A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 1
Começo




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Eram 4h da manhã quando olhei em meu relógio. Estava perdida no meio da madrugada e o sol começava a aparecer. Não sabia por onde ir, tinha que encontrar o caminho de volta. Aqueles idiotas, eles me pagam. Preciso achar um telefone público, mas só o que achava era uma estrada de terra sem asfalto. Bem distante do ponto que eu estava tinham algumas casas. Levantei do chão, limpei a terra das minhas roupas e fui andando em direção as casas. Não sei onde estou, parece o fim do mundo! A estrada está deserta, não tem nem um bar nesse lugar. Passei por uma cerca e fui em direção a porta. Bati um pouco forte, se estiverem dormindo talvez possam me ouvir assim. Ouvi passos e de repente abriram a porta. Um homem magro, alto e vestido pronto para um dia de trabalho que atendeu a porta.

— Sim?

— Er, bom dia! Desculpa por incomodar esse horário, é que eu estava numa festa, um pessoal me arrastou até aqui e ainda me assaltaram. Eu queria saber se posso usar o seu telefone.

Ele olhou de um lado ao outro na estrada e depois me respondeu.

— Claro, pode entrar. O telefone fica em cima da mesinha.

Entrei e olhei ao redor. Até que não era tão ruim o lugar. Era simples, mas confortável. Fui direto ao telefone e disquei o número de casa. O homem estava sentado na mesa tomando café e me observando um pouco estranho.

— Qual o nome desse lugar?

— Estamos no meio do deserto, perto de Las Vegas.

Ótimo, pensei, pelo menos estou perto de Las Vegas.

— Você estava no Hotel e Cassino Lótus?

— É, não, estava em uma festa em outro hotel.

Ele acenou com a cabeça e continuou tomando o café. Alguma coisa nele me dava arrepios.

Disquei várias vezes o número e ninguém atendia. Liguei para o celular da minha mãe, ela atendeu.

— Alô?

— Mãe, é a Bella, aconteceu uma coisa e...

— Bella! Ainda bem que você ligou, estava ficando preocupada. Mary me ligou e disse que você tinha sumido da festa. O que aconteceu? Onde você está? Todos estão preocupados com você, quase chamei a polícia.

— Não precisa tanto drama, mãe, estou bem. Só um pessoal que me tirou da festa, me jogaram no meio do deserto, levaram a minha bolsa e, por sorte, tinham algumas casas aqui perto onde consegui um telefone.

Ela estava falando com alguém do outro lado da linha, pelo que eu pude escutar estavam discutindo onde eu estava para me buscarem.

— Certo. Fique onde está, estamos indo te buscar com a polícia. Espere até chegarmos. Não se meta em encrenca.

— Como se eu pudesse achar, no meio do deserto, alguma encrenca, mãe. Espera, você disse polícia?

— Sim, disse. Estou a caminho, beijos.

E desligou o telefone. Ok, vou ter que prestar depoimento para a polícia de Las Vegas. Legal.

— Obrigada por ter me deixado usar o telefone.

— Não precisa agradecer. Você não é a primeira, mas também é a mais certa.

— Como assim? Tiveram outras pessoas aqui?

— Sim, várias. Mas a maioria dizia que saíram do tal Cassino Lótus, por isso te perguntei. Eles sempre perguntavam qual era a data, as horas, onde estavam entre outros assuntos. Chegavam bem perturbados e confusos, ao contrário de você.

Sorri, pelo menos ele não me achava doida.

— Mas você sabe o que aconteceu com eles?

Ele tomou sua xícara de café, pelo menos eu acho que era café, e respondeu.

— Não. Eles falavam várias coisas estranhas, não dava para entender o que aconteceu com eles. Cada um dizia uma coisa diferente, um pouco louco.

Franzi a testa. Ele não quer me contar o que aconteceu na realidade. Resolvi não perguntar e quis ir lá fora.

— Eu acho melhor ficar lá na frente esperando eles, assim irão me localizar se estiverem perto.

Ele balançou a cabeça confirmando. Fui até a porta e fiquei na varanda olhando para o nada na esperança que chegassem logo para me tirar deste lugar. De repente aconteceu algo muito estranho. O ar ficou mais pesado e começou uma ventania não muito forte. Fiquei olhando para a estrada e tinha certeza que alguém estava vindo, eu podia sentir a presença de algo muito poderoso por perto. Eu sei, é estranho, mas muitas coisas estranhas aconteceram na minha vida, então já estou acostumada com isso e eu mesma chamo-me de anormal. Não sei o que deu em mim, mas não conseguia me mexer. Só fiquei ali, prestando muita atenção a qualquer detalhe como se algo no meu inconsciente estivesse há muito tempo dormindo e que só agora resolveu despertar. O homem da casa apareceu na varanda e ficou olhando para o nada, como eu.

— O que foi?

Olhei para ele.

— O que foi o quê?

Ele olhou para mim, dos pés a cabeça e coçou o queixo.

— Procurando enxergar além, não é?

Não entendi o que ele disse, mas voltei o meu olhar para o nada.

— Concorda que o ar está estranho?

Ele percebeu também.

— Talvez. — Eu respondi.

— Tem um palpite?

Olhei pra ele. Essa conversa está estranha. Simplesmente encolhi os ombros e voltei o meu olhar para o nada. Como ele disse, tentei enxergar além.

— Acho que é um deus.

— Um o quê?

— Um deus. Deve estar perto daqui.

Dei risada. O cara com certeza é maluco.

— Não acredita na mitologia grega e romana?

— São histórias lunáticas vindas através de lunáticos, é o que eu penso.

Ele me olhou seriamente e depois sorriu. Com certeza um sorriso falso.

— Cada um tem direito de crer no que quiser, mas você irá saber que estarei certo um dia.

Então ele entrou na casa. Quando olhei para o deserto, vi um rato enorme andando. De repente ele parou e olhou pra mim. Pisquei os olhos e vi que ele estava mesmo me observando. Depois de um tempo ele saiu correndo. Estranho. Voltei a observar o deserto e percebi que a estranha sensação tinha ido embora. Comecei a ouvir um barulho de carro vindo em direção ao casebre. Quando o carro parou, minha mãe desceu, saiu correndo em minha direção e me deu um abraço.

— Graças aos céus que você está bem!

— Claro que estou, só levaram a minha bolsa.

— Certo, vamos entrar no carro.

Entrei no carro da polícia e fiquei esperando por enquanto que o policial fazia algumas perguntas para o dono do casebre. Ele voltou e nos levou até a casa da minha tia. Durante o caminho, ele me fez algumas perguntas. O policial nos deixou em frente a casa e disse que entraria em contato se tivesse novidades.

Quando entrei na casa, todo mundo veio até a mim perguntando sobre o caso e eu repeti, milhões de vezes, a mesma história. Quando pude ter a chance de fugir daquele alvoroço, fui até o meu quarto para tomar um belo banho e poder dormir. Depois de tudo realizado com êxito, me joguei na cama e caí no sono.


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