Raios De Luz escrita por Noderah


Capítulo 11
Vila da Luz?


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Para os que acham que a história está acabando, não fiquem exaustados! Ela não está nem perto disso (não, tá tipo, no meio). Boa leitura!



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Eu tive uma noite de sono ótima naquele dia. Meu corpo doía e parecia que dilatava, mas eu me sentia muito bem.

Tudo parecia estar indo de acordo com os planos, as aulas estavam correndo bem, os professores pareciam gostar da minha companhia, os alunos pareciam gostar do jeito que minha voz soava e até os inspetores me tratavam perfeitamente bem.

Naquela tarde de sexta-feira, Falk disse que ia me ensinar a lutar corpo a corpo, disse que outra roupa me esperava em cima da minha cama, e que era para que eu fosse para o celeiro.

Entrei no quarto e um short preto de lycra em cima da cama, ao lado de um maio preto de alças finas, mas resistentes. Vesti a roupa e me olhei no espelho. O short era curto de mais, virei de costas para ver como caia atrás e mostrava mais do que eu imaginava. Falkon tinha pensado em tudo, o maio servia para me dar mais comodidade, pois não acho que nos fossemos mergulhar ou nada assim.

Coloquei as botas e desci as escadas saltitando. Cheguei ao celeiro rápido e antes de entrar, espiei pela fresta. Falk estava lá dentro e arrastava um tatame azul para o centro.

Abri a porta e Falkon me saudou. Ele deu uma olhada em mim e sorriu.

- Que é?

- Nada. – Ele se virou e pegou algo em cima da mesa mais próxima.

- Prenda o cabelo. – Ele se aproximou e me entregou um elástico.

- Ah, sim.

Fiz um rabo de cavalo alto e me virei para ele.

- Então...

- Então, vamos nos aquecer.

...

Depois do aquecimento, Falkon me ensinou alguns movimentos. Ele me disse que por ser alta e magra, eu poderia levar vantagem em uma luta contra um cara grande, já que eu essas características me fariam rápida. Me ensinou como passar debaixo das pernas de alguém com um movimento só, me ensinou a jogar alguém com o dobro do meu tamanho no chão, me ensinou a socar e as quatro áreas sensíveis masculinas.

- Você primeiro pisa no pé, depois soca o queixo com o seu cotovelo se a situação for essa...

Para demonstrar a tal situação, mas rápido do que eu pudesse esperar, ele me agarrou pela cintura e me girou, de modo que fiquei de costas para ele, minhas costas coladas no peito dele. Seu braço direito me abraçou forte pela garganta, qualquer mudança de peso, corpo ou forma, me esganaria.

- Agora você pisa no meu pé, o mais perto do seu calcanhar possível, e me bate no queixo com o cotovelo esquerdo.

Eu estava pronta para seguir as instruções, quando Falk interrompeu meus pensamentos.

- Não! Não faça isso! É só um exemplo!

Suspirei.

- Depois vem a parte mais difícil, quando eu me separar de você, você tem que me chutar lá embaixo, como um coice.

- Porque essa parte é mais difícil? – Indaguei.

- Bom... É para mim. Enfim, depois você vira e soca a minha cara. Você tem que virar vindo pela esquerda com o punho já preparado, entendeu?

- Sim.

- Agora tente.

Suspirei e quando estava acabando de suspirar, peguei Falkon desprevenido. Segurei seu braço que me fechava com as duas mãos e pisei em seu pé com força, ele gritou e soltou um pouco o braço ao meu redor, acotovelei seu queixo com pouca força e ele afrouxou o laço em volta do meu pescoço, segurei seu braço só com a mão esquerda e levantei minha perna direita, acertando em cheio o meio de suas pernas. Falkon me soltou totalmente e levou as duas mãos para o meio de suas pernas, virei de uma vez pela esquerda, como ele tinha dito, e o acertei no queixo, mas eu não contava que ele estivesse abaixado, então fui um pouco lenta, mas mesmo assim consegui derruba-lo no chão.

Falk gritou de dor com os olhos fechados.

- Oh, meu Deus!!! Falkon! Você está bem?! Desculpe-me por isso!!!

Ajoelhei-me ao lado de sua figura encolhida e cobri a boca com as mãos. Ele abriu os olhos e me encarou.

- Não precisava ser tão forte. Eu estou do seu lado. – Ele falou com a voz fraca.

