01: Saint Seiya - Guerra Galáctica escrita por Tarsis


Capítulo 8
08: Athena versus Poseidon - Segunda Parte


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo daremos seguimento aos embates entres os Marinas de Poseidon e os Cavaleiros de Athena! Veremos as lutas de:
Hyoga de Cisne contra Mikhail de Kraken!
Seiya de Pégasus contra Kíron de Cavalo Marinho!



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Guerreiros do Gelo

Após alguns instantes de animada comemoração, o sistema de alto-falantes anunciou a continuação dos combates com a luta entre Hyoga de Cisne, defendendo a equipe de Athena, contra Mikhail de Kraken, General Marina de Poseidon.

              - Bem... - suspirou Hyoga, tranqüilo, encarando de relance o guerreiro sorridente que me observava, enquanto se dirigia à arena. - Agora é a minha vez, pessoal! - e invocou a armadura de Cisne para que viesse proteger seu corpo.

              - Boa sorte, Hyoga. - disse Shiryu, enquanto recebia os primeiro socorros nos ferimentos que sofrera durante a luta.

              - Vai que é tua, Cisne! - disse Seiya, entusiasmado.

            Já se dirigia para a arena, quando sentiu uma mão em seu braço.

              - Hyoga... - Shun estava sério e estranho ainda, mas ele viu um lampejo do antigo Andrômeda lá no fundo dos expressivos olhos verdes. - Tome cuidado.

              - Pode deixar. - respondeu, sério, mas dando uns tapinhas amistosos e seu ombro.

            Enquanto se dirigia para o centro da arena, não pôde deixar de pensar no outro General de Kraken, Isaak, seu amigo e companheiro de treinos, que arriscara a própria vida para salvar a dele no mar congelado e que depois morrera pelas suas mãos, por defender aquilo que julgava ser o certo.

            Hyoga abaixou a cabeça por um segundo, enquanto, de olhos fechados, a sacudiu para afastar aqueles pensamentos inoportunos. Não, nada podia distraí-lo agora. Ainda havia um objetivo a ser alcançado e essa era apenas mais uma etapa, custe o que custasse, deveria ser vencida! Quando ergueu o olhar, viu que o outro o observava ainda, parecendo curioso.

              - Creio que sei no que está pensando... Isaak morreu, mas lutou com honra assim como você. Eu sei de tudo. Agora estou em seu lugar e lutarei contra você com todas as minhas forças. Todos nós temos um objetivo e lutaremos para alcançá-lo. Se eu e os outros vencermos, seremos nós que lutaremos contra os Cavaleiros de Ouro pelo sangue de Athena pra reforçar nossas escamas e assim seremos os mais fortes contra Hades. Prepare-se, Cisne! Não tenho nada contra você, mas não pense que irei me conter por causa disso! Espero, no mínimo, o mesmo da sua parte.

            Hyoga olhou pra ele, surpreso, por um segundo. Em seguida, balançou a cabeça, concordando.

              - Sim, tem razão. Pode deixar que eu também lutarei com todas as minhas forças e que vença o melhor Cavaleiro do Gelo!

              - Assim é que se fala!! - exclamou o outro, radiante. - Mas...  - disse, olhando atentamente para o Cavaleiro de Cisne. - Puxa vida, você é tão sério! Parece até meu amigo Balarama! Não que isso seja ruim... - disse, lançando um olhar rápido de desculpas pra trás, onde estava o citado Marina, e acrescentou, em voz baixa.  - Sabe, às vezes, ele parece mais frio que a temperatura mais baixa que posso produzir, o que não é pouca coisa, modestamente... - ele riu. - Bem, espero que possamos nos divertir nesta luta.

              - Divertir?! – exclamou Hyoga, surpreso. - Ora, pensei que compreendesse a seriedade da situação! Não estamos aqui de brincadeira, Kraken!!

