corrida.

— Ué, madrugou meu filho — ela parecia surpresa com o fato de eu estar acordado —Dormiu bem?

— Uhum — eu precisava ser monossilábico se quisesse que ela não fizesse nenhum questionamento.

— Eu to indo correr. E depois vou almoçar com a Isabella. Ok?

— Tá.

— Tem certeza? Não vai me perguntar com quem eu vou correr? Se eu vou demorar? Esse tipo de pergunta de filho ciumento?

— Não.

—Então tá. Bom dia, meu filho — ela beijou minha bochecha.

— Idem.

E assim ela se foi.

Fim POV Gil.




Lia e Dinho estavam navegando no barco de Rômulo, que gentilmente convidou toda a família para passar um dia em alto mar. Dinho parecia extasiado com a sensação de liberdade que a brisa e o barulho do mar o faziam sentir. Lia parecia igualmente animada, mas não chegava a possuir o brilho nos olhos que o garoto tinha.


— Tá sentindo isso, Lia?

— Agora, eu percebo por que você sonha em viajar o mundo. É incrível como essa situação de liberdade faz bem. É como se o mundo girasse ao seu redor e nada mais importasse, apenas o agora.

— É, mas esse tipo de coisa pode ser compartilhada também né? — Dinho sorriu.

— O que é isso? É um convite Sr. Adriano — a garota brincou.

— Claro que é marrentinha — Dinho puxou-a para um abraço — Pensa nisso. Vai ser incrível! Topa?

— Como assim, Dinho? E a escola, nossos pais e as outras coisas?

— Calma, Lia — o garoto falou animadamente — A nossa viagem pelo mundo a gente deixa pra quando nos formamos. Eu to te convidando pra gente viajar nas férias, sei lá, nada muito tão distante. Eu já até conversei com o Rômulo e ele disse que vai para Paraty nas férias. Nós poderíamos ir com ele. Que tal?

— Sendo assim, fechado — ela beijou Dinho.

Do outro lado do barco, Tatá debochava de Lia e Dinho que ficaram um pouco vermelhos com a situação.

— Lia vem almoçar — a garotinha gritou animada.




POV Gil


— Não adianta, Fatinha. Você não precisa mudar pra tentar conquistar o meu irmão. Eu fiz isso quando estava com o Dinho e você viu no que deu. —Ju estava no sofá conversando com a Fatinha.

— Ju, eu posso ser quem eu quiser…

— Licença, a porta tava aberta… — interrompi antes que elas me vissem e achassem que eu estava bisbilhotando.

— Nada, Gil. Entra. — Ju sorriu.

— Awn. Que bonitinho, os dois cornos juntos. — a loira falou maliciosamente.

— Sério, garota? Você vem pedir a minha ajuda e ainda tira uma com a minha cara. — Ju parecia irritada.

De certa forma eu também fiquei irritado, mesmo não tendo namorado com a Lia de verdade, era assim que as pessoas da escola rotulavam eu e a Ju : como os “cornos”, “traídos” e etc. Os que sabiam de toda verdade na escola eram apenas nos quatro. E ainda fico me perguntando como a Ju se sentiu e como se sente com essa história. Ela se mostrou muito forte e acho que aos poucos ela tem conseguido esquecer e superar.

— Desculpa. — a garota tentou se redimir — É que eu falo sem pensar, ás vezes.

— Tá!

— Eu vou indo. Tchau, Ju. — ela passou por mim — Tchau, Gil.

Assim, que a Fatinha saiu eu me sentei no sofá e questionei a Ju.

— O que foi isso?

— A maluca da Fatinha quer que eu a ajude a conquistar meu irmão. Dá pra acreditar nisso? Vendo agora toda a situação de fora eu percebi como fui idiota de tentar fingir ser uma pessoa que eu não era.

— Sério, eu não sei o que vocês duas viram no Dinho. A ponto de você fingir ser uma pessoa totalmente diferente de você. —eu desabafei.

— Nem eu sei. Coisas do coração. Me sinto uma bobona.

— Não fala isso Ju. Você é uma garota incrível, e com certeza vai encontrar alguém que goste de você do seu jeito.

— Gil, você não existe. Eu não sei o que seria de mim nessa fase sem você — ela segurou a minha mão — Brigada, viu?

— Por nada. Você tem me feito muito bem também.

Ficamos nos encarando por um tempo. Olhando-nos fixamente e sentindo uma proximidade que não havíamos sentido até aquele momento. Uma proximidade que era física também, tanto que podíamos sentir a respiração um do outro.

— Hum. Então, Gil. — ela pigarreou e se afastou — Qual é o intuito da sua visita?

— Eu, Eu … vim te ajudar com o blog, esqueceu —eu sorri.

—Ah, verdade eu tinha esquecido — ela levantou, segurou minha mão e me arrastou até o seu quarto — Vamos.