- Desculpe-me! O que eu posso fazer?

- Tem... Um saco de gelo dentro daquele refrigerador...

Levantei rápido e procurei o refrigerador, estava perto das portas do celeiro. Peguei um saco de gelo e corri de volta a Falkon. Entreguei a ele, Falk se sentou, abriu as pernas e colocou o saco lá, se apoiou na mão direita e olhou para mim.

- Muito bem. Aprendeu rápido.

Sorri rindo. Depois disso a nossa aula acabou, voltamos para dentro, Falkon estava apoiado em mim e eu o ajudava a andar. As aulas tinham sido uma ótima oportunidade para nos tocarmos e sentirmos as vibrações, elas vinham diminuindo, ficando mais confortáveis, menos violentas.

Coloquei Falkon no sofá e fui até a cozinha pegar um copo de água, enquanto abria a geladeira cantarolava uma música que tinha ouvido, meus olhos estavam abaixados para o copo em minha mão e a garrafa d’água. Levantei os olhos e de deparei com um homem com uma capa totalmente preta, que caia rente a seu corpo. Não tive tempo de gritar, soltei a garrafa d’água e o copo, eles se espatifaram no chão, Falk estava em pé antes que isso acontecesse. O homem olhou abismado para o chão e veio em minha direção, dei um passo para trás e ele parou.

- Princesa?

- Quem? – Perguntei na hora.

Ele apontou para mim com a mão aberta.

- O que você está fazendo aqui? Quem é você?

- Oh, o caçador que te sequestrou, Vossa Alteza!

O... “Cara” jogou a capa para trás e encarou Falkon. Falk se postou ao meu lado.

- Não é o que você está pensando! E ele não me sequestrou! Falkon é meu guardião! Quem é você?!

- Oh, não me apresentei. Sou Edmund, vim da sua casa na vila da Luz até aqui procurando V.A.

- Edmund é um auxiliar da sua família.

- Vim aqui para tratar de assuntos com a senhorita. – Ele me lançou um olhar penetrante.

- Precisava entrar assim?

Edmund deu de ombros. Suspirei.

- Sente-se. – Apontei o sofá.

Edmund passou com cuidado pelos cacos. Ele se sentou no sofá que eu me sentei quando conheci a casa de Falk.

Abaixei-me para catar os cacos e bota-los no saco que Falk tinha pegado.

- Ele é perigoso? – Sussurrei.

- Não para você. Só para os que são perigosos a você.

- Porque ele está aqui?

- Eu sei tanto quanto você.

Levantei e me sentei em frente a Edmund. Ele me observou e eu o encarei de volta, percebi que sua capa era presa a seu pescoço por uma corrente metálica que ficava caída. Embaixo da capa, ele estava com um colete preto e uma blusa branca por baixo. Usava uma calça social preta justa e sapatos pretos e engraxados.

Edmund não era um homem, parecia mais velho, mas não devia passar dos 20 anos. Ele tinha um cabelo loiro e bem cuidado. Tinha o corte perfeito, perfeito até demais, pelo jeito que ele parecia ser, não duvidava que ele tivesse cortado o cabelo só para me encontrar. Seus olhos eram azuis como os meus, mas os deles eram mais redondos, enquanto os meus eram puxados nas pontas. Seus lábios eram duas linhas retas e suas sobrancelhas finas.

Seu corpo era magro e de tamanho mediano, mas ele parecia forte de qualquer jeito. Edmund era belo.

- Então?

- Vossa Alteza não faz ideia de quanto tempo eu levei para conhecê-la. Levei os 16 anos de minha vida.

- Agora eu sei... – Murmurei. – Quantos anos você tem?

- Dezoito.

- Oh...

- Indo direto ao ponto, vim para busca-la.

- Buscar-me? Eu não vou a lugar algum.

- Sua família não sabia que estava... Ativa. Querem conhece-la. É apenas um encontro amigável.

Da cozinha, ouvi Falk deixar uma panela cair no chão.

- Tudo bem, tudo bem! – Ele gritou para nos.

Observei Edmund de novo. “Minha família”, até pouco tempo atrás eu não sabia que tinha isso, para mim era apenas minha mãe e eu. Me perguntei se eles tinham realmente ficado felizes, se estavam ansiosos para saber realmente como eu era.

