Another: Kill The Killer escrita por BiaWonderwall


Capítulo 3
Red madness and my desire


Notas iniciais do capítulo

Hum... Ok, esse é o fim.
Trabalhei isso no ponto de vista da Akazawa (até porque é muito mais fácil) e têm algumas coisas bem explicativas pro resto da história.
Sinceramente, gostei do final.
O título... Hã... Certeza que deve ter alguma coisa a ver com a própria narrativa, mas é mais por ser uma música que eu gosto. Apesar de podermos correlacionar: "Uhh... Red de vermelho, vermelho de sangue" e por aí vai.



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Não me lembro de como cheguei lá. Eu estava descendo a escada, disso tenho certeza. Kouichi-kun segurava minha mão e meu corpo formigava da adrenalina. Acho que vi Misaki Mei no final da escada. Ela fingiu não ter me visto, desviou o olhar. E, então, eu estava no fim da escada, sentindo minha pele rasgar.


Eu me lembrei de um ano e meio atrás. Eu estava passando pela rua quando o conheci.


Meu irmão morrera na noite anterior, vítima de um acidente de carro. Ele não bebia, nossa mãe sempre falava que era perigoso, mas o outro motorista não pensava assim.


–Idiota! –eu gritava. –Irmão idiota!


Avistei uma lata de cerveja jogada na grama, o que só fez minha raiva aumentar. Chutei-a, como se isso fosse resolver alguma coisa.


–Ai! –ele gritou. Como diabos eu saberia que ele estaria ali?


–Me desculpe! –gritei, tentando achar o dono da voz. Acabei tropeçando e rolei pela grama.


–Você está bem? –ele me perguntou, estendendo a mão. –Meu nome é Sakakibura Kouichi.


–Akazawa Izumi –notei o uniforme dele enquanto me levantava. –Você estuda no Yomi Norte?


–Fui transferido essa semana. Hoje foi meu primeiro dia de aula.


–Eu não me lembro de ter lhe visto. Eu estou no 8º ano, classe A. Você está em qual sala?


–Eu estou no 9º ano, classe C.


–Ah, entendi. Eu deveria te chamar de Kouichi-senpai?


–Se você quiser, eu ficarei honrado –ele riu. Seu sorriso era lindo, era radiante, era... Era como o de meu irmão.


–Te chamarei assim –sorri. Olhei de relance para o relógio do celular. –Tenho de ir agora, está ficando tarde.


–Posso te acompanhar até em casa, Izumi-chan?


–Izumi-chan? Hunf. Eu sei me cuidar, obrigada.


–Acho que sim –ele riu novamente. Me olhou nos olhos. –Até amanhã. Vou procurar por você na hora do almoço.


–Até amanhã. Eu vou esperar.


Andamos até a calçada e apertamos as mãos.


–Foi um grande prazer, Akazawa Izumi-chan –ele sorria.


–Foi um grande prazer, Sakakibura Kouichi-baka-senpai –também ri.


Não me lembro exatamente de como aconteceu. No dia seguinte, durante o almoço, ele não veio me ver. Resolvi eu mesma sair para procurar.


–Sakakibura Kouichi-san? –dizia a representante de classe do 9º ano C –Bem, ele... Ele sofreu uma crise pulmonar ontem a noite.


–Crise? –engoli em seco. Ele me parecia muito bem no dia anterior.


–Hum, sim –ela fitava o chão, desconfortável. –Me desculpe, Izumi-san. Nós iremos vê-lo hoje ao fim das aulas, gostaria de nos acompanhar?


Assenti.

Por algum motivo, aquele menino havia despertado a minha curiosidade. Quando a aula de matemática chegou ao fim, Akiakane Senka, a representante, me chamou. Ela estava acompanhada de mais duas pessoas, ambas com aparências muito assustadas.

Caminhamos até o hospital sem trocarmos uma palavra sequer. Senka era a mais séria, mas estava tremendo. Os outros dois, uma menina e um menino, não faziam nada além de fitar o chão, apreensivos.


–O nome dele é Sakakibura Kouichi –Senka disse para a enfermeira no balcão da recepção.


–Kouichi-kun... Ah, sim! Me sigam.


Subimos quatro lances de escada. Me perguntava se o elevador deles estava quebrado. Chegamos a um espaço iluminado. O corredor era tranquilo e dava a impressão que todos os pacientes ali, dormiam.


–Esperem um pouco –a enfermeira disse, abrindo a porta. –Vou checar se ele está disposto a receber visitas.


Senka se aproximou do quarto dele, sem olhar pelo vidro. Ela respirou fundo e espiou pela janela da porta. Seus olhos se arregalaram.


–Ele está tendo uma parada respiratória! –a enfermeira saiu correndo do quarto, desesperada. Mais enfermeiros surgiram dos corredores e correram em direção ao quarto. Um deles nos afastou.


–Saiam, crianças –ele disse.


–O que ele teve? –perguntei.


–Não sei dizer –o homem admitiu. –Essa ala é para os pacientes estáveis. Parece até que ele sentiu a presença de vocês.


A menina que acompanhava Senka começou a chorar, e o menino se afastava aos poucos de nós, como se estivesse sendo caçado.


–Me desculpe, Izumi-san –ela disse, olhando rapidamente para mim. Depois, saiu para ajudar os amigos a se recomporem.


Eu me sentei num banco do corredor, esperando para ver o que acontecia. Quanto tempo passei lá? Não me lembro... Parecia uma década, mas, depois, me pareceu tão rápido.

A enfermeira que havia nos atendido saiu do quarto, fazendo um sinal para o colega dela: Sakakibura Kouichi não havia sobrevivido.


Senka e a outra garota não estavam mais lá, mas pude ver o garoto entrando em choque. Ele soltou um grito de pavor. O enfermeiro teve que carrega-lo para fora.


–Meus pêsames –a enfermeira disse para mim. –Ele era um bom garoto.


–Sim –eu concordei. –Ele era.


Com a mesma rapidez com que conheci Sakakibura Kouichi-senpai, ele desaparecera da minha vida.


Não, ele tinha voltado.


Abri os olhos, e ele estava ao meu lado, segurando minha mão.


–Eu me lembrei... Eu não conseguia me lembrar muito bem, Kouichi-kun, mas agora eu me lembrei de você –eu disse, chorando.


Naquela época eu não entendia por quê eles choraram: Kouichi-kun havia sido a primeira vítima da calamidade, um ano e meio atrás. Ele estava morto agora. Mas... Eu me apaixonei por ele.


Não sei o que aconteceu depois. Eu chorei, ele chorou. Mas eu estava feliz. Ele não se lembrava de mim, mas eu o havia conhecido antes mesmo que ele conhecesse Misaki Mei. Eu era o amor verdadeiro dele, mesmo que ele não soubesse. Ele voltou para me ver e para me amar de verdade.


A Misaki já sabia, antes: ele voltara. E depois, vai partir, assim como eu estou partindo agora.



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Notas finais do capítulo

Foi isso, pessoal. A história está terminadinha (a mais longa que já postei o-o), pro alívio de vocês.
Obrigada aos que leram mesmo sem ter conta aqui no Nyah!, a opinião de vocês é importante (eu sei que eu que implorei para vocês lerem, desculpa).
Continuem deixando reviews, mesmo que seja pra falar "que ruim, guria, apaga isso", todos me fazem muito feliz o/ (nem todos, mas vocês entenderam.)