              - Sim, eu sei bem disso! Acabei de dizer que temos nossos objetivos e que não medirei esforços para vencer, mas isso não impede que me divirta no processo! Essa é uma batalha entre guerreiros do gelo, ou seja, o escolhi porque nossos poderes são semelhantes. Pois bem, quero ver se o seu cosmo ultrapassa o meu. Lembre-se que com poderes semelhantes, o menor descuido ou falha pode ser fatal. Quer mais adrenalina do que isso? Esse é o tipo de batalha que eu adoro!!

            Uma voz furiosa se fez ouvir na mente de Mikhail.

            Se você não parar de uma vez por todas com essa baboseira agora e lutar sério, eu vou até aí e acabo com você por nos envergonhar na frente do nosso Imperador e todas essas pessoas e deuses!!

              - Ops!!! - o general de Kraken engoliu em seco. - Desculpe, Balarama, prometo me conter.

              - Você é um sujeito estranho... - disse Hyoga. - Mas chega de conversa!! Prepare-se!!

            Os dois concentraram seus cosmos, um frio glacial percorreu toda a área da arena. Até neve principiava a cair.

  - Hummm... - fez Mikhail, admirado. - Sua energia é bem forte... Mas vamos ver se resiste aos meus TENTÁCULOS DE GELO!!! A ele!!!

              - O que??!!! - exclamei.

            Com um salto, Hyoga conseguiu escapar no último instante. Chegou a sentir o gelo tocando em sua pele, afiado como a lâmina de uma espada, ao passar de raspão pelo seu braço esquerdo. Parecia realmente um tentáculo feito de gelo, o qual perseguia sua presa com velocidade e precisão impressionantes! E não apenas um, mas dezenas deles. Não foi fácil desviar-se e eles continuavam me caçando, sem me dar oportunidade de contra-atacar! Lembram um pouco das correntes de Shun ou dos cabelos de Helena.

            Finalmente, conseguiu parar por um instante. O Marina de Kraken à sua frente parecia realmente estar se divertindo com aquele enervante jogo de gato-e-rato.

              - Está cansado, Cisne? - perguntou ele, sorrindo.

            Hyoga não respondeu, olhando pra ele, friamente. Realmente, o tempo que passara acamado, se recuperando dos ferimentos da luta na mansão, prejudicara um pouco seu condicionamento físico, mas nada que pudesse atrapalhá-lo.

              - Não estou a fim de brincar com você, Kraken. Isso não é uma brincadeira pra mim, eu já disse!

              - Oh!! - fez ele, irônico. - Então porque não me ataca? É sua vez agora. Mostre-me seu famoso "Pó de Diamante". Gostaria muito de experimentar a força de seu golpe.

              - Já que insiste... Prepare-se, então!! PÓ DE DIAMANTE!

            A força de terrível golpe congelante o engolfou como uma tempestade de gelo, sem que ele sequer procurasse se proteger, formando uma estátua do sorridente Marina. O juiz começou a contagem.

              - É inútil... – suspirou o Cavaleiro de Cisne, entediado, de olhos fechados. - Era apenas mais um fanfarrão...

              - Verdade? - ouviu a voz do Marina de Kraken às suas costas, na direção oposta aonde deveria estar. - Ou será que é você que é confiante demais?

            Antes que Hyoga pudesse sequer esboçar surpresa, sentiu a mão dele perfurar-lhe o abdome, fazendo-o cair, cuspindo sangue.

              - Hyoga!! - gritavam seus amigos. - Coragem!! Não desista!!

            Aleksey!! Agüente firme!!! Não pode se deixar derrotar assim!! - era a voz de Ying em sua mente.

              - Ying... - murmurou, dolorosamente, sentindo gosto de sangue na boca.

              - Ora... Mas é só isso? - falou Mikhail, parecendo muito decepcionado. - Achou mesmo que ia me congelar com aquela brisa refrescante? Então essa é a lendária força do Cisne? Tsc...tsc

              - Ora, seu... - com esforço, segurando o ferimento, Hyoga levantou-se, furioso.  - Você verá... o que é desafiar Hyoga de Cisne!!

