Pov Katniss

– Vambora meu povo!- grito do carro enquanto buzino.

– Devia parar de buzinar e vim ajudar com as malas!- diz Gale enquanto faz um pouco de esforço para colocar uma mala de Mad no porta malas.

– Não sei pra quê tanta coisa, só vamos passar hoje e amanhã lá...- diz Clove entrando no banco de carona.

– Pronto! - anuncia Daniel fechando o porta malas após colocar as últimas coisas.

– Então, Catnip, as meninas vão contigo e os caras comigo?- pergunta Gale abaixado para ficar da altura do meu rosto.

– Por mim tudo bem.- digo.- Mas o Marvel também vai com vocês?- questiono.

– Que eu saiba ele é um cara, então...- faz graça e tento não rir de sua bobagem.

– Eu vou com os caras aqui mesmo.- diz Marvel entrando na conversa e passando um braço pelos ombros de Gale.

– Tudo resolvido, vamos sair logo! Quero chegar a tempo para comer o almoço que a Maria deixou para a gente!- diz Madge entrando no carro com Fox.

– Vou na frente porque já sei o caminho, vê se não se perde ein?- digo para Gale já ligando o meu carro.

O caminho foi tranquilo, passamos a maior parte do tempo cantando as músicas que tocavam na rádio ou falando de banalidades ou mesmo dizendo o quão bem-vindo é esse feriado. A casa de praia dos meus tios não ficava muito longe da cidade, então até que foi rápido. Mas o que realmente ocupou minha mente durante a maior parte do percurso foi esse plano maluco de Peeta... Espero que tudo dê certo.

***

– Maria, essa comida está de comer de joelhos! - diz Gale com a boca um pouco cheia ainda.

– Não fala com a boca cheia, menino!- advertiu Madge dando um tapinha nele.

– Só eu que estou ansioso para entrar nesse mar incrível? - perguntou Pedro tomando seu suco de laranja.- É uma das coisas mais lindas que já vi.- diz nesse momento olhando diretamente para mim, ao mesmo tempo que sinto Clove me dando um chutinho por debaixo da mesa e me lançando um olhar malicioso.

– O mar está mesmo com uma cara ótima, mas quero mesmo é pegar uma corzinha!- diz Fox.

– Está mesmo precisando, maninha!- escuto a voz de Cato na porta atrás de mim.

– O que está fazendo aqui?- diz Clove ríspida.

– Como vocês sequestraram nosso amigo e não queríamos passar o feriado sozinhos, resolvemos vir.- diz ele simplesmente.

– E como sabiam o endereço?- questiona Madge. Nesse momento pensei que seria descoberta como agente dupla, mas lancei um olhar a Peeta quase que implorando que ele inventasse alguma desculpa.

– Marvel nos falou onde era...- diz Peeta.- Mas, não sendo mal educados, Madge, será que podemos passar o feriado aqui com vocês?

– Bem...- Madge olha para Clove a procura de permissão, mas a mesma revira os olhos voltando a dar atenção ao seu prato.- Acho que sim. Ainda tem um quarto vago mesmo... Maria, você pode mostrar onde fica o quarto para eles e colocar pratos na mesa também?

– Claro. Me acompanhem, meninos.- diz Maria, a empregada que os meus tios mandaram pra ficar "de olho na gente" e que cozinha maravilhosamente bem.

– Por que chamou eles?- escutei Fox perguntando para Marvel que estava sem resposta encarando a namorada.

– Não importa porque ele chamou, eles já estão aqui, nos resta aguentar.- diz Clove para que todos ouvissem.- Eu perdi a fome, vou dar uma volta.

– Vou com você!- me apresso em dizer, levantando da mesa e saindo para a parte de frente da casa junto com ela.

Clove estava calada. Fomos para a varanda da casa, que dá de frente com o mar, ela se apoiou na madeira branca e ficou encarando o mar, fiz o mesmo, afinal, sei que ela falará quando precisar que eu escute.

– Sabe... Não é fácil esquecer alguém que está sempre presente...- comenta depois de um tempo.

– Eu que o diga! - digo batendo meu ombro no seu.- Ainda o ama, não é?

– Demais! Não sei como não estou aos pedaços... Eu iria sair com o Daniel quando voltarmos, sair como não só amigos, entende?- diz me encarando.- Até agora ele tem respeitado o meu "luto" e sendo só um ótimo amigo, mas ele me pediu uma chance esses dias e estou muito tentada a conceder.

– Mas e o Cato?- pergunto.

