CAPITULO 06 – FRACA.

Nós nos separamos lentamente, eu estava hipnotizada por ele... Mas não completamente.

-Léo... - eu murmurei olhando para ele. – eu não posso, não ainda... Hoje foi MUITO bom... Bem, uma parte do dia. – eu falei me lembrando do começo do meu dia.

Ele passou a mão no rosto e respirou fundo antes de falar.

-mas? – eu o olhei e abaixei a cabeça e falei:

- Eu não superei o Henrique... Fazem apenas algumas horas que aquilo tudo aconteceu, eu não sou assim! E... E eu estaria lhe enganando se continuasse com isso... Eu acabei um noivado AGORA e não posso fazer isso, Léo. – eu falei sentindo as lágrimas nos meus olhos.

Ele se virou e andou um pouco perto d água e depois se virou e falou confuso.

- Então você não está me dando um fora completo, só dizendo que ainda não está pronta para nada, mas quem sabe pode dar certo se eu conseguir te fazer esquecer ele? – ele perguntou fazendo uma careta.

Eu soltei um riso e assenti.

- acho que consigo viver com isso... Vamos para casa. - ele falou puxando meu braço, eu olhei para o mar uma última vez... E caminhei.

O caminho até em casa foi silencioso, Léo não sabia se deveria falar ou não e eu estava pensando sobre tudo o que tinha acontecido comigo nessas últimas horas, tudo era tão confuso.

Quando chegamos ele insistiu em me levar até o meu apartamento,porém...havia algo que eu não esperava.

Eu abri a porta  calmamente, só pensava em ir no chuveiro e depois para a cama chorar litros enquanto assistia E se fosse verdade pela centésima vez, porém não haviam mais pratos no chão...e nem seus cacos.

Olhei para Léo assustada e ele olhou para aquilo.

-o que? – ele murmurou tão confuso quanto eu, afinal, não havíamos limpado! De repente o som de alguém limpando a garganta soou e eu olhei para a varanda e o vi lá.

- Henrique? – a minha voz saiu fraca, COMO ELE TINHA CORAGEM DE VIR AQUI?

- o que você está fazendo aqui?- Léo e Henrique perguntaram ao mesmo tempo.

Eu segurei a mão do Léo forte e ele me olhou assustado e confuso,mas acho que viu meu rosto pálido e entendeu...ele não se separou de mim e ficou calado.

- Você não leu o bilhete. – Henrique falou.Eu fiquei calada, enquanto olhava para baixo sentindo-me como se não tivesse nada que eu pudesse falar, que ele mandava em mim...Acho que ele me anulou um pouco durante esse tempo juntos. – Nele, eu falava que voltaria mais tarde.

- Eu disse que queria você longe. – eu murmurei.

Ele me olhou por um segundo que durou a eternidade e em seguida se aproximou, tentou pegar minha mão,mas Léo não deixou.

Henrique o olhou com ódio, e em seguida me olhou e naquele momento eu sabia que se eu não saísse de trás do Léo,ele iria fazer tudo que pudesse para me tirar a força...Ele mataria, se preciso.

Meu sentimento pelo Léo( desconhecido ainda) me fez querer protegê-lo, eu soltei sua mão e peguei a de henrique.

-Sam.- Léo murmurou, eu senti lágrimas nos meus olhos e um vazio por dentro

- acho melhor você ir,Léo. – eu murmurei quase inaudível.

Ele me olhou sem acreditar e depois falou.

-          tem certeza? Ou eu tenho que te lembrar o que ELE fez hoje? – as palavras dele fizeram meu coração apertar. – o que aconteceu com você?

Eu não conseguia respirar direito, por isso Henrique ( vendo que seu poder sobre mim estava perfeito) mexeu a cabeça em direção à porta e Léo saiu me olhando uma última vez.

- nós vamos superar isso. – ele murmurou para mim beijando minha mão. – sempre superamos,samantha.

Henrique não parecia o jovem adolescente por quem me apaixonei, ele parecia calculista, parecia ganancioso...parecia diferente.Era um outro Henrique.

Já eram Duas da manhã e eu não havia dormido, Henrique estava deitado, havia caído no sono depois de me falar milhões de vezes coisas como: ficaríamos bem, nada aconteceu...

Ele não conseguiu.

Não conseguiu por isso na minha cabeça.

As lágrimas estavam caindo dos meus olhos e eu sentia esse vazio em mim, e ao mesmo tempo sentia uma tristeza e raiva ENORMES.

Ele pensava que podia me controlar? Que podia me controlar assim?

Eu sou fraca...ele me controlou até agora.

É um ciclo vicioso e eu não consigo sair...preciso ser puxada.

Preciso respirar, preciso entender, preciso mudar...preciso ter forças.

Preciso me recuperar,

Afinal, quem eu sou? Do que eu gosto? Onde está minha atitude? POR QUE DIABOS EU NÃO EXPULSO ELE AGORA DAQUI?

Sou fraca.

De repente, uma batida fraca na porta, olhei para o relógio e enruguei a testa vendo o horário.

Quem em sã consciência iria bater na porta dos outros a essa hora?

Quem liga? Sinceramente, quem liga?

Andei até a porta e a abri ao ouvir outra batida.

-estou muito atrasado? – Léo perguntou.Ele usava a mesma roupa do encontro e parecia que tinha chorado.Ele não poderia estar atrasado para nada aquele horário,mas ele não estava atrasado para um compromisso...eu compreendi exatamente o que ele disse.

Eu passei a mão no rosto limpando as lágrimas e murmurei.

- nunca esteve tão pontual.

Ele me abraçou e eu voltei a chorar.

De repente, eu sabia o que eu ia fazer.

Peguei uma bolsa ( uma das maiores que eu tinha) e coloquei algumas roupas,minha escova de dentes, desodorante, perfume e toalha e uma rasteirinha extra.

Olhei para Henrique deitado na cama e me perguntei uma coisa

“ por que eu gastei tanto tempo com alguém que agia assim? “

Peguei minha bolsa,abri a porta e vi Léo me esperando.

Olhei para Henrique,apaguei a luz...e saí.