              - Sim, Hyoga! Isso mesmo!!! Me mostre o melhor de si!!! – Respondeu Mikhail com ar empolgado.

Hyoga cambaleia um pouco, mas logo se firma. Ah, ele não iria dar àquele sujeito o gostinho de vê-lo derrotado assim tão facilmente! Foi então que ocorreu uma estratégia: se ele gostava tanto de se divertir com as lutas e parecia adaptar seu estilo de lutar ao do seu adversário, como parecera, estudando-o durante o combate, porque não aproveitar-se disso? Hyoga deu um leve sorriso.

              - Muito bem, Mikhail de Kraken... - falou, em tom de desafio. - Se gosta tanto de se divertir com seus adversários, lhe proponho um jogo.

              - Jogo? - o outro ergueu uma sobrancelha, intrigado. - Como assim?

              - Xadrez. - disse simplesmente.

              - O que? - exclamou o Marina. Mas logo o sorriso retornou ao seu rosto e uma expressão de compreensão surgiu nos olhos cinzentos. - Ah, entendi... Excelente idéia, Hyoga! Se bem que, se pensarmos bem, já estávamos lutando assim... Mas então vamos lá! Se não me engano, o próximo movimento é seu, Cisne.

            Começaram então, uma complicada batalha campal, um intrincado jogo de estratégia, onde o menor descuido poderia ser fatal para ambas as partes, onde cada um de nós se revezava nos movimentos complexos das peças de um jogo de xadrez: o ataque frontal dos peões e torres, o movimento em "L" dos cavalos, em diagonal dos bispos, a combinação diagonal-Frontal das rainhas, extremamente mortíferas, o cuidadoso movimento defensivo dos reis e seu ataque fulminante no momento exato... E tudo isso, se utilizando de técnicas de combate corpo a corpo ou nossas técnicas secretas. No início, Cisne estava mais ofensivo, encurralando o Marina várias vezes, mas ele se safava bem das  "armadilhas"... Depois, a coisa se equilibrou e Hyoga então principiou a perder terreno, até que...

              - Aha!!! Xeque!!  - Exclamou o Marina, triunfante.  - Peguei você, Cisne!! Está encurralado! Já conheço todas as suas técnicas e estilos de luta e sabe que ainda tenho minhas surpresas... E você, na posição que está se quiser me atingir com um ken mais poderoso, se arrisca a atingir também as pessoas inocentes que somente vieram nos prestigiar com sua presença... E então, Hyoga de Cisne? Assim como seu amigo Shiryu de Dragão fez com meu caro companheiro Tríton, eu pergunto: Se rende?

            De impassível e enigmática, que estava, a expressão do rosto do cavaleiro de Broze se tornou como que iluminada. Um sorriso sarcástico lentamente se desenhou em seu rosto.

              - Acha mesmo que estou encurralado, Kraken? - respondeu, suavemente. - Não, eu não vou me render... Ataque-me com todas as suas forças! E veja o que vai acontecer... O outro franziu a testa, intrigado, mas caiu na provocação.

              - Você pediu... - ele aumentou assustadoramente seu cosmo, preparando-se para atacar.

- É uma pena matá-lo, Cisne, mas o Kraken não tem piedade quando é necessário e o momento é crítico! Espero que seja mais resistente do que parece pro seu próprio bem, pois não vou segurar minha força!  - gritou.  – TENTÁCULOS DE GELO!!! A ele!

Isso!! – pensou Hyoga, vendo a brecha que ele deixava em sua defesa quando direcionava seus tentáculos para o ataque. – É Agora!!

            Imediatamente, O Cavaleiro de Cisne ergue os braços acima da cabeça com as mãos como se segurasse um jarro.

Mestre Kamus!! , pensou ele.

            Que postura é essa?  - pensou Mikhail.

              - Agora é a minha vez!! - gritou, quando os tentáculos estavam prestes a  alcançá-lo.  – EXECUÇÃO AURORA            !

