Lary Taylor escrita por Akira Seiy


Capítulo 1
Capítulo 1 - Os demônios da renegada.




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Lary Taylor

Capitulo 1 – Os demônios da renegada.


Penso que continuar dormindo seria a melhor escolha. Mas o mundo não irá parar por mim. As pessoas continuarão roubando, traindo, mentindo e matando. Mas eu não as culpo, é tudo culpa “deles”. Que sugam cada gota de vida e bondade do planeta.



Arrumo-me com receio de sair para mais um dia. Não sei como ainda tenho coragem de passar pela porta que divide o meu mundo do deles. Minha casa é o único lugar seguro.


“─Ei Bindi. Não é aquela garota que estuda com a gente?


─Ah está falando da Lary? Não sabe quem ela é?

─Não eu acabei de ser transferida, se lembra.

─Ela é da nossa sala, mas não se envolva com ela.

─Por quê?

─Ela é estranha. Me contarão que a casa dela é cheia de amuletos e cruzes, e que ela fica falando coisas estranhas. Mas ela também não se aproxima de ninguém, ela só conversa com um garoto da nossa sala. Vamos agora, senão vamos nos atrasar.”


Eu não consigo me acostumar com as coisas que vejo. Mesmo vendo o mundo desse jeito desde que eu tenho compreensão. É um cenário horrível. Posso ver as criaturas perseguindo as pessoas, criando maldade e angustia em seus corações. Já percebi também que todos podem tocá-los, mas poucos são aqueles que os enxergam. Poder vê-los te torna imune, mas não as pessoas a sua volta. Quando você pode velos eles se irritam, querem se vingar como não podem te alcançar levam o que é o mais precioso para você.


As ruas parecem não ter fim, mas eu moro a apenas seis quarteirões da escola. Tenho que aguentar enxergar isso todos os dias. Sou obrigada a ver as pessoas perdendo as almas e se torturando, e não posso fazer nada.

─Bom dia Lary.

─Bom dia Thiago.

Thiago é o inspetor da escola, ele é sempre encarregado de abrir o portão no período da tarde, o qual eu estudava . Ele é uma pessoa legal, mas mesmo assim, posso ver um “deles” ao seu lado, esperando uma fraqueza, uma pequena brecha para poder levar sua alma e sua bondade.

Mesmo a escola está cheia “deles”, ando pelos corredores apreensiva para chegar logo na sala de aula.

Finalmente, me sento na ultima carteira da fileira esquerda ao lado da janela, como de costume.

Minha cidade não tem muitos prédios, a escola e o hospital são provavelmente os mais altos. Então se pode ter uma boa vista do céu. Gosto de olhar o céu é o único lugar livre “deles”. Me acalma e me conforta. Eu poderia ficar horas olhando o céu, não a momentos em que ele se fecha para você, ele sempre está lá.


─Lary preste atenção na aula, por favor.

─Sim senhora, me desculpe.

─Então, como eu estava dizendo estudar os mecanismos de uma situação que envolve tantos elementos químicos não é fácil...

Começo a rabiscar o meu caderno. Fico a maior parte da aula desenhando. Mesmo quando não quero pensar naquelas coisas parece que fluem instintivamente dentro de mim. Quando olho a folha que estava desenhando era exatamente como um “deles”. Quis amassar é jogar aquela folha na hora. O sinal do intervalo toca, permaneço sentada olhando a folha com os meus rabiscos até que alguém a puxa.
 

─O que é isso? Sua estranha. Que bicho feio é esse?

─Ela fez um retrato seu Isabela. Porque não vai lá seguir suas amiguinhas? Elas já foram sabia.

Isabela olha com raiva para Alex que me defendia. Alex e eu éramos amigos. Mas depois que “aquilo” aconteceu percebi que ele poderia correr perigo ficando perto de mim. Às vezes ele passa o intervalo comigo, ou vai à minha casa, mas são poucas essas situações.

As outras garotas chamam a loira na porta da sala, então ela da às costas para nos.

─Que desenho perturbador.

Seus olhos se fixaram na folha.

─Você nem imagina.

Ele riu. Eu disse algo engraçado?

─Vai passar o intervalo na sala?

─Como se você já não soubesse a resposta.─ Falo em um tom irônico, eu sempre fico na sala. - Ele ri novamente. ─ Acho que sou mais cômica do que eu pensava. Ou ele está de muito bom humor hoje.

─Então, me conte sobre esse desenho.

─Quer mesmo saber? Aviso pode ser assustador. – Ele riu de novo, é bom ver ele assim, a alegria preserva as pessoas. As protege e também as liberta.

─Vamos, me conte essa assustadora historia então.

─Tem certeza? Você pode não dormir mais.

─Para de graça. – Ainda sim ele diz isso sorrindo. – Adoro o sorriso dele.

─Essas criaturas assombram as pessoas, roubam suas almas e trazem infelicidade a elas. Mas as pessoas não podem vê-las.

─Isso era para me assustar?

─Dá medo, não da?

─Como pode se ter medo de algo que não se pode ver?

─Eu não sei, você pode senti-las não é mesmo?

─E como você sabe que são assim se não podem ser vistas?

─Hum, vamos dizer que algumas pessoas podem enxergar essas criaturas.

─É claro, toda historia tem alguém especial. Isso é clichê.

─Bom se não houvesse, a historia não aconteceria, não é mesmo?

─Você está certa. Mas ainda sim é clichê.

─Não acredita na historia?

─Mas é claro! Estou apavorado, não está vendo?

Pego a folha com o meu desenho, a amasso, levando e jogo no lixo. Volto para o meu lugar. Onde Alex agora pegava uma cadeira para sentar ao meu lado.

─Por que jogou? O desenho estava legal, só a historia que não assusta.

─Você mesmo disse que o desenho era perturbador.

─E é como eu disse era a cara da Isabela! – O sinal toca, os alunos começam a encher a sala. Alex volta ao seu lugar que era a duas carteiras para a minha direita. O professor de historia chega.

As aulas dele nunca são interessantes. Volto a olhar o céu. Quando viro para dar uma olhada na sala, percebo a aluna transferida olhando pra mim. Ela disfarça, mas eu já havia notado. Bem, quem se importa, volto a olhar o céu, nuvens escuras começam a preencher o seu espaço. Logo não se vê mais o sol.

A professora de matemática entra na sala. Faço os exercícios que ela passa, termino rápido, eram muito fáceis.

Começa a escurecer, espero que não chova antes que eu chegue em casa. Olho para os alunos a maioria ainda estava fazendo os exercícios de matemática. A garota transferia ainda estava me olhando, mesmo ela tentando disfarçar era fácil perceber.

Alex estava brincando com o Michael. São dois idiotas, Alex sorrindo, como sempre.

O sinal toca, é impressionante como a maioria dos alunos sai correndo desesperadamente, Isabela também sai, pelo menos hoje ela não vai me importunar.

─Ei Lary! Quer que eu te leve para sua casa? – Alex veio em minha direção sorrindo.

─Não precisa. – Retribui o sorriso – Até amanha.

─Até.

Vou o mais rápido que posso para casa, para além de não pegar chuva, não ficar reparando nas criaturas. Quando escurecem elas ficam mais assustadoras. Geralmente assa hora o sol ainda esta se pondo, mas como as nuvens estão o cobrindo já parece noite.

Chego em minha casa. Finalmente voltei para o único lugar seguro.



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