Sempre Ao Seu Lado escrita por Mahchan, maiteleme2


Capítulo 2
Capítulo 2 - Eduardo


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem. acho que deu pra perceber que cada capítulo vai ser narrado por um dos principais. iremos alternar entre ele e ela. esse por ele, o anterior e o próximo por ela, e assim por diante.



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Depois de uns dez minutos, nós chegamos ao meu prédio. Entramos pela garagem para podermos guardar a bicicleta e pegamos o elevador, eu moro no 4º andar.

Quando chegamos à minha casa, ela jogou a mochila no sofá e eu deixei a minha num canto. Depois, fomos para a cozinha. As paredes são cor de creme, tem armários de madeira embutidos, junto com um forno e o microondas. A pia fica no balcão que é em forma de L. Na parte onde nós comemos, o balcão é de mármore bege. Ela se sentou em uma das banquetas brancas e ficou de frente para mim. Eu estava faminto e agradeci quando ela perguntou:

– Dudu, o que a gente vai comer? Você sabe que eu sou uma porcaria na cozinha né?!

Eu dei uma risadinha, já tinha tido experiências não muito agradáveis com ela. Depois eu disse:

– Claro, me lembro de todas as suas tentativas falhas de tentar cozinhar, mas eu estava pensando em pedir uns sanduíches do AU-AU. O quê você vai querer?

– O mesmo de sempre, um hambúrguer salada sem maionese.

– Ok. E para sobremesa?

– Você tem sorvete? – ela disse sorrindo.

– Sim.

– Então que tal um brownie de chocolate?

– Mas é gordinha mesmo. – eu disse brincando.

– Que horror, falar de mim assim. Só porque eu tenho um estômago grande, não é minha culpa. E eu sou muito magra tá?! – ela disse de um jeito metido.

 Eu só dei uma risadinha e depois ela falou:

– Enquanto você pede, eu vou pegar o notebook no seu quarto, daí eu vou pra sala.

Quando ela estava saindo da cozinha, lembrei que eu tinha que ver o que a gente ia tomar, então perguntei:

– Mel, o que você quer para tomar?

– O que você tem?

Eu abri a geladeira e vi que tinha suco de laranja e coca então perguntei.

– Mel, tem coca ou suco de laranja, qual você prefere? – a resposta dela era óbvia.

Ela abriu um sorriso e disse sarcasticamente:

– O que você acha?! Bom, já que você acha que eu estou gorda, acho melhor eu tomar suco hoje, né?!

Eu dei uma risadinha e a ignorei. Sabia que ela ia acabar cedendo e tomando coca. Ela foi para a sala, eu peguei o telefone e liguei.

– Bom dia, o que você deseja pedir? – disse uma mulher com uma voz de entediada.

– Eu quero um beef sanduíche, um hambúrguer salada sem maionese e dois brownies de chocolate.

– O senhor já tem cadastro?

– Sim.

Enquanto ela procurava o meu endereço, vi a Mel passando pela porta e indo até a sala.

– Vai ficar 39,60. Precisa de troco?

– Troco para cinquenta.

– O tempo estimado para a entrega é de 40 a 50 minutos.

– OK, obrigado, tchau.

A Melissa estava sentada no sofá maior que é bordô e fica de frente para a mesa de centro que é preta e branca combinando com os armários onde a televisão está. Quando eu lembrei que ela estava com o pé machucado, peguei o pufe que era listrado alternando entre o bordô e o branco, coloquei na frente dela e disse:

– Seu pé deve estar doendo muito. Coloque-o aqui.

Ela sorriu. Já disse que o sorriso dela é lindo?

– Obrigada. – ela disse.

Desde o aniversário dela no início do ano, eu tenho reparado em como ela fica cada vez mais bonita, então eu disse:

– Você fica bonita quando sorri.

Ela corou e abaixou o rosto.

– Você também fica fofa quando fica vermelha. – eu disse só para provocá-la e sorri.

Ela ficou ainda mais vermelha, então eu peguei o computador do seu colo e disse:

– O que a gente pode fazer enquanto espera a comida?

– Qualquer coisa menos o trabalho. Sério, a gente já ficou a manhã inteira na escola. Vamos relaxar um pouquinho. – ela disse de uma forma cansada.

– Você já viu o vlog bomdialeo?

–  Ainda não conheço ele. É bom?