           

            - MAS O QUE???!!! - exclamou Mikhail, seu golpe rechaçado, e engolfado, sem chance de defesa pela imensa força do ataque congelante. - NÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!!!

            - Xeque... Mate. – murmurou Cisne, ofegante, enquanto aguardava, impassível, o término da contagem.

              -  ...6,7,8...

              -  Co...mo... - Mikhail lutava pra não perder a consciência.  - Como você... conseguiu reter...tanta energia...depois...de uma luta tão longa (estavam lutando há quase duas horas) e estando...tão...ferido? E... como... pôde se arriscar a... ferir todas...todas aquelas pessoas?

              - Veja à sua volta, Mikhail.

            O Marina olhou em volta e viu que havia como que uma barreira de arco- íris e gelo no ponto da platéia que estava mais vulnerável.

               - O arco-íris que vê é parte de minha cosmoenergia, formando uma aurora boreal, que juntamente com um escudo de gelo, cuidadosamente erguido conforme lutávamos, serviu de anteparo para o público. Gastei praticamente toda minha energia...  - Hyoga oscilava levemente, procurando permanecer firme até o fim - E provavelmente estarei imprestável por algumas horas, mas valeu a pena.

              - 9...

            O Marina riu baixinho, fazendo uma careta de dor.

              - Parabéns, Hyoga... Foi uma luta... da qual me lembrarei... por muitos anos ainda...  - e desmaiou.

              -  DEZ!!! - o juiz anunciou - Hyoga de Cisne é o vencedor!!!

            A comemoração da platéia era estrondosa. Podia sentir a raiva contida de Poseidon e a felicidade de Athena (que tinha que permanecer indiferente e serena, como sempre, ao menos para os outros) na Tribuna de Honra.

            Ying...Dedico essa vitória a você, que me ajudou  muito a  me aperfeiçoar antes que os acontecimentos tivessem início...Obrigado também a você, Helena e ao seu treinamento, sem o qual jamais teria conseguido...Isaak... meu amigo, eu consegui... Eu não hesitei...  – pensou Hyoga enquanto voltava para se reunir a seus amigos.

              - Muito bem, Hyoga!! Foi demais!!  - cumprimentou-o Seiya.  - Lembre-me de jogar xadrez com você assim qualquer dia... É muito mais emocionante do que aquele jeito que me ensinou.

              - Da (sim, em russo)...  - e desmaiou, sendo levado imediatamente para o hospital, juntamente com o Marina Mikhail de Kraken.

“Como se fossem um só”

           - Pobre Hyoga... - murmurou Shiryu, consternado. - Parece que essa luta tão longa e difícil foi demais pra ele...

              - Sim, afinal depois do que ele sofreu na mansão... E pensar que foi tudo por minha causa...  - suspirou Seiya.

              - Ora essa!  - bufou Shun, parecendo irritado. - Não me diga que vai perder tempo ficando deprimido de novo?! Não se esqueça, Seiya, de que ainda precisa convencer a sua armadura a deixar você usá-la... e acho bom ser bem rápido, pois já estão anunciando sua luta!

            Seiya ficou vermelho feito um pimentão, seus punhos cerraram-se até as unhas arrancarem sangue das palmas. Shiryu respondeu em seu lugar.

  - Shun, eu não sei o que há com você (ou pelo menos espero que não seja o mesmo que houve com Seiya)... Faz tempo que está estranho, logo você que sempre foi tão gentil e cordato.

  - As pessoas mudam, Shiryu... As circunstâncias mudam... - falou Shun, enigmático. Havia um brilho de tristeza em seus olhos?

Shiryu ia responder, quando Seiya o interrompeu.

  - Deixa, Shiryu. - disse Seiya muito sério, mas calmo. - Você tem razão, Shun. Eu não posso perder tempo me lamentando. Aquilo foi passado e o momento agora é de provar à minha armadura, a todos e principalmente a mim mesmo, que voltei a ser o mesmo Seiya de Pégasus de antes... Não... Melhor do que antes!

