POV ANNA

–Cinco minutos para subir no palco -Disse o produtor. Suspirei e me olhei no espelho...

Sabe aquela sensação de que você não sabe quem você é? E essa a sensação que eu tenho todos os dias... Durante 11 anos. Mas, sabe? Eu tenho que esquecer isso e me concentrar na música.

Hoje era o ultimo show da minha segunda turnê... Para ter duas semanas de ferias, grande diferença. Quase, um ano fazendo show's, para ter duas semanas de ferias... Vou acabar tendo um ataque em cima do palco de tanto trabalhar. O que importa e que é o ultimo show.

E esse ultimo show ia acontecer em uma cidadezinha chamada Forks. O que a minha madrasta não gostou muito, pois era aqui que ela morava antes de se aventurar em Nova York.

Ela diz que Forks é parada demais e que a faz se sentir velha... Mas, sinceramente, eu gostei daqui. É calma e aconchegante, já Nova York é muito agitada e corrida.

–Anna? -Suspirei. Elizabeth, minha madrasta, as vezes é insuportável. Não sei o que o meu pai viu nela... Não que ela não fosse bonita, pois ela é linda, mas... Cara! Ela é muito chata! Ela e a filha dela, Isabella Swan–Anna, o que você tanto olha para esse espelho? -Perguntou Elizabeth.

–Estou tentado ver quem eu realmente sou.

–Que papo mais estranho é esse? -Suspirei -Olha bem pra você! O que você vê? -”Uma adolescente chata, problemática e cansada da vida”.

–Não sei -Dei de ombros.

–Pois, eu vejo uma garota linda, talentosa e que vai fazer mais um show incrível -Sorriu.

–Se você diz -Disse desanimada.

–Eu tenho certeza -Deu uma piscadela.

As pessoas criavam muita expectativa sobre mim, e as vezes eu não conseguia corresponder... Suspirei.

(...)

–Você foi incrível! -Disse Isabella... Ela é mais falsa, do que nota de 3 dólares.

–Obrigado -Dei de ombros.

–Sabe o que não entendo? -Assenti negativamente -E você ser conhecida no mundo inteiro, ser talentosa e não se animar com isso -Disse incrédula.

–E que... -Eu tinha varias explicações, ou desculpas, mas não sabia qual delas era a verdadeira -Na verdade, eu nem sei direito o porque -Dei de ombros.

–Sabe! -Disse pensativa -Se eu fosse você... Eu não me aguentaria de felicidade -Disse sorrindo sonhadora.

Isabella é louca para tomar o meu lugar, mas ninguém deu muita bola pra ela. Ao contrario da mãe dela, ela canta super bem... E as vezes, eu acho que ela canta melhor que eu, mas o jeito dela faz com que eu esqueça tudo isso.

–Tomara que você consiga ser o que você quer tanto -Disse sorrindo. Eu torcia de verdade por ela, mas toda pessoa falsa acha que todo mundo também é.

–Obrigado -Disse com um sorriso falso.

–Anna, você foi incrível! -Disse Elizabeth.

–Obrigado -Disse suspirando.

Não sei porque, mas não conseguia me animar com essa historia de fama... Eu queria, pelo menos uma vez, ser normal. Por que na verdade, eu nem sabia o que era ser normal.

–Nossa, Anna! Por que está tão desanimada desse jeito? -Perguntou Beth.

–Foi o que eu perguntei pra ela, mãe -Disse Isabella, cruzando os braços.

–Nada não, gente -Suspirei -Eu... Eu posso dar uma volta? -Perguntei timidamente.

–Volta? -Perguntou Beth -E como você vai dar uma volta, sem ser perseguida por uma multidão de fãs? -Revirei os olhos.

–Eu gosto dos meus fãs e... Hum... Eu coloco uma peruca, ou uma blusa com capuz -Dei de ombros.

–Você que sabe... -Disse Beth, dando de ombros.

–Você quer mesmo dar uma volta por... Forks? -Disse Isabella.

–Sim -Dei de ombros -Eu só quero sair daqui... E... Elizabeth! Você que morou aqui, me fala um lugar legal para que eu possa visitar -Ela me olhou com ódio.

Algo que Elizabeth mais odiava no mundo, era falar que ela já morou aqui, ou sobre a infância/adolescência dela em Forks... Quer dizer, ela odiava tudo que era relacionado a Forks.

–Não sei -Disse entre dentes.

–Puxa! Que pena -Disse debochada.

Ela suspirou irritada, mas quando ela ia dizer alguma coisa, eu sai. Não queria escutar ela falar besteira.

