Capítulo 13

Parte 1 – Damon Salvatore

Elena entrou no Mystic Grill muito bonita, como sempre. Os saltos altos alongavam as suas pernas e a minissaia muito acima do joelho mostrava que para além de pertencer á claque, também passava muitas horas no ginásio.

Levantei o braço e ela viu-me. Respirou fundo e avançou para a mesa onde estava sentado.

-Olá, Damon.

-Vejo que já estás sóbria – comentei, sabendo que a iria irritar com o seu comentário.

-Vamos diretos ao assunto, sim? – ela não estava de rodeios. – Sei muito bem que isto não é apenas um almoço. O que queres de mim?

-Ouch. Achas que sou assim tão génio do Mal?

-Honestamente? Sim – respondeu ela, seca.

-Olá – cumprimentou Vicky, irmã do meu amigo do meu irmão, Matt.

Ela trabalha no Grill aos fins-de-semana para conseguir pagar as propinas da Faculdade, enquanto que o irmão dela se esforçava ao máximo a trabalhar na oficina de Mystic Falls. Trabalhos duros, mas que eles exerciam com muito orgulho.

-Oi, linda. Para mim um hambúrguer e para a Elena…

-Salada de frango, sem molho, sem croutons – concluiu ela. – E quero uma água.

-Para mim também – falei.

-É para já – disse Vicky e saiu com os nossos pedidos.

-Quero apenas conversar contigo, Elena. Conhecer os segredos mais sórdidos da rainha de Robert E. Lee.

 -Bem, não reino sozinha.

-Ah, eu sei – disse. – Tens as tuas fiéis companheiras Caroline e Bonnie. O que seria uma rainha sem a sua corte?

Ela sorriu.

-Exatamente.

-E quanto ao rei?

Ela empalideceu. Já tinha visto onde é que eu tinha chegado.

-Nenhum, por agora.

-Mas Bonnie e Caroline já têm os seus pretendentes.

Fez um esgar.

-Se te referes aos Mikaelson, esquece. Eles não são dignos de serem reis ou príncipes. Já são duques e vão com sorte.

-E quanto aos Salvatore? Pertencemos há Família Real Italiana.

-O teu pai está em 80º na linha de sucessão, eu sei. O que faz de ti o 81º e o teu irmão o 82º.

Fiz um meio sorriso, arregalando os olhos de surpresa.

-Sim, Damon, eu conheço o meu reino.

-Aqui estão as bebidas – interrompeu Vicky, entregando-os dois copos com água e gelo. Assim que ela saiu, Elena continuou.

-Mas conta-me, Damon, antigo rei da Robert E. Lee, porquê o súbito interesse na nossa hierarquia?

-Pura curiosidade. Afinal, quero saber qual é o próximo coração que estás a pensar em destruir, para avisar o pobre coitado a afastar-se enquanto é tempo.

-Podes ser tu – ripostou ela. – Ou ainda não leste a mensagem?

-Oh, sim, mas eis uma novidade: – aproximei-me bem dela, colocando-me quase todo em cima de mesa. – eu não tenho coração.

Ela empinou o nariz e eu afastei-me.

-Eu é que parto corações, não o contrário – afirmei, como se comentasse o estado do tempo.

-Eu ouvi. Rose e Jules foram as tuas vítimas.

-Rose… - suspirei. – Ela era linda.

-Mas mesmo assim partiste-lhe o coração – acusou ela, naquele tom de voz de desprezo.

-Olha aqui, sua novata – voltei a aproximar o meu rosto do dela. – Se pensas que podes falar assim comigo, estás enganada.

-Porque estou eu aqui? Porque me queres aqui? – perguntou ela, semicerrando os olhos e aproximando o seu rosto meu. – Diz-me e acaba já com isto.

Sorri e revirei os olhos, voltando a recostar-me na minha cadeira.

-Quero saber o que te levou a partires o coração ao meu irmão. Simples e fácil. Agora responde.

 Ela cerrou os dentes e Vicky apareceu com os nossos pedidos. Nem liguei ao que ela colocou na mesa, não conseguia tirar os de Elena, à espera de alguma palavra sua.

-Fez tudo parte de um plano – disse ela. – Era isso que querias ouvir?

-Que era parte de um plano já eu sabia – falei. – Eu quero saber era qual era o teu plano.

Ela desviou os olhos dos meus e olhou em volta, mordendo o lábio com força. Quando voltou a olhar para mim, os seus olhos estavam em chamas.

-Porque eu queria que Rebekah tombasse. Queria que ela desaparecesse da escola para sempre.

-Porquê? Porquê o Stefan? Porque não outro rapaz?

Ela voltou a cerrar os dentes, mas respondeu:

-Porque Rebekah estava apaixonada por Stefan.

