— O que ele queria? - Uma Marlene um pouco corada de raiva (ou ciúmes), me perguntou assim que entramos no quarto. A ironia que ele usou na pergunta ainda me incomodava, mas decidi ignorar as pontadas no meu coração. 

— Falar sobre o Potter - Murmurei distraída, caindo deitada no travesseiro suspirando de felicidade e desapontamento ao mesmo tempo. Amos Diggory, um dos caras mais gatos da escola, tinha acabado de me pedir em namoro e eu estava preocupada com o que o Potter estava sentindo. Isso era patético. 

— Uau, se até o Sirius se meteu é porque a coisa deve estar séria - A Dorcas falou com um semblante preocupado e eu tentei dar de ombros, mas deve ter saído muito falso.

— Acho que não ‘D, parece que ele está se saindo muito bem na missão de me ignorar - Comentei como quem não quer nada - Eu sei que tenho uma parte de culpa nessa história, mas o que eu posso fazer? Eu não gosto dele. - Falei a ultima parte meio vacilante. Me sentei na cama e balancei a cabeça para afastar esse pensamento. - A única coisa que eu posso fazer é tentar não beijar o Amos quando o Potter estiver perto. Foi isso que o Sirius pediu - Falei com a voz baixa. A Dorcas me olhou com um sorriso maroto que é atípico dela e a Marlene deu um sorriso sacana.

— Ok, ok, eu conto. - Suspirei derrotada, voltando a sentar na minha cama - Ultimamente eu tenho conversado muito com o Amos. Ele até me chamou para ir em Hogsmeade, mas hoje eu estava saindo da biblioteca... - Fui interrompida por um risinho irônico da Marlene e a fuzilei com o olhar - Continuando, eu estava saindo da biblioteca e ele estava vindo pelo outro lado do corredor, eu estava distraída e nem vi ele. A gente se esbarrou e eu quase cai, mas ele me segurou e a gente conversou normalmente. Do nada ele disse que não ia aguentar até Hogsmeade e me beijou, ele foi todo fofo e fez uma declaração com tudo que ele gostava em mim, disse que ninguém nunca mexeu com ele desse jeito. Me pediu em namoro do jeito mais fofo possível, até se ajoelhou no chão. - Parei de falar com uma voz engasgada. - Mas ... Mas e-eu não sei. - Suspirei derrotada e deixei transparecer toda minha frustração. - Não tem borboletas no estômago e o beijo é bom, mas não é apaixonado. Eu não sei se sinto algo por ele. - Finalizei bufando e mexendo no meu cabelo para disfarçar.

 – Quem liga, é Amos Diggory - Dorcas falou naturalmente e minha cara de indignação foi automática. A Lene se jogou em cima dela rindo e gritando "safadinha" e eu pulei em cima das duas gritando "ele é meu". Começamos a fazer cosquinha na Dorcas e eu derrubei a Lene da cama "sem querer". Ela levantou do chão, pegou um travesseiro e bateu em mim em questão de segundos, de bônus ainda deu uma batidinha na Dorcas. Agarrei o primeiro travesseiro que eu vi.

— GUERRA DE TRAVESSEIRO! - Gritei pulando em cima da Lene e a Dorcas pulou atrás de mim. O quarto virou uma bagunça, travesseiros viraram armas de guerra e penas voavam pelo quarto. Todas as camas ficaram desarrumadas e nós três descabeladas, ofegantes e vermelhas. Jogamos os travesseiros em algum lugar e caímos as três no meio do quarto, entre as penas, rindo igual três loucas que fugiram do hospício.

— Eu beijei o Remo. - Depois de uns minutos de silêncio recuperando o fôlego, a Dorcas disse com a voz esganiçada e logo depois pegou o travesseiro depenado para esconder o rosto.

— E VOCÊ NÃO CONTOU? Me explique detalhadamente. - Gritei histérica. O Remo deve estar igual um bocó nesse momento.

— Eu estava na biblioteca tentando pegar um livro mas a prateleira era alta. Ele chegou por trás de mim e pegou o livro. - Ela corou monstruosamente. - Eu me virei e ele estava quase colado em mim, mas não tomou iniciativa. Eu decidi que a gente já tinha enrolado demais. Segurei ele pelo colarinho, o puxei pra perto e ... nós nos beijamos. O beijo dele é mais perfeito que ... um bebê unicórnio (n/a: eu sei, comparação estranha, mas nhonho). - Eu joguei um travesseiro nela rindo e a Lene dançava deitada no chão mesmo. 