– Ele é uma comédia, principalmente quando imita a mãe.

– Então tá.

Eu coloquei um vídeo onde ele fala de uma ex namorada que pensava que estava grávida, e a Melissa se matou de rir.

Já era quase uma da tarde quando o interfone ligou avisando que a comida tinha chegado.

– Enquanto eu vou pegar a comida, vai lá pra cozinha, e já arruma a mesa. – eu disse e fui atender a porta.

Paguei o motoboy, peguei o troco e fui até a cozinha. A Melissa tinha colocado pratos e copos em cima da mesa e tinha pegado o refrigerante na geladeira. Eu disse que ela não ia resistir. Quando eu entrei, disse:

– Prontinho! Aqui está a nossa entrega. – enquanto eu falava, meu estômago roncou. - Ainda bem que chegaram! Eu estou morrendo de fome!

Assim que terminei de falar, dei uma mordida gigante no sanduíche e me sentei. Estávamos em total silêncio, então eu falei:

– Mel. – tomei um gole de coca e continuei. – Você não quer ir viajar comigo e a minha mãe no feriado? Nós vamos para a praia, então pensei que seria legal você ir junto para se divertir um pouco.

– Pode ser, mas não sei se a minha mãe vai deixar. Apesar de que, meus pais vão viajar por quase uma semana então eu terei que ficar na minha avó se não for com você.

Ao ouvir isso, eu fiz uma cara de cachorrinho abandonado para ver se a convencia e praticamente implorei:

– Por favor, Mel. – eu disse. Era muito ruim ficar sozinho num lugar cheio de velhos e o Lucas, meu melhor amigo, não estava disponível para ir. – Pede para ela te deixar ir.

Ela finalmente concordou:

– Provavelmente ela deixe, mas só porque a tua mãe vai estar junto. – quando ela disse isso, me olhou fundo nos olhos. – Ela não teria nada com o que se preocupar. Além disso, eu já viajei com você uma vez.

– Pois é, é horrível ficar lá só com a família e o Lucas não vai poder ir. – eu falei. – Com você vai ser bem mais divertido, como da última vez.

Assim que terminamos de comer, ela começou a tirar os pratos e os copos para lavar, mas eu segurei o seu braço e disse:

– O que você pensa que está fazendo? – não iria a deixar lavar a louça, era pra isso que serviam as empregadas.

– Me preparando para lavar a louça. – ela disse como se fosse óbvio.

– Você é a visita. – a empurrei de leve e disse. - Vá até a sala enquanto eu pego a sobremesa.

Coloquei os pratos e os copos na pia, peguei dois potes, duas colheres e o sorvete. Preparei os brownies, coloquei a cauda de morango no dela, a preferida e no meu a de chocolate. Aproximei-me devagar da Melissa para tentar assustá-la, mas ela me viu antes do meu plano estar completo. Sentei-me ao seu lado e passei o pote para ela.

– Vou pegar o notebook da minha mãe para a gente fazer o trabalho, cada um procura em um, aí vai ser mais rápido. – falei enquanto levava a louça para a cozinha.

– Ok. – ela disse e sorriu.

Fui até o quarto da minha mãe e peguei o computador e o carregador. Entreguei à Melissa e entrei na internet. Queria terminar o trabalho o quanto antes. Digitei no Google “poemas de amizade”, mas não achei nada que eu gostasse. Resolvi dar uma passeadinha nas minhas redes sociais rapidinho, depois procuraria de novo. Logo que entrei no Facebook, vi pelas notificações que a Gabriele havia postado algumas fotos me marcando. Eram todas do Ano Novo, quando eu havia ficado com ela. Estava entretido e me assustei quando a Melissa gritou:

– Achei!

– Achou o quê?

– O poema bobinho, olha só.

Ela começou a ler:

“Se eu pudesse mudar o mundo

Eu o mudaria por completo

Pois eu te amo e dar-te-ia tudo que sou.

Por onde olho vejo você,

Seus olhos azuis me encantam

A cada toque um tremor

Um suspiro de amor.

Meu amor por ti é infinito

Impossível de contar ou medir

Nem o tamanho do Sol,

Nem o tamanho da Lua

São capazes de dizer o quanto amo você!

Não há palavras para definir

O quanto eu te quero

Não há palavras para definir

O quanto a desejo

Impossível dizer: amo você!

A dor incessante da perda constante

Sei que ama,

Mas sei que não me quer.


