Desejos Sádicos. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 2
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Estou realmente empolgada á escrever esta fic, nunca escrevi alguma desse gênero e estou tendo resultados realmente empolgantes (para mim pelo menos hehe) mais eu gostaria realmente da opinião de vocês, acho que tudo pode ser melhorado, pois nem sempre está de agrado a todos, e bem, receber elogios quando algo está bom também é motivador. Por favor gente, comentem.



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A trilha era estreita, e de vez em vez acabava esbarrando em algum tronco ou folhagem. Não fazia ideia de como acharia o caminho até a cidade, mais estava tão extasiada em não estar mais dentro daquele casebre, que não importei-me, apenas fui caminhando, deixando a folhagem raspar em meus braços criando leves cortes, enquanto uma leve brisa soprava em meu rosto.

A medida que a trilha se estendia, passei a me ver dentro de uma mata, podia ver o os raios de sol iluminarem as folhas secas no chão. Segui caminhando pela mata, vendo em alguns momentos pequenos animais subindo pelas arvores ou embrenhando-se nas folhagens. Não pude conter o árduo desejo de agarra-los e satisfazer-me, respirei fundo e afastei tal ideia, não era o momento, não ali, não agora.

Ignorei-os e continuei em meu rumo. Meus pés já mostravam-se cansados e já relutavam em seguir ao meu ritmo, mais eu tinha de continuar. Admirei com um sorriso no rosto os cortes feitos por tantas esbarradas em folhagens, alguns deixaram pequenos filetes de sangue, já outros, apenas um leve risco.

Quando meu corpo inteiro já vacilava sob meu peso foi que, avistei a certa distancia, copas de casas. Um sorriso malicioso brotou-se em meu rosto, enquanto criava forças para seguir até.

Apesar do horário, haviam poucas pessoas na rua. Senti olhares curiosos sobre mim enquanto passava pelas ruas asfaltadas. Não gosto de chamar atenção, prefiro estar nas sombras, as escuras.

Encarei ameaçadora um moleque que parara com seu patinete a minha frente. ''Desgraçado'' sussurrei, e foi o suficiente para ver suas pequenas mãos tremerem sobre o brinquedo. Incrível o poder das palavras não?!

O garoto tremia, porém não saia do lugar. Aquilo adoçava-me, poderia ser uma vitima perfeita, se não fosse pela minha recém chegada na cidade, essa criança imunda não voltaria para seus pais. Imaginei-os em sua casa, seu pai sentado no sofá, reclamando do dia duro de trabalho, enquanto sua mãe, uma estupida que sujeita-se as ordens do marido, lavava as roupas no tanque da casa. E as horas passariam, e ambos notariam a ausência do seu amado filho, o procurariam pela vizinhança e pelos arredores, mais pobres coitados, não o encontrariam. Ligariam para a policia, mais estes, inúteis e impotentes, provavelmente não fariam mais do que voltar a procurar pela vizinhança, e depois disso, o dariam como morto. Seriam dias em claro para seus pais, lágrimas de dor seriam derramadas, mas eu, bem, eu estaria satisfeita, pelo menos por algum tempo.

– Moça? Está tudo bem?

Larguei meus pensamentos e concentrei-me na voz que me chamava.

O garoto e seu patinete já não estavam lá, mais do meu lado encontrava-se um senhor, que olhava-me com curiosidade e desconfiança, sorri-o.

– Sim, estou bem. - falei docemente.

– Está perdida? Nunca a vi por essas bandas.

– Não, pretendia mudar-me para cá, porém creio que acabei perdendo-me, mais cá estou.

– Este é realmente um lugar de difícil acesso, a prefeitura não colabora, já pedimos inúmeras vezes para colocarem em circulação os ônibus, estão parados na garagem da cidade a anos, e o ponto mais próximo está na cidade vizinha, é um horror. - reclamou.

– Ah sim. - sorri.

– Quanta indelicadeza minha, me chamo Luis. - apresentou-se.

– Pode me chamar de Ane.

Seria mais apropriado não usar meu verdadeiro nome aqui, Ana é comum, já Ariane, possivelmente poderia ser reconhecida.

– Bonito nome senhorita. - sorriu-me. - Tens onde morar? - perguntou-me.

– Na verdade não, disseram-me que havia uma pousada pela cidade, vim a procura dela. - menti, e torci para que estivesse certa.

– Ah claro - alegrou-se - a senhorita Lilian tem uma pousada por aqui. Posso leva-la se quiser.

– Seria ótimo.

Aquele velho estava dando-me nojo, pena eu estar tão impotente, seu sangue em minhas mãos deixaria tudo mais interessante.

Peguei-me sorrindo e os olhos desconfiados de Luis analisando-me.

– Esses devaneios são frequentes Senhorita? - brincou.

– Por vezes sim, gosto de desligar-me do mundo de vez em quando. - sorri.

– Já é a segunda vez que a pego sorrindo distraída.

– Sorrir é sempre bom senhor, não sabemos o que nos aguarda no outro dia. - suspirei. - Nem se haverá outro dia para nós. - um sorriso malicioso formou-se em meus lábios.