– Não sei... Eu o amo, mas o que ele fez me magoou tanto! Ele mentiu para mim, mentiu com algo muito sério aliás. Como posso saber quantas coisas mais foram mentiras?- disse e vi que seus olhos estavam ficando marejados.- Mas quer saber? Vou aproveitar esse feriado nesse lugar lindo, com meus amigos e não vou dar a mínima para a presença dele!

– Assim que se fala! - digo e a abraço.- Agora vamos ver o que a Maria fez pra sobremesa!- e nos guio de volta para dentro da casa.

***

Era final de tarde e estavam todos na praia curtindo o sol não tão forte e o vento maravilhoso. Os garotos estavam jogando bola enquanto as meninas estavam estiradas na areia e no caso de Fox lendo. Voltei para a casa para pegar algumas bebidas em garrafas que Maria arrumou para nós, pois segundo ela se deixar nós secamos no sol! Entro na cozinha e começo a arrumar as garrafas na bolsa térmica, é quando escuto passos atrás de mim.

– Oi.- diz Peeta entrando na cozinha olhando para os lados como se procurasse por alguém.- Sozinha?

–Unhum.- afirmo com a cabeça.

– Nossa "chegada surpresa" foi muito desastrosa?- pergunta se aproximando do balcão onde eu estava.

– Um pouco... Acha mesmo que esse plano vai dar certo?- digo falando um pouco mais baixo, só por precaução.

– É o que espero. Por quê? A Clove te falou alguma coisa naquela hora que te fez mudar de opinião?

– Na verdade não. Minha opinião continua a mesma, o que Cato fez foi muito errado, mas eles se amam e deviam tentar pelo menos conversar...- digo.

– Mas também está insegura em nos ajudar...- conclui.

– Sim.- admito.- Se isso não der certo e ela souber que eu ajudei de alguma forma acho que ela pode ficar chateada comigo.

– O que acontecer aqui, fica aqui!- disse se aproximando mais ainda e me olhando nos olhos.- Se não der certo, ela não vai saber de nada de você e nunca mais peço sua ajuda para algo assim.- diz sustentando o olhar junto ao meu.- Palavra de escoteiro!

– Que eu saiba você nunca foi escoteiro!- acuso reprimindo o sorriso.

– O que vale é a intenção! - diz sorridente.- Então, precisa de ajuda com isso aí?

– Pode pegar os sanduíches que a Maria aprontou para a gente, eles estão ali.- aponto a comida e ele me ajuda a levar as coisas para junto do pessoal.

***

Depois de apreciar o maravilhoso por do sol ainda na praia, voltamos para a casa e nos organizamos para tomar banho. Como a casa tinha 3 banheiros não foi muito difícil separar tudo. Quando todos já estavam devidamente banhados cada um foi fazer o que queria. No caso, Daniel e Pedro estavam assistindo televisão na sala, Fox e Clove ainda estavam no quarto terminando de se aprontar, Mad e Gale estavam ajudando Maria na cozinha e eu estou aqui sentada em uma cadeira com um livro aberto sem realmente o ler.

Minha cabeça estava a mil com esse plano de Peeta e Cato. Sei que eles podem fazer alguma coisa a qualquer momento, só espero que ninguém saia magoado nessa história. Volto a dar atenção para o livro que peguei emprestado com Fox e me concentro ali, até que uma coisa chama a minha atenção. Uma coisa não, um som, é quando identifico do que se trata: Acordes de violão!

Pov Clove

O choque de ver que teria que aguentar Cato aqui nesse feriado foi bem grande, principalmente porque acreditava que vir para cá seria um ótimo refúgio. Desde do episódio do pendrive, de eu descobrir a verdade e do nosso término eu tento esquecer o que sinto por ele, esquecer o meu amor, esquecer ele... Mas isso se torna impossível quando o vejo a todo momento, quando sinto sua falta mais perto e o quero longe... Por que ele tinha que ter me magoado tanto? Por que tinha que ter levantado tantas dúvidas? Será que pelo menos já gostou de mim, nem que seja um pouquinho?

Mas nada eu podia fazer, não posso arrancar ele da minha vida assim, e acho que no fundo nem quero isso. Ele é irmão de uma das minhas melhores amigas, estuda comigo, temos muitos amigos em comum e uma coisa importante também: Ele tem meu coração. Coração esse que está ferido e sangrando desde que eu mesma o quis arrancar de dentro dele.

Sem poder ficar mal toda vez que o vejo, resolvi voltar para a minha armadura de indiferença e seguir como tenho fazendo nos últimos tempos. Tentei aproveitar o máximo do dia com meus amigos. Fui a praia, comi besteiras, ri muito das palhaçadas do Daniel junto com Gale e Pedro, joguei futebol com os meninos, comi mais gostosuras da Maria e nada melhor para fechar essa tarde de praia que um banho pra relaxar.