Assim que ela terminou a leitura, eu disse:

– Mas nosso tema não era amizade?

– Era, mas não achei nada, então mudei para amor. – ela sorriu. - Você tem um pendrive pra me emprestar? Eu vou passar pro meu computador quando chegar em casa, aí cada um de nós decora uma estrofe para a apresentação.

– Tenho, vou pegar.

Eu fui até o meu quarto e tentei achar um pendrive. Ele estava organizado, mas eu tinha muitas gavetas e muitos pendrives, então não sabia onde estavam eles. Fiquei um tempo procurando, até que achei um de 2GB. Era o menor que eu tinha, mas o poema era pequeno, então levei esse mesmo.

Quando cheguei à sala, vi que a Mel estava dando uma olhada no meu computador.

– O que você tá vendo aí mocinha? – eu disse sorrindo.

– Peraí Eduardo, por que você estava mexendo no Facebook enquanto eu estava me ferrando e procurando os poemas? – ela disse nervosa.

– N-Não, e-eu curti um negócio de poemas no Facebook e estava vendo se tinha algo bom. – esperava que ela não percebesse a mentira na minha voz. Era difícil mentir para ela quando era encarado por aqueles profundos olhos verdes.

– Ah é? Junto com as fotos dessa tal de Gabriele? – a Mel estava muito alterada.

– É que ela que é a autora dos poemas e posta eles nos álbuns. – acho que ela acreditou, pois depois disso ficou mais calma.

Entreguei o pendrive para a Melissa e depois de passar o poema, sugeri de a gente ver um filme. Liguei a televisão e procurei por alguma coisa boa.

– Quer pipoca? – ela disse depois de um tempo em silêncio.

– Pode ser. Você quer que eu vá lá fazer com você?

– Não precisa, fica aí procurando o filme. – não sei por que, mas parecia que ela ainda estava um pouco brava comigo.

Achei um filme chamado Anjos Da Lei que iria começar em 5 minutos. Fui até a cozinha ajudá-la a pegar as coisas. Quando eu cheguei, ela estava colocando a pipoca no pote, então servi a coca no copo e depois nós fomos para a sala. Logo nos primeiros minutos do filme, eu já estava dando risadas. Enquanto ela estava distraída, eu tive uma ideia e taquei uma pipoca na cara dela.

– Para, o que você está fazendo? – ela disse segurando o riso.

– Nada. – eu me fiz de desentendido.

Quando a Mel se virou para ver o filme novamente, eu taquei outra pipoca. Então ela pegou uma e tacou em mim também. Depois de uns minutos, nós estávamos no meio de uma “guerrinha”. Não ia deixar barato, então peguei o pote e quando ela percebeu minhas intenções, disse:

– Eduardo, se você jogar isso em cima de mim...

Não esperei ela terminar a ameaça e taquei-o inteiro em cima da cabeça dela. A Mel ficou vermelha e pulou em cima de mim. Prendeu meus braços com o joelho e começou a fazer cócegas. Isso era sacanagem.

– Para Melissa! – eu gritava e ria junto.

– Nunca. – ela disse me provocando.

Assim que me recuperei do meu ataque de risos, tentei usar minha força corporal, que não era muita, para ficar no controle. Minha tentativa falhou e ela caiu no chão comigo por cima. Foi minha vingança. Fiz um pouco de cócegas nela, mas meu celular tocou e atrapalhou o “clima”. Saí de cima dela com um pouco de dificuldade e atendi meu celular.

– Fala piá. – gritou meu melhor amigo do outro lado do telefone.

– Daí. Tá fazendo o que viado?

– Tô indo pra tua casa agora mesmo. Vamos jogar um X hoje né?

Olhei meu relógio e vi que já eram 18h30, então a Melissa logo ia embora mesmo.

– Beleza.

– Falô, até daqui a pouco.

– Falô.

Desliguei e olhei para a Melissa que estava sentada no sofá novamente e já tinha se recuperado da nossa lutinha.

– Quem era? – ela disse curiosa.

– O Lucas, ele tá vindo aqui pra gente jogar.

– Ah, o Lucas. – ela disse e suspirou. – Vou mandar uma sms pra minha mãe falando pra ela vir logo então.

– Nem se preocupe. Vocês se conhecem, se quiser ficar aqui...

