“Pego nessa loucura, cego demais para ver. Sentimentos animais despertaram em mim. Dominou meus sentidos e eu perdi o controle. Eu provarei do seu sangue esta noite.”

Avenged Sevenfold – Scream -

– Você enlouqueceu? – ele perguntou, olhando para os lados em busca de alguém que tivesse escutado meus gritos. Mas pra sorte dele não havia ninguém. Seu tom de voz era como se estivesse conversando com alguém incapaz de compreendê-lo.

– Foi você! – o acusei, tendo cada vez mais certeza a medida que me aproximava dele e prestava mais atenção em seu rosto e aos mínimos detalhes. – Você me atacou ontem a noite! Você me... mordeu.

Instintivamente acariciei com as pontas dos dedos o estranho corte quase cicatrizado no meu pescoço: ele estava morbidamente gélido ao meu toque.

– Eu estava voltando de um bar, alguém, uma sombra... Foi você, eu lembro dos seus olhos.

Ele ergueu uma das sobrancelhas e me olhou como um irritante ar de superioridade. Quase como se eu estivesse estragando o que prometia ser um dia perfeito para ele.

– Eu acabei de chegar na cidade. Hoje é meu primeiro dia de aula, e eu não conheço você. Com licença.

Mas eu não iria desistir tão fácil, não quando eu estava buscando entender o que estava acontecendo ali. Peguei o celular do bolso da minha calça e já estava digitando o número da polícia quando ele puxou o telefone da minha mão com grosseria.

– Me dá meu celular! – minha voz soou surpreendentemente nervosa, quase assustada.

– Ninguém vai acreditar em você! – de repente seus olhos se inflamaram com um tipo de brilho sobrenatural. Um arrepio de tensão percorreu meu corpo e eu pensei em todas as alternativas que eu tinha caso ele resolvesse me atacar: eu deveria gritar por ajuda, sair correndo para a rua ou me trancar dentro do meu carro?

Todo o resto ao nosso redor pareceu ter se silenciado: desde o barulho de carros na rua até o farfalhar das folhas da floresta atrás da escola. Até os grilos e insetos pareceram ficar em silêncio. De repente o mundo era resumido entre eu e esse estranho rapaz.

– Então parou de tentar me enganar? Se você não tem culpa me dê o celular e deixe que eu chame a polícia. Eu sou a louca aqui, não é?

– Você não sabe com quem esta lidando. Não vou aceitar que uma humana como você me ameace.

Recuei, tropeçando nos meus próprios pés e esbarrando no meu carro. As feições dele haviam mudado quase da água pro vinho, e agora aquela beleza estonteante me pareceu vazia e demoníaca: havia algo mais cruel e antigo por detrás daquele rosto bonito e daquele corpo vestindo roupas de grifes caras.

– O que você é? – perguntei, horrorizada. Olhei ao redor, buscando ajuda, mas o pátio e o estacionamento da escola continuavam vazios. – Você não teria coragem de me matar aqui, teria?

Ele sorriu, mostrando os dentes super brancos e terrivelmente afiados.

– Nunca me diga o que eu não sou capaz. Eu poderia rasgar sua garganta tão rápido que você morreria antes de perceber o qualquer coisa.

Imediatamente, e tão rapidamente quando surgiu, seu rosto voltou a transparecer normalidade. O mundo ao nosso redor pareceu ganhar vida outra vez, havia até alguns alunos chegando descendo dos carros.

Ele jogou meu celular no chão e pisoteou até quebrá-lo em duas partes. Permaneci imóvel, assustada demais para conseguir me mover.

– O que você é? – consegui perguntar.

- Me chamo Stefan.