— Quem se habilita a limpar isso aqui? - A Marlene perguntou tentando normalizar a respiração. Revirei os olhos e fui me arrastando até minha cama, como se estivesse morrendo. A Lene me deu um tapa na bunda, falando "Anda, bicho preguiça".

— Ai. - Passei a mão no local dolorido e continuei me arrastando lentamente até chegar na cama e pegar minha varinha. Com um aceno limpei a sujeira e depois conjurei outros três travesseiros. Joguei um para cada e coloquei um embaixo da minha cabeça, tirei os sapatos e afrouxei a gravata para respirar melhor.

— Ok, a gente devia fazer isso mais vezes - A Dorcas exclamou ainda vermelha, jogada no mesmo lugar no chão, com o travesseiro jogado ao lado do corpo, somente concordei com a cabeça, e a Marlene deu um grito animado de dentro do banheiro, que eu nem percebi que ela tinha entrado.

Depois de alguns minutos a Lene saiu do banheiro com uma roupa de dormir, me levantei e fiz a mesma coisa, peguei uma camisola qualquer e fui pro banheiro, quando sai de lá a Dorcas tava só de calcinha e sutiã, a Lene com o rosto enterrado no travesseiro, olhei pra Dorcas novamente e fiz uma careta.

— Que foi, você tava demorando e eu estou cansada, e qual o problema, só tem a gente aqui ! - Ela exclamou colocando, finalmente, uma roupa. - Pode virar Lene! - A morena se virou e agradeceu a Merlin, a Dorcas revirou os olhos e mostro a língua, a Lene ficou com uma cara de ultraje, como se tivesse ficado ofendida, dei risada dessas duas ... Por Merlin, eu sou cercada por um bando de loucas bipolares e sem um pingo de normalidade, fazer o que né, eu também sou uma louca bipolar e sem um pingo de normalidade, mas eu sou ruiva ... Eu não faço a mínima ideia do que isso pode mudar, mas eu sou ruiva, pronto e acabou, ruivas são uma raça acima das outras mulheres. Me joguei na cama ouvindo a Lene resmungar como o mundo tava perdido, a Dorcas pegou uma escova de cabelo e ameaçou tacar nela, então ela se virou na cama reclamando da falta de sono, revirei os olhos quando a Dorcas jogou a escova nela, mandei as duas calar boca ala Lily Evans, e dormi logo depois que elas fizeram silêncio.

Pov Bônus - Marlene

Eu não conseguia dormir, ficava me reviranndo na cama e pensando na conversa da Lily e do Sirius lá em baixo. Eu sei que é ridículo mas, eu fiquei com ciúmes. Ele nunca me tratou daquele jeito, ele nunca falou docemente comigo, ele nunca me deu atenção de verdade, ele nunca me tratou igual ele tratou a Lily. Comigo, na maioria das vezes, ele era um idiota galinha que tentava me levar para a cama, e eu realmente não sei como eu me apaixonei por aquilo.... Pra ser sincera, eu sei sim. Ele pode ter toda essa marra, mas por dentro ele é companheiro, gentil, amigo, leal, corajoso, além de ser completamente delicioso por fora. Resumindo, Sirius Black é o sonho de consumo de qualquer garota, bruxa ou trouxa, até das criaturas se bobear.

E quando eu digo de todas é verdade. A lista de garotas que já foram pra cama com ele bate todos os records, ele ganha até do James. E isso doí, doí muito. E muito torturante saber que nesse exato momento ele pode estar beijando a boca de outra, tocando no corpo de outra, na cama com outra garota. Ele já dormiu com garotas muito mais experientes e bonitas que eu. O que ele ia querer com uma garota sem atrativos e virgem como eu ? Ele pode ter garotas lindas, garotas que tem muita experiência e que vão leva-lo a loucura, ele não precisa de mim, ele não me quer.