Aproveito o banho para colocar minha cabeça em ordem com tudo que está acontecendo, é quase como um mantra diário: "Comecei a namorar com o cara que sempre gostei, mas isso foi baseado em uma mentira, descobri e parece que tudo virou motivo de dúvida. Ainda o amo, ele pareceu sincero todas as vezes que disse que me amava, mas não acredito mais nisso. Tenho que esquecê-lo!". Saio do banho e coloco uma roupa leve. Fox ainda está no quarto penteando as madeixas ruivas.

– Como você está?- pergunta ela.

– Totalmente renovada depois desse banho!- digo pegando minha escova para pentear o meu próprio cabelo.

– E em relação ao Cato está aqui?

– Eu tive que aturar ele a semana inteira, não vou morrer por esses mais dois dias...

– Eu ainda não acredito no que ele fez.

– Nem eu... Eu só queria saber se nessa farsa toda houve algo real!

– Ele parecia está realmente apaixo...- ela estava dizendo, mas parou no meio da frase.

– O que foi?

– Está ouvindo isso?- pergunta e vai até a janela para a abrir. - Ai meu Deus! Vem cá Clove- me chama e quando me aproximo começo a escutar a música.

MÚSICA

E agora vem dizer, morena
Que você não quer ser mais a minha pequena
E que prefere dormir e acordar
Nos braços de um outro alguém

Não podia acreditar no que estava na frente dos meus olhos! Cato tocando violão, com Peeta atrás dele com um tamborzinho e Marvel com uma gaita! Estou simplesmente sem palavras. Afinal, onde ele queria chegar com isso?

Sabe, eu sei que errei
Quando eu te escondi a verdade
E demorei, mas tô aqui e a saudade
Não me deixou te esquecer,
Não é assim que tem que ser
É o fogo da lembrança que me aquece
Já fiz de tudo pra que um dia 'cê regresse
Me declarei como se fosse numa prece
E se eu pudesse faria você feliz

Nesse momento ele se ajoelhou e continuou cantando com um sorriso largo no rosto. Isso não ia ficar assim! Ele não pode vir quando quiser e deixar minha vida e meus sentimentos mais bagunçados ainda!

E agora vem dizer, morena
Que você não quer ser mais a minha pequena
E que prefere dormir e acordar
Nos braços de um outro alguém

E agora vou dizer, morena
Que o passado não é mais nenhum problema
Estou fadado a sonhar acordado
Pensando em te ver sorrir

Voltei para dentro com toda a velocidade e entrei no banheiro, peguei um baldezinho de praia q tinha na pia, enchi de água e voltei para a janela. Não pensei duas vezes e virei o balde em cima dele. Peeta e Marvel se molharam pouco, já Cato parecia um gato molhado, com a blusa toda colada ao corpo e o cabelo bagunçado. Mas diferente do que eu pensei que ele faria, ele apenas abriu novamente o sorriso e continuou a música.

E eu me lembro
De nós dois juntos deitados na sua cama
Minha camisa te servia de pijama
A gente ria sem parar, pensava em se casar
E aquele beijo lá pro fim de julho
Se fez silêncio em meio a tanto barulho
Eu sei que errei e me arrependo, mas te juro
Não vou viver se não te namorar

Ok, essa parte foi maldade, jogou minha armadura pra quinta dimensão e trouxe de volta momentos realmente nossos. Nós dois no meu quarto depois de passar o dia na piscina, quando eu roubava a blusa dele que parecia mais um vertido em mim, nosso beijo na festa do acampamento... Será que ele se arrepende mesmo?

E agora vem dizer, morena
Que você não quer ser mais a minha pequena
E que prefere dormir e acordar
Nos braços de um outro alguém

E agora vou dizer, morena
Que o passado não é mais nenhum problema
Estou fadado a sonhar acordado
Pensando em te ver sorrir

Ele parecia tão sincero... Eu queria tanto acreditar nisso tudo! Seria muito melhor para mim esquecê-lo e dar uma chance pro Daniel, ele nunca me magoou assim e não parece que magoaria. Mas infelizmente eu não mando em que ocupa meu coração e vê-lo fazendo essa declaração tão linda é como balsamo nas minhas feridas.

Sabe lá quem vai
Nesse leva-e-traz
ser feliz ao te dizer te amo

E agora vem dizer, morena
Que você não quer ser mais a minha pequena
E que prefere dormir e acordar
Nos braços de um outro alguém

E agora vou dizer, morena
Que o passado não é nenhum problema
Estou fadado a sonhar acordado
Pensando em te ver sorrir

Ser feliz ao te dizer, Morena.

