Sentia meu coração bater descompassado.Parecia que ele quebraria minhas costelas a qualquer momento.Minhas mãos suavam.Eu piscava mais do que o normal.Ah Andrew, olha só o que você faz comigo!Esse era meu estado enquanto eu o esperava, ainda deitada na cama desconfortável do hospital.Alguns minutos -que pareceram uma eternidade- se passaram, e a porta se abriu.Andrew entrou.

__Alice!Você está se sentindo bem?- ele perguntou se ajoelhando ao lado da cama.

__Sim, estou.Estou muito feliz!Me entendi com minha mãe.E com Isadore.Isadore é minha avó, você já sabia disso?- perguntei.

__Hum, descobri hoje,Que estranho!- ele disse e riu.Logo soltou um suspiro e me olhou ternamente. -Agora nós vamos ser felizes Alice.Acabou tudo!- 

Ele deu um sorriso contagiante, que não pude evitar retribuir com a mesma intensidade.Andrew estava tão diferente do garoto que conheci aos quinze anos.Ele era tão sério e triste.Seus olhos azuis antes exalavam tristeza.Agora eles me davam vontade de sorrir somente com um olhar.Agora quem o visse na rua apenas pensaria em como ele é um belo rapaz.

__Posso te beijar?- ele perguntou.Ah, mas é claro que ele continuava sendo o Andrew.Sempre com algumas atitudes estranhas.Mas eu gostava.

__Claro.- respondi.

Ele se aproximou de mim e apoiou uma das mãos na cama.Colou sua testa na minha e deixou seus olhos na altura dos meus.Azul e cinza se encaravam com intensidade, quase soltando faíscas.

__Eu te amo.- ele disse com a voz rouca, me provocando arrepios.

__Eu te amo mais.- respondi.Creio que era verdade.A alguns anos atrás se eu visse essa cena com qualquer outro casal a acharia melosa.Nunca fui muito romântica.Mas quando acontece com você... é meio impossível descrever.Ele balançou a cabeça negativamente com o que eu falei, logo em seguida colando nossos lábios, quase que urgentemente.Seu gosto de menta invadiu minha boca.Senti um choque elétrico percorrer minha espinha.É meio difícil de explicar tais sensações.Como eu disse, quando acontece com você é meio impossível descrever...

Oito anos depois...

__É menino!-

__É menina!-

__É menina!

__É menino!

__Há!Admitiu!- falei divertida.

__Ah, isso não vale.Você roubou!- Andrew falou fazendo um biquinho.Own!

__Ah pare com isso!Vamos fazer a ultrassonografia.Se for menina eu te dou vinte reais.- falei, logo depois soltando uma gargalhada.

__Hum...- ele fez cara de O Pensador.- Feito!E o mesmo se for menino!Aah Alice, eu quero que seja uma menina!Vou pintar o quarto dela de rosa e comprar muitos sapatinhos daqueles fofinhos e pequenos.- hum, ele se empolgou!

__Nem pensar!Minha filha não vai ser uma patricinha!Aliás, se for uma menina, né!Seu cabeça dura, eu sou a mãe, o bebê está na minha barriga, e eu digo que será um menino!- falei, me fingindo de emburrada.

__Own, não fica assim!- ele disse apertando minhas bochechas. -Ah, sobre a ultrassonografia, sua mãe já marcou!É amanhã!-

__Ah, que ótimo!Dona Victória sempre precavida!- disse feliz.

Sim, eu estava grávida.De dois meses e meio!

No outro dia...

__E então doutor?Já aguentei essa geleia gelada aí na minha barriga, agora diga se meu bebê é menino ou menina!- falei meio impaciente.Aquela coisa é gelada.Acho que até meu filho ficou com frio.

__Hey, hey, o bebê também é meu!Nosso bebê.- Andrew me corrigiu.

__Tá, tá, tanto faz!E aí doutor?- perguntei.

__Bem, vocês vão ter gêmeos!-