Once Upon A Prophecy escrita por Witch


Capítulo 10
Part II: Do what you want, ‘cause a pirate is free


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, tenho que atualizar as outras também... Vou fazer o possível, juro! ;-;



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“E os destinos falaram: Uma criança nascerá e ela será responsável pela queda do Conselho, mas se ela falhar, os sete mundos serão submissos aos Primeiros Sacerdotes por mais séculos do que se é possível contar.”

“A criança pode significar completa liberdade ou completa submissão, mas o Conselho não estava preocupado, não, eles estavam confiantes e tinham uma arma mais poderosa do que a Salvadora: outra profecia.”

“Os destinos falaram a Auros:-”

- Henry? – veio o chamado da cozinha.

O rapaz bufou e abaixou o livro.

- Henry? Rapaz! Está aí?!

Suspirou.

- O que foi? – respondeu com tédio.

Ouviu alguns barulhos de panelas e madeira velha rangendo. Olhou ao redor rapidamente e constatou que realmente estava sozinho. O refeitório parecia deprimente com suas longas mesas de madeira enegrecida e velha, os longos bancos desconfortáveis que rangiam e balançavam quando alguém se sentava e claro, com os grandes caldeirões mofados e amassados. Henry só podia comparar esse refeitório com as tavernas velhas e sujas que já fora nos últimos dez anos. Incrivelmente, ele parecia o mais incomodado com todos os arranjos, os outros não ligavam e agiam como se não existisse lugar melhor. Ele se questionava sobre isso.

A porta da cozinha se abriu e um enorme homem gordo com as vestes manchadas e um tapa-olho foi em direção ao rapaz.

- Ah, só você que está aqui né? Argh, merda, vai ter que servir.

- Eu posso chamar alguém. – sugeriu.

O cozinheiro arrotou.

- Sinto, rapaz. – piscou e soltou uma gargalhada – antes por esse lado do que pelo outro, se me entende!

Henry riu. Tinha 10 anos, mas conseguia entender piadas do tipo. O velho cozinheiro era quase um avô para o rapaz e sempre o tratava com respeito.

- Chame Smee e o capitão. – disse tocando o ombro do garoto – vou fazer um prato delicioso e eles vão ter que experimentar! – gargalhou.

Henry assentiu, fechou o grande livro retangular e correndo, subiu as escadas indo até o deck do navio. O “Jolly Roger” era grande, cheio de marinheiros e sempre cheirava a restos de peixe, suor e ferrugem.

- E o bebê se levantou! – ouviu um dos homens gritar. Os risos eram previsíveis. Henry nem se deu o trabalho de ver quem tinha começado com a brincadeira. Só apertou mais o livro debaixo do braço, levantou a cabeça numa falsa pose de dignidade e continuou a seguir seu caminho, ignorando as gargalhadas que deixava para trás.

Nem todos os marinheiros do Jolly Roger eram idiotas, bem, a maioria era, mas Henry não gostava de generalizar. O cozinheiro era um homem velho, que adorava piadas, carne, bebidas e cantar. Ele não sabia ler, como a maioria daqueles homens, mas ficava sempre encantado com os livros de Henry. Às vezes, quando Henry lia uma história muito boa, ele a relia para o cozinheiro durante dias e o velho adorava. Soltava gargalhadas, ficava com os olhos arregalados nas partes de lutas, esfregava os olhos com as mãos gordurosas e machucadas nas partes tristes e no geral, parecia mais feliz. No dia seguinte em que Henry terminara de ler “O corcunda de Notre Dame” para o cozinheiro, ele ouviu contente o velho homem recontar a história para um de seus aprendizes.

Henry também gostava muito de Claude. O severo homem não falava muito com o resto da tripulação, ficando mais próximo daqueles, que como ele, vestiam aqueles uniformes estranhos e negros. Mas, mesmo ficando sempre quieto, como se estivesse cumprindo uma missão muito importante, Claude o olhava com respeito e até com um pouco de afeto. Henry sabia que o homem de negro já castigara muitos dos outros tripulantes que fizeram graça do garoto.