Ele terminou de cantar e manteve os olhos ligados aos meus. Eu realmente não sabia o que fazer. Minha vontade era jogar tudo para cima e descer correndo para me jogar nos braços dele, mas não posso. Saio da janela e me sento na minha cama.

– Não vai até lá?- pergunta Fox.

– Para quê? Vou esquecer tudo que aconteceu porquê ele me fez uma serenata?

– Eu acho que se ele fez isso, ele deve gostar sim de você, Clo. Meu irmão pode ter sido o pegador que fosse, mas ele não era do tipo romântico e declarativo, você sabe disso!

– E o que me aconselha a fazer?- pergunto.

– Acho que já está na hora de vocês sentarem e conversarem. Sei que você tem mil e uma incertezas referente a ele e aos seus sentimentos, então essa pode ser uma ótima oportunidade de colocar as cartas que faltam na mesa e resolver isso.- diz ela acariciando minha mão.

– Tudo bem. Está na hora de encarar logo isso!- digo e quando me levanto escuto a batida na porta e um Cato, ainda pingando, colocando a cabeça para dentro.- Pode entrar, temos que conversar mesmo.- digo.

Fox dá um beijo no meu rosto antes de levantar da cama e sair do quarto, não sem antes jogar a toalha com que secava o cabelo em cima de Cato. Ficamos nos encarando por algum tempo até que ele se aproximou e se eu não houvesse levantado a minha mão para o fazer parar, não sei quão perto ele estaria.

– Por que.. Por que fez isso?

– Porque eu amo você e quero que volte a namorar comigo!- disse firme sem desviar os olhos dos meus e suas palavras me encheram de esperanças, esperança essa que foi se espalhando rapidamente junto com o meu sangue bombeando pelas batidas aceleradas do meu coração.

– Mas você mentiu para mim, me traiu!

– Eu não te trai, eu te juro! Aquela gravação não é real, mas o que eu sinto sim! Eu sei que já menti e que errei muito com você, mas te peço que não duvide das vezes que digo que amo você, que você é muito importante para mim, que esses dias todos sem você tem sido um tormento, eles simplesmente não tem cor se eu não posso acordar e te mandar uma mensagem de bom dia, se não posso te beijar quando te vejo no colégio ou te levar para casa segurando a sua mão..- diz e segura as minhas mãos.- Volta pra mim pequena! Eu te amo tanto... - e cola sua testa na minha.

Nessa altura da conversa eu já estou chorando. Lágrimas silenciosas deslizam por meu rosto enquanto Cato as limpa permanecendo com a mão ali. Quanto eu senti falta do seu toque? Seu cheiro tão familiar invade o meu ar e tudo agora se resume a nós dois. Por mais que uma parte de mim ainda diga que ele pode me machucar novamente, por mais que eu tenha medo disso, minha outra e maior parte grita para eu voltar para ele, que eu preciso dele, que eu o amo e isso não mudaria tão fácil...

– Você me ama mesmo?- sussurro com nossas testas ainda coladas.

– Mais do que você possa imaginar!- diz erguendo meu rosto enquanto o segura com as duas mãos e fazendo com que nossos rostos ficassem mais próximos.- Me perdoa?

– Perdoo.- digo e tenho o prazer de ver um sorriso se abrir em seu rosto.

– Volta pra mim, morena?

– Sim!- digo e sorrio também.

Não precisei esperar muito para ter seus lábios unidos aos meus aplacando toda a saudade desses dias infinitos sem tal contato. Subo minhas mãos para seu rosto também, intensificando ainda mais o beijo. Parecíamos desesperados! Cato de abraçou pela cintura colando nossos corpos e fazendo com que minha roupa se molhasse pela dele, o que o fez se afastar um pouco.

– Te molhei.- diz respirando com dificuldade.

– Eu te molhei primeiro.- digo brincando.

– Senti tanto a sua falta...- e volta a juntar nossas testas.- Achei que ia te perder para sempre!

– Não há como perder o que é realmente seu.- digo e uno nossos lábios em um beijo rápido.- Agora vamos trocar essa roupa molhada e descer para o jantar.

– Por mim eu não te largo nunca mais!- disse me abraçando e enterrando o rosto na curva do meu pescoço.- Como senti falta do seu cheiro- murmura entre meu cabelo.

– Amor, eu também senti uma falta absurda de você, mas eu tô com fome, então vai trocar de roupa!- digo o afastando de mim.

– Você não muda nunca, sempre uma gulosa!- disse me dando um selinho.- Passo para descermos juntos daqui a pouco. - e saiu do quarto.

