Um mês. Um mês havia se passado desde que Sasuke havia entrando naquela estranha relação com Sakura. Nesse um mês sua vida havia entrando em uma rotina: Escola, hospital e seu emprego. Isso mesmo, o moreno havia arranjado um emprego. Na verdade, o emprego é que foi ate ele.

Haruno Keigo havia praticamente forçado Sasuke a trabalhar na sua padaria. Keigo era o pai de Sakura. A mãe da Haruno havia morrido em um acidente de carro quando ela tinha sete anos e desde então são apenas ela e seu pai, o Uchiha realmente chegou a sentir pena do homem mais velho, afinal ele perdeu sua esposa primeiro e agora estava preste a perder a filha.

Mas logo Sasuke percebeu que Keigo não era um homem digno de pena. O maldito estava acabando com ele. Forçava-o a carregar quilos e mais quilos de sacos de farinha nas costas, fazia o moreno limpar e arrumar tudo várias vezes sozinho enquanto ele ficava apenas na frente da loja vendendo os pães.

_ Você parece cansado, Sasuke – comentou Sakura assim que o moreno chegou para mais umas de suas visitas diárias.

_ Culpe ao seu pai por isso – resmungou enquanto a abraçava, isso também havia se tornado um hábito – Como você esta?

_ Morrendo – murmurou enquanto se aconchegava no garoto

_ Não tem graça – rosnou Sasuke irritado, Sakura apenas riu – Estou falando serio, Sakura, não gosto dessas suas brincadeiras idiotas.

_ Desculpa – murmurou, não parecendo nenhum pouco arrependida – Obrigada por estar ajudando meu pai, Sasuke – disse, dessa vez sincera – Aquela padaria é muito importante para nos dois.

_ Não precisa agradecer, ele esta me pagando pra isso sabe – resmungou enquanto se ajeitava ao lado dela na cama.

Ambos permaneceram num silencio confortável. Sasuke estava tão cansado que esta paz momentânea era como um convite para o seu tão desejado sono.

_ Sasuke, posse te pedir algo? – sussurrou Sakura e o moreno apenas assentiu sonolento – Pode deixar de vir aqui?

Sasuke suspirou cansado, já haviam tido aquela conversa um monte de vezes e mesmo assim Sakura nunca desistia.

_ Eu não vou te deixar – respondeu tranquilamente o Uchiha.

_ Eu não quero você aqui. Não quero te prender comigo ate a minha morte, Sasuke.

_ Essa não é uma decisão sua.

_ Eu estou horrível. Estou magra e quase não tenho mais cabelo, minha pele esta sem cor e meus...

_ Não me importo – cortou-a.

_ Mas eu me importo! Não quero que você me veja assim droga! Eu estou morrendo Sasuke! Não tenho nada para oferecer a você!

_ Eu não quero nada de você.

_ Então por que você me olha como se quisesse? Eu não vou te fazer feliz, Sasuke. Não importa o quanto eu queira, isso esta além de mim. Eu não sou mulher pra você, eu não posso ficar para sempre do seu lado, eu não posso te dar filhos...

_ Pare com isso, Sakura – ordenou tentando acalma-la

_ Eu não quero isso, Sasuke – chorou – Eu não quero morrer. Eu quero ficar com você, não quero deixar meu pai sozinho. Eu quero me formar, quero me casar com você, quero ter filhos seus, quero fazer faculdade... Eu... tem tantas coisas que eu ainda quero fazer. Eu não quero morrer... Não quero morrer agora.

_ Sinto muito – sussurrou Sasuke – Sinto muito.

Ele era um inútil. Tudo que podia fazer se resumia a isso. Mas o moreno era egoísta demais para deixa-la ir agora. Ficaria com ela ate o fim, havia decidido isso.

_ Desculpe por isso – uma voz soou depois de um longo silêncio.

Era Keigo. Ele observava a filha que havia dormindo nos braços de Sasuke. Um sorriso triste estava em seus lábios.

_ Ela esta ficando impaciente – continuou enquanto se aproximava dos dois – Mas sabe que ela tem razão, certo? Você não precisa ficar aqui para vê-la morrer.

_ Por que vocês dois estão tentando me chutar daqui a qualquer custo? – resmungou Sasuke – É irritante ficar ouvindo sempre as mesmas coisas

_ Quem avisa amigo é – retrucou o mais velho bagunçando o cabelo do garoto que bufou em resposta.

_ Tenho um favor pra te pedir, Velhote – disse Sasuke.

_ Se for sobre um aumento nem me fa...

_ A aliança da mãe de Sakura... Ela ainda esta com você? – Os olhos de Keigo se arregalaram um pouco.

_ Tem certeza disso garoto? Não vai poder voltar atrás

_ Não vai dar para ser “pra sempre” – murmurou sorrindo – Mas “ate que a morte nos separe” deve ser suficiente neste momento – continuo – É a única coisa que posso fazer por mim e por ela nesse momento. Então me ajude... Por favor.

Sakura acordou sentindo sua cabeça pesar e seus olhos arderem. Piscou varias vezes tentando clarear sua mente e procurou por Sasuke ao redor do quarto.  Seu coração perdeu uma batida ao encontra-lo no lado esquerdo do quarto encarando-a sem nenhuma expressão.

Será que ele estava realmente zangado com ela? É claro que sim, depois do show ridículo que ela fez, qualquer um ficaria. Abriu a boca com intenção de se desculpar, mas as palavras morreram ao perceber que havia algo em seu dedo.

Um anel? Sim, era um anel... Mas Sakura já havia visto esse anel antes... Era a aliança de sua mãe, certo? O que ela estava fazendo no seu dedo...

_ Não pode ser! – exclamou atônita – Você só pode estar brincando comigo – continuou, buscando os olhos do moreno

_ É claro que não estou brincando, sua idiota – resmungou sem se aproximar.

_ Eu não acredito – disse Sakura perplexa, encarava Sasuke como se esperasse que ele fosse rir a qualquer momento e dizer que tudo não passava de uma piada – Você não pode estar me pedindo isso.

_ Eu não estou te pedindo nada – replicou com um sorriso preguiçoso e abriu os braços num convite mudo.

Sakura atravessou o espaço que os separava rapidamente, se jogou nos braços do garoto enquanto chorava e chamava repetidamente seu nome, Se aquilo fosse um sonho, a Haruno esperava que ninguém a acordasse naquele pequeno momento.

Sim, Sasuke estava certo. Aquilo era unica coisa que ele poderia fazer por ela naquele momento.

Sabe aquelas palavras que eu nunca te diria, Sakura?

- “Casa comigo?” – Não seriam as ultimas delas.