- Há quanto tempo sabem que eu estou... “Ativa”? O que quer que isso signifique.

- Significa que tem seus dons em funcionamento. Há relativamente pouco tempo, enviaram Hiver, mas ela não deu notícias, então me enviaram. Nós já tínhamos visto-a por fotografias e relatos.

- Mas você disse que sabe de mim há 16 anos.

- Mesmo depois que alguém vem a desaparecer ou não tem dons, nos o cultuamos. Acendemos velas, rezamos, não nos esquecemos. E eu fui o responsável por V.A., o que é, um privilégio enorme.

- Entendo...

- Vossa Alteza... – Eu o interrompi.

- Me chame de Fox, por favor.

Edmund titubeou.

- A Senhorita Fox disse mais cedo que este homem – Edmund apontou para Falkon – Era seu guardião?

- Sim, é verdade. Ele me caçou no início, mas decidiu me proteger de sua própria família. Vingança.

- Então, selaram o contrato?

- S-Sim.

Edmund pareceu mais calmo, se possível.

- Isso é um ultraje... E Hiver?! O que aconteceu com ela?

- Hiver me ajuda. Ela aceitou.

Falkon veio da cozinha levando uma bandeja com um bulhe de chá e três xícaras. Ele ia servir a todos, mas Edmund foi mais rápido. Ele serviu o chá em uma xícara e colocou duas colheres de açúcar, me estendeu a xícara, segurando o píres.

- Obrigada... Como sabia?

- Pois não?

- Como sabia que eu tomo chá com duas colheres de açúcar?

Edmund sorriu.

- Como disse, viemos observando-a.

Eles sabiam tudo sobre mim, será que sabiam de que lado da cama eu dormia também? E qual shampoo eu usava? Ah, isso eles deviam saber com certeza.

- A Senhorita virá conosco? – Disse Edmund quando serviu Falk.

Parei para pensar. “Família”, no dicionário consta “Todas as pessoas do mesmo sangue, como filhos, irmãos, sobrinhos etc.

Os descendentes de um indivíduo, a linhagem, a estirpe.

Em família, em casa, entre os seus, na intimidade.

Eles não eram a minha família realmente, mas mesmo assim, senti um impulso enorme de agrada-los. Queria participar daquilo, queria me tornar intima.

- Tenho condições.

- Sim.

- Preciso levar meu guardião.

- Vossa Alteza... Senhorita Fox quer dizer esse ai... – Aquela linguagem parecia informal demais para Edmund.

- É... Sim.

Edmund estava pensando, ele poderia por a vila toda a perder por causa de mim. Mas acho que eu era mais importante.

- Proposta aceita.

- Viajamos semana que vem. Apenas um final de semana.

- Certo. E... Você vai informar a minha... – Engoli em seco. – Família sobre Falkon.

- Certamente. Despesas a mais serão gastas.

Eu podia ouvir Falkon revirando os olhos. Beberiquei o chá.

- Sim, certamente.

Edmund foi embora não muito depois disso, disse-me que ficava lisonjeado por me conhecer e que falaria muito bem sobre mim.

Eu não tinha percebido até Falkon me chamar, que estava tremendo desde a hora que encontrei Edmund na cozinha.

- Você está bem? Não parece bem. – Ele respondeu antes que eu pudesse.

- E-eu estou bem. – Me apoiei no sofá e levantei.

Levei a bandeja de volta a cozinha e me apoiei na pia. Falk me seguiu.

- Até ontem, eu não reconhecia que tinha uma família. Até ontem eu não sabia que tinha uma família que se importava comigo.

Falk me abraçou. Não tinha percebido, até perceber que a camisa de Falk estava molhada, que eu estava chorando.

...

Pelo que pude entender, aparentemente, minha família sabia que eu estava viva, não sabia que eu tinha sido... Abençoada (?), por isso não me contataram para nada. Mas para mim isso não parecia desculpa. Eu tinha raiva deles como Falkon tinha raiva de sua família.

...

- A cada dia que passa, mas nojo eu sinto dos meus pais. – Falkon disse enquanto estávamos deitados no sofá.

Revirei-me em seu abraço e olhei em seus olhos.

- Por quê?

- Porque cada vez mais eu me apego a você.



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Notas finais do capítulo

Enfim, gostaram de Edmund? Tem algum TEAM EDMUND ai?



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