“Se ele quer ler, seu desgraçado nojento, ele vai ler.” – dissera Claude furioso enquanto esmagava o rosto de um dos marinheiros contra o chão do deck. – “Cuspa mais alguma palavra, e nem mesmo Killian vai impedir que eu arranque cada um dos seus dentes e te faça engoli-los.”

Killian, o capitão do Jolly Roger, dissera que Claude era como um furioso e leal cão de caça e que enquanto Claude vivesse, Henry não tinha que se preocupar com nada. O homem, que nessa hora estava encostado na parede com um copo de vinho na mão, não concordou nem desmentiu o capitão.

“Só cumpro ordens, seu filho da mãe.”

Killian gargalhara e Henry se questionou quem teria dado tais ordens. Mais tarde, quando foi passear no deck debaixo do céu estrelado, ele encontrou com Claude e perguntou.

O guarda pensou por um momento antes de responder.

- Minhas ordens partiram da minha Rainha. – respondeu Claude com nostalgia – Proteja a criança, foi o que ela me disse e é o que eu faço.

- Mas, eu não sou essa criança. – respondeu engolindo seco.

- Você é uma parte dela, portanto se eu quiser protege-la, também tenho que te proteger. É simples, garoto.

Talvez, era simples.

- Do que vocês estão rindo, patifes?! – era a voz grossa de Claude e Henry se permitiu sorrir.

Ah, tinha também Gerhart. Um homem grande, muito musculoso e silencioso. Durante toda sua vida, Henry só ouviu a voz de Gerhart umas cinco vezes e era sempre na hora de alguma luta, gritando para avisar alguém de um ataque inimigo. No momento, Gerhart estava afiando sua alabarda no deck e ao ver Henry, fez um gesto com a cabeça, depois voltou seus olhos à lâmina.

Killian, o capitão, gostava de fazer piadas e de deixa-lo com vergonha, mas August sempre o mandava se calar e Emma o ameaçava com qualquer coisa cortante que estivesse ao redor. Mesmo com as piadas sem graça (para Henry), Killian também jurara protege-lo de qualquer perigo. Durante os anos naquele navio, Henry soube que a maioria daqueles homens não eram piratas de verdade e que cada um jurara proteger Emma quando ela era um bebê.

Falando em Emma... A loira estava lutando contra Grumpy. As espadas se chocavam e os dois rodopiavam como dançarinos. O anão era forte, mas Emma era definitivamente mais rápida. O capitão observava a luta, estava sentado numa caixa velha de madeira com uma garrafa, provavelmente de álcool, na mão. A prática de espadas entre Emma e Grumpy era constante e já não atraia a atenção dos outros homens. Os dois normalmente empatavam, embora fosse óbvio que Emma era melhor do que o anão.

Henry começara a ter treinos de espada com August e Emma  quando completara sete anos e ainda hoje, ele era terrível na arte da guerra. Emma dissera que tinham que ter paciência, August concordara, Killian não ficara muito satisfeito e Neal... Olhou ao redor procurando pelo pai, mas não se surpreendeu quando não o encontrou. O homem deveria estar em algum quarto, com alguma mulher ou apostando com os outros. Não fazia diferença para o rapaz, não mais pelo menos. Tudo que Henry precisava, alguém lhe dava. Ele via em August o pai que nunca teve, Killian era o tio chato e delinquente e Emma tentava... Ele sabia que era difícil, sabia que Emma nunca tivera uma mãe, que assim como todos naquele barco, ela também corria da maldição. 

- Capitão. – chamou. Sua voz não mais tremia e Killian o olhou com curiosidade. Não era normal Henry começar a conversar com alguém da tripulação, o rapaz era tímido e preferia a companhia dos livros.

- O que foi? – indagou e tomou um gole da garrafa.

Emma parou imediatamente de lutar e olhou para Henry. O anão também parou. Os dois olhavam, curiosos, a troca de palavras.

- O cozinheiro chama. – abaixou a voz se sentindo nervoso com os olhares em cima dele. – Um novo prato, me parece. Ele quer que você e Smee experimentem.

Killian assentiu, depois se virou para os homens e gritou para chamarem Smee. Henry soltou um suspiro e olhou para Emma, que sorria para ele. Era incrível como um sorriso podia mudar o dia de Henry. A loira guardou a espada na bainha, pendurada em sua cintura, e se aproximou do rapaz.