Não adiantou eu argumentar, pois ela pegou o celular e mandou uma mensagem de uma forma muito rápida. Depois disso, arrumamos a casa e quando terminamos, o interfone tocou. Era a dona Sílvia, a mãe da Melissa. Ela pegou suas coisas e desceu. Fui pegar o meu Xbox no quarto e instalá-lo na sala. Não tive nem tempo de jogar uma partida sozinho. O Lucas chegou e foi invadindo minha casa, já estava acostumado com isso.

– Que tá fazendo aqui essas horas vagabundo? – eu disse.

– Ih, vagabundo não, acabei de sair do trabalho. – ele disse metido.

O pai dele tinha lhe arrumado um estágio em um escritório de advocacia, onde ele não fazia nada, mas mesmo assim ficava se achando.

– E a faculdade? Tá foda ou de boa? Eu ouvi falar que Direito é meio puxado nos primeiros anos.

– Nem me fale, tem um monte de livro pra ler e cada coisa chata, mas fazer o que...  – ele disse e foi até a cozinha.

Pegou uma garrafa de coca-cola na geladeira e voltou pra sala.

- Você sabe como eu amo sentar atrás de uma mesa e ler o dia todo. – ele disse irônico. – Essas coisas de ficar parado é com você.

Liguei Resident Evil 5 para nós jogarmos juntos. Depois de matarmos um monte de zumbis, pedimos uma pizza de frango com catupiry e milho com bacon. Pedimos para acompanhar uma pequena de brigadeiro. Ficamos jogando um futebolzinho pra esperar a pizza. Não demorou muito e ela chegou. Peguei a caixa e comemos ali na sala mesmo.

– E as meninas, pegando alguém? – ele disse sorrindo sarcasticamente.

– Não, ninguém. Ah, falando nisso, a Mel veio aqui hoje. Ela foi embora um pouco antes de você chegar. Você ainda é afim dela?

– Nem, agora que já peguei é passado. – ele riu.

Tudo bem que eu não sabia que eles tinham se pegado. Esses meu melhores amigos não me contam nada.

– Mas to afim de uma gostosa lá da faculdade. – ele continuou.

– Nome?

– Luana.

Não tinha mais o que falar então comi minha pizza enquanto ele tagarelava sobre a menina. Não conseguia prestar atenção de jeito nenhum, fiquei pensando no que ele disse da Melissa. Por que será que nenhum deles me contou nada? Será que fazia muito tempo?

– Oi? Você tá me escutando? – ele disse me tirando do transe.

– Ah, to sim.

– Então o que eu acabei de falar? – ele sempre me pegava com essas perguntas.

– Você tava falando que ela era gostosa.

– Ai Eduardo, só você mesmo. Nem pra prestar atenção em mim. – ele disse rindo. – Tava dizendo que tenho que ir embora e não vou poder te ajudar com essa bagunça. Meu velho me ligou agora e vai sair com a minha madrasta, mas não quer deixar minha irmã sozinha.

– Puta, aquela tua irmã é outra gostosa né? – eu disse tirando sarro da cara dele. Ele sempre ficava irritado quando eu falava alguma coisa da Ana.

– Tira o olho que ela ainda é uma criança. – ele disse já se dirigindo até a porta.

– Ela já tem treze. – eu disse rindo.

Ele me mostrou o dedo do meio e saiu pela porta.

Depois que fiquei sozinho lá em casa, tive que arrumar toda a bagunça. Só joguei as almofadas no sofá de novo, desliguei a televisão e meu Xbox e joguei as caixas de pizza e a garrafa em cima do balcão da cozinha. A empregada que arrumasse direito quando chegasse.

Fui tomar uma ducha no banheiro do meu quarto, mas antes passei no closet pra pegar uma cueca limpa. Quando terminei, escovei meus dentes e deitei na cama para tentar dormir.

Fiquei uma meia hora enrolando, pois não conseguia pegar no sono. Não conseguia parar de pensar o porquê de a Melissa ter mentido pra mim sobre o que aconteceu entre ela e o Lucas. Também não entendia o porquê dela não querer ver ele hoje. Será que ela tinha se apaixonado por ele? Quando finalmente consegui pegar no sono, tive um sonho muito estranho. Sonhei que estava abraçando um elefante azul. Definitivamente minha mãe estava certa quando ficava me enchendo o saco para eu comer salada.




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Notas finais do capítulo

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