Shiryu se aproximou de Seiya e pôs as mãos nos ombros dele.

  - Assim é que se fala! Você vai conseguir!

Sorrindo, Seiya correspondeu ao cumprimento e fez um sinal de positivo. Resoluto, ele se aproximou da urna da Armadura de Pégasus, ignorando a expressão provocadoramente irônica de Shun. Não poderia dizer eu não estava com medo de que ela o rejeitasse. Sim, de fato, seu coração se acelerava e um discreto suor frio escorria de sua testa. E se sua armadura se recusasse ainda a vesti-lo, não o reconhecendo como cavaleiro?

Chegando junto à urna, ele, com cuidado, pôs as mãos a tampa. Nada. Bom, pelo menos, ela não o repelia. Abriu e encarou a armadura ainda na forma da estátua do lendário cavalo alado.

Sei que a decepcionei, fui um idiota, um fanfarrão orgulhoso e traí vários dos princípios mais sagrados para os Cavaleiros de Athena... - pensou, emocionado.  - Mas eu já tornei a lutar por você como da primeira vez contra Kassius, você se lembra?...Posso ter perdido, mas me esforcei bastante e você e o título de Cavaleiro de Pégasus me foram devolvidos, mas ainda preciso provar de fato que sou merecedor disso e será através dessa luta, isso só pra começar...Provar a todos, a você e a mim mesmo que eu posso vencer o meu orgulho e ser um Cavaleiro honrado que luta pela Justiça... Mas preciso de sua ajuda, por favor...

Ele se afastou um pouco, andando de costas. A multidão já estava ficando impaciente, o segundo chamado para a luta acabara de soar. Kíron, o General Marina de Cavalo Marinho já se encontrava na arena, ele podia sentir seus olhos pregados em suas costas, repletos de um profundo desprezo...

Seiya encheu os pulmões de ar, inspirando profundamente e depois soltou o ar pela boca, para aliviar a tensão e então bradou para a armadura :

 - Venha!

Durante um longo instante nada aconteceu. Então, numa súbita explosão, as peças da armadura se soltaram e começaram a voar pelos ares em direção a Seiya cobrindo as respectivas partes de seu corpo: cabeça, peito, braços, cintura, pernas e pronto! Seiya estava pronto para lutar.

Ela ainda está pesada... - Seiya pensou. - Como da primeira vez que lutei com Sheena, mas eu vou conseguir! Meu cosmo e minha determinação vão superar isso!! E seremos novamente como um só!! É agora ou nunca!!

E pisando firme, Seiya dirigiu-se à arena, onde seu adversário aguardava.

  - Até que enfim!!  - bufou Kíron.  - Que demora!!! Pensei até que estivesse com medo!

  - Não diga bobagens! Seiya de Pégasus não teme ninguém!

  - Seiya de Pégasus? - o outro deu um sorriso irônico. - É... foi assim que o chamaram, mas pelo que eu soube, deveria ser Malek de Pégasus agora... Mas, não, claro, o tal Malek preferiu ser um Cavaleiro de Ouro e lhe devolveu generosamente - ele frisou bem a palavra de uma maneira estranhamente sugestiva. - a armadura... Interessante, mas...

  - Mas o que? - interrompeu Seiya, impaciente. - Estou achando que você é quem está com medo me enrolando com todo esse palavrório inútil!

  - Feh... O que eu queria dizer é que as coisas nem sempre são o que parecem... Mas que se danem, vocês que quebrem a cara mais tarde... Mas não posso deixar de estar aborrecido por lutar contra um... Cavaleiro, se é que posso chamá-lo assim, tão fraco. Não consigo entender! Como pode alguém como você ter derrotado meu irmão Bian? Deve ter usado alguma armadilha covarde!