Notei o desconforto de Luis ás minhas palavras, engoliu em seco e comentou:

– Sim. Hum, vamos?

Concordei em silêncio e acompanhei-o pelas ruas da cidade. Talvez fosse um pouco diferente do que eu montara em minha imaginação, pensei em algo mais medieval, instrumentos de tortura, assassinatos em praças públicas, mais eu estava de longe enganada, não era assim. Eram casas normais, sobrados, alguns prédio não tão altos, comércios, e bem, uma perfeita cidade nojenta e sem vida. Mais talvez não fosse completamente ruim.

Cada pessoa parecia presa em seus próprios problemas, grandes demais para prestarem atenção na vida alheia, suas contas sem pagar, a briga com a familia, a expulsão de sua casa, a perda de um ente querido... Tudo isso trancafiavam-nas em seu próprio mundo, condenadas pelos seus pensamentos, culpadas talvez, por algo que não fizeram, e preocupadas demais, para importar-se com o vizinho que sumiu, talvez.

A maioria das pessoas tinham grandes propensões à ignorância. Ficavam tão perdidas em problemas as vezes tão fúteis, que deixavam de lado tudo o que não as afetava diretamente. Por vezes, esquecem-se que os problemas alheios podem, mesmo que indiretamente, afeta-las. Se o filho do dono da empresa em que você trabalha falecer, a primeira vista, não a fará diferença, mais não é assim que o mundo gira. Se o mesmo não tiver um bom controle emocional, pode acabar numa depressão, desestabilizando assim, toda a empresa, que sem suas ordens, ficará impotente depois de algum tempo. Provavelmente ela será vendida, para evitar a falência, e com o novo dono, você e seus colegas possivelmente serão demitidos.

Mais as pessoas eram estúpidas demais para enxergar tal coisa, para pensar de tal forma, e isso apenas facilitava o que eu tinha em mente.

Somente depois de várias ruas de caminhada, um beco e outro, foi que Luis parou a frente de um sobrado aparentemente antigo, com suas paredes descascadas e cor desbotada.

– Chegamos. - sorriu.

Parei a frente da pousada, esperando que Luis entrasse, quando disse-me:

– Gostaria de acompanha-la e apresenta-la á Lilian, mais infelizmente tenho de ir. - despediu-se. - Espero vê-la em breve, até logo Ane.

– Até.

Empurrei a porta da pousada e um sino pendurado acima dela anunciava a minha entrada. Alguns olhares analisaram-me, outros estavam ocupados demais bebendo seus cafés para notar-me. Ao lado do balcão estava uma mulher que não devia ter mais de quarenta anos, era baixa, magra e tinha curtos cabelos pretos, adornado por um ridículo arco colorido.

– A senhora deve ser Lilian, certo?! - sorri alegre.

– Sim, e a senhorita é?

– Me chame de Ane.

– Procurando pousada Ane? Nunca a vi por aqui. - comentou pedindo-me que a seguisse.

– Sim, na verdade sou nova por aqui, acabei parando na cidade vizinha e perdi-me. - menti.

– Ah meu deus, não é a única. Maldita prefeitura, a falta de ônibus nesta cidade dificulta o turismo por aqui. - falou-me.

– Ah não, eu não estou aqui á turismo. Pretendo estabilizar-me por aqui. - sorri.

– Sério? - alegrou-se. - Que ótimo Ane! Não é comum novos moradores nesta cidade, mais estou feliz por você.

– Obrigada. - agradeci. - Tem algum quarto disponível? - perguntei.

– Claro, acompanhe-me por favor.

Seguimos por um corredor escuro, iluminado apenas por uma fraca lamparina ao fundo. Acompanhei a mulher até o segundo andar, onde várias portas numeradas identificavam os quartos. Lilian me levou até uma das ultimas, com o numero 13 estampado em uma placa de madeira gasta.

– Pode ficar com esse senhorita. - sorriu-me enquanto abria-o.

– E o pagamento, onde...

– Não, não. - interrompeu-me. - Sem pensar em pagamentos por hoje, resolvemos isso amanhã, considere isso como um presente da casa a nossa mais nova moradora, e... - analisou-me. - Onde estão suas malas?

Droga!

– Pretendo começar uma vida nova aqui, e para isso resolvi desprender-me de todos os bens materiais antigos, inclusive roupas.

Lilian não pareceu muito convencida, mais não contestou, apenas entregou-me a chave e indicou-me para que entrasse.

Era um quarto simples, e tinha um cheiro irritante de mofo, provavelmente não era usado a muito tempo, era escuro e contava com apenas uma pequena janela. Era perfeito na verdade.

Sentei-me sobre a cama enquanto analisei cuidadosamente a mulher. Ela pareceu incomodada.

– Bom, já está instalada, sinta-se a vontade. - desviou o olhar. - Estarei lá embaixo caso precise.

– Ah, muito obrigada. - agradeci.

– Você vai adorar a cidade.

Com um sorriso malicioso respondi-a.


– Tenho certeza que vou.



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Notas finais do capítulo

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