Acordei naquela sexta muito feliz. Era o último dia de aula. Literalmente, porque eu estava terminando o ensino médio. Suspirei e me levantei. Era o último dia, eu ia de roupa sem ser uniforme, e foda-se. Todo mundo ia. Peguei uma calça jeans e uma camiseta dos Beatles. Tinha aprendido a gostar ainda mais deles com os meninos do 1D. Calcei meus all-stars pretos e me olhei no espelho de corpo inteiro do meu quarto. Uma menina morena, típica do Brasil, com pele meio escura, cabelos negros, olhos castanhos e corpo bonito. Não, eu não era super magrinha com tudo do tamanho certo. Na verdade, eu tinha até mais corpo que eu queria. Muito peito e bunda. Tinha umas gordurinhas desnecessárias, mas isso ia acabar de vez antes de voltar às aulas. Meu cabelo, só pra trollar, estava todo frizzado. Suspirei e coloquei a chapinha pra esquentar. Desci pra tomar café.

-         Bom dia, mãe. – Falei, dando um beijo nela.

-         Bom dia, filha. Dormiu bem? – Sentei.

-         Sim. Sonhei com o Harry.

-         Pra variar um pouco. – Minha mãe estava cansada de me ouvir falar neles. E que eles iam passar as férias inteiras em Londres. E que eu queria muito ir pra lá. Comi meu sanduíche e meu café com leite. Subi correndo. Peguei a chapinha e fui pro banheiro. Passei uma mão molhada no cabelo e comecei a passar a prancha. Quando estava completamente liso, faltavam dez minutos pra bater. Corri lá pra baixo e minha mãe já me esperava no carro. Dei um beijo no meu cachorro e fui pra garagem. Entrei esbaforida no banco da frente.

-         Está linda, meu amor.

-         Va...valeu...mãe... – Falei, respirando pesadamente. Chegamos na escola. Minha mãe também estava feliz com o fim das aulas, porque ela dava aula. Não pra mim, mas pra quinta série, oitava e primeiro ano. Entramos.

-         Bom dia! – Disse o porteiro.

-         Bom dia! – Respondo. Todos pareciam muito animados nos corredores, só falando de jogar os livros pra cima na saída. Cheguei na sala. O Diego já estava lá.

-         Oi, Di. – Ele me olhou e sorriu.

-         Oi, srta. Camisa dos Beatles. – Eu reviro os olhos, sorrindo.

-         Ai ai, idiota.

-         Bobona. Tá feliz com o último dia de aula? – Olho pra ele com uma cara de “NÃÃÃO”.

-         Óbvio, né! Só uma coisa me deixa triste.

-         O quê? Não poder mais ver seu melhor amigo mais gostoso do mundo? – Dou um tapa nele.

-         Não, que a 1D vai ficar esses três meses inteiros, ou talvez mais, em Londres e eu não vou poder ir lá pra conhecê-los. – Ele ri.

-         One Direction? Ainda é viciada nessa banda de gays? – Abro a mochila e pego meu iPhone, que está com o fone de ouvido. Estendo pra ele.

-         Vê meu iTunes, depois me responde essa pergunta idiota você mesmo. – Ele, só pra sacanear com minha resposta, pegou mesmo o celular e colocou os fones. Fez uma careta enquanto olhava algo ali. Provavelmente uma das trezentas listas entituladas “One Direction” do meu iTunes.

-         Meu Deus, sua fã maluca.

-         Sou mesmo, e daí? – Peguei de novo o negócio e guardei.

-         Jeeeeess!!! – Me virei.

-         Priiiiiii!!! – Abracei minha melhor amiga em todo esse mundo.

-         Hoje é o último dia, amiga... – Disse ela, com um biquinho muito fofo.

-         Pois é...Mas pensa bem, a gente vai fazer a mesma faculdade, de Design!

-         É, ainda vamos ter que nos aturar um pouquinho. Vai pra Londres?? Sua mãe deixou você fazer a faculdade lá?? Aí eu vou com você!!

-         Acho que não vai rolar, ela quer ficar o máximo possível comigo enquanto não arrumo namorado. Bom, ela vai ficar comigo por muuuito tempo então, né...

-         Você não vai demorar nada pra arranjar um namorado. Na sua vida, quantos pedidos de namoro você recusou? Ou melhor, só esse ano?

-         Hum...uns nove, eu acho.

-         Então! – Diz ele. Só reviro os olhos.

Ok, ok. Mas espero que ela deixe mesmo. – As pessoas vão chegando e o sinal toca. Temos as três primeiras aulas do dia, que são química, matemática e história. Aí vamos pro recreio. Depois temos mais duas aulas. E fim. Quando bateu o sinal de novo, as pessoas saíram gritando e jogando os livros pra cima. E eu só podia pensar: FINALMENTE. Livre.