Com esses pensamentos meu coração só se apertou mais ainda, eu adoro me martirizar por causa disso. Acho que acabei perdendo a noção do tempo. Já deveria ser de madrugada. Cansada de ficar deitada na cama sem fazer nada, decidi me levantar e ir no Salão Comunal. Quando eu cheguei ao pé das escadas eu notei ele no sofá, a última pessoa que eu queria ver no momento. Parei um segundo para admira-lo. Confie em mim, até você pararia e admiraria ele só de cueca, uma visão divina. Cansada de sofre sem sentido, resolvi me aproximar e tentar algo. Com o meu olhar fixado nele eu não prestei atenção no caminho, acabei esbarrando em algo perto do sofá, algo que não estava lá, estava tão atordoada com tudo que nem notei que poderia ser o James na capa da Invisibilidade. Eu senti as mãos dele na minha cintura me segurando firmemente e me puxando para o sofá, eu cai nele com tronco e a cabeça no sofá, mas minhas pernas estavam em cima das dele, que estava sentado e levemente inclinado sobre mim.

— Você tá bem ? - Meus pensamentos entraram em pani quando eu encarei seus olhos cinza, me perdi totalmente o olhando para eles, tão lindos, assim como o dono. Não registrei ao certo o que ele disse, estava mais preocupada em controlar minha respiração descompassada e meus pensamentos. Por mais que eu me fizesse de forte e negasse, ele sempre seria meu ponto fraco, isso não tem dúvida. Ele me desarma, me faz perder os sentidos, me faz de refém com um simples olhar. E a pior parte de tudo é que eu sei, eu sei que ele não sente o memso, eu sei que o coração dele não dispara como o meu, que os pensamentos dele não ficam tão confusos quanto os meus, eu sei que meus olhos não o fazem se perder igual eu me perco nos dele, eu sei, que ele não me ama como eu o amo. Sim, eu amo o galinha do Black, e ele não sente o mesmo. Como eu sei ? Ele me disse. Ele disse que Sirius Black não se apaixona, que Sirius Black nunca vai ser de uma mulher só, que ele gosta de ser livre e pegar todas que conseguir. Só que por mais que eu tente, eu nunca consigo aceitar isso, minha mente já desistiu, mas meu coração sempre bate descompassado e dolorido quando eu o vejo com alguma garota. Ele sorriu e eu achei isso estranho, mesmo ele não sabendo dos meus pensamentos, ele estava rindo do que eu sinto ? Ele me olhou nos olhos e essa hipótese foi descartada, o olhar dele era tão acolhedor e doce, e acho que agora eu me derreti toda. Nos meus olhos deve ter ficado exposto minha suplica por atenção, porque ele me olhou calorosamente e aproximou mais o seu roto do meu.

— Posso ? - Espera, para tudo, Sirius Black estava me pedindo permissão para me beijar ? Eu não consegui responder, tanto pela felicidade de ganhar um beijo quanto pelo susto do pedido, mas essa era uma oportunidade única, então movi minhas mãos para os seus cabelos e o puxei para mais perto. Ele roçou seus lábios nos meus e logo depois o selou em um beijo, fiquei um pouco receosa, com medo de sofrer amanhã ao saber que foi só um beijo sem significado, mas sua língua passando em meus lábios me convenceu a arriscar. O beijo foi completamente diferente que eu achei que seria, não havia desejo carnal, só paixão, o beijo era lento e apaixonado, sim até eu me surpreendi. Eu nunca tinha sido beijada desse jeito, e tinha a sensação de que nunca mais seria. Nesse beijo eu entendi o porque de ele ter um fã clube, não existia beijo mais saboroso e perfeito que esse. Eu não queria que ele acabasse; eu não queria ver a realidade do Black galinha, eu não queria abrir os olhos e ver que isso não passou de um beijo ao acaso, só que o beijo me mostrava coisas ao contrario disso. Quando nos separamos eu continuei com o solhos fechados, meus lábios formigavam e minha cabeça ainda continuava em pani, eu não sabia o que pensar ou fazer, só conseguia pensar em o quão bom isso foi. Fiquei de olhos fechados até sentir ele acariciar minha cintura, abri meus olhos e encontrei um par de orbes cinzas me encarando, elas tinham um brilho diferente. Nos olhamos por um tempo até eu cair na real, aquele era Sirius Black, o galinha, ele não ia quere nada mais que isso. Me desvencilhei dele e estava pronta para sair correndo, mas ele me segurou pelo braço. - Pode pensar o que quiser, mas eu nunca ia me aproveitar de você - Ele disse em um tom de voz firme que me fez estremecer, eu balei a cabeça de novo e subi as escadas correndo quando ele me soltou. Entrei no quarto o mais silenciosamente que minha condição de apaixonada permitia e me joguei na cama. Eu não sabia o que acreditar. Estava confusa. Deveria acreditar nele ? Ou deveria apenas pensar que ele é o Black galinha e ignorar esse dia ? Pensamentos como esse rondavam a minha mente e me deixavam mais confusa ainda. Até que eu me lembrei de um detalhe muito importante, ele estava só de cueca. Meu rosto corou muito ao lembrar disso, e eu simplesmente ignorei o fato e decidi tentar dormir novamente, coisa que não surtiu efeito, já que o beijo pareceu ter me dado insônia.

