Hand Of Sorrow escrita por Constantin Rousseau


Capítulo 2
The child without a name...


Notas iniciais do capítulo

"A criança sem nome..."



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Gale estranhou ser chamado tão cedo ao gabinete de Robert Undersee, mas, ao mesmo tempo, ficou internamente satisfeito com o fato. Com as férias acumuladas, aceitara retirar duas semanas de descanso longe dos USA, numa cidadezinha perdida no meio da França. E o que aconteceu durante sua ausência? Uma tentativa de golpe de estado! Finnick Odair havia sido baleado, Peeta Mellark quebrara a perna, e Cato Müller quase morrera ao tentar desativar um explosivo estrategicamente colocado no meio da praça na qual o Sr. Undersee, candidato a presidente, discursava.

Amadores foi seu primeiro pensamento ao voltar para Manhattan e ouvir toda a história. Mas, apesar de ser um tanto duro em seu julgamento, estava preocupado com os amigos; só não entendia como tudo aquilo quase acontecera. Quando visitou Finnick no hospital, o rapaz não soube explicar qual fora a falha na proteção do local.

— Juro, Gale. — o ruivo dissera, sacudindo a cabeça com veemência. — Num minuto, estava tudo bem, e no outro... Não faço ideia de como eles apareceram.

Isso foi o que mais intrigou Hawthorne, que mal voltou do breve período de férias e já estava ativo. “Manworker” foi como Peeta o chamou, provocativo, ao saber que o moreno havia sido chamado pelo patriarca da família Undersee para uma conversa em particular, em sua própria mansão.

Apesar de já ter uma leve noção do que o homem queria — afinal, por que outro motivo que não proteção pessoal um renomado agente do FBI seria chamado, assim, sem mais nem menos? —, Gale preferiu ir de mente vazia à casa de Robert, e era nisso que tentava se focar enquanto dirigia seu carro pela propriedade arborizada. A Mercedes preta foi estacionada próxima à entrada, e o rapaz captou algum burburinho dentro do local, já que podia ouvir claramente a correria dos empregados enquanto saía do carro.

Ensaiou um sorriso, e, como era de praxe numa situação como aquela, checou se o terno estava nos conformes. Tudo ok; nem um único sinal de descuido até aquele momento.

Seja o que Deus quiser pensou, enquanto trancava o veículo e caminhava lentamente em direção à porta agora aberta que o levaria ao hall de entrada da mansão Undersee

xxx

Madge estava ocupada tentando fazer uma trança em seus fios dourados, porque sairia com Annie Cresta mais tarde. Mesmo não estando com muito ânimo para tal, a outra a convencera de que ficar trancada dentro de casa não mudaria a situação; só faria com que se sentisse pior.

Suspirou cansada ao finalmente se dar por vencida e decidir que iria deixá-los soltos para o bem de sua sanidade. Claro que, se realmente desejasse um bom penteado, era só pedir para que Effie lhe ajudasse, mas se o fizesse seu pai acabaria descobrindo e a proibiria de sair. E, mesmo que Robert tivesse plena consciência de que podia depositar a vida da filha nas mãos de Annie, o “Sr. Undersee” começava a se preocupar com aquelas festas.

Depois da última tentativa de sequestro que vivenciara, Madge odiava admitir, mas começava a concordar com o pai. Concentrava-se naquele perturbador pensamento, quando algo lhe chamou a atenção. De sua posição, sentada sobre a cadeira em frente à penteadeira, podia claramente ver um carro estacionando em frente à mansão Undersee.

Curiosa, levantou-se e foi até a janela para espiar, os olhos avaliando cautelosamente a figura altiva que saiu de dentro da Mercedes. Era um rapaz que aparentava ter mais ou menos sua idade, ou talvez alguns anos a mais, não sabia ao certo. Antes de entrar em sua casa, ele pareceu avaliar as próprias roupas, como se esperasse verdadeiramente encontrar algo de errado no terno escuro. De alguma forma, sua presença inquietou a loira, que se inclinou um pouco mais sobre o parapeito, tentada a chamar Effie unicamente para lhe perguntar quem era aquela figura misteriosa.

Será que seu pai realmente levara a sério sua proposta de contratar um guarda-costas? Não conseguiu deixar de se sentir surpresa, porque, afinal, era raro o famoso Robert Undersee, apesar de excelente pai de família, era muito orgulhoso no que dizia respeito a sua capacidade de se livrar de algumas situações. E também não ouvia conselhos, mesmo quando feitos por sua própria filha.