  - Alto lá! Meça suas palavras!! - Seiya apontou o indicador direito direto no rosto do Marina, - O derrotei lealmente, juro por todos os deuses aqui presentes. Mas... - ele hesitou, surpreso. - Eu não sabia que ele tinha um irmão!!

  - Pois tinha!! Eu, Kíron, era seu irmão mais novo e seu discípulo!! - com um sorriso irônico, concluiu. - Mas não se preocupe... Não estou aqui atrás de vingança. Queria apenas comprovar que o meu irmão foi derrotado por um Cavaleiro forte e digno, mas... pelos boatos que correm por aí  e pelo que pude ver, não estou muito animado de lutar com você.

  - Como é?! - perguntou Seiya, indignado.

  - É isso mesmo! - foi a vez de Kíron apontar o dedo para Seiya. - Soube que se voltou contra Athena e contra seus próprios companheiros! Que se tornou um tolo orgulhoso, se achando o melhor do mundo e que na verdade não é mais nem a sombra do homem que derrotou Bian! Que graça tem lutar com alguém assim? É desonroso!! Vamos ver qual a verdade agora, Seiya! Se for um oponente de valor, eu o chamarei com todo orgulho de Pégasus, mas... caso contrário... - sua voz tornou-se lúgubre. - Bom, aí sim, eu poderei fazer justiça ao meu irmão!

  - Chega de papo! Vou mostrar a você como venci Bian honradamente, como deve lutar um verdadeiro Cavaleiro de Athena!!

  - Mostre-me, então! Quero ver seu ataque favorito, pra começar! - Kíron se coloca em posição de defesa.

  - Pois que seja! Receba meus meteoros - gritou Seiya, acendendo seu cosmo e traçando com as mãos as treze estrelas da constelação do Pégaso. – METEOROS DE PÉGASUS!!

Mas o resultado não foi bem o que ele esperava.

  - Pff...Que ataque mais lento! Chama isso de meteoro?  - reclamou Kíron.

  - Não é possível!! - exclamou Seiya. - Droga, eu deveria saber... O mesmo golpe de defesa de Bian! Ele conseguiu defender todos os meus golpes!

  - Sua armadura está tolhendo seus movimentos? Pode ser... ou então é incompetência mesmo, pois seus golpes parecem tartarugas voadoras!! - e riu abertamente.

  - Ora, seu...

  - Seiya, não caia na provocação dele!! - gritava Shiryu. - Ele só quer te desconcentrar!!

  - Deixe, Shiryu! Pode ser que isso acorde o Pégasus adormecido dentro dele. – Falou Shun

  - Você acha?  - Shiryu olhou para Shun, na dúvida. - Não sei, não... O Seiya com cabeça quente, só se faz besteiras.

  - Tsc... O Seiya já faz besteiras de qualquer jeito! Pode ser que assim ele pegue no tranco... literalmente...  - Shun apontou.  - Veja, o Marina vai atacar!

  - Veja agora um ataque de verdade!! GALOPE FURIOSO!!!

  - O que??!!

Foi como se um raio, não, parecia mais uma manada de cavalos selvagens atropelando o pobre Pégasus. Os movimentos de Seiya realmente estavam mais lentos por causa da armadura que, apesar de protegê-lo, como qualquer armadura comum faria, também estava deixando suas reações mais lentas pois pesava demais! Seiya caiu, já bastante machucado no abdome, costelas e braços, além de um corte feio no rosto.

Que ataque terrível!!  - pensou Seiya, cuspindo sangue em abundância.  - Eu até pude perceber boa parte de seus movimentos apesar dele ser bem rápido, mas... essa armadura está tão pesada...

  - Seiya, tire a armadura!! - gritou Shiryu, mais uma vez.

  - Shiryu, eu sei que você adora se exibir - Shun falou, sarcástico, a princípio, mas depois ficou sério. - mas se Seiya fizer isso, jamais conseguirá usar sua armadura novamente. Não percebe? Ou ele alia seu cosmo ao da sua armadura, harmonizando os dois como se fossem um, ou pode dizer adeus a Seiya de Pégasus!