- Estava lendo? – indagou. O suor escorria por sua pela branca levemente bronzeada pelo sol, que parecia brilhar mais naquela parte do oceano.

O rapaz assentiu sorrindo. Seus olhos brilhavam ao olhar para a mulher que lhe tinha dado a vida.

- Qual livro? – perguntou. Suas pernas doíam e ainda respirava pesadamente. Passou as mãos machucadas pelos cabelos loiros encaracolados.

- Once Upon a time. – respondeu e mostrou o livro retangular de capa marrom.

Emma conhecia aquele livro. Era uma das poucas coisas que tinha e não era roubada. O livro dado a ela de presente, junto com o colar com pingente de cisne, que jamais tirava do pescoço, do bracelete de ouro e da bainha branca e bonita que guardava sua espada já velha. Eram os únicos objetos que Emma tinha e guardava com completa possessão.

- Já não o leu demais? – indagou num suspiro e decidiu por sentar-se no chão do navio, encostando suas costas em madeira dura e já gasta.

- É um dos meus favoritos! – exclamou e sentou-se ao lado de Emma.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, só observando os homens andando de um lado para o outro. Killian e Smee já andavam até a cozinha, provavelmente Smee reclamava do papel de degustador. O cozinheiro era um homem bom e provavelmente de todos ali, era o que melhor cozinhava, mas nem por isso tudo que fazia era delicioso. Emma tremia só de pensar em algumas experiências que já fora obrigada a experimentar.

- Qual sua parte favorita do livro? – Emma voltou a perguntar e olhou para Henry, que abriu um grande sorriso, feliz por estar falando daquilo que ele mais gostava.

- Huum... Dos dragões! – exclamou. – Eu gosto muito da Hope, mas o Igneel e o Acnologia são tão legais! O Gold me dá um pouco de medo e a Aithusa parece ser tão gentil.

Emma riu. Quando menor, aquele livro também foi seu companheiro inseparável. Ela sempre lia alguma parte antes de dormir, principalmente sobre os dragões.

- Qual é o seu favorito? – indagou Henry ainda sorrindo.

Emma pensou por um momento.

- Eu nunca consegui me decidir entre o Acnologia e a Hope.

- Eu também não! – exclamou. Era bom, pensava Henry, conversar com Emma sobre o livro, sobre o mundo Sete, sobre a profecia. Os outros pareciam evitar o tópico como se não tivessem permissão para comentar aquilo, mas Emma era diferente. – E é estranho.

- Por quê?

- Hum, Acnologia deveria ser do mal e a Hope do bem, mas nós gostamos dos dois. Não é estranho?

Emma riu. Henry era um garoto muito esperto, mais do que a maioria dos garotos com a idade dele e vivendo num navio pirata deveria ser. Ele tinha uma inocência e uma fé tola no bem.

- Tecnicamente também deveríamos ser do mal né? – sorriu quando Henry franziu as sobrancelhas. – Ser bom ou mau é mais uma questão de situação e necessidade. – Ela já conhecera homens cruéis, com o sangue maligno, mas não eram tão comuns quanto pessoas forçadas a serem más pelo mundo em que viviam.

Desde a maldição, os mundos pararam. Ninguém parecia perceber que 28 anos se passaram, exceto pelo Jolly Roger. Killian dizia que a razão pela qual eles percebiam o tempo passar, era que o navio pirata navegava pelo Mundo Zero no momento da maldição, portanto eles viram a nuvem envolver os Sete Mundos. Ao contrário da maioria das pessoas, eles viam os dias se passando lentamente enquanto Emma e August cresciam. O grande mistério que nem Killian, nem Claude, nem mesmo o livro podia responder era por que August, Emma e Henry cresciam e envelheciam, enquanto os outros piratas permaneciam com a mesma aparência, como se também estivessem congelados no tempo.

 Neal, o pai de Henry, estava em outra dimensão no momento da maldição e por sorte, outros dizem destino, caiu no oceano perto de onde o Jolly Roger estava atracado, desde então ele está preso dentro dos Sete Mundos como eles. No começo, o homem estava louco para ativar sua chave de portal e voltar a um mundo qualquer, mas por causa da maldição, ele não conseguia controlar o portal e sabe-se lá onde poderia aterrissar. O risco era muito grande.