Tudo bem que quando vi Cato chegando aqui de manhã eu pensei que ele só iria acabar me magoando mais ou mesmo me perturbando, mas o que não imaginei era que ele iria fazer essa serenata e depois ainda vim se declarar mais ainda para mim, me pedindo para voltar e pedindo o meu perdão!

Jogo-me sobre minha cama, ignorando a roupa molhada, sendo impossível conter o sorriso que se espalha pelo meu rosto e alegria que enche meu coração. Tenho o meu loiro lindo de volta, o meu marrento arrogante, o meu primeiro amor e dessa vez sem mentiras ou mágoas!

***

Pov Katniss

Então esse era o brilhante plano de Peeta? Uma serenata com uma letra muito significativa. Tenho que admitir que foi lindo vê-los tocando e Cato cantando, e engraçado também quando jogou água neles! Todos pararam o que estavam fazendo para assistir eles e bem pude notar a cara de insatisfação de Daniel. Quando a música chegou ao fim Cato não estava mais com o sorriso confiante que portava há poucos minutos, mas entrou decidido subindo as escadas de imediato. Fox desceu logo em seguida e foi falar com o seu namorado, Marvel, que estava um pouco molhado pelo ataque aquático de Clove.

O clima já estava bem mais leve, mesmo com a cara chateada de Daniel que conversava em um canto com Pedro. Peeta entrou um pouco molhado também e me lançou um pequeno sorriso, mas se manteve distante. Não comemoramos o sucesso do plano até que alguns minutos depois Clove e Cato desceram as escadas de mãos dadas e com lindos sorrisos.

– O jantar está pronto, todos para a mesa!- diz Mad.

Maria, com a ajuda de Mad e Gale, fizeram uma lasanha maravilhosa, a qual alegrou mais ainda minha noite. O jantar foi tranquilo, com conversas animadas, Marvel, Peeta e Cato se gabando pelo seus talentos como músicos, o que só gerou risadas e piadas. Gale e Mad também ficaram dizendo que a lasanha era mérito deles, que além de dar a ideia para Maria ainda ajudaram "muito".

Depois do jantar todos concordaram em fazer uma fogueira na praia aproveitando as estrelas e a música que os meninos prometeram. Enquanto os garotos acendiam uma grande fogueira, nós meninas começamos a separar alguns doces e refrigerantes para levar nas bolsas térmicas. Mad dispensou Maria, que foi para o seu quarto aproveitar o resto da noite. Subi para pegar alguns cobertores por conta da noite aqui ventar muito e fui surpreendida quando me puxaram para dentro de um dos quartos.

– Oi...- disse Peeta, e eu sabia que era ele mesmo o quarto estando um pouco escuro, consegui ver o brilho dos seus olhos azuis pela luz que entra pela janela.- O plano deu certo, afinal!

– Deu sim. Parabéns para vocês!- digo tentando ignorar o fato de eu está entre a parede ao lado da porta e Peeta, estando o mesmo a poucos centímetros de mim.

– Eu sei que a minha habilidade como músico não é a melhor, mas pelo menos sei bolar um bom plano de reconciliação, não acha?- diz sorrindo.

– Parece que sim, já que eles se reconciliaram!- digo e Peeta reduz ainda mais a distância entre nós.- O que está fazendo?- pergunto em um sussurro.

– Shiu..- diz colocando um dedo levemente sobre os meus lábios e logo colocando a mão no meu rosto. Seus olhos estavam presos aos meus durante cada centímetro que ele avançava até deixar nossos rostos colados, seu nariz tocando o meu suavemente e foi impossível continuar com os olhos abertos. Estava atenta a cada movimento dele, a forma como sua mão que antes estava sobre a minha bochecha migra para minha nuca e seus dedos se entrelaçam no meu cabelo, sua outra mão pousada na minha cintura e ele já tão próximo.

Não havendo mais como negar aquele momento, coloco minhas mãos sobre seus ombros e ele não precisa de outro gesto antes de acabar com o último filete de ar que separava nossas bocas. Seus lábios sobre os meus são calmos e carinhosos, parece que ele não tem a menor pressa de que esse beijo acabe. Cedo quando sua língua pede passagem e quando nossas línguas se encontram é como se uma corrente elétrica percorresse cada célula do meu corpo, como era antigamente, como era antes de tudo ser destruído... Quando o ar se faz necessário nós separamos ofegantes pela longa duração e intensidade do beijo.

– Mas.. O quê...- tento falar mas o ar ainda está fora dos meus pulmões.

– Shiu.. O que acontece aqui... Fica aqui.- disse também sem ar antes de voltar a colar nossos lábios e tirar todo pensamento racional de mim.