Passamos a tarde preparando o post do blog da Ju, e a noite ela convidou-me para ir à praça participar de uma ação do CRAU, grupo do Bruno — irmão dela — e dos seus amigos de faculdade. Eles haviam montado uma estrutura para fazer um vídeo das pessoas dizendo como eles achavam que as pessoas ao seu redor lhe rotulavam e no final cada um dizia que era mais que um rótulo. Estava tudo indo bem até o momento em que a Fatinha decidiu participar e gerou um clima estranho entre ela, o Bruno e a Rita.

Bruno foi atrás de Rita para tentar se explicar e o resto da galera ficou meio sem entender o que havia acontecido. Assim que Rafa e Morgana se despediram da gente Bruno voltou com uma cara de poucos amigos.

— Teu irmão não tá muito bem não, né? — eu me levantei e fiquei em frente à Ju.

— É. Eu to vendo. Quero conversar com ele, sabe? Tirar essa história a limpo. — ela estava indo embora — Eu vou lá falar com ele.

— Pera aí, Ju — eu segurei seu braço e ela ficou de frente pra mim — Brigado pelo final de semana sua romântica e fútil — eu sorri.

—Brigada você — ela riu e revirou os olhos — Seu pixador mal-humorado.

— Eu devia ter falado curioso também — assim que as palavras saíram da minha boca eu me arrependi.

— Ah é por quê?

— Por que agora, por exemplo, eu to curioso — eu estava dizendo as coisas por impulso. Não estava pensando nas conseqüências, apenas tomando coragem e fazendo o que eu tinha vontade.

— Curioso com que? — ela fez uma cara muito fofa.

— Ju, acredita em amizade entre homens e mulheres?

— Acredito. Claro que acredito — ela continuou — Por exemplo eu e você, a Morgana e o Rafa…

— Sim. Mas eles começaram a namorar — eu disse e ela ficou confusa com o rumo da conversa — Minha mãe disse que sempre chega uma hora que pinta uma curiosidade, uma dúvida…

— Por isso que disse que é curioso? — parece que só agora eu me alertava pro fato dela ser tão linda.

Na minha cabeça as coisas estavam muito confusas, alguns pensamentos pairavam, tipo: “Vai beija ela”, “Não, você vai estragar tudo”, “Não, você tá confundindo as coisas”, ‘’Ela é uma garota incrível, talvez com o tempo você se apaixone por ela” e os mais diversos e estranhos possíveis.

— Não. Foi por isso — e num átimo eu puxei-a para um beijo.

Nossos lábios se encontraram e ela retribui o beijo, e não quero parar porque naquele momento sinto que de alguma forma nos estávamos esquecendo tudo e de todos. Esquecendo as mágoas e sofrimento que outros nos fizeram passar. Como se tivéssemos parado no tempo e aquele momento pudesse durar pra sempre.

O beijo continuou suave e gentil, meu braço enlaçava a sua cintura e ela passou os braços pelo meu pescoço e a mão dela começou acariciar o cabelo da minha nuca, nossos corações martelando um ritmo irregular e desarticulado enquanto nossas respirações transformavam-se num arquejo e meus dedos moviam-se cobiçosos até seu rosto.

Até que os nossos lábios se separaram.

— Gil — ela suspirou — me pegou de surpresa.

— Eu só te roubei um beijo, Ju. Só isso.

— E o que isso significa para você?

— Que você é linda — eu preferi ser sincero —Que me deu vontade. Fiquei curioso. E eu gostei. Muito.

—É. Eu não sei o que te falar — ela sorriu —A gente é amigo, né?

Nós dois estávamos envergonhados e embaraçados com a situação.

— Continua sendo — por um momento fiquei com medo de ter estragado a nossa amizade — Você ficou chateada?

— Não, claro que não. — eu fiquei aliviado — Mas, sabe eu não quero que você ache que eu posso…

— Ju, ju.. — interrompi antes que ela tentasse se explicar — Relaxa, sério. Não mudou nada entre a gente. Só me deu vontade.

— Então, a gente se vê amanhã na aula. Beleza? — ela sorriu.

— Beleza. quer que eu te ajude com o blog amanhã?

— Se não for atrapalhar eu quero sim— ela riu e instantaneamente também sorri — Então tá. Tchau.

— Tchau — eu me despedi.

E assim ela foi embora, sem mesmo ter falado com o seu irmão.




“Quando à corte silente do pensar

Eu convoco as lembranças do passado,

Suspiro pelo que ontem fui buscar,

Chorando o tempo já desperdiçado,

Afogo olhar em lágrima, tão rara,

Por amigos que a morte anoiteceu;

Pranteio dor que o amor já superara,

Deplorando o que desapareceu.

Posso então lastimar o erro esquecido,

E de tais penas recontar as sagas,

Chorando o já chorado e já sofrido,

Tornando a pagar contas todas pagas.

Mas, amigo, se em ti penso um momento,

Vão-se as perdas e acaba o sofrimento.”

William Shakespeare



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Notas finais do capítulo

Espero demorar menos para postar o próximo.
Feliz Natal a todos! *.*