No centro da cidade, quando as luzes das casas eram timidamente apagadas e os estabelecimentos fechados, as boates abriam suas portas. Centenas de carros importados e homens poderosos passavam por ali todas as noites, sem exceção.

Em um beco escondido da avenida, em especial, encontrava-se a boate mais famosa da cidade: Luxúria. Homens dos mais diversos tipos e idades transitavam por aquelas portas.

Naquela noite de sábado, inclusive, um show imperdível estava marcado e conforme a noite vinha, trazia com ela a plateia fiel que lotava a casa e seus arredores.

A idade média dos homens que frequentavam aquele inferninho variava entre dezoito e quarenta anos, sobretudo, o público alvo era composto quase sempre por homens comprometidos e insatisfeitos com suas próprias vidas.

Damon Salvatore era um deles: acabara de sair de uma separação conturbada que lhe tomara grande parte de suas economias e a pouca paciência que lhe restou. E, para completar, passava por uma crise de inspiração da qual não conseguia sair. Estava definitivamente fracassado.

Nos últimos tempos, a única coisa que lhe confortava era passar suas noites enfurnado em bares e boates adultas com um cigarro na mão e uma garrafa de qualquer bebida forte o suficiente para lhe arder a alma.

Naquela noite não fora diferente. Ele caminhava em passos firmes por entre os becos, que ecoavam o som esborrachado de suas botas contra o chão de pedregulhos. Usava um sobretudo preto desbotado que terminava um palmo a baixo de seus joelhos e o cabelo desgrenhado que cobria grande parte de seu rosto. Quem o visse assim, certamente duvidaria que aquele homem sem esperança era o mesmo homem de alguns anos atrás, que carregava sempre um sorriso estampado no rosto. Mas esse não mais era Damon Salvatore. Agora era outro homem. Um homem infeliz e fracassado. Um homem que gastava os últimos centavos que a ex-mulher deixara em drogas e sexo comprado.

Este mesmo homem agora se via diante da Lúxuria, o inferninho mais comentado da cidade. O lugar cheirava a sexo e álcool, e dezenas de mulheres com pouca roupa dançavam provocantes pelas mesas.

Damon seguiu direto para o balcão, parando apenas para observar uma bailaria que fazia poses e mais poses em cima de um palco improvisado.

— Também veio ver Penny? — Perguntou-lhe um homem qualquer.

— Quem diabos é Penny? — Damon quis saber.

— Veja com os próprios olhos e diga por si mesmo.

O desconhecido saiu num pulo assim que foi anunciado que Penny subiria ao palco. Damon seguiu-o. Estava curioso para ver quem era – ou o que era – a Penny que tanto comentavam.

Quinze luzes, aproximadamente, eram responsáveis pela iluminação do palco principal. E assim que as cortinas caíram, Damon entendeu perfeitamente para que elas eram necessárias.

— Penny!

E uma salva de palmas foi ouvida.