“Construído dentro de mim. Um lugar tão escuro, tão frio, eu tive que me libertar
Não se lamente por mim, você não é quem eu coloco a culpa.”

Avenged Sevenfold.

A jukebox no canto esquerdo do bar tocava Kiss, e embora o lugar inteiro fervilhasse com as conversas dos clientes, me sentei na mesa mais afastada para conseguir um pouco mais de sossego. Tudo que eu não precisava no momento era de barulho e de confusão, porque parecia que minha vida já estava cheia disso nos últimos dias. Eu queria pensar com cuidado sobre mim e Jensen.

Eu te amo, Elena. Te amo mais do que tudo no minha vida. Ele havia me dito algumas horas atrás, quando havia me demonstrado exatamente o contrário. Fechei os olhos, forçando minha mente a excluir a cena que eu havia visto na quadra de esportes, e sequei algumas lágrimas que insistiam em cair com as costas das minhas mãos. Eu ia me manter firme, e amanhã na escola não ia de jeito nenhum demonstrar que estava destruída por dentro. Não ia me transformar naquele tipo de garota que chora pelos cantos e para a vida inteira por causa de um garoto.

A música na jukebox mudou para uma mais lenta e romântica, o que incentivou alguns poucos casais a irem para uma precária pista de dança no meio do salão dançarem e demonstrarem abertamente o quão apaixonado estavam. Ver aquilo fez meu coração se apertar no meu peito, como se uma mão de ferro estivesse o forçando para fora do meu corpo. Sabendo que seria incapaz de presenciar aquilo por muito tempo, bebi o restante de uísque que havia no meu copo, joguei algumas notas na mesa e saí pela porta dos fundos do bar.

Estava uma noite fria, com a lua brilhando forte no céu pintado de negro. As ruas de Mystic Falls pareciam mais movimentadas do que o normal e eu procurei os caminhos menos percorridos. Fechei meu casaco e levantei o capuz, jogando todo o meu longo cabelo castanho para trás. Ergui a cabeça, me forçando a parecer forte, e caminhei de volta pra casa.

De maneira nenhuma que eu queria ver Jensen amanhã na escola, e pensar nas milhares de desculpas do porque eu deveria faltar à aula amanhã me mantiveram ocupada durante todo o trajeto pra casa. E só reparei na sombra que me seguia do outro lado da rua quando estávamos nos fundos de uma fábrica de roupas abandonada, que era caminho mais rápido pra minha casa. Olhei rapidamente para o homem, aparentemente jovem e parcialmente encoberto pela escuridão, que caminhava quase de forma displicente e apressei meus passos. Um tipo antigo de instinto dentro de mim me dizia que eu deveria ir para uma rua mais movimentada.

O som firme de passos me fez olhar pra trás outra vez, mas não havia sinal do estranho rapaz. Sem pensar duas vezes saí correndo desesperadamente pelas ruas desertas, tateando meu bolso em busca do meu celular.

Mas não houve tempo, o homem pareceu ter se materializado ao meu lado. Seus olhos brilhando na escuridão. Eu ia gritar por ajuda quando mãos firmes tamparam minha boca e dentes selvagens morderam meu pescoço.

E depois disso só havia escuridão.