A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 13
Deveres de conselheira




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No dia seguinte, logo quando acordei, fui chamada para acompanhar Zeus no café da manhã. Tomamos café em silêncio. Depois do café, ele não me liberou, quis sua conselheira por perto. Aonde ele ia, eu tinha que segui-lo. Pedia a minha opinião sobre tudo. Se ele comia isso, se ele bebia aquilo, se aceitava a bajulação de alguém, se aprovava alguma sugestão de alguém, se lançava chuva em um estado por dois dias... Eram muitas coisas que ele queria a minha opinião, não aguentava mais aquela situação. Queria estar conversando com Apolo sobre o ocorrido na festa; queria contar a ele sobre a dança misteriosa com aquele deus. Mas Zeus me monopolizava; não queria que eu ficasse longe por mais de cinco minutos.

A única vez que vi Apolo, ele estava em uma reunião privada com Zeus que, desta vez, eu participei. Ele me viu e piscou para mim, depois respondeu a todas as perguntas de Zeus. Pelo o que entendi, Apolo tem passe livre de sair do Monte Olimpo quando for necessário para Zeus. Por isso que Apolo some por tanto tempo ao dia e está aí o porquê de tantas reuniões com Zeus. Apolo saiu quando a reunião acabou e não pude nem falar um “oi”, só pude ficar sentada em uma poltrona confortável do lado direito do trono de Zeus, assistindo tudo e só falando quando a minha opinião era requisitada. Um trabalho muito chato.

Enquanto Hermes conversava com Zeus sobre as correspondências e outros assuntos, comecei a viajar ao meu passado. Lembro-me dos meus pais, Oceano e Tétis. Lembro que Reia deixou Hera aos cuidados de minha mãe enquanto ocorria a luta entre titãs e deuses olímpicos. Eu estava no meio da batalha, dando o meu melhor. Lembro que eu fora rebaixada a deusa menor, que tiraram o meu lugar do grande conselho dos deuses. Meu destino fora o mesmo que o de Héstia; fomos obrigadas a dar nossos lugares para os filhos de Zeus, graças a Hera. Pensando bem, Hera tem atrapalhado muito a minha vida. Nunca gostei dela. Pra que raios precisam da deusa do casamento em um conselho? Ela não tem nenhuma utilidade em uma guerra. Ok, ela trás o equilíbrio da família e devo concordar que esses deuses precisam de alguém os equilibrando. Até que ela tem utilidade em alguma coisa. O que ela deve estar fazendo agora? Creio que nada. Ela gosta mais de acabar com o sossego das pessoas, isso sim. Falando nela...

— Zeus, preciso conversar com você.

Hera me fuzilou com os olhos.

— Diga.

— Preferia que a conversa fosse a sós.

Zeus ficou encarando Hera e depois balançou a mão para que eu saísse. Saí do salão dos tronos e fiquei do lado de fora do palácio. Precisava de uma brisa reconfortante. Fechei os meus olhos e fiquei sentindo aquela brisa fria em minha pele. Ah, como era bom.

— Dormindo em pé?

Abri os olhos e vi Apolo parado em minha frente.

— Só aproveitando esta brisa fria. Ficar tanto tempo lá dentro me deixou entediada.

Ele riu.

— Imagino.

— E você, o que faz aqui?

— Estava esperando você sair.

Dito isto ele segurou a minha cintura e beijou a minha testa.

— Pensei que estaria acatando as ordens do seu pai.

Ele deu de ombros.

— Tenho tempo. Posso fazer isso mais tarde.

— Espero que Zeus não coloque a culpa em mim por causa da sua distração.

— Se ele fizer tal coisa irei ter uma conversinha séria de filho para pai.

— Uau! Irá enfrentar o próprio pai?

— Para defender a minha dama? Faria tudo.

Ele beijou a minha mão e eu fiz uma reverência.

— Estou lisonjeada, senhor.

Ele riu.

— Não sabe nem da metade das coisas que eu poderia fazer por você.

— Ok, agora estou sem graça.

Ele sorriu.

— Não fique.

— Impossível. Apolo, quero te contar uma coisa.

Comecei a contar sobre o deus misterioso que dançou comigo antes dele me puxar para dançar. O rosto de Apolo ficou um pouco preocupado e pensativo.

— Não vi quem dançou com você. Naquela hora estava com Ártemis. Quando a vi sozinha, não desperdicei a oportunidade e a chamei para dançar.

— Só gostaria de saber quem foi.

— Eu preferia que não soubesse e que a pessoa não conte.

— Por quê?

Ele me olhou sério.

— Porque assim terá que disputar comigo.

— Você está dizendo que irá lutar com ele? Saiba que eu não aprovo.

Ele balançou a cabeça, achando graça.

— Não. Estava me referindo a você escolher quem você acha que te faz bem.

— Entendi.

Apolo acariciou a minha bochecha e me olhou, esperançoso.

— Se isso acontecer espero que essa pessoa seja eu.

Eu não sabia o que responder. Simplesmente o olhei e fiquei sem reação. Depois disso ele me beijou. Ouvi passos se aproximando, então me separei de Apolo e olhei pra trás. Era Zeus. Ele estava com o rosto sério e olhava para mim e Apolo. Eu com as mãos nos ombros de Apolo e ele com as mãos na minha cintura.

— Pensei que estava providenciando aquilo que te pedi. – Ele encarou Apolo.

Apolo soltou a minha cintura e só segurou a minha mão.

— Eu iria depois que conversasse com Alexis.

Pelo que percebi Zeus não gostou muito disto.

— Se já conversou, então pode ir.

Apolo assentiu, beijou a minha mão e foi embora. Me virei para ficar de frente para Zeus. Ele estava me fuzilando com os olhos.

— Estava te procurando. Siga-me, temos muito o que resolver.

Zeus virou as costas para mim e saiu com ar irritado. Suspirei e o segui. Esse dia será longo.


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