Shiryu abriu a boca pra responder a provocação inicial, mas parou ponderando o que Andrômeda dissera a seguir. Fazia sentido, afinal.

  - Você tem razão... Vamos, Seiya!! Reaja!! Queime seu cosmo!!

Nas arquibancadas, Sheena também "torcia".

  - Seiya, seu imbecil!!! Será que é tão estúpido que já esqueceu a primeira vez que lutamos? Use sua armadura direito! Junto com seu cosmo!! Ela deve ser como parte de seu corpo!! Não envergonhe a Mareen, seu desgraçado!! Será que se esqueceu de tudo que ela te ensinou?!

Seiya, já se levantava, com visível esforço. Até mesmo ele, que não era nenhum poço de educação, ficara corado com a saraivada de palavrões que Sheena berrara a plenos pulmões a seguir. Puxa, nunca pensei que uma mulher pudesse ter uma boca tão suja!

Kíron ria, divertido com aquela situação.

  - Quem é ela? Sua namorada? - ele sorriu, irônico. - Ela não parece muito satisfeita...

  - Cale a boca!!! Sheena... é uma amiga!!!

  - Amiga? Sei... - ele lançou um olhar malicioso pra Amazona de Prata. - Você é mesmo um tolo, Seiya. Agora eu tenho certeza. Se fosse comigo, eu não ia perder tempo com essa gata selvagem... ia logo silenciá-la com beijos... Pena que vocês, Cavaleiros de Athena, impõem essa estranha lei do uso da máscara às mulheres... Que coisa bizarra!! Ah, estou lembrando agora! - ele bateu na testa, como se lembrasse algo importante. - Ela foi a que derrotou Tétis na entrada do Templo Submarino! Hum... além de geniosa , é forte e soube, pelos que a viram sem a máscara, que é muito bonita também... É realmente um desperdício...

  - CALE ESSA BOCA IMUNDA E LUTE! - gritou Seiya, furioso, o cosmo explodindo.  – METEORO DE PÉGASUS!

  - Ora essa! - exclamou o outro, praguejando. – SOPRO ASCENDENTE!

A parede de ar tornou a formar-se à sua frente, protegendo-o, só que desta vez apenas da maioria dos golpes.

  - Yatta!! - gritou, Seiya, em triunfo. - (Consegui!!) - Consegui acertá-lo!

  - Pff.... - bufou o outro, cuspindo sangue do lábio cortado. - Não vá cantando vitória só porque me acertou um ou dois socos! Tá certo que seus movimentos melhoraram, mas ainda estão muito aquém do esperado. Prepare-se, Seiya! Vamos logo acabar com isso! Chega dessa luta patética!! FURACÃO! Acabe com ele!!

  - AAARRRGHHH!!! - foi o grito de Seiya, tragado pelo imenso turbilhão, que apavorou a platéia, tal o realismo.

  - SEIYA!!! - foi o grito de Shiryu e de todos os que o conheciam. Ou quase. Shun tornara a ficar impassível com uma estranha expressão no rosto...

Num lugar escuro, Seiya pensava:

Não tem jeito... Esse golpe de Kíron é ainda mais forte que o "Benção de Deus" de Bian... Mas Bian eu venci e este... Será que eu deixei mesmo de ser o Cavaleiro de Pégasus? Será que não há mais retorno pra mim?

"Não, Seiya."

Quem é? Saori!! Athena... É você?

"Sim, sou eu. Ouça, Pégasus... Sim, é quem você é! E agora me escute! Não há retorno, Seiya. Você jamais será o que era antes depois de tudo pelo que já passou... Mas sim deve tornar-se-á algo melhor do que era aprendendo com seus erros!! Levante-se daí agora e vença!"

"Lute, Seiya!! Você pode!"

Hyoga!!

"Seiya, não desista!! Queime seu cosmo até o infinito até o Sétimo Sentido e vença! E vença Malek, que foi tão sujo conosco!"