Inclinada sobre o parapeito, Madge permitiu-se sentir um pouco de orgulho de si mesma por ter conseguido a proeza de fazer com que ele a escutasse. Enquanto seu pai estivesse seguro, tudo estaria perfeitamente bem para todos.

Quase sorriu. Quase.

xxx

Proteção para a filha dele?

Gale franziu o cenho pela confusão momentânea que o afetou. E, notando a expressão verdadeiramente surpresa do rapaz, Robert prosseguiu com seu discurso:

— Odair lhe contou o que tentaram fazer enquanto eu discursava? — questionou, encarando diretamente os olhos cinzentos do moreno. — Eles levariam minha filha, Hawthorne, e sabe-se lá Deus o que pediriam em troca de sua vida. Provavelmente a matariam logo em seguida, apesar de isso não ser uma certeza.

Aquela afirmativa tão cheia de convicção abalou as estruturas internas do agente, mas ele fez questão de não demonstrar nada além de uma ligeira frustração. Tinha certeza de ter pedido a Finnick todos os detalhes do incidente, e o ruivo não lhe disse nada a respeito de uma tentativa de sequestro. Quase que de forma automática, comprimiu os lábios numa linha fina e depositou as mãos sobre a mesa à sua frente, entrelaçando seus dedos enquanto arqueava uma sobrancelha.

— Perdoe-me a intromissão, Sr. Undersee...

— Me chame de Robert. — o homem o corrigiu, e Gale meneou a cabeça.

— Perdoe-me a intromissão, Robert, mas... Não se importa com a própria vida? — pôde ver pela expressão do mais velho que o havia pegado de surpresa, e logo se corrigiu: — Digo... Devo admitir que esperava algo completamente diferente quando o senhor me convocou. Acreditava que estaria fazendo outro tipo de serviço, como proteção pessoal, e não de terceiros.

— Madge é a pessoa mais importante para mim, nesse momento. — Undersee sacudiu a cabeça. — E, enquanto ela estiver em segurança, eu também estarei bem.

Gale ponderou a respeito, recostando-se sobre a confortável cadeira enquanto fitava o homem à sua frente. Não deixava de ser estranho, e o fato de Finnick não ter comentado nada sobre a garota era algo que ainda o incomodava profundamente. Resolveu que deixaria aquelas questões para mais tarde, porque, naquele momento, Robert o encarava esperando por uma resposta. Outro detalhe que o pegara de surpresa, fora a proposta, e não intimação que o homem usara.

Poderia negar.

— Certo. — ajeitou-se, devolvendo seu olhar com firmeza. — Posso começar o quanto antes.

O sorriso reluzente que recebeu foi um tanto estranho, mas Hawthorne fez questão de ignorar. A partir daquele momento, ele seria o guarda-costas da filha de Robert Undersee, e, consequentemente, teria de segui-la para tudo que era canto e evitar qualquer tipo de aproximação suspeita ou perigo iminente. Apenas torcia para que ela não fizesse o tipo baladeira, que costuma fugir durante a madrugada, ou realmente teria problemas com a proteção; ainda tinha de revisar a planta da mansão, lidar com os empregados, e ter a certeza de que teria autoridade o suficiente para mexer com o restante dos seguranças do local, mas isso era o de menos para o moreno. Afinal, já havia trabalhado naquele tipo de caso há algum tempo, mas era válido.

Não importava muito. Seu profissionalismo acima de tudo. Não se envolver emocionalmente, apenas proteger. Deveria impedir que ela se machucasse, mesmo que isso provavelmente fosse enfurecê-la; afinal, de acordo com sua experiência no ramo, garotas tinham mais problemas com relação ao espaço pessoal. Contanto que não se importasse com as mudanças de rotina, ou com a presença de Hawthorne, tudo estaria perfeitamente bem para ambos, e ele realmente não se incomodaria.

— Vou mandar chamá-la, então.

A partir daquele momento Madge Undersee seria uma criança sem nome para Gale.

Ela deveria ser.


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Notas finais do capítulo

Se ninguém se importa, permiti-me misturar um pouco e mesclar alguns detalhes da relação entre os ramos de trabalho. [Com exceção do FBI, apesar de não saber como funcionam as coisas por lá] Portanto, os fatos podem ter ficado meio confusos. Se alguém não entendeu, tentarei explicar da melhor forma que puder numa resposta rsrsrsrs
Monique, melhoras para você, sua linda! ♥