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Acordei um tanto desnorteada no dia seguinte, e deveria estar parecendo muito acabada, já que eu praticamente não havia dormido ontem graças a um moreno. Só me levante e fui para a aula por causa da Lily, que começou um taque histérico quando eu disse que não ia a aula, e olha que eu ainda nem tinha contado o que aconteceu ontem a elas. Coloquei o uniforme com uma lentidão exagerada e desci as escadas junto com as garotas, elas disseram estar famintas, e eu não estava com um pingo de fome, então eu disse para elas irem para o Salão Principal que eu as encontrava na aula. A Lily me olhou desconfiada mas concordou e foi com a Dorcas.

Andava por um dos corredores que só é usada para pegação, e por ser cedo, estava vazio. Mas uma pessoa chegou sorrateiramente por trás de mim e me puxou para um das salas, me imprensando na parede com seu corpo. Um perfume inconfundível tomou os meus sentidos, era ele. Por um segundo eu fiquei sem reação, mas ele foi mais rápido e juntou seus lábios aos meus novamente, e por Merlin, os beijos só ficavam melhores, mas só demorou alguns segundos para a minha ficha cair e eu notar oque estava fazendo. Ele está te usando McKinnon, não se deixe levar garota. O empurrei e tentei sair dali, mas ele é mais forte do que eu e me prendeu entre a parede e seu corpo.

— Só me escuta Ok ? - Ele pediu e eu franzi o cenho. Isso não é uma coisa que se ouve todos os dias, se bem que eu já desisti de ter algumas coisa normal em Hogwarts, por isso eu amo essa escola. Ele continuou depois de um tempo. - Eu só queria te dizer que eu não estou me aproveitando de você e que eu não estou te usando, eu posso ser quem eu sou mais eu tenho amor a minha vida tá ? - Eu dei um sorriso pequeno com esse comentário. Eu posso ser bruta, mas acho que eu não conseguiria matar ele, não pelo sentimento, mas ele era um cara alto e forte. - Eu não estou te pedindo uma chance porque eu sei que você não me daria uma, mas eu estou dizendo que se você fosse minha as coisas iam ser diferentes, eu não ia ser o mesmo. - Ele disse olhando nos meus olhos e me deixando incrédula, o que estava acontecendo com ele ? Balancei a cabeça como se não acreditasse.- Eu não ia beijar outra boca porque elas não têm o mesmo gosto viciante da sua, e eu não ficaria com outra garota porque elas não deixam meu coração desse jeito - Ele disse um tom mais baixo que o normal e me deixando arrepiada. Logo depois ele pegou minha mão e levou em direção ao seu peito, bem em cima do seu coração, que batia acelerado e descompassado, igual ao meu. Meus olhos arregalaram e eu perdi a fala. Será .. ?- Nem me fazem ficar desse jeito com um simples beijo ... - Ele sussurrou, e de primeira eu não entendi, mas precisei morder meu lábio inferior para não gemer quando ele pressionou seu “amiguinho” em mim. Só isso já deixou ele excitado ?- Por incrível que pareça você me domou, mas eu não estou pedindo que me de uma chance, eu sei que você não vai fazer isso, mas eu to pedindo pra você pensar, qualquer coisa você sabe onde me encontrar. - Ele me deu um beijo na testa e saiu da sala. Minha expressão não podia estar mais incrédula e meus pensamentos não podiam estar mais confusos. Ele acabou de dizer, indiretamente, que também gosta de mim ? Ou eu que estou apaixonada ao ponte de ouvir coisas?