~Pensamentos de Júlia Miller

Estou muito preocupada com a Leticia, será mesmo que ela está bem?

Isso tudo que aconteceu... Foi tão estranho.

Fez-me lembrar do meu sonho. Com toda certeza a menina loira que aparecia nele era a Leticia, e talvez o outro garoto que eu não via a cara pudesse ser o Matheus. Mas porque eles apareceram no meu sonho se eu nem os conhecia? O único que fazia parte do meu sonho e eu já conhecia era o Pedro.

Sinto minha cabeça pesar, isso não me faz bem.

Me deito para dormir, mas não consigo nem fechar os olhos. Parte por falta de sono, a outra porque meu celular estava tocando. Acabo decidindo atender logo.

“Alô?” Digo e um pouco mal humorada.

“Jú?” E essa é a parte que eu quase engasgo com a própria saliva ao perceber que quem está do outro lado da linha é o Pedro.

“o-oi Pedro” Eu falo gaguejando. Mas que droga tudo voltou! Bonito né? Gaguejar é um ótimo jeito de mostrar que vocês são só amigos. Um ponto pra você Julia... Só que não. Escutei ele rir do outro lado antes de continuar falando.

“Você estava fazendo o que?” Será que eu respondo que estava tentando dormir? Não. E se ele quiser dar uma passada aqui como antigamente? Se eu falar que ia dormir ele não vem.

“Nada” Eu respondo

“Será que você topa ir comigo tomar um sorvete no shopping?” Certo, ele não veio pra cá mais é um sorvete no shopping. Isso já é muito. Para bons amigos.

“pode ser...” Tento parecer indiferente, mas quem eu quero enganar, eu estou explodindo de felicidade, fazia muito tempo que eu não sai com o Pedro.

“Te encontro lá daqui à uma hora. Beijo” E ele desliga sem me deixar responder. Então eu corro pra me arrumar. Estou decidida a falar para ele sobre o meu constante sonho hoje.

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“Preciso te contar uma coisa” Eu falo para Pedro quando já estamos sentados em um banco dentro do shopping saboreando nossos sorvetes da ‘50 sabores’. Ele me olha assustado por eu estar seria. “Eu tive um sonho bem estranho”

“Que tipo de sonho?” Ele perguntou mais relaxado.

“Onde aparecem monstros” Falo e então percebo o quão idiota suou essa frase.

“A Jú deve ser só um pesadelo, não se importe tanto com isso” Ele disse tomando mais um pouco de seu sorvete.

"é diferente... ele se repetiu varias vezes, já faz um mês que eu ando tendo o mesmo pesadelo, Pedro" falo e vejo que ele parece confuso. “é como se o que eu sonhasse fosse acontecer ou fosse um alerta”

"E sobre o que é o sonho?" Pedro pergunta um pouco mais interessado.

"você, principalmente" Falo e percebo que ele se assusta um pouco.

“E o que eu tenho haver com monstros? Não sou tão feio assim, sou?” Ele perguntou de modo fofo me olhando bem nos olhos, o que me fez me aprofundar em suas orbitas cor de chocolate. E responder ainda olhando elas.

“Logico que não, você... é lindo” Falo essa ultima parte baixa e sinto que estou corando. Então desvio meu rosto para baixo rapidamente.

“E-eu... o que aconteceu no sonho?” eu percebo que ele ficou sem graça e corou também, mas pra disfarçar voltou para o assunto de sonho. Ainda bem. Eu não sei o que eu iria dizer se ele fizesse alguma pergunta sobre o que eu acho da beleza dele.

"é assim, você e eu estamos em um lugar que eu não sei aonde é, não consigo enxergar nada, pois tem uma forte nevoa encobrindo toda a região em que estamos. então eu me viro para ver se acho alguma saída e quando volto a me virar para você, você já não esta lá.” Começo a falar do sonho e as imagens me invadem, aquele lugar onde nós estamos eu sinto que deveria conhecer aquilo, apesar de desconhecer o porquê. “então eu me desespero e começo a sair a te procurar, mesmo não enxergando nada. Quando eu escuto um forte barulho vindo da direção oposta e vou correndo até lá quando chego, tem uma menina loira e uma garoto alto lutando contra um monstro estranho.” eu paro de falar, omito os detalhes de que a menina loira é a Leticia e de que o menino alto provavelmente é o Matheus.

“O sonho acaba ai?” Pedro me pergunta estranhando.

“Na verdade, da primeira vez que eu o sonhei sim, mas faz uma semana que ele ganhou uma continuação.” Falo e tomo o pouquinho do meu sorvete que ainda tem “o que acontece é mais ou menos assim, a garota se vira para mim e deixa uma lagrima cair, então olha para o chão e volta a olhar para mim com pena. Então eu olho para o lugar do chão que ela olhou uma parte que esta sem nada para atrapalhar a minha visão, então eu vejo...” percebo que lagrimas começam a brotar de meus olhos e aos pouco a sair deles.

“Ei por que você está chorando?” Pedro pergunta se aproximando de mim. Ele deixa a o potinho transparente que ainda tinha seu sorvete de lado e passa a mão pelo meu rosto enxugando as lagrimas que insistiam em cair dos meus olhos.

“Você...” Eu tentei falar, mas não consegui. A cena que eu vi em meu sonho ao olhar para o chão me doía como se fosse de verdade. Respirei tentando me controlar. “Você estava no chão, rodeado por sangue e com uma espada na mão.” Ele arregalou os olhos e eu continuei chorando. “Eu não sabia se você estava morto, eu gritava seu nome, mas você não respondia, eu tentava sair de onde estava e correr até você, mas meus pés não saiam do canto.” Pedro respirou fundo.

“isso foi só um pesadelo. Eu nunca vou te deixar, eu sempre estarei por perto, como seu amigo, mesmo que você não queira.” Ele falou e eu abaixei a cabeça, por mais que eu quisesse acreditar que tinha sido apenas um sonho, eu sabia que algo naquilo era muito real, a voz que me chamava depois. Eu não contei isso para o menino a minha frente, mas essa voz aparecia em todos os sonhos. Me chamando, como se eu pudesse evitar que isso acontecesse. A voz não parecia má. Apenas doce e decidida. “Jú, você quer ir pra casa? Podemos pegar um taxi e eu passo o resto da tarde com você”. Pedro falou de repente, acho que foi quando percebeu que eu estava pensando em algo, mais especificadamente no sonho.

Eu concordei com a cabeça.

Mas quando ele estava se levantando eu o impedi, o puxando para sentar-se novamente. Ele me olhou confuso. E eu o puxei mais para perto.

“Obrigada por estar aqui comigo.” Sussurrei antes de fazer algo que eu já deveria ter feito há muito tempo.

Eu o beijei.