Desejos Sádicos. escrita por Bianca Moretão
Notas iniciais do capítulo
Geeeente, é tudo apenas ficção, então por favor, não interpretem mal.
Lilian saiu do quarto deixando-me sozinha, apenas eu e meus pensamentos. Eu tinha tanta coisa em mente, foram tantos anos de planejamento.
Levantei-me e fui em direção a pequena janela de canto. Abri suas cortinas que jogaram sobre mim uma grossa camada de poeira acumulada, sem duvidas aquele quarto não era usado a bastante tempo. A visão era do outro lado da rua da pousada, esta, estava visivelmente mais movimentada, provavelmente próxima ao centro. Perninhas apressadas percorriam a extensão da rua em poucos segundos, enquanto comércios aos poucos ficavam movimentados. O tempo estava nublado e indicava que em breve nos presentaria com chuva.
Mais foi em um banco que algo chamou-me a atenção. Uma criança, provavelmente de rua, permanecia imóvel sobre o banco, dormindo tranquilamente. Não pude evitar que todo o meu corpo acordasse em resposta, senti meu coração acelerar e minha boca secar. Eu não podia arriscar a perder tudo, mas tampouco poderia perder uma ''presa'' tão fácil como aquela.
Resolvi que agiria, a levaria para algum canto, longe do movimento. Todos estavam tão ocupados em seus próprios mundos, que dificilmente notariam a ausência de uma menina de rua, alias, conhecendo a mente preconceituosa dessas pessoas, eram até capaz de agradecer.
Saí de perto de janela e caminhei até a porta. Com as chaves na mão, fechei-a e a tranquei. Desci novamente a entrada da pousada, já tinha algo em mente.
Caminhei rapidamente ao hall, estava menos movimentado do que quando cheguei, mais ainda assim era barulhento. Pretendia sair rapidamente, e de preferência sem ser notada, mas uma mão em meu braço impediu-me.
- Ane! - era Luis. Com um sorriso no rosto cumprimentava-me.
- Ah, Luis.
Maldito velho, tantas horas para aparecer e justamente importuna-me nesta?
O ódio crescia dentro de mim, e sua mão em meu braço estava deixando-me visivelmente irritada, nunca gostei de contato físico. Lancei-o um olhar atravessado. Luis tirou o braço de mim, mas seu sorriso ainda ofuscava-me.
- Está tudo bem Ane? - perguntou-me entre sorrisos.
- Sim, estou bem, mais hum, estou de saída. - tentei dispensa-lo.
- Ane, por favor, não negue uma boa conversa. - sorriu.
- Eu realmente tenho de ir. - minha paciência esgotava-se aos poucos.
- Por favor Ane, pago-a uma bebida.
Vendo que não poderia convence-lo sem que isso levantasse suspeitas, resolvi ceder ao maldito convite daquele homem. Se continuasse a importunar-me daquela forma, eu teria de fazer algo.
Antes de acompanha-lo ao bar dei uma breve espiada entre as persianas, não enxergava o banco e tampouco a criança.
- Procurando algo senhorita? - uma voz enjoada indicava que alguém falara comigo.
''Mais que merda, será que todos nessa cidade são tão irritantemente calorosos?''
- Nada que seja de sua conta. - respondi friamente.
Analisando bem, não era de se jogar fora, um homem alto, corpulento e de trajes casuais, barba por fazer e cabelos desgrenhados. Bom, talvez depois.
- Desculpe-me senhorita.
- Ane por favor. - falei.
- Henrique.
Sem despedir-me, deixei Henrique e encaminhei-me ao bar.
Não era de se admirar que eu houvesse chamado sua atenção, eu realmente era uma mulher tentadora. Cabelos castanhos até a cintura, alta, lábios carnudos e olhos esverdeados. Apenas o meu tom de pele deixava-me a desejar, um branco claro demais, resultado dos anos trancafiada naquele casebre miserável.
O vi sorrir em despedida, mais apenas cumprimentei-o silenciosamente e voltei-me a Luis.
- E então, o que vai ser? - perguntou-me animado.
- Um café. - pedi a mulher que atendia-nos.
- Para mim um whisky por favor. - pediu a atendente, e virando-se a mim perguntou: - Não bebe senhorita?
- Não. - respondi. - A bebida deixa as pessoas terrivelmente vulneráveis.
- Você tem um modo diferente de ver a vida senhorita. - disse-me.
- De forma alguma. - rebati. - Apenas enxergo a vida como ela realmente é. Digamos que tive bastante tempo para isso.
A mulher voltou ao balcão com nossos pedidos, deixando-os sobre o mesmo, enquanto recebia o dinheiro de Luis.
- Pretende mesmo estabilizar-se por aqui? - perguntou-me. - Já tens um emprego?
- Sim. Não, procurarei amanhã.
- Bom, tenho uma pequena empresa de finanças, e estou a procura de alguém para estagiar nela, talvez você se....
- Não. - cortei-o. - Quer dizer, não se incomode, de verdade, não é necessário.
Não seria uma boa ideia trabalhar com aquele homem, eu tinha outros planos para ele.
- Bom, de toda a forma, caso passe a se interessar, é só falar comigo. - ele puxou do bolso um cartão feito a mão e entregou-me.
Enfiei no bolso sem dar atenção, e, terminando meu café, levantei-me.
