´´Nasci no ano de 1850 aproximadamente, era filha única de uma família rica e morava no Canadá, desde pequena tive de conviver com o fato de pertencer a uma família que só aparentava felicidade perante aos vizinhos e amigos, todas as noites meu pai se trancava no escritório para beber e só saia quando já estava bêbado o bastante para espancar a minha mãe.´´

´´Quando completei 17 anos, imaginei que nada poderia piorar ate o dia em que meu pai me esbofeteou quando tentei proteger minha mãe que já estava velha demais para sobreviver a mais espancamentos.´´

´´Quando me encontrei naquela situação não soube como reagir, eu estava caída sobre o assoalho frio do quarto de meus pais, meu rosto latejava de dor, podia sentir que meu nariz sangrava, minha mãe estava paralisada na porta segurando seu braço, devia estar quebrado. Senti algo brotar de dentro de mim, uma força que eu jamais sentira, mais não era algo físico, era algo psicológico, lancei essa força contra o animal a minha frente, para ele pareceu um golpe direto, ele caiu de joelhos no chão, ele via algo que eu jamais soube o que era. Um grito sufocado saiu de seu peito:´´

´´-Não! Isso não pode ser verdade! O que você fez comigo? Você me enfeitiçou bruxa maldita! Ele gritava.´´

´´Aproveitei sua loucura e corri para a porta puxando minha mãe comigo, mas ela não se mexeu, seus olhos que antes demonstravam medo, agora pareciam furiosos.´´

´´-O que você esta fazendo com ele?

´´Não consegui entender.´´

´´-Vamos diga! O que você esta fazendo com ele?´´

´´Senti a força que irradiava de mim sumir como mágica, os gritos que antes preenchiam a casa pararam. Mas meu pai continuou ajoelhado, estava desesperado, ou melhor aterrorizado demais para se levantar.´´

´´Minha mãe foi de encontro a ele para reconforta-lo, aquilo me deixou revoltada, como era possível? Depois de tudo que aquele homem fez a ela, podia ver claramente que ela não podia sustentar um dos braços, seu rosto que antes era tão belo agora estava velho e mal tratado. Eu não podia entender o que era aquilo. Sai correndo e fugi daquela casa, não faço a mínima idéia de quantas horas caminhei pela rua, mas percebi que o sol já estava nascendo, então fui para as áreas menos habitadas e mais simples para não chamar atenção pelo fato de estar vestindo uma camisola.´´

´´Eu não queria volta para casa, não queria ter de encarar minha mãe, mas para onde eu iria? O que eu faria? Cresci acreditando que apesar de minha casa ser um inferno, o verdadeiro perigo estava nas ruas. Mas achei que o mais sensato seria pegar minhas coisas e ir embora.´´

´´Quando retornei vi que todos os meus pertences estavam no jardim dos fundos, longe dos olhos dos vizinhos, peguei uma mala e coloquei o que consegui nela antes de ver minha mãe voltando com meu pai, me escondi em meio a arbustos, eles não devem ter me visto entrar, então também não queria que eles me vissem saindo. Percebi que meu pai carregava uma lata nas mãos, não demorei muito para perceber qual era sua intenção, ele colocou fogo em minhas coisas...´´

´´-O fogo é a única forma de expulsarmos os demônios de nossas vidas. Ele disse.´´

´´Para eles então, eu era o demônio.´´

´´Esperei ate que eles estivessem distraídos com a chamas e fui embora, levando apenas uma mala comigo e um pouco de comida que a empregada percebendo o que estava acontecendo preparou para mim.´´   

´´Depois de sair, decidi ir em direção à área rural pois seria mais fácil viver em um lugar novo, eu nunca havia feito nada alem de estudar e em uma área rural, uma pessoa saber ler e escrever era muito difícil então pensei que poderia ganhar algo com isso.´´

´´Peguei carona com alguns viajantes que passavam na estrada, pessoas simples, mas muito gentis, demorei uma semana para chegar à primeira fazenda, conversando com algumas empregadas do local descobri que um fazendeiro estava procurando por pessoas instruídas para ajuda-lo a escrever cartas para seus compradores de café e gado, fui atrás desse homem e por sorte consegui um emprego em troca de comida, moradia e vestimenta,difícil para mim fazer amizades com a criadagem, ate que uma mulher simples chamada Helena me alertou a ter cuidado pois algum tipo de animal estava matando o gado das fazendas vizinhas.´´

Kellan riu da forma como Natalia disse ´´algum tipo de animal´´, provavelmente esse animal era ele.

´´As noites na fazenda eram incrivelmente tranqüilas, eu não consegui ficar em meu pequeno quarto por isso sai para admirar a lua.´´

Kellan fez um pequeno sinal para ele poder continuar.

´´Nessa noite eu estava nessa fazenda me alimentando, nunca aceitei o fato de ter de matar humanos para sobreviver, mas o cheiro dela, me acertou da forma mais cruel e apetitosa que jamais imaginei, sem pensar muito larguei o animal que abati e fui ao encontro dela.´´

Natalia sorriu para Kellan.

´´Você estava lá olhando para o céu com um sorriso belo e maroto, nem mesmo minha sede foi capaz de vencer o desejo que tive de lhe ter para mim, eternamente.´´

O enorme vampiro passou o braço sobre os ombros de sua amada a abraçando por trás, ela sorriu e completou:

´´Jamais acreditei que amar fosse possível, ate hoje não acredito, mas naquela noite, sobre a luz do luar vi nossos laços se formarem como correntes inquebráveis, nada poderia nos separar, e depois tive a certeza, que nem mesmo a morte.´´

´´Eu que sempre achei que meu destino fosse pagar por meus pecados, desde o dia em que fui transformado, achei que deveria apenas esperar pela destruição, mas ai nos encontramos, naquela noite agradeci a Deus por ainda existir.´´

A proximidade do casal me fez desviar o olhar, Renesmee estava sorrindo para eles enquanto abraçava Jacob com mais força, Esme sorriu para Carlisle, todos os casais sorriram, não havia como não sentir o delicioso clima em que a sala se encontrava.

Eu não pude resistir á tentação de segurar firme a mão de Edward e então beija-lo.

Alice segurou a respiração, Edward parou nosso beijo... cedo demais.