A Menina Que Não Tinha Sonhos escrita por k4ya


Capítulo 1
Buraco sem fim




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E lá estava eu, olhando pela frecha da porta, ouvindo cada palavra que diziam.

- Não irei ficar com ela, Jane. Ela está terrível, só quer saber daqueles livros apesar das notas não estarem boas, gastarei meu dinheiro com ela, não quero isso. – disse minha tia Marisa, tomando seu chá e fazendo careta, pois sempre odiara os chás de vovó.

Eu me virei, e recostei minha cabeça na porta, soltando um longo suspiro. Ouvindo cada palavra que eram como uma facada no meu peito. Olhei para minha roupa, estava com um vestido estranho que parecia de boneca. Levantei-me devagar, a fim de não fazer barulho, e fui andando lentamente para a janela, para observar a imensidão azul do céu. As janelas eram grandes, como se fosse uma varanda. Observei o quarto ao meu redor, não era familiar, havia bonecas de porcelana, e um ursinho na cama, me aproximei para pegá-lo. Na escuridão do meu quarto, não conseguia enxergar muito, só o rosto pálido e perfeito daquelas bonecas assustadoras olhando para mim. Peguei o urso da cama. E pelo menos algo ali era familiar. Sr. Barth. O abracei forte, mas não senti a mesma intensidade.

Caminhei para a porta e dei uma última analisada, as vozes estavam ficando altas, estava aparentando uma discussão, não uma conversa familiar. Novamente fui até a varanda, abrindo a com muita cautela. O vento soprava forte e parecia ser bem tarde da noite, meu cabelo voava e roçava na minha pele... Fazendo com que me arrepiasse.

Vi uma estrela cadente e pedi que meus pais voltassem... neste exato momento, pude ouvir vovó gritando:

- Vocês são empestáveis, assim como aquele inútil do Matheus. Estou velha, cansada, ganho pouco, e ainda tenho que gastar o pouco que tenho com aquela... Aquela menina arrogante e hipócrita?

Neste exato momento, uma lágrima caiu do meu rosto. Posicionei-me em cima da grade que tinha, para evitar acidentes, e me joguei de lá, abraçando Barth. Parecia que eu estava caindo em um buraco sem fim, repassando cada palavra repetitivamente em minha mente, dizendo lentamente a frase cada vez mais alta...

Acordei assustada, olhando para o rádio relógio que marcava exatamente as 3hrs da manhã. Sentei-me e abracei Sr. Barth. Era a terceira vez naquela semana que tinha esse sonho, mas toda vez que o sonhava, era como se fosse novo... Até acordar.


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