- “Posso parar em algum lugar em mil pedaços!” – exclamara e desde então, fazia parte do Jolly Roger.

August já criara mil teorias para explicar a situação e parecia sempre criar mais, não era atoa que o rapaz era o contador de histórias oficial da tripulação. O rapaz, cujo nome originalmente era Pinocchio, gostava muito de recontar os acontecimentos da noite antes da maldição. Emma já ouvira essa história mais vezes do que gostaria e infelizmente, ainda gostava dela mais do que deveria. Havia algo de reconfortante em saber que Snow não abrira mão dela facilmente, mesmo que August adorava exageros e drama, Emma queria muito acreditar que Snow chorara quando a entregara para August e que até hoje, mesmo parada no tempo, Snow ainda sentia falta dela. Mas, a mãe não era a única razão pela qual gostava tanto desse conto, August falava também da Rainha do mundo Seis e a história dela fascinava Emma.

No livro de capa marrom, Once Upon a Time, estava descrito os funcionamento dos Sete Mundos, ou seja, o livro descrevia como funcionava cada mundo individualmente, como eram seus atuais governantes, quais eram suas melhores qualidades e seus maiores defeitos, como eram os dragões, seus nomes, habilidades e fraquezas. Também, descrevia as duas grandes profecias que regiam o mundo pré-maldição. Era quase como um grande manual de tudo que Emma precisava saber para se dar bem com cada governante e se amizade não desse certo, ela teria o conhecimento necessário para derrubá-los. Emma já lera aquele livro muitas vezes, assim como Henry e o tinha praticamente decorado. Ela nunca admitira para ninguém que a parte do mundo Seis a impressionava.

Claude dera a Henry um antigo livro que o guarda guardava sempre consigo e Emma roubou-o do filho por algumas noites para sanar a própria curiosidade. O livro velho e surrado de cada azul e sem título era uma coletânea dos antigos regentes dos mundos Um, Cinco e Seis. Cada capítulo era dedicado a um governante e relatava seu nome, habilidade, dragão, maiores feitos, uma breve história de vida e causa da morte. Era uma leitura pesada, mas interessante. Henry podia viver num navio pirata, entretanto nem por isso seria considerado um adulto. Emma trocara o livro azul por um velho livro de contos de August. O rapaz não ficara muito feliz.

- É verdade. – suspirara Henry ainda falando sobre os dragões. – Mas sei lá, ainda é estranho.

A tripulação era composta por soldados de quase todos os mundos. Havia pessoas do mundo Um, Dois, Cinco, Quatro (Gerhart), Seis e Sete. No começo, dizia August, todos os dias alguma luta acontecia, mas agora, depois 28 anos de convivência, os maiores inimigos se transformaram em grandes aliados.

- O que vai acontecer quando a maldição quebrar? – indagou Henry quebrando o silêncio.

Celeste apareceu no deck e disse algo para Grumpy, que gargalhou. Ela olhou para Emma e Henry e abriu um sorriso. O rapaz acenou para ela com entusiasmo e Emma também sorriu. Celeste era forte e gentil, era ela quem pegara as rédeas do treino de Henry.

- Não sei. – respondeu a loira com indiferença. – Nem sequer sabemos se a maldição vai ser quebrada.

- Mas é o seu destino. – respondeu o rapaz a olhando com surpresa.

- Ah, é? – indagou e balançou os ombros. – Estamos no meio do oceano de algum mundo, não temos nem sequer uma pista de como começar a quebrar essa maldição. O livro não fala nada, então o que podemos fazer? – levantou-se. – Aliás, não está na hora do seu treino?

Henry suspirou desanimado.

- Acho que sim. Celeste disse que estou muito melhor com o arco e flecha.

Emma sorriu. Os olhos, ora verdes ora azuis, brilharam.

- Claro que está. Você é meu filho, afinal! – respondeu e bagunçou os cabelos castanhos de Henry.

O rapaz riu e só observou quando Emma cruzou o deck até Celeste e Grumpy. Suspirou e olhou para o livro. Ele acreditava em Emma, acreditava que ela podia quebrar a maldição, mas a grande pergunta persistia: como?


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Notas finais do capítulo

Thank you! :3



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