Desejos Sádicos. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 3
Capítulo 3.


Notas iniciais do capítulo

Geeeente, é tudo apenas ficção, então por favor, não interpretem mal.



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 Lilian saiu do quarto deixando-me sozinha, apenas eu e meus pensamentos. Eu tinha tanta coisa em mente, foram tantos anos de planejamento.

 Levantei-me e fui em direção a pequena janela de canto. Abri suas cortinas que jogaram sobre mim uma grossa camada de poeira acumulada, sem duvidas aquele quarto não era usado a bastante tempo. A visão era do outro lado da rua da pousada, esta, estava visivelmente mais movimentada, provavelmente próxima ao centro. Perninhas apressadas percorriam a extensão da rua em poucos segundos, enquanto comércios aos poucos ficavam movimentados. O tempo estava nublado e indicava que em breve nos presentaria com chuva.

 Mais foi em um banco que algo chamou-me a atenção. Uma criança, provavelmente de rua, permanecia imóvel sobre o banco, dormindo tranquilamente. Não pude evitar que todo o meu corpo acordasse em resposta, senti meu coração acelerar e minha boca secar. Eu não podia arriscar a perder tudo, mas tampouco poderia perder uma ''presa'' tão fácil como aquela.

 Resolvi que agiria, a levaria para algum canto, longe do movimento. Todos estavam tão ocupados em seus próprios mundos, que dificilmente notariam a ausência de uma menina de rua, alias, conhecendo a mente preconceituosa dessas pessoas, eram até capaz de agradecer.

 Saí de perto de janela e caminhei até a porta. Com as chaves na mão, fechei-a e a tranquei. Desci novamente a entrada da pousada, já tinha algo em mente.

 Caminhei rapidamente ao hall, estava menos movimentado do que quando cheguei, mais ainda assim era barulhento. Pretendia sair rapidamente, e de preferência sem ser notada, mas uma mão em meu braço impediu-me.

 - Ane! - era Luis. Com um sorriso no rosto cumprimentava-me.

 - Ah, Luis

 Maldito velho, tantas horas para aparecer e justamente importuna-me nesta? 

 O ódio crescia dentro de mim, e sua mão em meu braço estava deixando-me visivelmente irritada, nunca gostei de contato físico. Lancei-o um olhar atravessado. Luis tirou o braço de mim, mas seu sorriso ainda ofuscava-me.

 - Está tudo bem Ane? - perguntou-me entre sorrisos.

 - Sim, estou bem, mais hum, estou de saída. - tentei dispensa-lo.

 - Ane, por favor, não negue uma boa conversa. - sorriu.

 - Eu realmente tenho de ir. - minha paciência esgotava-se aos poucos.

 - Por favor Ane, pago-a uma bebida. 

 Vendo que não poderia convence-lo sem que isso levantasse suspeitas, resolvi ceder ao maldito convite daquele homem. Se continuasse a importunar-me daquela forma, eu teria de fazer algo.

 Antes de acompanha-lo ao bar dei uma breve espiada entre as persianas, não enxergava o banco e tampouco a criança.

 - Procurando algo senhorita? - uma voz enjoada indicava que alguém falara comigo.

 ''Mais que merda, será que todos nessa cidade são tão irritantemente calorosos?''

 - Nada que seja de sua conta. - respondi friamente.

 Analisando bem, não era de se jogar fora, um homem alto, corpulento e de trajes casuais, barba por fazer e cabelos desgrenhados. Bom, talvez depois.

 - Desculpe-me senhorita. 

 - Ane por favor. - falei.

- Henrique. 

 Sem despedir-me, deixei Henrique e encaminhei-me ao bar.

 Não era de se admirar que eu houvesse chamado sua atenção, eu realmente era uma mulher tentadora. Cabelos castanhos até a cintura, alta, lábios carnudos e olhos esverdeados. Apenas o meu tom de pele deixava-me a desejar, um branco claro demais, resultado dos anos trancafiada naquele casebre miserável.

 O vi sorrir em despedida, mais apenas cumprimentei-o silenciosamente e voltei-me a Luis.

 - E então, o que vai ser? - perguntou-me animado.

 - Um café. - pedi a mulher que atendia-nos.

 - Para mim um whisky por favor. - pediu a atendente, e virando-se a mim perguntou: - Não bebe senhorita?

 - Não. - respondi. - A bebida deixa as pessoas terrivelmente vulneráveis. 

 - Você tem um modo diferente de ver a vida senhorita. - disse-me.

 - De forma alguma. - rebati. - Apenas enxergo a vida como ela realmente é. Digamos que tive bastante tempo para isso. 

  A mulher voltou ao balcão com nossos pedidos, deixando-os sobre o mesmo, enquanto recebia o dinheiro de Luis.

 - Pretende mesmo estabilizar-se por aqui? - perguntou-me. - Já tens um emprego?

 - Sim. Não, procurarei amanhã. 

 - Bom, tenho uma pequena empresa de finanças, e estou a procura de alguém para estagiar nela, talvez você se....

 - Não. - cortei-o. - Quer dizer, não se incomode, de verdade, não é necessário. 

  Não seria uma boa ideia trabalhar com aquele homem, eu tinha outros planos para ele.

 - Bom, de toda a forma, caso passe a se interessar, é só falar comigo. - ele puxou do bolso um cartão feito a mão e entregou-me.

  Enfiei no bolso sem dar atenção, e, terminando meu café, levantei-me.

