Fique escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 8
Capítulo 8. Babi


Notas iniciais do capítulo

"Ela olhou para o lado e não disse nada. Aquilo doeu, foi como uma confirmação de que eu estava certa, não valia muita coisa pra eles."



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Aquela altura do campeonato, meus olhos não sabiam mais o que era rímel e meu corpo não sabia mais o que era roupa nova. A única coisa que consegui fazer quando acordei pela manhã além de chorar foi vestir uma camisa do Nirvana de Nando e uma calça jeans. Fui ao banheiro me maquiar, mas não deu vontade.  Então fui ao aeroporto fiz aquela cena para me despedir de Gabriel e entrei no avião. Dei uma boa olhada na praia azul que eu beijei Eric pela primeira e única vez e deitei na poltrona. Dia longo estava por vir.

Demorou mais ou menos uma hora o voo até Porto Alegre, pegamos um taxi até um hotel lá utilizei o wi-fi para fazer uma pequena pesquisa no meu novo lar.

O Colégio é um local lindo, com uma paisagem campestre, com belos jardins, lagos, ovelhas, árvores, pássaros, ar puro e muita paz.

Ovelhas? Pássaros? Ai meu Deus eu ia virar o que, uma vaqueira? Daqui a pouco eles iam acabar me dizendo que eu estava me formando em ordenha. De repente eu parei e pensei, talvez não fosse tão ruim eu ir para um colégio interno e o lugar parecia legal. Minha mãe chegou no quarto com o cartão de credito do papai na mão.

– está na hora de mimar você. – ela disse.

Dei um sorriso fraco.

Depois de comprar quinhentas coisas desnecessárias que havia na lista de materiais e mais roupas de inverno eu e minha mãe nos sentamos em uma cafeteria no Barra Shopping. Pedimos bolo e café e ficamos um bom tempo olhando uma para a cara da outra.

– vai ser legal. Além do mais você pode usar o seu celular para falar com os seus amigos. Seu pai concordou em pagar a conta todo mês, ele não quer que você perca contato com o Rio.

– gostaria de perder o contato com ele. – pensei alto.

– não fala assim, Babi. Ele só quer seu bem.

– não, ele só quer ficar cada vez mais rico e está me jogando fora como se eu fosse atrapalhar seus planos.

Ela pegou minha mão que estava sobre a mesa. – filha, você sabe que eu te amo e que eu nunca concordaria com seu pai se eu achasse uma má ideia.

Concordei com a cabeça. – a escola parece ótima mãe, mesmo eu tendo que morar em uma cidade com nome de planta. Bambu não é?

Ela balançou a cabeça, mas não me corrigiu. – não quero que pense que estamos te pondo fora. Você é nossa caçulinha nunca faríamos isso.

– 1.510 km de distância de vocês. Isso me soa como jogar fora.

Ela olhou para o lado e não disse nada. Aquilo doeu, foi como uma confirmação de que eu estava certa, não valia muita coisa pra eles. Eu quis chorar, mas meu orgulho não deixou. Ainda bem que meu orgulho me impediu de parecer sensível quando eu tinha que ser forte.

Já fazia uma semana que estávamos em Porto Alegre, minha mãe comprou tudo para mim e meu pai cuidou de todos os detalhes da transferência de escola. Nando chegou na sexta, por que sábado eu finalmente iria conhecer minha nova casa e ele queria se despedir de mim. Ele trouxe Raquel junto com ele. Quando ela entrou no quarto parecia uma atriz vintage de tão perfeita que estava. Seus cabelos loiros estavam compridos e lisos e ela usava um vestido branco colado ao corpo.

– uau que produção, Raquel.

Ela riu e deu uma reboladinha. – Rachel, de agora em diante me chamo Rachel.

– por quê?

– nome artístico, os garotos da banda acharam que devíamos mudar as coisas se quiséssemos um contato com a gravadora, então mudei meu nome de Raquel Schimit para Rachel Von Dic.

Dei uma risada e eles me acompanharam.

– de qualquer jeito, você está deslumbrante neste vestido, mas alguma ocasião em especial? – perguntei.

– na verdade sim. – disse Nando

Ergui as sobrancelhas – mesmo?

– viemos tirar você deste tédio na sua ultima noite de liberdade! – ele falou, me abraçando os ombros. – o que você acha?

– o que eu acho? Vocês são anjos? – perguntei mais do que agradecida por eles me tirarem do tédio. – mas eu não tenho roupa a sua altura Raquel. Desculpe, Rachel.

– por favor, Babi, você pode me chamar de Raquel. E vista a coisa mais moderna que você tenha, vamos a um pub onde eu e minha banda vamos tocar. – falou ela já indo até o armário embutido na parede onde eu havia guardado minhas roupas.

– então... Let’s go to the party! – e assim foi minha última noite na capital. 


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