Solitude Tenebris escrita por Aerys Silentread, AngelSPN


Capítulo 2
Segundo Ato


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como vão vocês? Tudo ok? :D
Nem demoramos para atualizar novamente, não? Espero que a gente consiga continuar assim! 'rsrs
Sem mais delongas, ao capítulo!
Esperamos que tenham uma boa leitura!



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Dean consertava o carro, somente o som esganiçado da chave de encontro ao parafuso enferrujado podia-se ouvir. Estava concentrado em sua tarefa, claro que isso não durou muito ao ver um par de sapatos aproximando-se.


— Hey, Dean, você tem algum compromisso para sexta-feira à noite? — o homem bateu com a ponta do sapato marrom nas pernas esticadas do loiro.


— Hm... Não... Não tenho, não... Por quê? — Dean continuava sua luta contra o parafuso preso na ferragem.


— Cam, eu e Trudy vamos ao bar; queríamos saber se você não gostaria de nos acompanhar. Tomar umas cervejas, jogar sinuca... O de sempre, você sabe.


Secando o suor da testa, Dean Winchester usou a esteira e içou seu corpo para longe do carro, pondo-se a observar o rosto barbudo de Joe Wright.


A normalidade. O comum. O monótono. Essas eram palavras que faziam parte de seu vocabulário agora. Um lar, uma casa, uma cama quente pra voltar. Alguém que o estivesse esperando para jantar, alguém que o confortasse de seus pesadelos. Tudo com o que inconscientemente sempre sonhou, e que agora não lhe pareciam coisas tão convidativas. Trocaria tudo por um cochilo no Impala, uma dose de adrenalina, suas garotas de uma noite apenas. Trocaria todo esse conforto, essa segurança, pela certeza de que acordaria e encontraria Sam deitado numa cama de solteiro ao seu lado. Sam e sua língua ferina. Sam e seu notebook cheio de coisas de nerd. Sam e suas manias saudáveis, sua comida de coelho. Apenas... Sam.


Ele prometera que tentaria, e sabia disso. Era o único motivo pelo qual continuava ali, com Lisa, com Ben. Com sua vida normal e segura; a vida que Sam sempre quis e nunca teve. Dean se sentia culpado, porque deveria tê-lo protegido de tudo o que aconteceu, e não protegeu. Ele queria pôr o pé na estrada, e sumir no mundo, porque lá fora ele poderia fazer algo. Porque lá fora, ele encontraria uma maneira de trazer Sam de volta, custasse o que custasse. O único problema é que... Dean Winchester não é um cara de quebrar promessas.


— Hm... Desculpe Joe, mas não posso...


— Por que não? Vamos, Winchester! Vai ser divertido!


Algo dentro de Dean lhe dizia para aceitar. Mas, ao mesmo em que lhe parecia boa, a perspectiva de sair não o agradava muito. Não naquele final de semana em especial.


— Estava pensando em sair com a Lisa para jantar fora... Sabe como é, faz um tempo que não saímos... Vai ser bom pra eles... Ben e Lisa, eu quero dizer... E pra mim também.


— Entendo... Bem, a gente podia marcar outro dia então.


— É... Talvez.


***


Quando Dean finalmente chegou em casa, Ben estava em seu quarto, jogando videogame e esperando a mãe chamá-lo para jantar. Lisa estava terminando de preparar a comida. Encostado ao batente da porta, uma sensação quase reconfortante o assolava ao observá-la cozinhando, com um avental branco ao redor da cintura. Um sorriso ameaçava surgir em seu rosto.


Era bom estar ali com ela. Uma alegria estranha preenchia seu coração e cada vez que acordava e a encontrava ao seu lado, ou aninhada em seu peito. Quando jantavam ao redor da pequena mesa de mogno, e Ben lhe contava todo animado, sobre o dia que passara na escola. Quando resolviam sair num final de semana, e agiam como uma verdadeira família. Juntavam algumas poucas coisas numa cesta de piquenique, estendiam um lençol num parque próximo, e ele passava a tarde brincando com Ben.


Mesmo assim, ainda doía. A falta de Sam. Aquele gigante ao seu lado, reclamando de tudo. Com o sorriso covinhas, repreendendo suas comidas nada saudáveis. Ou simplesmente quieto em seu canto, mexendo no notebook. Sua ausência gritava em cada canto que Dean pudesse ver.


Winchester sabia que precisava superar. Não somente porque prometera a Lisa, precisava superar também por si mesmo. Porque caso contrário, ele nunca seguiria em frente.


Mas Dean não tinha certeza se realmente queria seguir em frente sem o irmão.


— Hey. — Lisa levou um susto ao se virar e encontrá-lo encarando-a. Sorriu levemente, indo até o loiro e deixando-lhe um beijo nos lábios. — Como foi o trabalho? Tudo bem?


— O de sempre. — Dean mordeu o lábio inferior com um leve dar de ombros. Acariciou a mão da morena durante alguns instantes, antes de se afastar. — Vou tomar um banho. Pode chamar o Ben pra jantar, não vou demorar.


— Ok. — Lisa dirigiu-lhe mais um sorriso, e seguiu até o quarto do filho, enquanto Dean se dirigia até o banheiro.


Por mais que se sentisse um traidor por fazê-lo, Dean sabia que tinha que tentar. E ele tentaria. Ali, agora, era o lugar ao qual ele pertencia. Ao lado de Lisa. Ao lado de Ben. Era a verdade que ele precisava aceitar.


***


Banho terminado e toalha na cintura, ele dirigiu-se a pia. Escovou os dentes com um pouco de pressa, pois sabia que se demorasse Ben poderia terminar de jantar antes que chegasse a mesa. O garoto era rápido! Adolescência, talvez. Baixou o rosto e encheu a boca de água, para tirar a espuma. Dentes escovados e banho tomado, Dean puxou a toalha para secar o rosto.


Atrás de si, ouviu a porta do banheiro se abrindo, e imediatamente virou-se, ainda com a toalha em mãos. Encarou a porta de mogno fechada durante alguns instantes, e um calafrio estranho subiu por sua espinha. Tinha certeza de que o som que ouvira era o de uma porta se abrindo. Seus instintos de caçador, por mais que pouco usados, continuavam à flor da pele. Não podia ter se enganado, podia? Não, ele nunca se enganava.


Mas, talvez, fosse Lisa entrando no quarto, indo chamá-lo. Dean não tinha demorado muito, porém, ela e Ben podiam estar esperando-o para começar a jantar, mesmo que tivesse dito que podiam fazê-lo sem ele. Esperou por mais alguns instantes, antes de constatar que nada aconteceria. Franziu o cenho, ergueu as sobrancelhas. E estranhou.


É, ele tinha se enganado. Com um dar de ombros resignado, porém ainda incomodado, virou-se para colocar a toalha de rosto de volta no lugar. E ao encontrar-se frente a frente com o espelho, congelou.


No reflexo, Sam Winchester lhe encarava com um sorriso.


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Notas finais do capítulo

Aguardamos ansiosamente pela opinião de vocês! :)