 - Agora tenho realmente de ir, até logo. 

 Antes que ele tivesse a chance de me impedir, sai apressada pela porta da pousada.

 Caminhei apressada ao outro lado da rua, parei na esquina a procura do banco onde avistara a garota, e decepcionei-me ao ver que ela já não estava lá. Na verdade, parando para pensar, eu estava realmente despreparada para aquilo, não tinha comigo nenhum objeto que fosse ajudar-me em tal coisa.

 Avistei um grande mercado aos arredores e não hesitei em entrar. 

 Enchi um carrinho com compras que peguei quase que aleatoriamente, a maioria mantimentos e porcarias, mais por baixo deles coloquei algumas das coisas que precisaria. Um facão de cozinha, uma corda e um martelo, por enquanto era o suficiente.

 As filas estavam razoavelmentecheias e isso me rendeu longos dez minutos de espera.

 Quando finalmente fui atendida tratei de enfiar a mão no bolso a procura do dinheiro que havia pego. Puxei algumas notas que julguei ser o suficiente para pagar tudo.

 - $ 36,20 senhora. 

 Entreguei o dinheiro e aguardei o troco enquanto empacotava as compras.

 Saí rapidamente do mercado. Caminhava de volta a pousada quando do outro lado da rua eu a vi. A mesma garotinha de rua agora pedia comida em um pequeno comércio. Aquilo aguçou todos os meus sentidos.

 Caminhei mais apressadamente para que não a perdesse de novo e parei a certa distancia. Quase que com um sussurro chamei-a, e torci para que tivesse ouvido. Ela virou-se em minha direção a procura da voz que a chamava e encontrou meu rosto.

 Apontei para a sacola. - Você quer? - sussurrei. 

 Ela balançou a cabeça esperançosa.

 - Vem comigo, mais fique longe. - pedi-a. 

 Pobre garota, seu pequeno cérebro já não pode mais diferenciar o bom do mal, mais se pudesse, possivelmente teria estranhado o presente tão repentino, mas deveria estar com tanta fome, que pensava agora com o estomago. E aquilo apenas seria bom para mim.

 Segui caminhando pelas ruas dando, algumas vezes, olhadelas para garantir que ainda estava me seguindo. Parava por vezes em um ou outro comércio, olhava a vitrine e seguia andando.

 Embrenhei-me em um beco próximo a uma rua sem movimento e olhei para trás, ela continuava seguindo-me. Caímos em uma rua ainda com menos movimento, casebres abandonados e pobres enfeitavam as ruas. Parei a frente de um que visivelmente não era habitado. Para garantir, bati palmas e aguardei. Vendo que não havia ninguém, aproximei-me do portão, estava fechado, mais só fora necessário algumas sacudidas para que a fechadura podre cedesse e ele se abrisse.

 A essa altura, pude notar que a pequena garota estava ficando assustada. 

 - Não tenha medo, vem comigo. - sorri para ela, e isso pareceu conforta-la.

 Agora, já próxima de mim, chegava a minhas narinas seu cheiro irritante, provavelmente não tomava banho a dias. 

 Com um empurrão abri uma das portas que, para minha sorte, tratava-se de um quarto.

 Depositei no chão os pacotes de compras e puxei de um deles um pacote de bolacha.

 - Você quer? - perguntei-a.

 Ela apenas balançou a cabeça em resposta.

 Entreguei-a o pacote e vi-a abri-lo como um animal faminto.

 Apoiei-me na parede descascada enquanto olhava-a devorar o pacote com rapidez.

 Ela terminou de comer e levantou-se, acho que pretendia sair de lá.

 Postei-me em frente a porta e somente aí ela realmente passou a assustar-se.

 - E-eu quero sair. - gaguejou.

 - Não vai nem agradecer-me? - perguntei-a.

 - O-obrigada.

 - Hum, não gostei, acho que podemos melhorar isso.

 A garota deu alguns passos para trás, abaixei-me e busquei nos pacotes o facão. 

 Aos poucos andei em direção a garotinha, via o medo em seu rosto e aquilo apenas aumentava o sorriso no meu.

 Agarrei-a pelos cabelos e a joguei na cama, ela chorava descontroladamente e dividia as lágrimas com frequentes soluços, estava realmente apavorada.

 - Não torne isso mais difícil querida. 

 Imobilizando-a sobre a cama, passei a ponta da faca em seu braço, vendo um filete de sangue escorrer, enquanto seus olhos arregalavam-se de pavor. Com uma de minhas mãos tampava sua boca, estávamos numa rua deserta, mais não é bom dar sopa ao azar.

 Digeri aquela doce sensação enquanto via o sangue chegar a ponta do meu dedo.

 Respirei fundo e com apenas um golpe em seu coração, deixei-a sem vida sobre a cama. 

 Seu sangue escorria compulsivamente.

 Precisaria achar um lugar para coloca-la. Caminhei pela casa a procura do lugar ideal para deixa-la. Não demorei para achar um sofá de canto com espaço suficiente para isso. Busquei-a no quarto junto com a colcha que cobria a cama e levei-a a sala. Embrulhei-a na colcha e a coloquei debaixo do sofá, empurrando-o para a parede.

 Voltei aos quartos e peguei meus pacotes e fui em direção a saída.

 Deixei a casa sorrindo, a sensação de alegria tomando conta de meu corpo.

 Aquilo deixara-me feliz, mais eu sabia que não por muito tempo. Aquilo fora apenas o começo.



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Notas finais do capítulo

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