- Agora tenho realmente de ir, até logo.
Antes que ele tivesse a chance de me impedir, sai apressada pela porta da pousada.
Caminhei apressada ao outro lado da rua, parei na esquina a procura do banco onde avistara a garota, e decepcionei-me ao ver que ela já não estava lá. Na verdade, parando para pensar, eu estava realmente despreparada para aquilo, não tinha comigo nenhum objeto que fosse ajudar-me em tal coisa.
Avistei um grande mercado aos arredores e não hesitei em entrar.
Enchi um carrinho com compras que peguei quase que aleatoriamente, a maioria mantimentos e porcarias, mais por baixo deles coloquei algumas das coisas que precisaria. Um facão de cozinha, uma corda e um martelo, por enquanto era o suficiente.
As filas estavam razoavelmentecheias e isso me rendeu longos dez minutos de espera.
Quando finalmente fui atendida tratei de enfiar a mão no bolso a procura do dinheiro que havia pego. Puxei algumas notas que julguei ser o suficiente para pagar tudo.
- $ 36,20 senhora.
Entreguei o dinheiro e aguardei o troco enquanto empacotava as compras.
Saí rapidamente do mercado. Caminhava de volta a pousada quando do outro lado da rua eu a vi. A mesma garotinha de rua agora pedia comida em um pequeno comércio. Aquilo aguçou todos os meus sentidos.
Caminhei mais apressadamente para que não a perdesse de novo e parei a certa distancia. Quase que com um sussurro chamei-a, e torci para que tivesse ouvido. Ela virou-se em minha direção a procura da voz que a chamava e encontrou meu rosto.
Apontei para a sacola. - Você quer? - sussurrei.
Ela balançou a cabeça esperançosa.
- Vem comigo, mais fique longe. - pedi-a.
Pobre garota, seu pequeno cérebro já não pode mais diferenciar o bom do mal, mais se pudesse, possivelmente teria estranhado o presente tão repentino, mas deveria estar com tanta fome, que pensava agora com o estomago. E aquilo apenas seria bom para mim.
Segui caminhando pelas ruas dando, algumas vezes, olhadelas para garantir que ainda estava me seguindo. Parava por vezes em um ou outro comércio, olhava a vitrine e seguia andando.
Embrenhei-me em um beco próximo a uma rua sem movimento e olhei para trás, ela continuava seguindo-me. Caímos em uma rua ainda com menos movimento, casebres abandonados e pobres enfeitavam as ruas. Parei a frente de um que visivelmente não era habitado. Para garantir, bati palmas e aguardei. Vendo que não havia ninguém, aproximei-me do portão, estava fechado, mais só fora necessário algumas sacudidas para que a fechadura podre cedesse e ele se abrisse.
A essa altura, pude notar que a pequena garota estava ficando assustada.
- Não tenha medo, vem comigo. - sorri para ela, e isso pareceu conforta-la.
Agora, já próxima de mim, chegava a minhas narinas seu cheiro irritante, provavelmente não tomava banho a dias.
Com um empurrão abri uma das portas que, para minha sorte, tratava-se de um quarto.
Depositei no chão os pacotes de compras e puxei de um deles um pacote de bolacha.
- Você quer? - perguntei-a.
Ela apenas balançou a cabeça em resposta.
Entreguei-a o pacote e vi-a abri-lo como um animal faminto.
Apoiei-me na parede descascada enquanto olhava-a devorar o pacote com rapidez.
Ela terminou de comer e levantou-se, acho que pretendia sair de lá.
Postei-me em frente a porta e somente aí ela realmente passou a assustar-se.
- E-eu quero sair. - gaguejou.
- Não vai nem agradecer-me? - perguntei-a.
- O-obrigada.
- Hum, não gostei, acho que podemos melhorar isso.
A garota deu alguns passos para trás, abaixei-me e busquei nos pacotes o facão.
Aos poucos andei em direção a garotinha, via o medo em seu rosto e aquilo apenas aumentava o sorriso no meu.
Agarrei-a pelos cabelos e a joguei na cama, ela chorava descontroladamente e dividia as lágrimas com frequentes soluços, estava realmente apavorada.
- Não torne isso mais difícil querida.
Imobilizando-a sobre a cama, passei a ponta da faca em seu braço, vendo um filete de sangue escorrer, enquanto seus olhos arregalavam-se de pavor. Com uma de minhas mãos tampava sua boca, estávamos numa rua deserta, mais não é bom dar sopa ao azar.
Digeri aquela doce sensação enquanto via o sangue chegar a ponta do meu dedo.
Respirei fundo e com apenas um golpe em seu coração, deixei-a sem vida sobre a cama.
Seu sangue escorria compulsivamente.
Precisaria achar um lugar para coloca-la. Caminhei pela casa a procura do lugar ideal para deixa-la. Não demorei para achar um sofá de canto com espaço suficiente para isso. Busquei-a no quarto junto com a colcha que cobria a cama e levei-a a sala. Embrulhei-a na colcha e a coloquei debaixo do sofá, empurrando-o para a parede.
Voltei aos quartos e peguei meus pacotes e fui em direção a saída.
Deixei a casa sorrindo, a sensação de alegria tomando conta de meu corpo.
Aquilo deixara-me feliz, mais eu sabia que não por muito tempo. Aquilo fora apenas o começo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Comentem por favor