Arregalei os olhos, não esperando por aquela.

-Estás a dizer-me que namoraste com o meu irmão, tornaste-te o centro do mundo dele, só por causa de uma rixa com Rebekah? Sabes o quão infantil isso soa?

-Rebekah tinha que sofrer.

-O que te fez ela, Elena?

-Ela queria roubar-me o trono! – exclamou ela um pouco alto, atraindo alguns olhares indesejados. – Foi ela que sabotou o carro dos meus pais.

-O quê?

-Isso mesmo, Damon. Estás pronto para ouvir os detalhes sórdidos da história?

Acenei com a cabeça.

-Conta-me tudo.

Parte 2 – Elena Gilbert

-Rebekah queria roubar-me o trono há muito tempo – comecei a contar a história toda. – Tentou de tudo, desde dizer que eu era drogada até que eu estava grávida do maior nerd da escola. Então um dia ela disse que queria ver-me a morrer afogada na ponte de Wickery. Onde é que foi o acidente que os meus pais tiveram?

-Na ponte Wickery – respondeu, atento a tudo.

-Isso mesmo. Felizmente, conseguimos safar-nos. E quando voltei há escola, ela já estava no poder com as suas amigas April e Anna.

Damon acenou com a cabeça.

-Lembro-me disso.

-Claro que te lembras, tu eras o rei da escola – revirei os olhos, mas voltei ao centro da história. – E não havia outra forma de reaver o trono do que causar mais escândalo. Então aproximei-me dela através de informadoras.

-April – deduzi.

-Ela é a mais faladora do grupo. Daria uma ótima amiga para espalhar rumores – comentei, mas continuei. – Foi só puxar um cordão que ela desembrulhou a malha toda. Rebekah sempre foi apaixonada por Stefan.

-Então usaste o meu irmão para te vingares? Nem foi confirmado que o teu acidente tinha sido provocado pro sabotagem!

-Coincidência ela ter-me dito que me queria ver afogada e horas depois eu estar a ter aquele acidente, não?

Abriu a boca tentando argumentar, mas eu sabia que a minha teoria era inabalável.

-Continuando: sim, disse ao teu irmão que estava apaixonada por ele e prometi-lhe até o arco-íris, mas a verdade é que gosto mesmo muito de Stefan, por isso, não foi difícil disfarçar os meus sentimentos por ele. Porque eram genuínos, Damon. Nunca menti para o teu irmão, se é isso que te preocupa.

-Então porquê acabares com ele?

-Qual é o escândalo maior? O amor épico ou a destruidora de corações? Vá lá, Damon, tu sabes bem a resposta a essa pergunta.

-Mas sem rei, não podias ascender – ele estava muito confuso, percebia isso pela ruga entre os seus olhos.

-Damon, ser falada nos corredores da escola já te torna uma vedeta. É claro que assim que acabei com Stefan, bem há frente de todos, no dia seguinte não havia uma única pessoa a comentar isso.

-Mas tu humilhaste-o!

-Tudo parte do plano para me colocar de volta ao centro das atenções. Isto é uma hierarquia de sociedades, de notícias, Damon, não uma hierarquia da Família Real. Aqui não importa se vens de um berço de ouro ou de verga, aqui o que te define são as tuas ações.

-E a conta bancária – completou ele, ao que eu concordei. Sim, o berço também importava, mas era muito mais fácil ascender ao trono de uma escola através das nossas ações, do que casar com um príncipe da Família Real.

-Estás esclarecido?

-Então isto tudo foi para teres o teu lugar de novo na escola? – ele estava chocado. – Tens a noção do quão patética isso faz de ti?

-Patética ou não, Rebekah não desiste, mas eu jamais vou abdicar do meu trono, da minha escola, da minha vida – e com isto, peguei nas minhas coisas saindo do Mystic Grill com a revolta e o remorso em mim.

Eu não lhe tinha dito o que tinha feito depois, mas isso todos já sabiam: espalhei por todos os cantos que Rebekah era apaixonada por Stefan desde pequena e que usava o seu irmão, Kol, para chegar perto dele. Para além disso, espalhei o rumor de que tinha tentado roubar-mo por inveja. E que tinha ido fazer um aborto de um universitário na semana em que não apareceu. E outros rumores mais mesquinhos, como que tinha feito uma lipoaspiração dois anos antes e que era bulímica.

Mas isso eram só pormenores da minha rixa com Rebekah. Eu era a rainha e ela a minha inimiga. E para quem tinha sido arrasada o ano anterior, ela estava muito bem recomposta este ano. A minha intenção era mantê-la fora do foco o máximo possível. E nesta monarquia, as coisas faziam-se pela calada.

©AnaTheresaC