Mareen!!

Como pode? Eles estão no hospital e inconscientes, nem sabem do que está acontecendo aqui!

"Levante-se daí JÁ!! Ou vou até aí e faço o serviço por você, seu imprestável!! Você já me venceu inúmeras vezes! Ele não é mais forte do que eu! Acabe com ele agora! Pois se não fizer isso e sobreviver, eu juro que acabo com você!"

Sheena, não dá...

"Lute, Seiya! Eu sei que pode! Lembra-se de quando lutamos?" - era a voz de Shiryu.

"Seiya, seu idiota!! Será que eu ferrei minhas costas pra salvar um covarde?"  - Ikki bradava em seus ouvidos.

 Meus amigos... Todos confiando em mim... Ikki, eu sinto muito pelo que houve... Não... Chega de lamentações!! Vocês têm razão!

Seiya continuava caído. O Juiz iniciara a contagem e Kíron estava de pé, impassível. Não parecia feliz com a iminente vitória. Súbito, recuou um passo, numa ação reflexa.

Que cosmo é esse que sinto? Não pode ser do Seiya?!! - pensou Kíron, surpreso.

"Seiya, lembre-se do nosso treinamento... Suas mãos e pés podem arrebentar qualquer barreira. Seus golpes podem derrotar qualquer adversário, cortando o ar e destruindo o que estiver no caminho. É só querer, Pégasus. Depende apenas de você, recuperar a confiança e respeito de sua armadura e por si próprio..."

O Cosmo parecia prestes a explodir de verdade. Ele já estava de pé. A armadura parecendo novamente leve.

Tem razão, Helena. Não vou deixar que tudo tenha sido em vão! Não posso, não vou perder outra vez! Há muito mais em jogo!! Meu dever é proteger Athena!! Esse é meu destino!!

  - Segure isso se puder, Kíron!!! METEORO DE PÉGASUS!

  - O QUE??!!  - exclamou o outro, já erguendo a barreira de ar.  - Mas o que é isso? Estão muito mais rápidos agora!!!

Os golpes estilhaçaram a barreira, como se ela fosse uma daquelas janelas de papel de arroz das casas japonesas antigas. Várias rachaduras se viam nas escamas douradas da armadura do Marina de Poseidon.

  - Maldito!!! - ele sibilou, cuspindo mais sangue. Mas se levantou, embora ainda cambaleando um pouco. - Vejamos se gosta disso!!! GALOPE FURIOSO!

Vamos lá, Kíron! Agora eu posso acompanhar o que meus olhos vêem!

E se desviou, aparou e revidou todos os golpes de Kíron, como se os antecipasse!

  - Im...Impossível!! Isso não pode estar acontecendo!!  - balbuciava o Marina, atônito.  - Esse cara estava acabado ainda a pouco!!

Seiya... - Saori não pôde esconder um leve sorriso na Tribuna de Honra.

Seiya sentiu e com ânimo renovado, bradou para seu adversário:

  - Kíron de Cavalo Marinho! Esse é o golpe final! Deve perceber que já não sou mais o mesmo de antes! Se rende?

O outro empertigou-se.

  - Nunca!!! Já vi as falhas entre seus meteoros, mesmo estando eles tão próximas da velocidade da luz!!

  - Pois então, segura essa! COMETA DE PÉGASUS!

  - Segure ISTO se você se puder! FURACÃO!

As forças das cosmoenergias se equilibram ainda durante um milésimo de segundo, para então ceder em favor de Seiya.

  - NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!! - e foi atropelado pelo gigantesco Cosmo.  Só acordou depois do encerramento das lutas no dia seguinte.

            Eu consegui!!! - Seiya se ajoelhava, como se suas pernas não o sustassem mais. Lágrimas silenciosas escorriam abundantes de seus olhos. - Athena... Pessoal, eu consegui!!! Eu... e minha armadura... somos novamente ... como um só!

Continua no próximo capítulo...


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