Fui até as minhas malas e peguei um casaco preto, grande e com capuz, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e um peguei um óculos escuro (sei que era quase meia-noite e andar a essa hora com óculos escuro é loucura, mas isso ajudava no disfarce).

Sai pelas ruas de Forks, algumas pessoas me olhavam estranho, provavelmente pensando que eu iria rouba-las. “Pessoas de cidades pequenas não sabem o que é crime de verdade”.

Parei em uma pracinha, em frente a uma lanchonete que estava lotada. “Lá deve ser o 'point' da cidade”. Resolvi entrar.

O nome da lanchonete era Valle's e era diferente de tudo que eu já ví (e olha que em Nova York tinha muita coisa diferente) era lanchonete, barzinho e um 'Clube de Música'(?).

“ Sim! Um 'Clube de Música'! Tinha um palco com uma banda e tudo! Caraca! Que lugar incrível!”. Me sentei em uma das mesas com um sorriso bobo no rosto.

–Agora o nosso tradicional show -Disse uma loira, extremamente, linda -Alice Cullen–Uma grande salva de pelmas ecoou o lugar.

Uma baixinha, extremamente, alegre, com cabelos negros e curtos (e também muito bonita) subiu ao palco.

–Olá, gente! -Todos bateram palmas -Hoje eu vou cantar, When I Look At You, espero que gostem -Assovios e mais palmas ecoaram no lugar.

Tinha medo dela não cantar bem, pois da ultima vez que eu fui ao um 'Clube de Música', em Nova York (disfarçada, obviamente) eu me arrependi. Mas, quando a tal da Alice começou a cantar eu me surpreendi.

Ele tinha uma voz linda! Super afinada e ela cantava com a alma, algo que poucas cantoras como ela (que cantam em barzinho e etc) conseguem. A maioria são muitos técnicos. Mas, no exato momento que ela começou a cantar o refrão eu... Eu... Me apaixonei...?

O garoto mais lindo que eu já ví em toda a minha vida (e olha que eu já ví super modelos, extremamente, lindos) estava atendendo uma mesa ao meu lado.

Ele tinha cabelos acobreados e bagunçados, olhos verdes-esmeralda intensos, um rosto marcante e másculo, era alto, um sorriso tímido lindo e as bochechas estavam, extremamente, coradas.

Meu coração acelerou, o meu sorriso bobo aumentou, minha respiração começou a falhar e minhas bochechas, e o corpo inteiro, coraram.

“Porque, diabos, eu estava tendo essa reação por causa dele? E porque um garoto tão bonito, como ele, está morando em uma cidadezinha, como Forks, e não desfilando e morando em Milão, a cidade da moda?”.

Não sei quanto tempo eu fiquei o encarando, mas percebi que ele tinha um jeito tímido, que é só dele, de falar e atender os clientes e que as garotas, assim como eu, coravam quando ele falava com elas. E sem perceber, eu suspirava enquanto olhava para ele, só acordei quando Alice terminou de fazer o seu show e as palmas ecoaram o lugar.

“Eu , sinceramente, me apaixonei por Forks”.

(...)

Depois do show da Alice, ouve mais dois show's e depois o microfone ficou aberto para o público.

E varias pessoas, afinadas e desafinadas, subiram no palco para cantar... E foi super divertido. Algumas pessoas faziam gracinhas e outras subiam no palco serias, outras contavam piadas e outras cantavam, outras cantavam afinadas e outras desafinadas... Nunca me diverti tanto, até que o meu celular tocou.

–Aló?

–A onde você está?–Perguntou Beth furiosa.

–Eu? Eu estou em uma lanchonete incrível! -Disse animada.

–E você e´pessoa que come em lanchonete?–Revirei os olhos.

–Ao contrario de você, eu não tenho frescura -Disse debochada -Eu adoro comida de lanchonete -Dei de ombros.

–Eu quero que você volte para o Hotel, agora!–Disse furiosa.

–E porque?

–Por que amanhã cedo nos vamos embora!– “O que?”–Graças a Deus!–Resmusgou.

–Mas...

–Mas, o que? –Disse impaciente.

–E que... -Olhei para o garoto que me encantei a primeira vista -Eu gosto de Forks.

–Hã?!–Disse incrédula -Você gostou de Forks?–Riu debochada -Que isso, Anna? Gostar desse... Lugarzinho–Disse com nojo.

–Hum... -Revirei os olhos -Já estou indo -Disse desanimada.

–Bom mesmo–Desligou.

“É a primeira vez que me encanto por alguém... E agora nunca mais vou vê-lo”.